Olívia: A História escrita por Anonymous, Just Mithaly


Capítulo 22
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Leiam!!



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O dia havia sido longo para Circe e Loki, que voltavam exaustos do trabalho, como em todos os dias. Posicionaram o carro na garagem, subiram a escadaria e Circe calmamente retirou um molho de chaves do bolso, utilizando uma das inúmeras para abrir a porta de entrada da grande casa.

- Preciso tomar um belo de um banho. Relaxar.

Enquanto o marido entrada e subia as escadas, a mulher foi interrompida de seguir a trajetória em direção ao banheiro por um pequeno garotinho magricela que vinha correndo alegre em sua direção. O menino possuía cabelos negros, pele parda e olhos castanhos.

- Boa noite, mamãe. Como foi o trabalho? – perguntava a criança, esboçando um longo sorriso para a mulher, abraçando-a.

- Ahn, Nick. Foi normal. A mamãe tá cansada, deixa eu ir tomar um banho, vai. – respondia a mulher, impaciente. Não tinha paciência nenhuma com o filho adotivo. Não parecia a mesma mãe que estava louca para ter um neném há dez anos. Desde o momento que iniciou sua carreira como cientista maluca a mulher perdeu a tranquilidade de antes.

- É que eu tenho um trabalho na escola pra fazer pra amanhã. Me ajuda?

- Depois vemos isso! Deixa eu subir, vai.

E, irritada, subiu mais uma escadaria e caminhou por um pequeno corredor que ligava à sua suíte.

- Finalmente vou ter paz para tomar a minha ducha! Argh.

...

Na cela de prisão, Vitória, em partes, contava toda a sua história para as meninas. A mulher fazia questão de mencionar todos os detalhes, levando vários dias para narrar tudo o que havia acontecido de ruim em toda a vida.

- Tá enrolando demais, Vi. Conte tudo agora! Queremos saber, somos suas amigas!

- Tá legal. Hoje a gente não dorme enquanto eu não terminar isso.

-----Flashback: ON-----

Depois da desgraça causada por Carlota, Vitória viveu em profunda tristeza durante meses, porém, possuía amigos e um companheiro ao seu lado, que a ajudaram a superar a dor e a tristeza de perder Melissa.

A jovem e o marido acabavam de retornar ao bordel depois de uma longa viagem. Era como se fosse a lua-de-mel dos noivos, pois não haviam viajado após o casamento, devido à tristeza de Vitória. Os pombinhos foram recebidos de braços abertos. Todos sentiram saudade da jovem que havia florescido o bordel.

- Gente, eu tenho uma coisa pra contar pra todos vocês. – dizia Vitória, alegre. Empolgava-se com cada palavra que dizia, causando curiosidade a todos.

- Fala logo, mulher! Não nos deixe assim. Vambora!

- Eu... estou... grávida!

Todos, inclusive Sérgio, olharam para esta, surpresos.

- Vi... Por que não me...

- Quis fazer uma surpresinha pra todos vocês.

Mafalda e Sérgio haviam ganhado o dia. Um novo bebê traria alegria e emoção para todos, inclusive o papai e a vovó.

...

Em dois meses, a felicidade permanecia transbordando por todo o bordel, que estava cada vez mais famoso. Mafalda e as meninas ficavam cada vez mais ricas, e os homens da cidade cada vez mais pervertidos.

Vitória estava com as amigas em seu quarto, que agora dividia com o marido. Conversavam sobre a vida e o destino de cada uma, sobre os pretendentes, e sobre o bebê. A empolgante conversa foi interrompida pela chegada de Mafalda, que pela sua expressão não parecia nada alegre.

- Vitória, minha querida. Preciso falar com você. É urgente!

Vitória e as meninas se entreolharam. A jovem assentiu e seguiu a sogra em direção ao grande quarto.

- O que tem para dizer que é tão importante assim, dona Mafalda?

- Senta... O que tenho pra te contar não é nada bom. Você é a pessoa ideal pra saber disso agora.

- Dona Mafalda, assim a senhora me assusta. Fala logo!

- Bom, é o seguinte: não me sentia bem nesses dias e fui ao médico, preferi não avisar a ninguém para não preocupa-los, achando que era uma coisa boba. Fiz um exame. Hoje fui buscá-lo... – o tom da voz de Mafalda era baixo e tristonho. A mulher não olhava nos olhos da nora e falava de cabeça baixa.

- E o que esse exame indica? – Vitória já estava começando a ficar nervosa e assustada com a situação. O que seria tão grave a ponto de deixar para baixo uma pessoa tão forte como Mafalda?

- De acordo com os exames, eu tenho... Eu tenho câncer, Vitória. E em estágio terminal. Só tenho dois meses de vida.

