águas que Inundam a Escuridão escrita por Akahime


Capítulo 3
Terceira Parte - Águas que Inundam a Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Espero que seja o último capítulo, mas não tenho certeza... Dei margem para alguns acontecimentos do futuro, nebuloso demais para mim que acompanho o mangá...
Mas nesse capítulo já fica claro quem é a kunoichi... ^^ Obrigada para os que votaram e comentaram! O prêmo é um rewiew grandão, e amanhã mesmo eu passo no perfil de vocês para olhar suas histórias e comentar, okay...



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Encostado no parapeito da janela, de olhos cerrados e respirando fundo, o nukenin aproveitava por um momento o ar fresco da manhã e o calor do sol que batiam em seu rosto, ocupando sua mente por instantes. Fazia tempo que não apreciava devidamente as propriedades agradáveis derivadas da natureza, já que sempre estava ocupado com seus sentimentos de vingança e ódio.

 

Um segundo depois, sentiu o chacka dela se aproximando da choupana. Sorriu levemente, tendo ainda os olhos fechados virados em direção a janela. Aguardaria o momento certo para abordá-la, sem demonstrar que já notara sua presença.

 

Ela abriu a porta devagar, sem fazer um ruído sequer, encostando-a de igual modo. Por alguns minutos ela permaneceu ali, em pé, na frente da entrada, admirando o vingador, suspendendo a respiração ao colocar os olhos novamente sobre suas costas largas e desnudas, mármore perfeitamente talhado, tão bela era a visão dos músculos rijos. Até mesmo as diversas cicatrizes davam ainda mais charme para a pele branca e tentadora deste, que brilhava sob a luz vinda da janela.

 

Quase riu ao perceber que acontecera de novo. Sempre que olhava para ele com uma atenção maior ela acabava extasiada com a beleza do moreno. Pé ante pé foi se aproximando, furtiva e graciosamente. Se ela pudesse ver, notaria um leve sorriso torto no rosto do Uchiha, que se segurava para não tomá-la em seus braços naquele mesmo instante, tal fogo o consumia por dentro. Levantou uma sobrancelha, ao perceber que não estavam mais a sós.

 

Num segundo, sem ao menos olhar antes, virou-se de supetão, atirando uma kunai que passou zunindo na direção da kunoichi, que não teve tempo de questionar ou argumentar com ele. Desviou da arma lançando-se para a esquerda, girando o corpo de forma graciosa e languida pelo ar, pousando segura a poucos metros, depois de completar a estrela. Ouviu o som seco da kunai cravando-se numa das toras que formavam a parede do casebre, enquanto sorria zombeteira, arrumando uma das mechas do cabelo, que saíra do lugar. Ele ainda continuava virado em direção a janela, sem olhar para a moça que lhe fazia companhia.

 

- Ora, ora... Quem diria... O Uchiha errou seu alvo... – disse ela rindo, indo em direção do rapaz, em passos lentos e sedutores, balançando levemente os quadris. O sorriso de canto não se mostrou, pois seu dono continuava olhando para fora, sem se virar, apenas aguardando ansiosamente a aproximação da moça.

 

- Posso não me considerar um deus, como Pein-sama costuma achar sobre si mesmo, mas saiba de uma coisa... – Respirou fundo, virando-se devagar, mas com o olhar fixo no chão, a cabeça virada para sua esquerda. Por um momento, um vento frio tomou conta do ambiente, e nada mais se ouvia, nem mesmo o canto dos pássaros, que pareciam ter sumido misteriosamente, como que assustados com o tom de voz do shinobi. Este encarou sua companheira, os olhos tomados pelos escarlates novamente.

 

- Eu nunca erro. – Disse, apontando para aonde a arma havia parado. Uma serpente esverdeada, com longas manchas negras, agonizava, presa pela fina lâmina de metal cravada na madeira sólida. As brilhantes escamas reluziam na claridade, enquanto ela se contorcia em vão. A kunoichi olhou para a cena e sorriu matreiramente.

