POV de uma brasileira-coreana escrita por NandaVictory


Capítulo 3
Tédio & Surpresas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/171083/chapter/3

Já era noite, Dennis-appa não tinha chegado e, entediados, esperávamos a pizza enquanto assistíamos a um filme qualquer de comédia romântica.

– Onew-ya, eu to com fome!

– Eu também tô Nanda. Daqui a pouco chega.

– Tá demorando muito... – confortando-me em seu peito. 

– Fernanda... Você ainda não me disse o que teve mesmo hoje de manhã.

– Em relação a quê? – fiz-me de desentendida.

– Você sabe. O que houve com o seonsaeng...

– Ah Jinki... Eu não gosto dele. Ninguém gosta, e parece que isso é mais que recíproco. Ele teve a audácia de dizer que minha voz é estridente. Você queria que eu ficasse quieta? Eu apenas mostrei o que realmente é ser irritante.

– Já imagino o que voc-

Mal pôde terminar sua frase quando a campainha tocou e correu para atender pensando ser nossa pizza, já pedida a quase duas horas.

– Ah... É o senhor, oboji?! – parecendo desanimado.

– E quem mais seria em plena sete e meia da noite? Vamos, deixe-me passar. Preciso de um banho quente.

– Annyeong appa! – apenas acenei ainda jogada no sofá.

– Olá Fernanda! – passando por mim e depositando um beijo em minha testa. –Já jantaram?

– Pedimos pizza. – Dissemos em uníssono.

– Ótimo! Deixem um pedaço para mim. – E assim subiu as escadas.

E assim em menos de 10 minutos a campainha tocou novamente e era nosso jantar.

– Quanto deu tudo? – O ouvi perguntar a um moto-boy que tinha mais ou menos nossa mesma idade, já segurando uma caixa nas mãos.

– Ficou por 100 wons. Como prefere pagar?

– Um momento. – falou para o rapaz, pondo a caixa e o refrigerante na mesinha perto da porta. – Fernanda, pega lá sua carteira meu amor.

– É o quê? Eu não tive dinheiro nem para pegar um ônibus, vou ter 100 wons para pagar uma pizza família?!

Revirando os olhos e voltando-se para o rapaz ainda parado a sua frente. – Pode pôr no crédito? – Esse confirmou com a cabeça. – Ótimo. – procurando o cartão em sua carteira – Aqui está.

A pizza estava uma delícia.

O filme, bem, era um filme meia boca que todos já sabem o fim. O mocinho sofre a história toda pelo amor da mocinha, tem o vilão que é o foda das paradas e quer a mocinha para si, um coadjuvante que não serve para merda nenhuma, mas está ali ocupando espaço, e depois de muito blábláblá o casal principal consegue ficar junto e o mundo fica cor de rosa. FIM!

Subi para meu quarto deixando Onew e Dennis conversando sobre o próximo amistoso de futebol que teria no sábado. Esse assunto em nada me interessa.

Na verdade eu precisava falar com um dos meus amigos, e assim fiz.

Primeiro tentei ligar para GongChan, mas parecia que mesmo depois de várias chamadas, não atendia de forma alguma.

“Sua mensagem estará sendo encaminhada para minha caixa postal. Provavelmente eu saí, ou eu não quero atender mesmo... Você já sabe o que fazer!

BIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIP...”

Bom... Eu liguei porque eu não tinha nada para fazer mesmo e... para saber se eu perdi algo hoje, mas você deve está fazendo algo mais interessante agora. Me liga assim que puder! – desligando em seguida.

Mas que saco! O que esse pedaço de chinchila estava fazendo? Vomitando arco-íris? Era só o que me faltava.

Minha outra opção era Key. Sim, minha diva-mor precisava me atender. Não é possível que todo mundo resolveu não atender a droga do celular só porque eu queria usá-lo.

– Alô? Key? – Sem ao menos esperar, disparei.

– Oi... Nanda, e ai?

– Nada demais. E você?

