Resistance escrita por Jones, isa


Capítulo 10
Está tudo sob controle




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Quando James foi ao terceiro andar naquela tarde, esperava encontrar Abbie e irritá-la um pouco a fim de que o rosto bonito e ligeiramente debochado o distraísse durante a aula de história da magia, mas a menina parecia concentrada num jogo de cartas bruxo.

— Ei Jones.

— Sirius – Além de sua mãe, ela era a única que o chamava assim. Era para implicar, mas ele achava charmosinho, bem como tudo que provinha dela – Vá embora antes que achem que você está me ajudando.

Ele riu e se agachou para roubar um selinho dela, antes de blefar para os outros jogadores as cartas que ela supostamente tinha. Potter mentia bem e Abigail Jones era ótima fingindo caretas. Ao se afastar, James sorriu e ponderou que formariam uma boa dupla.

Foi nesse instante que passou pela porta semi escondida da sala de armaduras. Por instinto, parou. E quando a ideia se formou em sua mente, seu sorriso se alargou ainda mais.

— Alvo...

— Não.

— Mas, Al!

— Não.

— Você ainda nem me ouviu! – James protestou enquanto o irmão mais novo o olhava impaciente.

— E a resposta continua a mesma. – como o conhecia e sabia que não desistiria, ele continuou andando, sem peso na consciência.

— Vamos lá, o que você quer?

— James – Alvo suspirou - Sem barganha. Tenho um encontro hoje à noite, preciso da capa.

Ele abriu a boca para protestar, mas então arregalou os olhos.

— Você tem um encontro? – orgulhoso, ele esmagou o menino em um abraço – Com uma garota? Com um garoto? Por favor, qualquer coisa que não seja seu ukulele!

— Uma garota – enrubesceu – Isobel Dawson. E, James, você está me sufocando.

— Uau! Isobel Dawson! Ouvi dizer que ela é bonitinha... Como conseguiu? – animado, soltou o garoto e o olhou com expectativa. Sabendo que Alvo não pretendia dizer nada, continuou: – Tudo bem então. Precisa de alguma dica? Conselho?

Alvo fez uma careta.

— Acho melhor não.

— Tá legal, boa sorte bonitão! – Ao sair deu uma palmada no traseiro do irmão mais novo, antes de rir e gritar “esse é meu garoto!” aos 4 ventos.

Nem mesmo a aula de História conseguiu baixar seu humor. Abbie era interessante e até o nerd do Alvo tinha um encontro. Além disso, dali a algumas horas Scorpius teria uma fantasia. O dia não poderia ser mais bacana.

Molhando a pena no tinteiro, rasgou um pedaço de pergaminho e escreveu com a letra garranchosa:

Encontrei seu traje. Vamos buscá-lo esta noite no terceiro andar.

E encantou o bilhete que encontrou o seu destinatário numa medonha aula de poções.

— Sem chance! – Rose sussurrou depois de ler por cima do ombro do amigo.

— Intrometida – alfinetou, virando o rosto para mirá-la e se arrependendo um segundo depois ao perceber que ela ainda estava próxima, a ponto de encostar nariz com nariz.

Rose saltou para trás por impulso, derrubando o caldeirão e chamando a atenção do professor Adolf que gritou com eles sobre boas maneiras antes de expulsá-los. Eles saíram da sala em silêncio e Scorpius ainda não havia decidido como se sentia quando ela começou a rir.

— Pare de ser estranha, Rosie – mas passou a rir também.

— Quer saber? – disse depois de respirar fundo – Vou com vocês.

Scorpius arqueou a sobrancelha.

— Quem é você? – ela revirou os olhos.

— Você acabou de ser expulso da aula por minha causa. Te devo essa.

— Pare com isso, Rose.

— Vou com vocês – repetiu convicta.

— Você não vai não – retomou a discussão, dessa vez, após o jantar;

— Ah, mas vai sim! – James decidiu, duplamente orgulhoso no mesmo dia. – Que legal cara! – divagou com uma voz arrastada de desenho animado, como se todos os seus sonhos estivessem se realizando ao mesmo tempo e ele não conseguisse processar tudo – Que legal!

Scorpius soltou o ar de forma ríspida. Uma coisa era ele e James na linha de fogo, outra era por Rose no meio. Sentia a súbita necessidade de protegê-la e todas essas cafonices, mas eram dois contra um, de modo que ás 11 em ponto os três se encontraram no alto da escadaria do terceiro andar.

— O que seu namorado pensaria se soubesse desse seu lado marginal, Weasley? – Scorpius provocou tentando fazê-la voltar ao dormitório.

Ela sorriu.

— Que vocês são uma péssima influencia para uma garota como eu. – piscou, fazendo-o olhar para o teto, impaciente – Nem adianta, bro.

— Bro? Você também?