 

- Não se cansa de exibir suas qualidades, não é, Sasuke-kun? – Ela assoviou, se divertindo com a expressão séria e fria que ele mantinha, mas que ela sabia ser apenas uma máscara para esconder seus verdadeiros sentimentos.  - Se você tomasse decisões tão bem quanto atira kunais, provavelmente já seria Hokage... – A moça riu, um riso claro e cristalino, fazendo-o quase voltar a seus devaneios sobre o que realmente sentia por ela.

 

Passo a passo, a moça lentamente foi se aproximando cada vez mais daquele ser considerado por todos como frio e insensível. Encarou os orbes escarlates sem nenhum receio, com um sorriso malicioso nos lábios e os olhos brilhando, duas gemas preciosas que destilavam teimosia e compreensão.

 

Num gesto impulsivo, o nukenin a puxou pela cintura, colando os corpos quentes de ambos e fazendo-a soltar outra melódica exclamação de prazer e riso. Ela o envolveu com seus braços, acariciando de leve os cabelos negros como asas de milhares de corvos, tão rebeldes e bagunçados, seu eterno charme. Ele puxou-a contra si mais uma vez, possessivo, forte, urgente, como se lhe faltasse o ar se não sentisse aquele aroma adocicado mais uma vez, tão marcante e envolvente que ele ainda não conseguia entender o porquê de se sentir assim, tão vulnerável, perto dela. O olhar cálido o perturbava, tirava seu juízo, sua razão, seu senso de dever, e quase o fazia se esquecer de sua missão vingativa contra Konoha.

 

A kunoichi olhava bem fundo dentro daquele olhar sangrento, e tentava também controlar os sentimentos que revolviam em seu interior. Ela sabia muito mais do que ele imaginava que ela soubesse. Havia visto com seus próprios olhos toda a tragédia que havia sido a vida do Uchiha caçula. Durante a noite, enquanto ele dormia ao seu lado, ela entrara na mente do amado e descobrira todas as verdades que ele havia guardado a sete chaves no fundo de seu subconsciente.

 

Não havia dormido bem, pois tivera os mesmos pesadelos que Sasuke vinha tendo desde aquela data fatídica e cruel, e chorara muito durante a madrugada, tomando o cuidado de abafar os soluços para não acordá-lo, ele bem merecia um repouso tranqüilo, depois de tudo o que ele passara.

 

Surpresa.

Terror.

Desespero.

Impotência.

Decepção.

Dor.

 

Pelos olhos de um menino pequeno e frágil ela vira toda a desolação e a carnificina daquele dia que marcara a vida de seu amor para sempre. E do mesmo modo que ele, a kunoichi sentira na pele toda a decepção que este sentira ao ver o homem que mais admirava, o topo de suas aspirações, seu espelho, seu herói, sua meta, tingir o chão da mansão Uchiha com o sangue de seus familiares, atravessando os corpos de seus queridos com uma espada fria e reluzente.

 

A confusão dera lugar ao desespero e ao pavor de ser o próximo a perder a vida, e ela sentiu o medo tomando conta do menino imóvel, parado ali como pedra, sem nada conseguir fazer, apenas derramar lágrimas que não poderiam comover o irmão. A sensação de impotência paralisou os movimentos do pequeno, sem saber como impedir o golpe mortal que provavelmente receberia a seguir

 

As palavras de Itachi ressoavam continuamente na mente do nukenin, sem descanso algum, de modo que ela mesma se admirara ao perceber o quanto ele havia sobrevivido apenas para cumprir os conselhos do irmão.

 

"Se você quer me matar, me xingue, me odeie, e viva uma vida miserável... Corra, e viva, e quando você tiver os mesmos olhos que eu, apareça diante de mim."

