Perfeitamente Imperfeita - Temporada 1 escrita por SaahCherry


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma estranha, vários problemas




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Qualquer um tem alguma para reclamar sobre sua própria vida. Ainda que ela seja boa. Eu mesma tenho várias. Inclusive, minha mãe fez o favor de aumentar a lista ao, supostamente, estar namorando sério “secretamente” de mim. Como se já não bastasse ela ter se separado do papai quando eu era menor.

– Café ou achocolatado? – ela fez a pergunta matinal.

– Café. – respondi rudemente, enchendo a caneca de leite. Joguei duas colheres de açúcar e misturei.

– Aqui está. – disse mamãe com seu irritante e proposital tom doce e meigo, tendo notado algo errado em mim há quilômetros de distância, enquanto colocava o café para mim. Olha que do quarto para a cozinha só tem metros. Eu tenho uma mãe mutante.

– Obrigada. – murmurei antes de sair. Eu poderia estar irritada, mas não perderia a minha querida e valiosa educação por nada neste mundo.

– Espero que o mau humor passe logo ou seja apenas matinal. – eu ainda cheguei a ouvi-la quando estava indo para a calçada. Isso só me irritou mais e ela sabia muito bem disso.

Aguardei por longos três minutos e não havia nem sinal daquele ser. Antes que o ônibus chegasse, fui correndo até a casa dele. Afinal, nosso horário de entrada é 7h4Omin. Provavelmente deveria estar dormindo e se atrasaria para o colégio. E, fala sério, ninguém merece aturar aulas chatas sozinha.

– Blim, blom. – toquei a campainha da grande casa marfim e azul marinho dos Uchiha. A propósito, ele é Uchiha Sasuke, meu melhor amigo. Uma pessoa com quem eu tenho intimidade o suficiente para o que eu estou prestes a fazer.

– Bom dia dona Mikoto. – eu disse logo que ela abriu a porta, a qual eu atravessei rapidamente em direção à do quarto de Sasuke.

– Bom dia Sakura. – ela retribuiu minha simpatia. Obviamente, eu não descontaria a raiva da mamãe em ninguém que não tivesse culpa. Ou quase ninguém.

Subitamente, minha expressão, antes simpática, agora se transformara em pura impaciência.

– SASUKE! – berrei, batendo em sequência na porta de seu quarto. – Sai logo dessa cama, seu preguiçoso! Por que você não faz como qualquer aluno normal do nosso colégio e dorme na aula de história? 

Na hora eu o ouvi se mexer. Minhas táticas são infalíveis. Em dois minutos ele apareceu já pronto na porta.

– Eu já disse que odeio como você acorda as pessoas? – resmungou ele, tão mal humorado quanto eu estava.

– Bom dia para você também. – eu sorri com meu jeito irritante. A hereditariedade é realmente poderosa!

(...)

– 8h31min. Eu não disse Sasuke? – me referia ao Naruto, que se atrasou novamente. Pra variar. – Se você se atrasasse eu ia ter que aturar essa maldita aula de história sem ninguém para conversar. – Só agora havia notado que estava falando sozinha. Ele havia seguido meu conselho.

– Sakura-chan! – Naruto gritou vindo em minha direção e sentando-se ao lado da carteira onde Sasuke cochilava. – Bom dia! – Nem sei como ele não acordou com tanta gritaria. Provavelmente deveria estar realmente cansado.

– O que foi dessa vez? Engoliu o despertador, por acaso? – perguntei. Essa era o quarto atraso dele em duas semanas.

– Eu não tenho despertador, dattebayo.

– Notável. Eu também não tenho despertador e nem por isso me atraso. Garotos... Pelo menos eu já sei o que te dar de aniversário.

Como o circo ainda não estava completo, chegaram as principais aberrações. E chegaram por último, só para chamar ainda mais atenção.

– Bom dia professora. – Karin e Kin saudaram a professora cinicamente, como se fossem as alunas exemplares.