— Ela está tentando pegar o espírito da equipe – James riu dando uma palmadinha no ombro da garota como se ela fosse sua aluna mais aplicada.

— Nós podemos simplesmente correr com isso? – Scorpius pediu apreensivo.

— Claro – Segurando a varinha com os dentes, James pegou o mapa do maroto que roubara do pai há alguns anos – Filch está nas masmorras a essa hora. – e apontou para os passos que apareciam no papel. – E pelas experiências desse velho lobo do mar que vos fala, só checará o andar que estamos daqui a meia hora.

— Suas auto designações são as piores possíveis – Rose informou, mas ele tratou de ignorar.

— Eis o plano. Vigia— apontou para Rose – Distração— apontou para Scorpius – Homem da ação.— apontou para o próprio peito. – Todos de acordo?

Scorpius rapidamente concordou com a cabeça, mas Rose ainda estava meio perdida.

— O que ele vai...? – sussurrou para Malfoy, mas então James correu em direção para a sala de armaduras, tão silenciosamente que era quase surreal. – O que eu faço, o que eu faço? – subitamente tomada por adrenalina, ela puxou a camisa do garoto.

— Fique calma! – murmurou e ela concordou com a cabeça. – Se der merda, eu protejo Jay e você observa se ninguém vem. – ele mal terminou de falar quando a risada característica de Pirraça encheu o ar. – Merda! – praguejou. – Fique aqui, está bem?

Ela concordou, subitamente muito pálida.

Scorpius correu em direção ao som, proferindo um zilhão de provocações para o fantasma. Rose fechou o punho em torno do corrimão. Ela escutou um miado baixo de gato, a voz irritante de pirraça e um estrondo de metal contra metal que poderia acordar o castelo inteiro. E então Scorpius correndo em sua direção novamente.

— Corra, Rose, corra! – mas ela não pôde fazer nada além de ficar parada no mesmo lugar até ele puxá-la pelo braço e arrastá-la até que suas pernas ganhassem vida.

Nunca poderia se lembrar de quanto tempo correram para longe. Nem em que direção seguiram. Tudo que sabia era que suas pernas lutavam para manter o mesmo passo das de Scorpius e que eu algum momento ele a suspendeu pela cintura e a girou para trás de uma pilastra de forma que os dois pudessem ficar escondidos, mas também inevitavelmente imprensados um contra o outro.

Era difícil regular a respiração para que ela não saísse ruidosa quase tanto era difícil ignorar a mínima distancia entre os corpos. Scorpius ainda tinha as mãos presas fortemente em sua cintura e Rose se sentiu grata por ser mais baixa que ele a ponto de não precisar encarar os olhos do amigo, só o pomo de adão que subia e descia incessantemente.

Ela queria falar. Queria perguntar se já podiam sair dali. Queria saber porque o coração não voltava ao normal. Achando todas as opções imprudentes, limitou-se a enterrar o rosto no ombro dele, antes de começar a contar mentalmente.

1, 2, 3...

No numero 7, Rose notou que gostava do perfume de Scorpius. No 15, ela descobriu que assim como a maioria das meninas da escola tinha curiosidade em descobrir qual seria a sensação se afundasse os dedos no cabelo dele. No 22 ela queria saber porque James estava demorando tanto e porque esperava que Scorpius não afrouxasse o abraço nunca. E a partir do 99, todo tipo de pensamento impróprio já lhe havia sucumbido a mente.

As mãos espalmadas nas costas dele suavam, e ela podia jurar que ao menor movimento da parte do garoto, ela acabaria pulando nele e ninguém poderia considerá-la responsável pelo ato, afinal de contas, era seu amigo, mas todos aqueles suspiros, cochichos e elogios que o garoto recebia tinham razão de existir.

E então tão baixo e breve que não poderia ser escutado a menos que estivesse muito atento, um assovio soou.

— Esse é o sinal de James. Ele conseguiu. Está tudo sob controle – Scorpius sussurrou pela primeira vez, ajudando-a sair.

— Tudo sob controle. – ela repetiu, balbuciando, e ele sorriu, concordando.

Rose não pôde evitar pensar o quanto aquilo parecia irônico, porque, pela primeira vez na vida, sentia que estava tudo de ponta cabeça.

— James, a gente deveria levar de volta antes que notem. – Rose cochichou, enquanto voltavam para a sala comunal. – Podemos ser pegos, podemos ser expulsos de Hogwarts... Que tragédia!

— Shhh, com você gritando desse jeito, seremos pegos mesmo. – James disse puxando-a. – Já escondemos a armadura na sala precisa, ninguém vai nos descobrir a não ser que você dê com a língua nos dentes.

— E você acha mesmo que eles não vão notar que uma grande armadura sumiu da sala? – Rose perguntou cruzando os braços. – Pele de Ararambóia.

