O Espírito Do Dragon Slayer escrita por Hana chan


Capítulo 28
Amarras


Notas iniciais do capítulo

Então gente, é, tipo assim...eu voltei, né? Quase um ano...deixa eu soprar a velinha aqui. ~Assopra~ Êêêêê!!!
OK, falando sério agora. Muitos devem ter achado que eu desisti. Muitos devem ter desistido. Outros devem estar putos comigo, e será que tem alguém que espera por mim? Mas os que me conhecem sabem que eu prefiro pausar uma fanfic a escrever um capítulo ruim, ainda mais se tratando em OEDDS, que é a fic que eu mais prezo em minha carreira como ficwritter. Se eu demorei, é porque foi necessário, para que a história amadurecesse e existisse. E ela amadureceu. Eu amadureci. E agora, me sinto pronta pra voltar a ela.
PS: No mangá, aconteceram muitas coisas nesse último tempo, e em alguns casos eu e adaptei às novidades, mas eu não vou mudar o que já foi escrito. Dentre isso, eu ressalvo os dragões de Sting e Rogue, que têm uma importância brutal para a história e serão mantidos como eu descrevi, pouco me importando o que o Mashima quer. (risos)
Sem mais enrolação, vamos à história!



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–I...Igneel...?

O sorriso impassível e descarado permanecia no rosto do ruivo, algumas marcas ressaltando seus traços. Ele não tentava esconder sua tristeza.

–Fico feliz que ainda se lembre de mim, sabe como é...tanto tempo.

O estômago de Natsu parecia estar repleto de magma, e não do jeito bom, que ele gostava. Uma parte da sua mente duvidava que aquele homem bem à sua frente, sorrindo, a três passos de distância, fosse mesmo o seu Igneel, seu dragão gigantesco que sumira há tanto tempo atrás. Outra parte gritava que sim, ela ele! O cheiro, a voz, o jeito, corra e abrace-o agora, antes que ele suma mais uma vez!

E uma parte bem pequena tentava a todo custo mantê-lo consciente.

–Tá de zoeira, Salamander? Esse aí é o seu dragão? - Os braços cruzados eram a marca de seu deboche. - Bom, é como dizem né, tal pai...

O ruivo negou com a cabeça, suspirando.

–Você não mudou nada, Gajeel. Absorveu a pior parte da personalidade do cabeça de lata.

Bom, se ele queria a sua atenção, parabéns, conseguira.

–Do que você tá falando? É de Metalicana, não é?

Ele deu de ombros e o ignorou completamente.

–Hoe, estou falando com você, ô do cabelo estranho!

"Quanta moral ele acha que tem pra me dizer isso...". Igneel voltava a sua atenção pra pequena, que observava sem expressar nenhum som.

–E você, filha de Grandine...ah, como ela vai amar revê-la...

–Grandine está aqui? Onde?

–Sim, está, mas não pôde vir até aqui. O mesmo praquele idiota do seu pai, Gajeel. Tudo a seu tempo, eu sinto muito.

Naquele momento, Natsu recobrou os sentidos e se agarrou com desespero às barras da gaiola.

–Igneel? É você mesmo, não é?

Natsu estendeu a mão, e Igneel desejou com todas as fibras do seu ser agarrá-la de volta. Queria tirar a sua criança dali, pedir desculpas e fugir para o mais distante possível. Sua testa franzida e seu olhar desesperado não deixavam margem para outras interpretações.

Mas o barulho de passos o fez recuar; ainda era cedo, eles teriam de ser fortes só mais um pouco.

–Eu preciso ir agora, mas me escutem bem. Eles não sabem que estou aqui, por isso não posso libertá-los, mas logo as coisas vão se resolver, eu prometo. - O barulho ficou mais alto. - Tenho de ir.

–Esper... - Igneel o silenciou com um carinho em seu rosto. Curto, breve, mas repleto de calor.

Então, ele se foi.

Natsu não percebera que estava chorando até que as luzes se apagaram, e os únicos barulhos no lugar eram os dos desconhecidos que se aproximavam. Enxugando o rosto com o dorso das mãos, arrumou a sua postura e franziu a testa, determinado.

–Que venham. Estamos preparados.

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Eles já haviam tomado os seus lugares fixos na câmara. O lugar estava quase cheio, então as suas presenças passavam quase despercebidos. Grandine colocava uma mecha teimosa de cabelos cor de rosa atrás da orelha, enquanto o seu companheiro usava a visão periférica para avaliar quais seriam os seus maiores problemas ali.

–Foold, Behemoth e Laymia estão aqui. Acho que Naga deve estar a caminho, ela jamais perderia essa oportunidade, víbora maldita. Os outros, eu não reconheço as suas formas.