Apesar de não merecerem, vou apresentá-las. Por menos criativo que seja, Karin é aquela filhinha do papai riquinho que virou uma garota nojenta e mimada, vindo a se achar melhor do que qualquer um e que pode mandar no colégio. Ainda menos criativo é ela ser acompanhada pelo capacho chamada Tsuchi Kin. Uma garota que até poderia ser legal. O problema é que sua falta de personalidade a faz ser insuportável. Só não sinto pena dela porque ela mesma escolheu ser assim.

Dei uma cotovelada em Sasuke para acordá-lo. Sabe-se lá o que ela faria, aproveitando que ele está adormecido. Ops. Me esqueci de citar a obsessão que Karin tem por Sasuke.

– Sasuke-kun! – ela gritou e, por um instante, pensei ter ficado surda. – Bom dia, Sasuke-kun!

– Bom dia para você também Karin. – ele respondeu em um sussurro, banhado em puro mau humor.

Felizmente, elas logo foram para suas carteiras e nos deixaram em paz.

– Eu conheço essa cara... – disse Sasuke me fitando incomodado.

– Óbvio. Ou sua memória se desfaz cada vez que dorme? Isso explicaria o porquê de você se esquecer de ir ao colégio na maioria das vezes. – tentei contorná-lo.

– Não tente me enrolar. O que há de errado? – ele foi direto.

– Tá, tá, desisto. É a senhorita Sayuri. – disse em tom emburrado. Ele assentiu para que eu prosseguisse. – Estou achando que agora ela está namorando sério MESMO, já faz um tempo e não me contou.

– Não acha que ela esteja esperando a melhor hora para não te chocar? – o Uchiha disse o que eu já havia imaginado, mas fingia não enxergar.

– Eu sei, eu sei, mas, é que... – balbuciei. Eu não tinha uma justificativa plausível.

– Mas, é que...? – ele rebateu, arqueando uma das sobrancelhas. – Me parece que você está com ciúme pela idéia de sua mãe estar com alguém que não seja seu pai.

Ele estava certo, eu tinha que aceitar que a vida dos meus pais tem que seguir. Eu tenho que confiar na mamãe e esperar que ela mesma me conte isso quando achar que é a hora certa. Incrível como o Sasuke consegue me convencer das coisas e abrir meus olhos com tanta facilidade...

– É ver... – eu já estava concordando quando Naruto me interrompeu.

– Sasuke, Sakura-chan!

– O que é Naruto? – perguntamos desinteressados.

– Vocês fizeram o dever de biologia? – ele questionou afobado.

– Dever de que?! – eu quase surtei. Por mais que eu tente não ser assim, ainda tenho bastante do meu lado CDF e quase morro do coração quando me falam em cima da hora sobre provas ou deveres que eu esqueço. Algo que acontece com bastante frequência, por sinal.

– Fala sério. O que seria de vocês sem mim? – Sasuke debochou. – Podem relaxar, eu fiz.

(...)

– Eu pensei que você fosse ficar se gabando daquele maldito trabalho até o fim da eternidade. – eu disse enquanto caminhávamos em direção a nossas casas.

– Que eu saiba eternidade não tem fim. – Sasuke me zombou, rindo, embora não costumasse fazê-lo. Ele sempre foi muito fechado, mas existem ocasiões em que ele sorri ou até mesmo dá gargalhadas. E na maioria das vezes ele está rindo de mim.

– Ah é, senhor sabe-tudo? E você não deveria saber que lugar de pedestres é na calçada? – provoquei, me referindo a ele, que andava no meio da rua.

– Não, eu não sabia professora. – continuou com a brincadeira. – E o que acontece se eu for atropelado? – ele insinuou se jogar para o meio da pista, onde os carros costumam passar mais.

– Nem ouse! – eu ameacei.

– Por que eu não deveria ir? – rebateu. – Talvez por que você se importa comigo...? – ele abusou da minha paciência.

– Hahaha. – forcei uma risada. – Não mesmo. Quero mais é que um carro te atropele! – disse em tom de desdém.

– Então eu vou continuar andando... – continuou a provocar.