Eles entraram na sala comunal, James se jogou no sofá e Rose em uma poltrona bem perto.

— Uma entre outras quinhentas? Quem tem tempo para isso, para início de conversa? Você é muito medrosa. – James constatou sorrindo. – Estava francamente achando que era tudo desculpa para se agarrar com Malfoy.

— O-O-O quê? – Rose se engasgou com o ar. E depois de tossir por uns minutos continuou. – Como assim?

— Como dizem os trouxas, enquanto você vem com a farinha eu já fiz o bolo. – James riu enquanto Rose franziu a testa. – O que foi?

— Primeiro: de onde você arranja tantos dizeres trouxas? – Rose disse e ele riu. – E segundo, que tipo de ameixa dirigível você come para imaginar essas coisas?

— Eu não imaginei, eu vi você toda derretida em um abraço com o Scorpius! – James provocou, levando uma almofadada na cara. – Você estava até vesga de tão inebriada.

— Inebriada? – Rose implicou, tentando ignorar as verdades que James dizia. – Aprendeu uma palavra nova do dicionário! Que lindo.

— Você e o sarcasmo não combinam... Mas sabe o que combina com você? – James provocou rindo e ela o desafiou a dizer com os olhos. – Scorpius, crianças ruivinhas e loirinhas correndo pela mansão Malfoy.

— Cale a boca. – Rose se levantou com raiva. – Somos amigos e só. Apenas amigos.

— Sem dúvidas. – James falou enquanto ela o encarava com os braços cruzados, sabia que ele iria acrescentar algo. – Só não sei por quanto tempo.

— Você é um ridículo. – Rose bufou, subindo as escadas para o dormitório quando cruzou com Abbie. – Você já não deveria estar dormindo?

— Ai que susto... Tô sem sono. – Abbie disse assustada e depois fez careta. – Eu hein, que bicho te mordeu?

Rose ficou em silêncio por um instante, não começaria a discorrer seus problemas com Abbie, alguém que mal conhecia.

— James. – Abbie disse rindo antes que ela respondesse algo. – Você não deveria ligar, sabe? Se não pode com ele...

— Junte-se a ele? – Rose perguntou erguendo uma sobrancelha.

— Não! – Abbie exclamou, negando veementemente com a cabeça. – Bata nele.

Rose terminou de subir as escadas rindo enquanto ouvia Abbie dizer para o primo, que ainda ria: ”mas você não consegue deixar as pessoas em paz mesmo, não é, seu chato?”. Pensou que gostaria de ter um relacionamento feliz assim como o de James, que nem era bem um relacionamento, dado o inicio recente, mas ainda assim era mais feliz que o dela com Phil.

Gostaria de implicar com o namorado, rir e brincar assim como fazia com os amigos. Gostaria de confiar bastante em Phil para lhe contar os problemas que tivera no dia, assim como fazia com Scorpius.

Ela gostava de Phil, claro que sim, ele era perfeito. Era sensível e enfim, incrível; Ele dizia tudo o que ela gostaria de ouvir, nunca a fazia esperar, respeitava seu espaço... Todas as meninas tinham inveja dela e estar com ele era confortável. Mas passado a surpresa e interesse inicial, Rose não conseguia sentir nenhuma centelha de empolgação pelo relacionamento. Ela queria sentir algo que fizesse o seu coração bater na garganta. E Weasley sentia no fundo, que isso nunca aconteceria com ela e Phil. Então... Por que estava com ele, para início de conversa?

Um pouco distante de Rose, Scorpius também não conseguia dormir; rolava de um lado para o outro na cama ainda com a lembrança recente do cheiro de cabelo de Rose. A sensação de abraça-la forte, protegendo-a com os braços enquanto sentia o perfume mais doce que vinha da pela dela também se fazia presente e o torturava.

Mas o que o torturava mais era pensar que ela o via como um amigo, enquanto outro cara a beijava. Beijava aqueles lábios que um dia ele beijou, bêbado demais para aproveitar o breve toque nos seus lábios macios; abraçava aquela cintura fina e sentia aquele perfume maravilhoso e inexplicável que só Rose tinha.

Malfoy sentia raiva quando pensava que Phil Phillips mal a conhecia, que não sabia suas manias, seus gostos... Apostava que ele mal sabia seu doce preferido ou seu nome do meio. Rose merecia alguém que sabia que ela gostava de ler contos infantis trouxas sobre princesas e dragões até hoje, que tinha a mania de ler a ultima pagina do livro antes mesmo de começar o prólogo da história... Alguém que sabia que ela gostava de sapinhos de chocolate com recheio de limão fresco.

Ele achava que Phil não era a pessoa certa para Rose. Mais do que isso, algo no modo como ela o olhava as vezes, fazia com que Malfoy desconfiasse que talvez uma parte de Rose compartilhasse da ideia. Então... Por que ela estava com ele, afinal?


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