A dragonesa sorriu ao observar os ombros de Metalicana se remexendo sem parar, como se estivesse incomodados com as roupas que usava.

–Coceira?

–Desconforto, isso sim. Odeio essa droga de forma humana, como uma espécie tão pequena sobreviveu durante tanto tempo?

–Com uma ajudinha nossa, não lembra? – Ela piscou um olhar travesso, e ele sorriu. – Mas eu até gosto dessa forma. Você está bonito.

O calor subiu ao seu rosto, e ele teve a certeza de que as bochechas estavam vermelhas. Essa era outra nuance humana que ele odiava.

Desconversou, tentando ignorar a mão macia que passeava por seus fios negros.

–Grandy...Eles estão chegando.

–Eu sei, sinto como se meu estômago estivesse cheio de pedras. Mas faremos o nosso possível, após isso será decisão dos Grandes.

Ele segurou a mão que pousara em seu rosto, e a manteve firme entre seus dedos. A rosada sorriu; ele não costumava ter esse tipo de atitude publicamente.

–Vai começar.

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–Hey, vai com calma!

O sangue do Dragon Slayer de fogo fervia ao ver Wendy sendo tratada de forma tão rude pelo dragão cinza que a acorrentara.

–Droga, minha magia não funciona! – O rugido de Gajeel podia ser ouvido a muitas câmaras de distância.

–Nem a minha. – Wendy tornou a gemer quando as correntes machucaram os seus pulsos. – Não a machuque, ou eu vou chutar esse seu rabo cheio de escamas!

–Feh, essas correntes são à prova de magia, humano, você não pode nos atingir!

–Covardes, não têm coragem de lutar comigo sem esses truques, não é?

A expressão presunçosa de Natsu irritou o seu captor, que puxou as suas amarras de modo a derrubá-lo no chão da gaiola.

–Não nos desafie, não está em posição de fazer isso. Apenas cale e obedeça, e pode ser que eles não os matem.

“Do que ele está falando?” A pequena enviou pensamentos assustados para Natsu.

“É melhor obedecer, lembrem do que aquele Igneel disse.” Gajeel tentou acalmá-la. Caminhou de forma passiva, tendo um réptil negro e outro avermelho ao seu lado. Natsu, a contragosto, se pôs de pé e os seguiu, mas sempre observando ao seu redor.

O Salamander não estava nada feliz sendo capturado daquela forma. Não estava feliz com Gajeel agindo de forma mais calma e sensata do que ele. Não estava feliz com o encontro relâmpago que tivera com Igneel, que se fora tão rápido quando ressurgira. Sua mente ainda girava, e o deixava doente.

Rapidamente, deixaram a prisão e, consequentemente, a câmara circular. O caminho se apagava atrás de si, como se uma parte de suas memórias sumisse para sempre. O túnel à sua frente era escuro e repleto de cheiros não identificados, mas ao mesmo tempo muito familiares. Ele fechou os olhos e aguçou os demais sentidos, nunca baixando a sua guarda.

A mudança da luz atingiu suas pálpebras O dragão que estava às suas costas o empurrou, fazendo com que esbarrasse num parapeito à altura do estômago.

–Entrem aí.

Ouviu as exclamações ao redor, dezenas delas. Vozes, sussurros, gemidos, rosnados e sibilares. O barulho de metal se chocando contra pedra adiantou o seu plano de abrir os olhos, a luminosidade excessiva ofuscando temporariamente sua visão.

O local era fechado, mas imenso, e lembrava a sala de julgamento do Conselho de Magia que ele invadira algumas vezes. O céu se abria a centenas de metros sobre seus cabeças, revelando uma abençoada luz solar de uma manhã calma, aquecendo de leve seus rostos sedentos por calor. Sentiu um desejo visceral de fugir, mas sabia que era impossível naquele momento.

Observou mais ao redor. Estavam bem no centro, ainda acorrentados, com dois agrupamentos lotados de dragões e humanos, em ambos os lados, e dois assentos vazios à sua frente. A hostilidade era tão densa que podia ser cortada com um punhal.

–...icana...

Seu pensamento foi quebrado pelo ruído. A voz rouca ao seu lado era apenas um sussurro, mas os olhos rubros arregalados e as narinas inquietas revelavam: Gajeel sentira a presença de seu dragão. E, pelo visto, Wendy também.

Ele não perdeu seu tempo em tentar localizá-los, já que não conhecia suas formas, e pra piorar, nem todas as criaturas ao seu redor eram répteis. Muitos ele tinha a certeza de serem dragões humanizados, provavelmente os de hierarquia superior. A grande massa era composta de diversas espécimes escamadas: dragões anfíbios, corpulentos guerreiros, esguios soldados, pequenos e pouco inteligentes dragões das florestas, espertos dragões dos céus. Todos sobre as quatro patas, e até o menor deles era mais alto do que Gajeel.