 

Sasuke seguira este conselho, mas de que valera? Fora enganado todo esse tempo. Itachi estava tentando protegê-lo, queria lhe dar uma vida melhor, mantê-lo em segurança. Mas ele não percebera isso, e correra atrás de poder, apenas para enfrentar o irmão e vingar a morte dos seus pais. Tudo pela vingança. E ele se esquecera de si mesmo, de seus sentimentos, das coisas que realmente importavam. Ela se permitiu sentir uma certa raiva dele. Não era justo ser assim consigo mesmo, apesar do que acontecera no passado ele não precisava ter seguido esse caminho.

 

Ele estava redondamente errado sobre si mesmo. Ele errava sim, e feio.

 

Principalmente agora, que ele já sabia da verdade. Ou melhor, parte da verdade, pois ela sentia que Madara dissera tudo aquilo, sobre a inocência de Itachi e os conselheiros de Konoha, para manipular o Uchiha caçula, fazendo-o se voltar contra a sua vila natal. Talvez parte de tudo aquilo que saíra dos lábios do antigo Tobi fosse apenas uma fatia da verdade completa. Sentia o dedo de Madara no fatídico dia em que o clã Uchiha fora exterminado. Havia algo encoberto aos sentidos da moça, algo que ela não podia imaginar o que seria, mas ela tinha certeza de uma coisa: impediria o nukenin de virar as costas para sua gente, que apesar de seus erros o perdoaria. Depois de um certo tempo, é claro.

 

Enquanto ela estava ali, perdida em seus braços e em seus pensamentos, ele a olhava demoradamente. Quanto tempo havia se passado desde que saíra de Konoha? Tanto tempo... Na visão dele nada havia sobrado de seu passado, as lembranças felizes de sua infância haviam evaporado assim como as lágrimas de ódio que haviam molhado seu rosto na primeira batalha contra seu irmão. Tanto tempo perdido, e para que... Nada mais havia que lhe pudesse fazer feliz. Seus pais haviam morrido a muito tempo. De nada adiantara querer vingança, de nada lhe valera os anos sangrentos e sem amor em busca de poder. Estava agora na Akatsuki, mas esse não era o seu desejo, sentia que havia ainda algo de bom na vila da Folha, algo que ele não percebera antes, mas que agora estava ali, abraçada a ele. Olhando para os belos e grandes olhos dela, ele desejava poder apagar os vestígios desse tempo turbulento de sua vida, e recomeçar...

 

Porquê não?

 

- Uma senbon por cada pensamento seu... -  A kunoichi sorriu, percebendo que não era a única com a cabeça longe. Lhe agradava a idéia de que ele pudesse estar sentindo o mesmo que ela, mas seria paciente desta vez. Nada de pressão, afinal, homens em geral não gostumam lidar bem com isso, quanto mais um com um dos kekkei genkai mais poderosos de todo o mundo ninja nos olhos. “E que olhos...”

 

- Humm... – Ele gruniu. Não diria a ela que estava pensando seriamente em torná-la parte integral de sua vida. Ele não admitiria isso nem se houvesse um milhão de shurikens apontadas para ele. Muito orgulhoso ainda. Tinha uma reputação a zelar.

 

 Algumas idéias quanto ao futuro.... – Virou o rosto por um momento, tentando ver algo além do horizonte que se mostrava para ele através da janela.

 

“Enigmático como sempre”, ela revirou os olhos divertida, sabendo que descobriria o que ele pensava logo que anoitecesse e ele se distraísse. Nada escapava de seu jutsu, se feito da maneira correta. Passou os delicados dedos pelo rosto anguloso dele, contornando as maçãs levemente, sentindo deliciada cada traço de suas feições, agora mais relaxadas.

 

- E eu estou incluída nele, por acaso? – Tentou não parecer ansiosa, nem ao menos urgente ao fazer esta pergunta. Soltou-a como se fosse uma bolha leve, divertida, quase trivial. Ele pareceu não notar a importância da resposta para ela, apenas ficou em silêncio por alguns instantes, ainda abraçado a ela.

