Os dias se passaram e com a chegada do Conde, Sarah havia ficado apreensiva com a proximidade dele, não somente isso a incomodava, o Rei e o Príncipe freqüentavam diariamente o castelo da Condessa Satrrer, Claus aparentemente sabia de absolutamente tudo sobre a Princesa Le Clair, com as visitas freqüentes ele havia descoberto muitas coisas sobre Sarah, mas nunca caiu em seu agrado e sempre se alfinetavam quando podiam os sentimentos da Princesa nunca mudaram, ela achava o Príncipe horrendo aos seus olhos, e ele a seu ver achava a princesa mais linda e corajosa.

Um dia de treinamento, véspera do aniversario de Sarah, a jovem galopou com seu cavalo branco pelos arredores do castelo da tia, perdida em pensamentos não se deu conta que o príncipe a seguia de perto, vestida devidamente e com o caderno de cartas guardado ela parou onde havia encontrado o príncipe pela primeira vez, o lago negro.

Descendo do cavalo tirou o caderno amarrado ao lado para poder escrever em uma das grandes pedras ao lado do lago, muito perto dali, o príncipe escondido entre as folhagens apenas observava seus movimentos. Começando a escrever longe do mundo onde ficava Sarah se perdeu em lembranças e recordações.

Querida mãe...

O dia está próximo, não desejo completar minha maior idade, não desejo me casar. Amanha completarei meu décimo oitavo aniversario, Peter estará aqui e meu noivo também, não quero ser desposada, não por ele, por ninguém. Desejo viver livre, viajar pelo mundo, poder fazer minhas próprias escolhas, eu mesma, não os outros.

O rei e seu filho freqüentam diariamente o castelo negociando com o Conde, meu tio esta preparado para me jogar aos leões, ele deseja o trono de Peter, tenho absoluta certeza que se meu irmão se descuidar perdera a coroa, o príncipe é... Arrogante, não o suporto, o desprezo. Como pode uma jovem donzela gostar de um ser como aquele? Mesmo assim tem seus atributos, como galanteador ele é um ótimo negociador, será um grande rei, o contrario de Peter.

Quando acordar pela manha serei uma moça... Comprometida, amarrada, acorrentada a um homem que nem conheço e viverei minha vida inteira com ele, o Conde não é a pessoa com quem sonharia em me casar, desejo um homem que me ame, não a meu reino, muito menos minha coroa.

Quero um cavalheiro que me traga tulipas imperiais, minhas  prediletas, que me acorde com um beijo doce todo dia, que dance comigo a luz do luar, que a cada manha de primavera me leve para galopar entre os verdes campos, e a cada noite coberta pelo manto das estrelas cante para mim um conto de amor, esse és meu príncipe ideal, um sonho, apenas um sonho. Nada dura para sempre, e amanha acabara minha felicidade posso sonhar apenas hoje, ultimo dia apenas, viverei a realidade triste de uma princesa comprometida com o diabo.

Amar-te-ei eternamente...

...até que as estrelas sumam no céu.

Sarah.

Limpando a lagrima que escorreu de sua face Sarah se levantou colocando a carta dentro de seu envelope, como prometera a sua tia, faria de tudo para ser uma princesa honrada, mas estava sendo difícil se entregar a toda essa realeza que a esperava.

-       Amar-te-ei eternamente até que as estrelas sumam no céu, mamãe. – disse ela segurando a carta junto ao peito.

O príncipe que ali perto escutava ficou tentado a ler esta carta, sabia que devia ser muito difícil pegar o envelope das mãos da princesa, mas tudo estava ao seu favor, Sarah como de costume despiu-se ficando apenas com os trajes apropriados para o banho e pulou no lago, se perdendo nas águas negras. Ainda encantado com a visão da princesa, Claus sorrateiramente saiu dentre as folhagens e pegou a carta colocada na pedra junto com as roupas da princesa.

Escondendo-se novamente o príncipe abriu o envelope, começando a ler a carta de Sarah, ainda nadando a princesa se atreveu a nadar mais fundo, achara um brilho estranho nas profundezas das águas negras, Claus que terminara de ler a carta ainda encantado com a nova descoberta procurou pela princesa na superfície, sem sucesso o desespero bateu forte em seu peito, tirando os trajes pesados o príncipe mergulhou nas águas negras, no fundo daquela escuridão Sarah tentava respirar e mesmo incapacitada tentava com o resto de suas pegar aquela fonte de luz verde no fundo daquela negritude sem fim. Caindo nas profundezas Claus pegou a jovem inconsciente nadando para a superfície, com esforço o príncipe conseguiu deixar a moça no gramado verde.

-       Sarah! Sarah! – chamava ele desesperado tentando acordá-la.

