Minha cabeça estava girando, quando me levantei do chão e caminhei meio desequilibrada para a sacada do quarto, procurando o ar frio daquele dia, esperando conseguir refrescar os meus pensamentos e me livrar do único barulho do quarto, que fazia com que o meu coração se contraisse cada vez que eu o ouvia: a respiração descompassada e os soluços do Justin, que permanecia deitado na cama.

Não precisei pensar, apenas atravessei o vidro e me sentei. Quase cai quando tentei apoiar inconcientemente minha cabeça na grade, como eu costumava fazer enquanto ainda estava viva, mas aprendi a lição e me sentei sem encostar em nada exeto o chão, que eu não sei  o porquê de não atravessar.

Não tinha o que fazer  e a única coisa que eu queria fazer era entrar dentro daquele quarto e consolar o Justin, me mostrar para ele e dizer que tudo ficaria bem, mesmo sabendo que eu estaria mentindo, mas essa era uma das muitas coisas que haviam sido tiradas das minhas mãos naquele acidente e que eu nunca voltaria a fazer.

Minhas mãos doiam de tanto que eu as apertava, mas a única coisa que eu conseguia pensar era que eu tinha acabado de entrar no sonho do Justin e que o sonho dele era sobre mim, mas especificamente na hora que eu estava beijando um cara totalmente desconhecido por mim e que eu não queria ter beeijado. Ainda estava magoada por ele não ter acreditado que eu não queria ter beijado aquele menino, eu não sabia o que tinha acontecido mas eu sabia que eu não tinha querido beijar ninguém.

Estava ficando gelada, mas por incrível que pareça, sem frio, quando entrei de novo no quarto.

Queria que tudo aquilo tivesse terminado na hora do acidente. Não queria continuar ali, vendo todos que eu amava sofrendo e não poder fazer nada. Aquilo era muito mais do que tortura, preferia estar queimando no infernoao ter de ver o jeito que o Justin estava. Eu reconheceria ele de qualquer maneira, mas o Justin deitado na minha frente, nada me lembrrava do Justin que eu conhecia., o Justin que conseguia fazer qualquer um rir independente da situação, que sempre tinha aquele brilho especial nos olhos, que vivia cantando pir todos os cantos que andava, não parecia estar presente no Justin a minha frente, com os olhos inchados e vermelhos, sem aquele brilho único, o rosto manchado de lágrimas que carregava uma expressão de dor, as roupas sujas de sangue... nada me lembrava do meu Justin.

Naquela hora nada me importava, esqueci minhas mágoas, minhas dores, só queria fazer ele parar de sofrer. Escolheria nunca ter existido, se isso pudesse levar embora cada  lágrima que escorria dos seus olhos.

Caminhei até a cama, com apenas um pensamento na cabeça: ficar perto dele, queria aquilo mais do que tudo, estar de volta aos seus braços. Deitei  me ajeitando em seus braços, surpresa por ter conseguido, esgotada demais para pensar que ele não estaria me ouvindo, enquanto repetia para mim e para ele, que tudo ficaria bem e que eu nunca o abandonaria.

-Por que você parece estar tão perto, se você não está, Cammie? ele sussurrou com os olhos fechados quase caindo no sono.

-Poque eu estou- disse fechando meus olhos e dormindo também.

                                                    ....

- Onde nos estamos indo, Jus?- disse enquanto ele me puxava pela mão, me guiando pelas ruas da Ítalia.

-Cammie você precisa treinar sua paciência, eu já disse que é uma surpresa- ele disse ignorando meus moxoxos de desaprovação e rindo.

-Você sabe que sua namorada não tem paciência- disse mostrando a língua quando ele virou para me encarar- O que foi?

-Você acreditaria se eu te dissesse que eu adoro ouvir você dizer que  é minha namorada?- ele disse me segurando pela cintura e me dando um beijo- Minha namorada..- ele disse baixinho como se quisesse confirmar.

-E você acreditaria se eu te dissesse que eu acredito em você e que eu também adoro dizer que eu sou sua namorada?- disse dando um selinho nele e sorrindo de orelha a orelha, por estar com meu amor num país lindo como aquele.

- Te amo

-Eu também me amo- disse rindo e recebendo um cutucão na cabeça de leve, de um Justin se fingindo de indignado.

- Você é muito boba- ele disse tão carinhoso que o boba não teve efeito nenhum.

-Eu também te amo- disse dando um abraço apertado e um beijo em seu ouvido quando ele me levantou, sabendo que ele morria de cócegas naquele lugar.

-Isso não é justo...- ele disse em meio a risos.

-Não me contar a surpresa também não é justo! Quem disse que a vida é justa? -disse dando mais beijos  em seu ouvido.

-Vamos se não, vamos nos atrasar- ele disse me colocando no chão e me puxando de novo pela mão, fugindo das minhas provocações. Ok, vou deixar passar dessa vez.

Continuamos andando até que de tanto eu reclamar que estava consanda, isso era só um jeito, que não deu certo, para eu conseguir informações de para onde estavamos indo, o Justin me mandou subir em suas costas, e cá estou eu correndo pelas ruas montando cavalhinho no Justin. E mesmo que pareça idiota, esse foi um momento totalmente fofo e romântico.

 Continuamos andando até chegar em uma ponte que ligava os dois lados de um rio. A paisagem era linda, mas eu continuava sem entender o porquê de nós estarmos indo para lá. O Justin me colocou no chão, e tirou uma pequena caixa de dentro da sua blusa.

Fiquei olhando toda curiosa, para a caixanha de madeira em sua mão, até que ele abriu e mostrou o conteúdo: um cadeado, em forma de coração, prata e pequeno, com uma chave pendurada.

-O que é isso?- disse levantando uma sombrancelha para ele.

-Curiosa!- ele disse rindo e eu mostrei a língua pela segunda vez no dia- Segundo uma tradição aqui na Ítalia, quando duas pessoas apaixonadas trancam um cadeado em uma ponte em frente a um rio e jogam a chave dentro dele, esse amor dura para sempre- ele disse me surpriendendo mais uma vez e me deixando com lágrimas nos olhos.

-Jus... você é.. isso é..

-Perfeito? Lindo? -ele disse levantando a sombrancelha para mim. Apenas assenti sorrindo e o beijando.

Ele me pegou no colo e ficamos nos beijando e girando.

Ele voltou a me colocar no chão e me deu a mão. Andamos até a ponte e o Justin me entregou o cadeado aberto com a chave pendurada nele.

-Preparada para me aguentar o resto da vida?- ele disse com um sorriso lindo e iresistível.

-Acho que sim! Difícil saber se eu vou aguentar- disse rindo ao mesmo tempo que pegava o cadeado de suas mãos.

Prendemos o cadeado nas grades da ponte  e nos levantamos:

-Pronta? - Disse colocando sua mão sobre a minha, que segurava a chave.

-Mai do que pronta para passar a minha eternidade com você! - disse abrindo minha mão no mesmo momento que ele e unindo nossas vidas para sempre.Para Sempre.

I Love You - Avril Lavigne

Você é tão bonito
Mas não é por isso que eu te amo
Eu não tenho certeza que você sabe
Que a razão que eu te amo
É você, sendo você, só você
Sim, a razão de eu te amar
É por tudo que nós passamos
E é por isso que eu te amo