–Os senhores vão querer que Petrus traga o café aqui no quarto? –Perguntou o elfo surgindo do nada e dando um susto enorme no casal que se beijava no chão.

Hermione interrompeu o beijo, corou violentamente e escondeu o rosto com as mãos.

–Não, Petrus. –Disse o rapaz um tanto contrariado, entretanto seu tom era divertido.

A moça fez uma brecha com os dedos pra enxergar se o elfo ainda estava no quarto. Ao ver que sim, a garota escorregou as mãos até o pescoço e sorriu constrangida para a criatura enquanto saia de cima de Draco desajeitadamente. O loiro sorriu, dispensou o elfo com um gesto de mãos e recostou a cabeça no chão, ficando esticado lá, ao passo em que Hermione se sentou na cama mais vermelha que um morango.

–Sério, você acha mesmo que eu engoli aquela sua história lá com o Harry? Eu te conheço Ronald, e juro por Merlim que se você colocar aquela vaca na família eu...

– Ron... –Disse Harry abrindo a porta da sala, mas ao perceber a segunda presença o moreno acrescentou: –Gina,que surpresa! Bom dia.

Estavam no ministério, mais precisamente na sala de Ron, que parecia aborrecido com o que quer que a irmã estivesse falando.

–Eu cheguei em má hora? Se quiserem eu...

–Não, você chegou bem a tempo de eu te atualizar sobre uns assuntos aqui do ministério. Gina já estava de saída, certo irmãzinha? –Disse Ron destilando ironia na última palavra.

–Certo, irmãozão. –disse Gina com mais ironia ainda. Se é que era possível.

Harry engoliu em seco e observou a ruiva sair da sala com um aceno simpático para ele e um sorriso nada simpático para Rony.

–Você fica adorável nesse tom de vermelho, especialmente quando ele está em suas bochechas. –Disse Draco com um sorriso brincalhão enquanto esperava sentado na cama por Hermione que trançava o cabelo. A garota vestia um vestido vermelho simples, mas que na opinião do rapaz ficava perfeito nela.

“Combina com ela.”

A garota bufou e se amaldiçoou por ficar corada daquele jeito só de olhar para o reflexo de Draco. Aquilo não podia acontecer pra sempre, estavam juntos agora, não estavam?

–Isso era pra ser uma trança? –Perguntou o loiro sorrindo com o nervosismo aparente da bruxa.

–Argh, Draco! –Resmungou ela soltando as mechas e desfazendo a trança com os dedos.

–Deixa solto, fica melhor. –Falou o rapaz se aproximando do espelho para o qual Hermione estava de frente. Ele tirou os cabelos das mãos da moça e os soltou por sobre os ombros dela, para depois encaixar o rosto na curva entre o pescoço e o ombro direito da garota, depositando um beijinho lá.

Neste ponto Hermione já estava prendendo a respiração.

–Ok. Vamos descer, eu não quero que o Sr. Petrus venha ver se queremos tomar café aqui de novo. –Declarou a moça se esquivando do loiro para depois agarrar sua mão e o arrastar quarto a fora.

–Eu perdi alguma coisa? –Quis saber o moreno.

–Nada demais. Gina e os surtos dela... –Declarou Ron fazendo um gesto de pouco caso com os ombros.

–Então... Não tem assunto nenhum, certo?

–Errado. –Disse Rony adotando uma postura séria, postura que ele só usava para o trabalho.

Harry sentou-se numa poltrona e fez um gesto com a cabeça indicando que o ruivo devia prosseguir.

–Bem, eu mandei que fizessem uma varredura mágica na área em que Hermione foi encontrada por Malfoy e adivinhe?

–O que? –Perguntou Harry vendo que o ruivo só falaria depois de sua sentença curiosa.

–Foram encontrados rastros de magia.

–Isso é bem óbvio, aposto que Hermione tentou usar um accio ou algo do tipo, ela não é burra Rony...

–Deixe-me terminar. Rastros de magia. Vários rastros, mas um não era bruxo.

O moreno uniu as sobrancelhas em confusão.

–O que quer dizer?

–Quero dizer –Falou Ron jogando uma pequena pilha de papéis no colo do amigo. –Que qualquer que tenha sido a mágica utilizada naquela rua, em certo ponto, não foi humana. Que outro tipo de magia você conhece?

–Eu podia fazer uma lista...

–A lista está em seu colo. Agora nos resta eliminar itens dessa lista até ficarmos apenas com o item culpado. –Declarou o ruivo sentando-se em sua poltrona com um ar decidido.

–Ron, você não acha que está...

–Não estou fazendo isso por que sou apaixonado por Hermione ou nada do tipo. E não me diga que estou exagerando. Eu já me conformei com o fato de que ela e o Malfoy de uma forma ou de outra são um par, sem contar que ele não tem nada a ver com isso, aparentemente... –Disse o rapaz cruzando as pernas em cima da mesa. –Eu não me conformo é com o que aconteceu naquela rua, e estou fazendo isso porque acima de tudo, sou amigo da Mione.