 

De repente, pousou os olhos novamente nos dela, agora negros como a noite, misteriosos, nebulosos, como se esperasse que sua resposta viesse dela mesma. Assim como a noite esconde o mistério das águas, ele tentava em vão esconder o que sentia, entalado em seu interior, não na garganta, mas em seu coração de pedra que amolecia a cada vez que pousava os seus sobre os cristais azulados da kunoichi.

 

Ela pareceu entender o que a boca dele não conseguia pronunciar. Pousou o indicado sobre os lábios do nukenin, dando a entender que não era necessário dizer nada. Uniu seus lábios aos dele, provando mais uma vez o doce néctar da boca do shinobi, que parecia tomar a sua por inteiro de supetão, ainda ávido para descobrir as delícias do amor da bela kunoichi de Konoha.

 

Ela se afastou dele por um momento, tomando ar e sorrindo faceira, vendo que o veneno a qual estaria condenada pela eternidade também corria pelas veias dele. O Uchiha tocou seu queixo, fazendo uma breve carícia, e novamente aproximando os rostos de ambos.

 

- Não importa o que aconteça quando a guerra começar... – Ele tentou falar, mas foi interrompido por ela, mais uma vez com a mão em seus lábios.

 

-Shiiii... Eu sei que você tomará a decisão certa quando ela chegar... – As duas águas-marinhas se tornaram turvas e enevoadas, já que ela não sabia, bem ao certo, o que aconteceria com ele e com o povo de Konoha quando a Akatsuki atacasse. Seria uma batalha épica, aonde muitos perderiam a vida, mas ela preferiu não pensar nisso agora.

 

 Só me prometa uma coisa... – Ela agarrou-se mais ainda a ele, mirando fundo no par de ônix a sua frente. – Lembre-se da determinação de fogo... e que eu te amo...

 

- Eu juro, Ino... – Não havia mais o que dizer naquele momento. Trocaram olhares intensos, como se confirmassem as palavras não ditas pelos lábios. Beijaram-se com fúria mais uma vez, a kunoichi se perdendo novamente nos braços dele, esquecendo o passado, ignorando o futuro, mas tendo a certeza de uma coisa.

 

Ela seria o riacho, a fonte de águas aonde ele se banharia, limpando-se de todo o sangue e sofrimento que se acumularam nele a cada batalha, a cada dia em que ele ia aumentando seu poder. Ela usaria toda a influência e toda a sua arte para convencê-lo de fazer o que era correto naquela batalha entre os renegados e a vila da Folha Oculta. Ela tinha guardado este sentimento por ele no fundo do seu coração, aguardando o dia em que ele retornaria para a luz, e ela sabia que podia fazer a diferença naquela vida antes tão fria e vazia. Não deixaria que o seu amado voltasse para as trevas que ela tanto se esforçara por dissipar.

 

O moreno também se perdia nos braços dela, esquecido da vingança, do ódio, dos planos, da guerra. Seu renascimento era agora, e ele queria poder mergulhar naquelas estranhas águas que tanto o perturbavam. Sentí-la em seus braços agora era mais que um desejo, era uma necessidade, um vício que deveria ser constantemente saciado, um vício com sabor de morango e aroma de jasmins.

 

Não havia o que se falar naquele momento. Apenas sentir.

 

As águas do amor inundavam a escuridão dos desejos, preenchendo dois corações ansiosos em descobrir, mais uma vez, a inegável força dos sentimentos, mais fortes que qualquer guerra ou ódio.


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Notas finais do capítulo

Acabou! (assim espero... ^^')
Bom gente, não pretendo continuar essa fic, mas... do jeito que eu sou não digo nada que tenha continuação, mas não garanto nada.
Qualquer coisa eu deixo um MP avisando se eu resolver continuar... rs
E pra quem esperava um hentai, bem... Não é bem meu estilo, sorry...
Say, espero que tenha sido do seu agrado... meu presente pra vc...
Eu quero rewiews, por favor, hein...