Meu plano estava completo: Usar alguém para conseguir outro. Na minha mente isso era errado, de alguma forma eu estava sendo falsa com alguma pessoa. Aquilo me machucava ao poucos, os pensamentos ruins e meio amargos, me faziam mudar de idéia e retomar novamente minha superstição.

Bianca começou a me chamar de louca pelas minhas idéias malucas e bem estimuladas. Eu estava realmente com uma idéia totalmente vingativa em relação ao Justin, tentava fazer o possível para esquecê-lo de alguma forma, mesmo sabendo que ele não se importaria se eu estava já esquecendo ele ou não. Já em relação ao Will (a possível vitima do meu desapego), era bem mais complicada, ao longo de todo meu plano eu teria que fazê-lo parar de gostar de mim, mas agindo de uma forma em eu tudo parecesse normal, BEM COMPLICADO!!

(...)

Segunda-feira chegara e eu e Bianca já estávamos na escola, apenas esperando nossos amigos que sempre costumavam chegar atrasados. Will chegou logo depois, me deu um beijo e logo todos rolaram seus olhos esbugalhados para nós, fazendo assim com que nos sentíssemos um pouco menos a vontade. Lian e Joana chegaram minutos depois.

- Oi oi! – Joana chegou abraçada em Lian, acenamos

- Bom dia! – Lian logo exclamou

- Oi! – Bianca e eu exclamamos juntas

- Nos vemos depois? – Will perguntou o pé do ouvido

- Claro! – Virei e lhe dei um beijo

Todos seguiram Will com os olhos, ate ele sumir na multidão que ali permanecia. Os olhares logo se voltaram assustados para mim, Joana perguntou:

- Você e o Bucanow? Jura?! – Cruzou os braços

- Qual é o problema? – Perguntei

- Ah sei lá, é que é meio estranho! Todos agora te reconhecem como a ex do Justin, e você agora já esta com outro, pega mal! – Ela falou e eu revirei os olhos

- Não pega não! – Liam retrucou

- Amor, cala a boca, tá? – Joana falou, todos riram

- É assim que você trata o seu amor?- Ele fez uma careta estranha

- Won! – Ela se virou logo lhe dando um beijo demorado

- Ei, chega do momento fofura, okay? – Bianca firmou os afastando

Triiiiiiiiiiiiiiiiii (Sinal escolar)

- Nos vemos depois pessoal? – Liam perguntou

- Claro! – Exclamamos

Subimos então até nossa sala de aula, o professor já começara a escrever na lousa gigantesca, mais da metade dela já estava completa de contas estranhas. Bianca sentou ao lado de Will e eu sentei ao lado de Gustavo, um dos garotos mais chatos, idiotas, bonitos, sem graça e bobões da face da terra (literalmente), mas ainda não deixava de ser bonito!

- Oi gata! – Gustavo entrelaçou o braço esquerdo no meu pescoço

- Mané! – Exclamei

- Eu sei que você me quer? – Falou e eu revirei os olhos

- É te quero mesmo, no INFERNO! – Me levantei

Ele deu uma pequena palmada em mim, Will lançou um olhar ameaçador para Gustavo, logo se levantando e apertando os punhos.

- Tá querendo morrer é idiota? – Will se aproximava da cadeira onde Gustavo estava

- Que é? Agora o viadinho decidiu aparecer, é? – Gustavo falou com uma voz estranho, fazendo provocação

O rosto de Will começara a ficar avermelhado, não de vergonha mas sim de raiva. Os punhos se contorciam aos poucos, e as veias de seus pulsos começavam a aparecer. Bianca e Joana me lançaram um olhar feroz. Faz alguma coisa Mellany, vai deixar ele apanhar de um Mané? Avisava minha mente. A sala inteirinha voltou seus olhares para a possível briga que ali nos aguardava. Até mesmo o professor ficou com medo, decidiu então nem se aproximar. Todos recuaram ao máximo.

- Will, chega! Vamos, senta! – Eu botei minhas mãos sobre seu peito definido, tentando fazê-lo mudar de idéia, não funcionara

- Mellany, recua, ou vai se machucar! – Ele sussurrou ao meu ouvido, fitando com olhos avermelhados Gustavo

Recuei. Will se aproximara de Gustavo, que não demonstrava reação alguma. Logo os punhos de Will se cerraram novamente, indo assim em direção ao rosto de Gustavo, o atingindo, fazendo assim também com que a força bruta de Will o atirasse no chão bruscamente. Os “UUUUH” do pessoal perderiam ser escutados do pátio, que ficava bem longe da nossa sala. A briga continuara Will por cima e Gustavo por baixo. Era uma briga que girava em torno de ponta pés, chutes, socos, e, outros milhares de golpes irreconhecíveis.

- Moore e Bucanow, já para a diretoria! – O professor gritou

Peguei Will pelo braço, o ajudando levantar. Suas roupas estavam com pequenas gotas de sangue envolvidas pelo tecido. Seguimos sem retrucar.

(...)

- Briga, jura? – A diretora falou – Pensei que não fossem disso! – Ela se apoiou sobre a mesa de vidro

- Olha, senhora, a Mellany não teve... – Will tentava se redimir

- Não quero saber! – A diretora o interrompeu – 3 semanas de detenção!

- O QUE? – Falamos juntos

- 3 semanas, sem reclamar!  - Ela nos entregou um papel – Tragam assinados, e para ter certeza de que vocês realmente entregaram para suas mães, a escola se responsabilizará a ligar para as famílias!

- Droga! – Gruni

- Sem reclamar Moore, ou terei que aumentar a punição!

- Não, obrigada senhora! 3 semanas já esta de ótimo tamanho! – Falei sarcástica e revirei os olhos

(...)

A aula terminara, o sinal bateu para o recreio. Segui até meu armário, passo por passo um choro aguçava meus ouvidos. Em meio a um pequeno espaço uma menina sentada com a cabeça baixa, abraçando os joelhos, fazia com que eu me aproximasse oferecendo ajuda. Minhas idéias de ajudá-la foram se tornando angustia ao ver que ela era, sim, Andressa.

- Andressa? – Perguntei

- Mellany?! – Ela logo tratou de limpar as lágrimas com cuidado

Minha vontade de pular no pescoço dela, e arrancar aquele cabelo ruivo nojento era tanta, que eu fiz questão de não me aproximar muito. Ela correu até mim, me abraçou forte. Era uma ótima oportunidade de realizar a minha vingança, mas não deu. Meus livros logo rolaram pelo chão, pequenas gotículas de lágrimas rolaram sobre meu rosto, a comoção de ver Andressa daquele estado fez com que a parte mole de meu coração aparecesse neste momento. Fiz questão de segura-las.

- O que faz aqui? Chorando? – Falei me afastando

- Eu preciso da sua ajuda! É a única que pode me ajudar! – Ela tinha uma expressão tristonha no rosto

- E por que motivo eu deveria te ajudar? – Cruzei os braços

Ela revirou os olhos e sentou no chão, encostando-se na parede. Sentei-me ao lado dela, sem pensar, eu apenas queria ajudá-la de algum jeito. Lágrimas rolavam sobre as bochechas avermelhadas dela.

- Mágoas passadas não vão te ajudar, nem me ajudar! – Ela falou de cabeça baixa

- Você dormiu com o meu namorado! – Falei indignada

- Pelo amor de Deus, só me perdoa agora, depois voltamos a nos odiar, okay? – Ela falou mais chorona

- Fala! – Assenti

- Você vai se apavorar! – Ela passava as mãos sobre os cabelos

- Fala logo!

- Eu estou grávida!