Aquilo atingiu Vitória como um soco no estômago. A mulher que a acolheu com tanto carinho, que a recebeu de braços abertos, que mesmo depois de saber que a jovem pobre estava apaixonada por seu filho, aceitou-a. Não era justo, ela queria tanto conhecer o amado neto.

Vitória, sem pronunciar nenhuma palavra, debulhava-se em lágrimas silenciosamente, abraçando fortemente a sogra. A mulher havia se tornado como uma mãe para a jovem.

...

Vitória, em um encontro com todos no hotel, contou-os sobre Mafalda. A tristeza tomou conta do local. Todos, durante os dois meses restantes, foram atenciosos ao máximo com a idosa, que estava no seu momento de despedida.

- Vi... Vitória, eu falhei. Eu não vou conhecer meu netinho, minha querida. Por favor, cuida de tudo e de todos aqui? É só isso que eu te peço. Faça meu filho feliz.

Os únicos que estavam ao lado de Mafalda, cada um segurando uma das mãos, choravam desesperadamente, pois sabiam que aquele era o momento.

- Eu prometo, dona Mafalda. A senhora não vai se decepcionar comigo! – Vitória a abraçava fortemente. A idosa morreu sorrindo, de olhos fechados.

...

Com a morte de Mafalda, Vitória assumiu o bordel e, exatamente como Mafalda pediu, cuidou de tudo e de todos. Faltava pouco tempo para o bebê nascer. Ainda tristes com a morte da matriarca do local, aos poucos os moradores do bordel se acalmavam com a chegada de um bebê que estava prestes a alegrá-los novamente.

Após o nascimento dos gêmeos Lana e Pedro, Vitória decidiu que os bebês não deveriam ser criados em um local daquela forma. Foi aí que teve a brilhante ideia de transformá-lo em um orfanato, cujo nome se tornou “Orfanato Mafalda Delarosa”, que em pouco tempo já estava abarrotado de crianças solitárias, que receberam o carinho e o amor de todas as meninas e dos funcionários do antigo bordel. Na entrada do orfanato, foi colocada uma grande foto em homenagem à mãe de Sérgio.

 ...

Vitória e Sérgio passaram a ter constantes e demoradas discussões diárias, devido à atenção excessiva que Vitória dava para os bebês, deixando um pouco de lado a tarefa de esposa. Sérgio também amava os filhinhos, porém, sentia falta da antiga atenção que recebia antes do nascimento destes.

- Ah, mas se isso ainda fosse um bordel... Eu preciso da atenção de alguém, nem que isso seja de fora.

E, secretamente, iniciou um romance com uma milionária na cidade, que estava loucamente apaixonada pelo homem, que prometia se divorciar de Vitória para casar-se com ela.

...

Vitória cuidava dos bebês quando alguém havia aberto a porta do quarto. Virou para trás e se surpreendeu com a expressão assustada de Stéfany.

- O que houve, Stéfany? Parece que viu alguém morrendo.

- Vitória, corre. Você precisa saber disso.

A antiga meretriz a encaminhou em direção à porta do orfanato. Saíram do local e Stéfany a dirigiu em direção à umas duas ou três ruas de distância do antigo bordel. Vitória arregalou os olhos e ficou boquiaberta. Seu marido estava beijando a tal milionária.

- Não acredito! – e se jogou no chão, ajoelhada. – Não, não posso ser fraca. Preciso ser forte e cuidar dos meus filhinhos. Stéfany, vamos para casa. Quando o Sérgio voltar ele vai ter o que ele merece. Por isso ele anda tão calmo ultimamente. Infeliz.

...

De madrugada, o homem retornava para casa com um sorriso estampado no rosto. Estava mais tranquilo, aliviado. Acendeu a luz da sala e estava se encaminhando em direção a escada, quando Vitória surgiu de trás de uma parede.

- Por que voltou tarde?

- Minha querida, desde quando você fica limitando meus horários? – respondia, sorrindo, sem imaginar que já havia sido desmascarado.

- Desde hoje. E essa é também a última vez. VOCÊ ACHA QUE EU NÃO SEI QUE VOCÊ ANDA ME CHIFRANDO, SEU INFELIZ?

- Vitória, meu amor, quem anda colocando essas caraminholas na sua cabeça?

- Ninguém tá botando caraminhola nenhuma, eu vi com meus próprios olhos. FORA, SÉRGIO, FORA. NÃO QUERO MAIS TE VER NA MINHA VIDA.

Os dois se divorciaram e Sérgio fugiu com a milionária, desaparecendo. A verdadeira paz havia chegado ao orfanato e Vitória finalmente pôde viver feliz durante muitos anos, enquanto criava seus filhos.

 -----Flashback: OFF-----

...

- E assim a minha história acaba, queridas amigas. Não tive ninguém confiável nesses dez anos a não ser vocês três, que chegaram há pouco tempo e já conquistaram minha confiança.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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