Normal. Fui almoçar lá no restaurante de G-Dragon com Julliana, Jaebeom, Wooyoung, SeungRi, Jonghyun,Taecyeon, Minho, Taemin, Jaejoong – respirou – e um amigo dele, um tal de Yunho, ou seja, o mesmo povinho de sempre, e acabamos deixando um rombo enoooorme para o coitado pagar. Não sou muito de andar com eles, mas foi divertido. E você... A barra pesou para o seu lado quando chegou em casa?

– Comigo ficou tudo bem, acho que o mocréio do professor não avisou na secretaria. Ele deveria ter algo mais importante do que verificar se sua aluninha foi ou não de encontro com a morte. – ri. – E depois? Perdi alguma coisa?

– Ah, nada demais... Quer dizer, só que o professor Kim Hyun Joong juntou as duas salas de 2º ano para aula de geografia. – assobiando.

– MAS O QUÊ? Ele ta louco?

– Achei desnecessário. De acordo com ele, teremos que fazer um trabalho em duplas e isso servirá para a interação de todos. Patético!

– Claro! Como se alguém do B fosse querer juntar com a gente... Ah Kibum, você vai comigo, não é?!

– Podia até ser se aquele vadio não resolvesse fazer sorteio. A sala virou um inferno. Todo mundo caiu com quem odeia.

– Não me diga que eu caí com...

– HyunA? Não... Nem me lembro quem foi que teve que aturar aquela dali. Você caiu com o novatinho albino.

– É O QUÊ?  EU CAI COM AQUELE IDIOTA? AQUELE BRANQUELO COR DE LEITE EM PÓ?

– Olha o lado bom, pelo menos você já ta chamando-o até pelo apelidinho e ele aparentemente se veste bem. – ironizou.

Kibum, você não está me ajudando em nada.

– A culpa não é minha pequena O’Neil.

Será que não tem como trocar? – disse manhosa.

– Não... com um tom desapontado em sua voz. – Ele deixou bem claro isso. Julliana caiu com o otário do Ace Junior. Quer pior?

– E você? Foi com alguém da sala dele?

– Não, ainda bem. Foi com nosso bebê dinossauro. – pareceu se divertir ao proferir suas palavras.

– Gostou pelo menos de ficar com JongHyun?

–Não entendi sua pergunta. O que eu teria contra ele?

– Nada Kibum. Nada!

E assim estendemos nossa conversa por mais uma hora até a mãe de Key mandá-lo desligar. Tentei novamente ligar para GongChan e o pai dele atendeu.

– Alô? ChanShik?

– Não. É o pai dele. Quem fala?

– Ah... Sou da escola dele. Aqui é Fernanda O’Neil. Ele está por ai?

– Não... Desculpe-me. GongChan foi dormir na casa do primo mais velho.

– JongHun-sshi?

– Esse mesmo. Ele voltou de viagem com as irmãs e o convidou para dormir lá.

– Ah... O senhor sabe se ele vai freqüentar as aulas amanhã?

– Vai sim. Não deixarei faltá-lo.

– Kamsa hamnida ahjussi!

– Boa noite senhorita!

Que legal! Meu dongsaeng resolveu ir para casa do priminho gato dele e ainda esquece o celular?! Não tem preço.

Estava sem sono e sem companhia. O me restava agora era fitar o teto esperando o tempo passar. Fazer o quê, né?!

Algum tempo se passou e quase tive um pequeno infarto com o susto que tomei ao ouvir batidas na porta, forçando-me a sair do meu leve transe.

– Quem é?

– Sou eu minha filha!

– Pode entrar pai. Está destrancada. – Disse me ajeitando entre as almofadas em cima da cama.

– Então filha, que tal uma partida comigo e com seu irmão como fazíamos antes? – Disse ele com três consoles de vídeo-game na mão.

– Gomawo appa, mas hoje eu vou recusar.

– Aish! Você era sempre a primeira a correr para tela da tevê e queria sempre o boneco mais forte, ou o carro mais rápido.

{Flashback On}

Já vivíamos naquela mesma casa a algum tempo. Dennis Oh tinha tirado férias para se dedicar mais a família, e eu e meu irmão tínhamos ambos seis anos. Numa típica tarde de domingo, juntamos almofadas no quarto do papai e ali ficamos o resto do dia.

