Reencontro escrita por Guardian


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Eu tentei fazer uma história diferente, e espero que você goste *///* E todos que lerem também, claro.
Narrado pelo Matt.



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 Eu estava sentado em um clube qualquer da cidade quando aqueles caras vieram me encher o saco.

 - Ei, nós nunca te vimos por aqui antes. Qual o seu nome? - o maior deles perguntou, rodeado pelos outros quatro.

 E eu aqui na maior inocência achando que ia conseguir beber alguma coisa em paz.

 Por que o Estados Unidos precisava ser assim? Sempre tinha um grupo que se achava o "bom" e tentava se impor aos outros. Era irritante.

 Esse devia ser o "território" daqueles caras. Sabe, esse é um dos termos que no qual eu menos vejo sentido. "Território"... Cachorros marcam território, poxa.

 Ignorei eles e bebi mais um gole do líquido transparente em meu copo.

 - Não ouviu não?! - o mesmo cara perguntou elevando um pouco o tom de voz, fazendo o que eu acho que ele julgava ser uma expressão assustadora.

 - Vocês estão tão na seca assim? - perguntei com um sorriso de pena - Caras, não é porque nenhuma mulher quer olhar para vocês que vocês já precisam ir cantando o primeiro homem que aparece. 

 Tomei o último gole que restava e me levantei antes que eles entendessem o que eu disse. Eles não pareciam ser exatamente o exemplo da inteligência.

 - O QUE?! Quem você pensa que é?! - ouvi um grito furioso alguns segundos depois.

 Mas já era tarde demais, eu já tinha passado pela porta de saída.

 Acendi um cigarro conforme andava pelas ruas escuras, frias e desertas.

 Que tédio...

 Ai, não tinha nada de interessante para fazer não?

 Soltava a fumaça devagar, e quando aquele acabou, o amassei com o pé e peguei outro.

 Já que eu não tinha nada que me despertasse o mínimo interesse, ou seja, sem ter realmente nada para fazer, voltei para casa.

 ...

 Não, aquele apartamento sujo e velho não era minha "casa". Era apenas isso: um apartamento sujo e velho. Tanto porque o lugar mais próximo que eu poderia chamar de "casa" fica na Inglaterra e eu não posso mais voltar para lá.

 Pelo menos eu posso dizer que um dia eu tive uma casa.

 Como sempre o prédio me recepcionou com as brigas habituais de um casal muito irritante que morava um andar abaixo do meu.

 Como aquele moderníssimo prédio não possuía elevadores, toda vez que subia as escadas eu tinha que ouvir a mulher gritando que não aguentava mais o marido gastando tudo em bebidas e prostitutas, e o homem gritando de volta qeu elea deveria calar a boca e fazer o jentar.

 Eram semrpe os mesmos gritos. 

 Separem-se de uma vez, caramba!

 Chegando ao meu andar as coisas não melhoravam muito não.

 - Chegou cedo hoje. Não quer se divertir um pouco? - a prostituta que morava no apartamento ao lado do meu perguntou quando me viu, psicando um olho cheio de maquiagem.

 Devia ser com ela que o marido do andar de baixo gastava todo o dinheiro.

 Nem respondi, tirei a chave do bolso e entrei direto.

 Eu me preocupei em responder durante as duas primeiras semanas, até que eu cansei de tentar ser educado.

 Isso tudo era monótono demais...

 No dia seguinte fiz um trabalho qualquer de hackear um computador com segurança ridícula de uma empresa que eu não me importo de saber qual era, e recebi meu dinheiro da semana.

 Até que eu ganhava bem com os meus trabalhos, mas de alguma forma o dinheiro nunca durava nas minhas mãos. Por que será?

 De noite eu saí de novo, apenas por sair mesmo. De qualquer forma, eu não tinha nada para fazer.

 - Aí está você - uma voz falou alto atrás de mim.

 Eu estava em uma rua com iluminação bem precária e algumas casas antigas caindo aos pedaços, aparentemente desabitadas,  quando o mesmo grupo de ontem apareceu e me cercou.

 Ah, que maravilha.

 - Estavam me procurando? virei para eles, mostrando indiferença.

 - Então nós estamos na seca, não é? - um deles, novamente o maior (será que só ele sabia falar naquele grupo?), perguntou arreganhando os dentes.

 - Não estão? Esntão por que ficaram tão incomodados? - às vezes eu acho que deveria aprender a ficar quieto. Principalmente quando estiver cercado por cinco caras maiores do que eu que carregavam canivetes que pareciam perigosamente afiadas. 

 O maior fez um gesto para os outros e todos eles foram se aproximando cada vez mais, fechando gradativamente o círculo.

 Bom, eu tinha pedido por algo que quebrasse o tédio, não tinha? Acho que é por isso que dizem "cuidado com o que deseja"... 

 - Não vai dizer mais nada? - o "líder" estava muito perto agora. Mais perto do que eu gostaria.

 - Você fede. Há quanto tempo não toma banho? - fiz uma careta frente àquele cheiro de bebida misturado com queijo velho.

 Acho que o meu comentário não foi muito bem recebido.

 É, eu realmente deveria aprender a calar a boca.