Ainda cansada a princesa abriu os olhos com esforço, deparando-se com o príncipe molhado dos pés a cabeça, os olhos azuis a encaravam com preocupação, mas Sarah havia acordado e visto aquele mar apaixonando-se como se fosse pela primeira vez que os via, ela havia descoberto o amor, apaixonando-se pelo homem com quem nunca se dera bem.

-       Graças a Deus! – disse ele a abraçando – O que pensa que estava fazendo?!

-       Como me achou? – perguntou ela recobrando a razão – Largue-me!

-       O que...? – começou Claus quando ela se afastou – Por que tentou se matar?

-       Eu... Não tentei nada! – disse Sarah cobrindo-se – Eu vi... Uma coisa.

-       Que coisa?

-       Uma luz verde... Mas isso não te interessa! – disse a princesa tonta – Preciso voltar... Para casa.

Ainda cambaleante Sarah deslizou para o chão amparada por Claus, seu corpo não atingiu o chão apenas os braços do belo príncipe, com ímpeto ele a conduziu até o cavalo levando-a para o castelo da Condessa.

Jasmim Satrrer tomava seu chá no jardim de seu castelo, a Condessa muito ansiosa com a comemoração do aniversario da sobrinha, o Conde Barth lhe informou que o noivo da jovem chegaria para neste dia para conhecê-la, e sabendo com a jovem era ele não seria bem recebido. Perdida em pensamentos a Condessa não reparou que o príncipe adentrava nos arredores do castelo carregando a princesa da Rússia desacordada.

Forrs que ali perto ajudava outro servo avistou Sarah nos braços do príncipe, correndo ao seu encontro preocupado, Claus preocupado não deixou que o jovem pegasse a amiga de seus braços, apenas ordenou que o levasse para a Condessa, para alvoroço dos serventes o príncipe caminhou com a jovem até onde a senhora se encontrava, ainda angustiada a Condessa se virou para entrar em casa assustando-se com a cena que vira Sarah desacordada nos braços do príncipe da Inglaterra acompanhada de Forrs e outros servos também preocupados.

-       Mas o que houve? – perguntou ela tocando a testa da jovem.

-       Encontrei o cavalo dela no lago negro, as roupas do lado. – começou o príncipe angustiado – Ela disse que viu algo no lago enquanto nadava.

-       Graças a Deus que você a encontrou, acabaram de me informar que o irmão dela está chegando de viagem e o noivo vem junto. – comentou a senhora olhando Sarah com carinho – Ele esta ansioso para conhecê-la, o contrario dela.

-       A senhora sabe a opinião de Sarah sobre esse assunto. – disse Forrs tentando pegar a jovem – Deixe-me levá-la até seus aposentos.

-       Eu a levo, a trouxe e a levarei. – disse Claus bravo – Onde posso deixá-la?

-       Siga-me. – disse a Condessa caminhando em direção ao castelo.

O príncipe caminhou para o tão luxuoso castelo da Condessa Satrrer, havia conhecido o castelo muito bem antes, nas visitas com seu pai, o rei, mas agora era diferente, Claus entraria no quarto da mulher que sempre desejara que aprendesse a amar.

O quarto de Sarah era de puro esplendor, o mogno negro dos moveis enchiam o quarto de luxo, a cor avermelhada dos tecidos, como cortinas e lençóis para a cama eram deu um vinho escuro, constatando com os bordados brancos nas almofadas e detalhes no dossel da cama, Claus estava encantado com a delicadeza e a beleza dos aposentos da princesa, colocando-a na enorme cama ajoelhou-se ao seu lado preocupado, enquanto a Condessa mandava chamar um medico para cuidar da sobrinha.

-       Forrs meu querido chame o Doutor Allan para cuidar de Sarah. – ordenou ela para o jovem.

-       Claro, senhora. – disse ele olhando a princesa com carinho – Estou a caminho.

-       Príncipe Claus. – chamou a Condessa seria – Agora Sarah estará sobre cuidados médicos, sei de sua
preocupação, mas pode ir.

-       Gostaria de ficar e esperar o medico. – disse ele tocando os cabelos da jovem – Saber qual seu diagnóstico sobre a saúde da princesa.

-       Como desejar, mandarei um servo para buscar as coisas que restaram no lago. – disse a senhora saindo do quarto.

Claus tocava o rosto da princesa com tanto carinho, tanto amor. Seu olhar demonstrava admiração, devoção aquela mulher que tão pouco conhecia, o príncipe aprendera a amar Sarah como nunca amou ninguém.

Depois de examinada e medicada o medico pediu descanso para a jovem princesa ainda adormecida, Claus ainda preocupado despediu-se da Condessa voltando ao castelo real, à cabeça a mil seus pensamentos não saiam da jovem desacordada em seus braços, ao anoitecer o rei e a rainha já estavam informados de todos os eventos ocorridos, buscando mais informações sobre a saúde da princesa Claus ficou mais aliviado ao descobrir que Sarah já havia melhorado e acordado, para a surpresa de todos ela havia perguntado sobre o príncipe.