Eram onze e meia da manhã, aquela noite foi terrível pra ele, não conseguiu dormir nem um minuto, o quarto que até ontem parecia pequeno demais pra três, agora estava gigantesco em sua percepção, não se ouviu nem um choro a noite, muito menos as doces cantigas de ninar que só embalavam o seu sono ao invés da pessoa a quem eram direcionadas, viu ao seu lado o berço vazio, não conseguia entender como alguém tão pequeno poderia fazer tanta falta, sentiu vontade de tocar no berço, mas se lembrou que tudo que encontraria lá era o mesmo vazio que seus olhos viam, resolveu deitar sua cabeça no travesseiro, e sentiu o frio de uma cama de casal que agora somente ele ocupava, pensou em chorar, mas segurou as lagrimas dando lugar ao uma raiva tão grande que parecia ser maior que ele, queria brigar, gritar, reinvidicar o que era seu por direito, pois ele tinha direito, não tinha? Era o que passava em sua cabeça naquele momento, tentou bolar um plano pra que pudesse recuperá-las e ainda sair como o dono da razão, mas antes que sua mente começasse a funcionar batidas em sua porta lhe chamarão a atenção- pode entrar... – ele gritou bem forte pra quem batera pudesse ouvir

Ma_ oi cê, a gente veio buscar as coisa da Monica- disse Magali o deixando ver as outras pessoas que lhe acompanhavam- podemos entrar?

Ce_ claro Magali entra aí...

Ca_ colé careca? Não vai trabalhar hoje não?

Ce_ vou, daqui a pouco eu to indo- ele continuou deitado com cara de quem não estava nem um pouco interessado no assunto

Seu ce_ filho o Souza está aí em baixo, ele veio ajudar a pegar as coisas da Monica, eu posso deixar entrar?

Ce_ mas é claro que não, eu não quero nem ver a cara daquele infeliz, é melhor ele nem colocar os pés aqui...

Se ce_ cebola meu filho, ele já se desculpou por tudo, não seria muito mais fácil, fazer as pazes com ele, desse jeito que está todo mundo sai perdendo filho...

Ce_ nem vem pai, depois de tudo que ele fez, agora é só pedir desculpa e vai ficar de boa? Mais nem pensar...

Se ce_ você que sabe cebola, mas eu acho que todo esse orgulho só está te prejudicando, não precisa disso tudo, eu sei que o que o Souza fez foi muito errado, mas é muito pior ficar guardando magoas, isso está te afastando das pessoas que você mais ama e te deixando nessa situação frustrante, tenta pensar um pouco.

Ce_ eu não quero saber pai aqui ele não entra...

Lu_ e eu?–Luiza surgiu atrás de Magali que continuava parada na porta- Posso entrar?

Ce_ clalo dona Luiza, pode entlar- ele sentiu um pequeno nervoso ao ver a sogra, que ele nem imaginava estar ali- as coisas da Monica estão ali- disse apontando o dedo em direção ao guarda roupa

Lu_ e as da Venus?

Cebola sentiu seu rosto queimar, não queria entregar as coisas da filha, era como se estivesse perdendo seu bem mais precioso, a sensação de deixá-la ir era como se estivesse abrindo mão da própria filha, gaguejou um pouco, mas não respondeu a pergunta

Ma_ cê a gente tem que levar as coisas da Venus também, ela precisa das roupas dela...

Cebola franziu as sobrancelhas e se deitou novamente em sua cama sem responder nenhuma das duas, seu cebola suspirou cansado com a atitude do filho e foi chamar a esposa pra pegar as coisas da neta já que percebeu que o filho não estava nem um pouco a fim de cooperar, ele fez sinal com a cabeça pra Luiza que o acompanhou pra fora do quarto deixando cascão e Magali ali sozinhos com o rapaz, cebola estava deitado de lado de costas pros amigos, cascão encarou Magali com cara de cansado, ela entendendo o olhar do amigo se adiantou e foi junto com cascão se sentar na cama ao lado de cebola

Ma_ cebola, ta tudo bem? – ele não respondeu

Ca_ vei, não vai adiantar nada ficar assim careca, levanta daí e vai conversar com a Monica, ces se entendem agora a gente tem que levar as coisas da Venus, não dá pra ela ficar lá e as roupas dela aqui.

Ce_ ela não tem que ir pra lá cascão, eu posso muito bem ficar com a Venus, a Monica se quiser que vá, mas ela não tem que levar a Venus

Ma_ cebola, a Venus só tem dois meses, você não vai conseguir cuidar de um bebê dessa idade e ainda trabalhar e estudar, fora que ela ainda mama no peito e isso é muito importante pra ela, o que você ia fazer tirar ela do peito e gastar o salário todo com leite de caixinha?

Ce_ é claro que não, mas eu posso dar um jeito, a Monica pode vir aqui amamentar ela e depois é claro que eu não ia dar leite de caixinha pra ela

Ca_ e ia dar o que pra ela comer? Macarronada? Esqueceu que ela é filha da Monica e não da Magali?

Ce_ afe cascão...

Ma_ muito engraçado, ta, to morrendo de rir, mas agora é serio cebola, por que você não escuta o cascão e vai conversar com a Monica, quem sabe ela não muda de idéia e volta pra cá

Ce_ eu não vou atrás dela, foi ela que quis ir embora, então vai, eu não fiz nada de errado, não vou ficar correndo a traz dela

Cascão e Magali se encaram cansados daquela conversa sabiam que se tratando de Monica e cebola as coisas não eram fáceis, aqueles dois não passavam de duas cabeças duras

Ma_ ta bom cê, faz o que você quiser eu vou juntar as coisas da Monica, vem me ajudar, por favor, cascão

Cascão olhou com um olhar triste porem compreensivo pro amigo encostou a mão no ombro do mesmo e se levantou para ajudar Magali.