Um pouco mais perto, em uma bancada separada, estavam os dragões que caminhavam sobre as patas traseiras. Ao contrário dos anteriores, estes usavam roupas, e suas feições eram inteligentes e sérias. Seus carcereiros estavam dentre eles, e também Eridor, o sacerdote. Este os encarava com os olhos faiscando de desgosto, parecendo satisfeito com a posição na qual se encontravam.

Orgulhoso, Natsu rosnou de volta, irritando-o por um tempo.

Já na camada mais externa, apenas rostos humanos eram visíveis. Era preciso atenção para se sentir a aura de superioridade que cada um deles exalava, o peso de séculos em seus ombros, a sabedoria em seus olhos. Era apenas neles que os três encontravam empatia e esperança. Mas empatia não os salvaria de seu destino.

Não haviam olhares conhecidos, e um misto de alívio e ansiedade tomou conta dos três. Alívio por serem privados de uma humilhação maior do que a que já sofriam. Ansiedade por não saberem se tinham aliados no meio de tamanho caos.

Estavam sem seus companheiros, sem seus amigos, sem seus gatos, sem seus dragões.

Nunca se sentiram tão sozinhos em suas vidas.

A voz irritante do dragão branco ecoou por todas as reentrâncias do lugar:

–Silêncio na câmara. O nosso imperador se apresenta.

Wendy silenciosamente segurou a mão de Natsu e a de Gajeel, firme. Eles trocaram olhares entre si e entre sua plateia, sem deixar transparecer sua insegurança.

A criatura que invadiu o espaço trouxe consigo tamanha superioridade que forçava todos os presentes a usar cada gota de persistência para não se ajoelhar e se curvar, desde os pequenos répteis até os dragon slayers. Emergindo dos céus e cobrindo toda a luz com as asas gigantescas, a cauda graciosa e pesada roçava as paredes de pedra, sem, no entanto deixar que um único grão de poeira delas se desprendesse. Seu pouso foi delicado e ao mesmo tempo imperioso, espalhando pelo chão uma onda de energia que fluiu para dentro de cada um dos presentes. O corpo negro e os olhos verdes faiscantes eram tão velhos quanto o próprio tempo, e as linhas em sua face eram a prova de que vira o nascer da própria espécie e de todas as outras. Sua testa era adornava por seis chifres compridos e pontiagudos, semelhantes aos galhos de um cervo e cobertos parcialmente por musgo e folhas.

E, e repente, não era mais um dragão. Diante deles se mostrava um homem adulto, com longos cabelos prateados presos com um laço e uma barba que alcançava o peito. Suas vestes eram negras e verdes, e se arrastavam pelo chão, cobertas de símbolos e letras ancestrais. De sua cabeça ainda emergiam os mesmos chifres, e seus olhos jamais poderiam ser confundidos com olhos de um homem qualquer.

–Eu sou Kolmas, o Terceiro. Imperador, regente e protetor de todos os dragões sobreviventes. E eu serei o seu juiz hoje.

Os murmúrios renasceram, mas logo cessaram com a mesma velocidade.

–Os acusados são três dos remanescentes Dragon Slayers concebidos às vésperas da Grande Guerra. Natsu Dragneel, filho mestiço do Alto Dragão de Fogo, Igneel. Wendy Marvel, filha mestiça da Primeira Imperatriz dos Céus, Grandine. Gajeel Redfox, filho legítimo do Dragão de Ferro Metalicana e da Guerreira Negra, Tenebris.

Os grunhidos de espanto e indignação se alastraram pelo salão; pelo visto, as informações proferidas pelo Imperador não eram de domínio público.

–Tenebris? Ela não era o dragão que criou aquele Rogue? – Natsu sussurrou para seus companheiros. – O que ela tem a ver com você, Gajeel?

–Sei tanto quanto você, Dragneel. Não entendi direito o que o vovô ali disse.

–Ele nos chamou de...mestiços e legítimos... – Wendy parecia chocada demais. – E se...

–Vocês estão sendo acusados pelo uso indevido da magia concedida, por serem ameaça a seus antepassados e a sua espécie e por quebrarem a sua promessa firmada antes do adormecimento.

Alguns segundos de pausa para que novamente o lugar silenciasse por completo.

–Então, vamos começar.


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Notas finais do capítulo

Bem, aqui estamos. Espero que alguém ainda se interesse em ler a história que eu tanto amo, e que lide com ela com carinho. Muito obrigada, e kissus na testa de cada um de vocês!



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