 O cara soltou um urro de raiva e fez um movimento com o braço. Eu desviei da lâmina me abaixando, mas ele já estava se preparando para outro, e dessa vez iria acertar. Os outros quatro apenas observavam tudo com um sorrisinho no rosto.

 Não era falta de confiança de que eu não conseguiria desviar outra vez, era falta de espaço para tentar desviar mesmo. Não vou mentir que pela primeira vez desde que eles apareceram, eu senti um frio de temor percorrer meu corpo.

 - Soltem as lâminas - alguém apareceu atrás do cara - Agora - mandou autoritário.

 Do que eu conseguia ver, esse alguém estava com uam arma apontada para a nuca do homem.

 Eu já não ouvi essa voz antes?...

 Todos largaram os canivetes ao mesmo tempo. Basta uma única arma para a coragem deles sumir? 

 - Minha mira é muito boa, então se olharem para trás, eu atiro - a pessoa misteriosa falou e empurrou o homem, como um gesto para ele começar a correr.

 E ele correu. Todos eles correram assustados e não olharam para trás.

 Dei alguns passos adiante, tentando ver o rosto por debaixo do capuz do meu "salvador". Ele usava um sobretudo preto que cobria grande parte de seu corpo, mas ainda assim eu conseguia ver uma roupa colada de couro por debaixo do dele.

 - "Você fede"? Você quer morrer, idiota? - ele perguntou irritado, tirando o capuz e deixando seu rosto à mostra.

 - Me... Mello? 

 Aquele era mesmo o... Mello? Bom, a expressão irritada era a mesma.

 Mas aquela cicatriz...

 - Ah, isso? - ele percebeu para onde eu estava olhando e apontou para a cicatriz que preenchia parte de seu rosto - Foi só uma bomba, nada demais.

 ... 

 O QUÊ?!

 Uma... Ah, claro, nada demais!

 - Não vai falar nada? - ele perguntou guardando a arma no cinto.

 - Ficou bem sexy - disse com um sorriso malicioso.

 Ele riu - Pelo jeito você não mudou nada.

 É claro que eu estava surpreso, muito surpreso, por Mello aparecer assim, do nada, ainda mais daquele jeito, mas ficar com os olhos arregalados e a boca aberta de surpresa não combinava comigo.

 - Tem um lugar onde possamos conversar? - ele perguntou.

 É, eu adoraria saber o por que desse reencontro repentino. Não que eu esteja reclamando.

 Então o levei até o meu simples e irritante prédio.

 - Este lugar é... - ele começou hesitante.

 - Barato - terminei por ele, rindo.

 Era incrível como apenas alguns minutos depois da aparição dele o meu antigo humor já estava de volta.

 O mesmo processo de sempre; subir as escadas ouvindo as brigas do casal e eu ser recepcionado pelos convites da minha "adorável" vizinha (que pareceu aprovar Mello com o olhar, a propósito)

 - Então, o que foi? - perguntei direto assim que fechei a porta do apartamento.

 E ele também foi direto na resposta. Direto até demais, diga-se de passagem.

 Tudo o que ele contou era inacreditável demais, mas eu não tive muita dificuldade em acreditar. Afinal, era Mello quem estava contando.

 - Matt, você vai me ajudar? - ele perguntou despois de um momento de silêncio.

 Fiz um pouco de suspense, fingindo que estava pensando no assunto, apenas para irritá-lo um pouco depois de tanto tempo sem o ver. Afinal, convenhamos que ele nunca foi exatamente a pessoa mais paciente do mundo, certo?

 Ele abriu uma barra de chocolate, parecendo um pouco inquieto.

 Ok, já está bom. Eu não posso me esquecer de que agora ele carrega um revólver no cinto.

 - E você ainda precisa perguntar? - falei, rindo com a impaciência dele.

 - Será perigoso - ele falou sério.

 Deixei um sorriso, um sorriso que há muito tempo não aparecia no meu rosto, formar-se antes de me aproximar mais dele. Estávamos sentados no sofá, e ao ficar frente a frente com ele, tão próximos que era possível sentir o hálito quente de chocolate dele bater em meu rosto, falei com a voz baixa:

 - E daí? - com meu polegar e indicador segurei o queixo dele e o ergui minimamente - Diga-me, Mello. Você sentiu minha falta? - porque eu senti. Todos os dias, eu sentia falta de certo loiro explosivo ao meu lado. Mas agora aqui estava ele. Ao alcance dos meus dedos.

 Para meu contentamento, percebi uma "cor" a mais no rosto dele.

 - Que pergunta sem sentido é essa? - ele também estava sorrindo agora, e antes que qualquer um de nós pudesse dizer mais alguma coisa, nossos lábios já eram impedidos de deixar qualquer palavra escapar, impedidos pela boca um do outro que não queriam se separar de jeito nenhum.

 Mas como sempre, a necessidade de respirar era mais forte.

 - É óbvio... - ele soltou num sussurro quase inaudível.

 Apesar do cabelo mais estiloso, da cicatriz, e de toda aquela história da máfia, ele ainda me lembrava o Mello da época do orfanato.

 O Mello que eu amava.

 E o tempo nunca conseguiu apagar isso de mim.

 E pelo visto era recíproco. 


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Notas finais do capítulo

E então? A intenção continua valendo, né? :3