– Appa, appa... Onew não quer me deixar jogar.

– Jinki não perturbe sua irmã. Ela é menor que você.

– Mas papai, eu cheguei primeiro.

– TÁ VENDO PAPAI, ELE NÃO QUER DEIXAR. EU QUERO JOGAR AGORA. EU QUERO ESSE CARRO AQUI. – apontava para tela, mostrando o carro mais bonito e o que melhor corria.

– Fique calma, olha aqui... – dizia agachado, tentando ficar com minha altura –

Tudo tem seu momento. O mundo é infinito e há tempo para tudo nessa vida. Você vai jogar, você tem esse direito, mas agora é a vez de seu irmão.

– Appa, o senhor vai jogar comigo?

– Vou sim minha princesa!

{Flashback Off}

– Eu sei oboji, mas hoje realmente eu não estou muito bem.

– Algo sério? Quer conversar? – sentando-se ao pé da cama.

– Não, não se incomode. Divirtam-se! – sorrindo fraco.

– Então tudo bem. – levantando-se – Boa Noite! – assim, olhando-me com ternura, saiu fechando a porta com cuidado.

Teto...

Teto...

Teto...

TÉDIO.

Talvez fosse melhor eu ter ido jogar videogame mesmo.

CALOR! Tudo ficou tão quente do nada. Estava suando... E não, não eram meus hormônios!

Levantei, quero dizer, me arrastei até o peitoril da janela e a abri. Tinha o costume de sentar no parapeito e ficar observando as estrelas por horas. Isso me acalmava, me ajudava a pensar e principalmente, me distraía. Assim fiz!

Já a tempos assim, me peguei em meio a devaneios e monólogos sem razão.

– Acho que estou começando a enlouquecer. Sério mesmo! Por que eu fico assim, tão triste e sem razão aparente? Eu não tenho do que reclamar. Tenho uma família, tenho amigos e um namorado que amo muito. Amo? Não sei mais o que se passa aqui dentro; Sinto como se ainda esperasse por algo. É como as estrelas... Lindas, confortantes, infinitas, porém distantes. – Dizia baixinho para o vento sentindo uma lágrima solitária escorrer sobre minha bochecha fria.

– Falando sozinha?

– “Hum”?! ... Não, não! – enxugava as outras lágrimas desobedientes que insistiam em continuar a cair. 

– Uma garota tão linda quanto você não deveria ficar chorando por um babaca qualquer. – dizia NichKhun debruçado na janela  de seu quarto. Dormi ali e nem sequer reparei que a vista era voltada para meu dormitório. Como pode?!

– Não estou chorando por alguém... Eu acho.

– Então, isso não faz nenhum sentido. – refutou sorrindo lindamente. Por um momento me perdi em meio àqueles lindos traços e aquele sorriso branco e perfeito. Como podia? Será que essa minha falta era NichKhun?!

– Nanda... NANDA! – Parecia me chamar a algum tempo, talvez não entendesse para onde eu olhava tão fixamente. Ri baixinho dos meus próprios pensamentos. Insano!

Respondi apenas o olhando como permissão para que continuasse.

– Vamos sair? – continuou – Vamos sair hoje?

– Hoje? – Estranhava. Aonde iríamos às 22h30min?

– Agora! – Sorrio traquino. – Me encontre em dez minutos no jardim daqui de casa. – Não pretendia responder nada e como boa boba que sou, fiquei ali, atônita, tentando “processar” a ideia. Ele piscou, pronunciou algo baixinho e fechou a cortina.

Ei! O que estou fazendo aqui parada? Tenho um encontro agora! Eu acho.

Aprontei-me rapidamente. Não sou de demorar muito com roupas. Tenho um estilo básico, então vesti uma skinny preta, uma blusinha rosa com um cardigan listrado e um cachecol, pois já fazia frio. Calcei meu all star, soltei meu cabelo com a franja para o lado e... Já chega! Estava pronta.

Não precisava passar maquiagem. Não queria que ele pensasse que aquilo era super estimado para mim, afinal, o vizinho carente só me chamou para dar uma volta.

CONTINUA...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "POV de uma brasileira-coreana" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.