Após a conclusão mortalmente séria e determinada de Ron, tudo o que Harry pode fazer foi concordar em um gesto mudo e começar a ler, de forma rápida, os documentos em seu colo.

–(...) E então, eu me dei conta de que sentia sua falta. Mas eu continuei sendo um babaca no ano seguinte...

–Foi o ano em que eu te dei um soco! –Interrompeu Hermione rindo.

–É, acho que foi naquele dia que eu gamei em você. –Disse o loiro arqueando uma sobrancelha em um tom falsamente sério.

–Seu mentiroso, você fica péssimo fazendo essa cara Draco!

–Ah fico? –Perguntou o rapaz com um sorriso sugestivo.

–Ah não... –Disse a castanha com um olhar de falso pânico, ao passo em que o bruxo confirmava com a cabeça.

–Cosquinha não! –Gritou Hermione correndo pelo jardim, com Draco em seu encalço.

–Me deixe informado Rony. –Disse Harry saindo da sala do amigo brandindo o pequeno monte de papéis em suas mãos. Ao fechar a porta, e se encaminhar por um corredor, qual não foi sua surpresa ao se encontrar com...

–Sra. Malfoy? –Indagou o moreno surpreso.

–Olá Potter, a sala do Weasley fica por aqui, certo? –Perguntou a mulher apontando com sua mão enluvada para o caminho, há pouco feito por Harry.

–Sim. Sim Senhora. –Disse o rapaz. Em sua mente ele procurava motivos para Narcisa Malfoy querer falar o que quer que fosse com um Weasley. Principalmente Ronald Weasley.

–Tenha um bom dia, Potter. –Concluiu a bruxa passando delicadamente por Harry.

–Igualmente. –Respondeu o moreno, mas foi um pouco tarde, pois a mulher já estava na porta da sala de Ron.

Os dois sorriam e gargalhavam juntos, trocando cócegas e cutucões enquanto corriam um do outro, até que durante uma sessão de “pega-cócegas” Hermione se desequilibrou e caiu, levando Draco que fazia cócegas nela, consigo. O bruxo suspendeu o peso do próprio corpo nos braços para não machucar a moça. Ficou contemplando a garota tirar fios de cabelo do rosto enquanto ainda sorria.

Estava corada devido à brincadeira. Suas costas ardiam devido ao impacto da queda, mas ela não se importava. Acima dela estava seu anjo, ou sua doninha, como ela preferia naqueles momentos. O loiro estava incrivelmente bonito na opinião de Hermione, com os cabelos despenteados e secos. Nada daquele gel horroroso que ele usava vez ou outra...

Olhavam-se como se aquela fosse a primeira e última vez. As respirações estavam pesadas, e dava pra sentir o hálito um do outro naquela distância. Aproximaram-se numa velocidade lenta, pois a tentação de observar o rosto do outro era forte demais. Quando suas bocas estavam a centímetros diminutos de distância o som das palmas foi ouvido.

–Ora, vejam! Que cena linda!

Disse a voz feminina que nunca soou tão detestável quanto naquele momento para o casal.

–Eu sinto muito ter que interromper, mas Draquinho, você tem que falar com o Weasley, lembra? Ele me pediu para te lembrar disso. –Falou Pansy sentando-se em uma mesa de cimento.

–Foi bom ele lembrar. Pelo visto você já havia esquecido... -Adicionou a morena com um sorriso sugestivo.

Hermione até simpatizava com Pansy, mas naquele momento a garota sentiu vontade de esganar a moça, tão inoportuna, que sorria feito uma doente observando ela e Draco.

Os pensamentos de Draco não estavam muito longe do pescoço da morena sendo acompanhado de duas mãos em volta.

–Querem continuar de onde eu interrompi? O Weasley pode esperar um pouco mais. –Declarou Pansy em resposta aos pensamentos assassinos que ela sabia estarem sendo direcionados a ela.

Hermione e Draco rolaram os olhos juntos.

–Pode entrar. –Disse Ron ao ouvir as batidas na porta.

–Bom dia Weasley.

–Ora ora, não é o Malfoy que eu queria, mas é uma grata novidade. –Disse o ruivo escondendo a surpresa.

–Vou ser direta garoto, não quero demorar. –Disse Narcissa.

–Sou todo ouvidos. –Declarou Ron sério.

Com um selinho rápido e um “Eu volto logo.” Draco se levantou e se encaminhou para onde Pansy estava. Enquanto dava seus passos largos ele transfigurou suas vestes com um movimento de varinha.

–Você vai também? –Perguntou o loiro em um tom de voz seco, tom este que Pansy já havia se habituado.

–Vou. Tenho uns assuntos pendentes com o cabeça de cenoura. –Declarou Parkinson sorrindo e acenando para a castanha, que assistia a tudo sentada na grama.

–Vamos logo com isso. –Disse Draco aparatando.

–Ele gosta de lingeries pretas. –Disse Pansy com a mão em concha na boca, como quem conta um segredo, antes de aparatar também, deixando para trás uma Hermione muito confusa.