– Sai daí! – eu gritei ao pular em cima dele, tentando tirá-lo dali. Mas, obviamente, ele é bem mais forte do que eu, então não consegui.

– Admita que você não vive sem mim. – falou o Uchiha, me segurando.

Um carro passou perigosamente perto de nós, nos fazendo cambalear desengonçadamente para um lado e para o outro. O motorista, com raiva, gritou:

– Seus malucos! Querem morrer, é?!

– Eu concordo com o tio! – disse ofegante, já na calçada. – Você queria o que? Morrer e me levar junto, seu maníaco?

– Talvez. – respondeu, sorrindo de canto.

– Seu doido, a gente quase foi atropelado! – eu gritei dando murros nas costas dele. – Da próxima vez você vai ver só. Você me paga. – e ele continuou rindo da minha cara, pra variar.

(...)

Como sempre faço quando chego em casa, taquei minha mochila e larguei meus tênis pela sala. A essa hora mamãe está trabalhando, por isso eu tenho que me virar e não explodir a casa até que ela chegue.

Enquanto eu preparava um pão natural com manteiga, vi um recado pregado na geladeira. Quando fui pegá-lo, a campainha tocou e eu tive que atender. 

– Já vai! – avisei enquanto procurava as chaves dentro de minha mochila. Seria mais fácil eu encontrar o Bin Laden do que encontrar minhas chaves naquela zona.

– Blim, blom. – a campainha novamente tocou.

– Eu disse que já estou indo! – berrei e, em seguida peguei a chave. – Não tinha como esp...? – dizia ao abrir a porta, quando me deparei com uma figura desconhecida e peculiar.

Na minha frente estava uma garota aparentemente da minha idade. Tinha os olhos perolados pouco abaixo de uma franja reta preto-azulada, fazendo contraste com a pele incrivelmente pálida; tendo seus longos cabelos terminados na metade das costas, assim como sua franja, em corte reto.

– Quem é você? – questionei em tom desagradável.

– Sou Hyuuga Hinata. Você d-deve ser Haruno Sakura.

– Correto. – respondi intrigada.

Não estava entendendo absolutamente nada. Sabia seu nome. Nossa, que esclarecedor! Ainda sim era uma estranha. Parecia uma encomenda que havia chegado sem aviso prévio.

Ela me encarava com uma feição tão inocente, como se fosse um cãozinho numa cesta, esperando que você dê um lar a ele, que acabei cedendo.

– Tá bom, pode entrar. – falei, liberando a passagem para ela. Assim como eu disse, ela fez. Tranquei a porta e logo peguei o telefone sem fio para ligar para mamãe.

– Alô? Eu poderia falar com a dona Haruno Sayuri, por favor? – enquanto aguardava na linha, a fitei observando curiosamente para tudo ao seu redor.

“Alô, Sakura?” – falou mamãe.

– Ah, mãe, oi. – respondi aérea. – Sabe... Tem uma garota aqui em casa. Ela se chama... – parei de falar, tentando me recordar. – ...Hyuuga Hinata.

“Sim, Hyuuga Hinata. Você chegou a ler o recado que eu pus na geladeira?”

– Er... Eu ia ler agora.

“Mas eu coloquei de manhã, filha. Você saiu tão rápido que não tive tempo para pedir que ficasse em casa para receber Hinata e nem para te ligar. Fui avisada em cima da hora de que ela viria para cá hoje ou amanhã. Ela só viria semana que vem, por isso pensei que haveria mais tempo para lhe preparar. Mas eu não tive.” – ela justificou.  

– Como assim preparar? Não importa se ela viria hoje ou semana que vem, e sim quem é ela. Por que está com uma mala? Ela vai dormir aqui em casa? – sem perceber, rapidamente acabei exagerando..

“Filha, perguntas demais. Não tenho como explicar agora, tenho que trabalhar. Quando eu chegar em casa a gente conversa, ok? Beijos, te amo.” – disse pouco antes de desligar.

– Ok. Beijos mãe, também te amo. – me despedi desanimada. Logo depois desliguei o telefone e o guardei.


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