A luz não parecia incomodar a silueta que permanecia parada em uma clareira pequena. As arvores e o frio deixava a pele da pessoa mais roxa que aparentemente já era, suas roupas finas e rasgadas mal conseguiam aquecê-la, mas ela continuava ali parada. Não existia nada além do vento a uivar na mata.

Ouve-se ao longe uma corneta a ressoar muito mais distante de onde o rapaz permanecia em pé.

As horas se passaram, o cabelo branco já havia se mesclado a neve em sua cabeça, a respiração já não se podia ouvir. Mas um barulho o fez levantar cabeça e olhar para o lado esquerdo rapidamente. Um lobo se esgueirava entre os arbustos, seus dentes mostravam ser muito afiados conforme o seu rosnado de aviso baixo. Os olhos tão vermelhos pareciam incendiar enquanto avistava a criatura ainda parada.

Tão branco quanto a neve e mais ainda que a criatura, bem mais rápida porém não menos mortal. Horas se tornaram minutos, minutos se tornaram segundo e quando os segundos não eram o bastante o lobo estava caído no chão a banhar a neve com o sangue quente em suas veias. Aquela criatura agora agachada sobre o corpo do lobo bebia e se lambuzava de sangue, enquanto as patas e os olhos do lobo buscavam desesperadamente a salvação. Mas logo já não se ouviu mais os múrmuros do lobo, seu coração já havia parado de bater e seus olhos não focaram mais além, a vida se esvaio como o sangue que foi sugado.

A criatura voltou a se levantar e olhou para o céu nublado até a corneta voltar a ressoar pela mata.