Naquela mesma noite, Leah pensou no garoto de cabelos pretos antes de adormecer calmamente em seu novo quarto. Ela ainda não entendia porque ele despertava tanta curiosidade em si. Mal imaginava ela que o garoto se chamava Sean, e que essa noite ele não passaria em casa.

Sean entrou no The Night aquela noite como se o clube fosse sua própria casa. Talvez até fosse, já que passava mais tempo ali do que em seu apartamento perto do subúrbio. O The Night era o novo e mais privilegiado clube da cidade. Os donos tinham investido muito dinheiro para deixar o lugar o mais moderno e bonito que pudessem.

O ambiente era amplo, havia uma cabine de DJ para as noites de balada e um palco para músicas ao vivo. Um bar completo, cheio de bebidas se estendia perto da pista de dança, que era grande o bastante para abrigar mais ou menos 100 pessoas de uma vez.

Já no segundo piso, havia o salão de jogos. Separado pelas mesas de gêneros, como poker, sinuca, roletas, e caça níqueis. Era como um mini cassino. Em uma das paredes um bar, menor do que o da pista, mas ainda assim bem equipado.

Era ali, no segundo andar que Sean se postou depois de passar sem problemas pela fila, pelas cordas e pelos seguranças na entrada. Ele era membro VIP do clube, graças ao seu pai.

Não era algo que Sean agradecesse todas as noites, ou todos os dias por ter. Só que o clube tinha um jeito de o fazê-lo se sentir em casa, que nem seu apartamento tinha. O garoto de seus 17 anos era emancipado, e não dependia de seus pais para viver.

O caso era que os pais de Sean eram donos de mais da metade dos clubes da cidade, tendo uma boa quantia de dinheiro nos cofres. Aquele clube em especial, fora construído sobre a supervisão de Sean, sendo seu presente de 17 anos e sua fonte de lucro.

Sean não se comportava como o dono do lugar, ele preferia deixar as responsabilidades de coordenar o clube para seu melhor amigo e sócio Ryan.

Ryan era o garoto problemas da escola, assim como Sean, talvez por isso fossem tão bons amigos. Ryan tinha os cabelos ruivos e os olhos cor de mel. Ele não se importava em gerenciar o clube para Sean, já que parte do lucro vinha para sua conta bancaria também.

Os dois moravam juntos no mesmo apartamento, e nenhum deles precisava se preocupar com o que fariam no futuro.

Mas ao contrario do que muitos pensavam em relação a eles, os dois garotos não ligavam para a enorme fortuna que tinham. Seus interesses, suas mentes e habilidades se concentravam em outras coisas alem do dinheiro. Eles gostavam de aventura, gostavam de ação.

Sean pediu sua bebida convencional no bar, e a barman que o atendeu não se demorou ao prepará-la. Whisky com energético, forte e gelado, era o que ele bebia todas as noites desde que o bar abrira.

O garoto sentou-se à mesa de poker, onde outros cavalheiros já o esperavam. Ryan estava entre eles, à direita de Sean. As cartas foram distribuídas e o jogo começará. Dali dava-se para ouvir a música alta do andar debaixo e as pessoas dançando.

- O clube esta lotado hoje. – Ryan disse a Sean, depois de alguns minutos do jogo.

- Isso é bom, o negocio esta indo bem. – Sean comentou, dando mais uma olhada em seus conjuntos de cartas.

- Não é bem disso que estou falando, Sean. – Ryan disse, em um tom baixo, para que ninguém mais escutasse.

Sean tirou sua concentração do jogo, olhando para o amigo com olhos acusatórios. Ele sabia de que assunto Ryan estava falando e não lhe agradava o momento e o local com que falavam sobre isso.

Sean abandonou as cartas sobre a mesa, se retirando do jogo. Ele pegou sua bebida e Ryan o seguiu até algumas mesas no canto perto das mesas de sinuca. Era o lugar mais silencioso e reservado do clube. Todos sabiam que não deviam os interromper quando iam para lá.

- Posso saber o porquê de você tocar nesse assunto justo aqui? – Sean perguntou, friamente.

- Sei que você não gosta de falar sobre isso aqui, mas é nossa concorrência, Sean. Alem do que, você já recebeu suas ordens. – Ryan o lembrou.

Sean bufou, descendo as escadas para o primeiro andar e saindo pela porta da frente. Em segundos um manobrista estacionou seu carro em sua frente e ele dirigiu pela cidade, rapidamente. Eram 1:15 da manhã. Todos os clubes estavam cheios e animados, com mais da metade da cidade os abrigando naquela noite de segunda.

Mas apenas um clube, em toda a cidade ameaçava o The Night e a franquia de sua família naquela noite. Sean não gostava de competição. Normalmente era ele que ameaçava os outros, e não o contrario. O garoto estacionou nos fundos do The Club, um clube que ficava do outro lado da cidade.

Podia ser apenas um palpite de Sean, mas de alguma forma ele sabia que naquela manhã, quando toda a cidade acordasse. Quando todos estivessem acordando para mais um dia de trabalho, quando as filas passassem dos clubes para as cafeterias. Seria naquela manhã, que todos os canais, jornais e revistas falariam sobre o estranho fechamento do clube noturno, The Club.