Capítulo 27.

“NOSSAS VIDAS SÃO DEFINIDAS POR MOMENTOS. PRINCIPALMENTE AQUELES QUE NOS PEGAM DE SURPRESA.” – Bob Marley

PDV Isabella Swan

Esme ligou alguns dias depois. Pensei que era alguma coisa com Edward ou então com Nessie. Porém, me enganei totalmente.

O negócio não era com nenhum deles. Nem era pra pedir que levasse Nessie até a casa dela.

A ligação era pra falar comigo. Meus músculos se enrijeceram e segurei a respiração assim que ouvi sua voz ao telefone.

- Isabella?

Levei alguns segundos até conseguir pronunciar uma resposta.

- Oi, Esme. – eu disse.

- Ah, você conheceu minha voz.

- Sim.

- Edward está em casa?

- Não. Ele está no trabalho agora. – olhei o relógio de parede – Deve voltar daqui uma hora, mais ou menos.

- Ok. – ficou calada por alguns segundos, respirou fundo – E minha netinha?

- Nessie está ótima. – respondi sorrindo – Claire acabou de sair daqui e Nessie estava brincando com ela no tapete da sala, agora está deitada no tapete tentando morder os dedos dos pés.

- Claire? – perguntou curiosa.

- É, a babá. É minha amiga há muitos anos.

- Humm. Sua amiga é prostituta? Ou era? – pediu um pouco aflita.

- Ela foi. – não vi motivo para mentir, ela descobriria algum dia – Claire teve uma vida difícil também; mas hoje é babá da Nessie, largou aquela vida horrorosa, está fazendo um curso de arquitetura e tem um namorado.

- Certo. – ela respirou fundo – Fico feliz por ela.

Confesso que me surpreendi com sua resposta. Achei que ela fosse gritar, me repreender por ter uma ex-prostituta cuidando da neta dela ou ainda dizer que eu não prestava. E, no entanto ela não disse nada disso. Disse apenas que ficava feliz por Claire e então se calou. Eu deveria me assustar por ela estar tão calma? Ou deveria agradecer?

- Esme? – a chamei.

- Estou aqui. – respondeu.

- A senhora está bem?

- Oh, Bella, por favor, me chame de ‘Esme’ ou apenas de ‘você’.

- Ok. – ri em meio à respiração surpresa por seu pedido – Você está bem, Esme?

- Estou. Por que a pergunta?

- Não sei, ficou calada.

- Estou bem, só assimilando um monte de coisas na minha mente. Edward disse que você estava fazendo faculdade; ainda está?

- Sim, estou.

- Que curso está fazendo?

- Decoração de interiores.

- Verdade? – perguntou surpresa.

- Sim; não tinha vontade de fazer outra coisa e sempre gostei de decoração. Faz tempo que estava guardando dinheiro para fazer esse curso.

- Eu fiz esse curso quando era jovem. Hoje ainda faço alguns projetos, mas pouca coisa.

- Que legal. – eu disse sincera.

- É. Quem sabe um dia eu te mostre as fotos de alguns projetos meus.

- Eu iria adorar.

- Eu... está ficando tarde... – ela disse meio em dúvida – acho que está na hora de desligar. Diga a Edward que lhe mandei um abraço e dê um beijo em Nessie por mim.

- Ok.

- Foi bom falar com você, Bella. Até logo.

- Até logo.

Desliguei o telefone e fiquei uns segundos encarando o telefone. Era tudo tão estranho. Minha sogra ligou para minha casa. E pra falar comigo.

Será que eu estava sonhando? Por favor, alguém precisava me acordar antes que eu acredite nessa ilusão!

Peguei o telefone e selecionei a última chamada recebida, comprovando que não sonhei. O número que apareceu na tela do telefone era o da casa dos pais de Edward. Esme me ligou de verdade!

Nessie me tirou do estado de surpresa em que eu estava. Ela estava brincando no tapete da sala, tentando morder o pezinho gorducho, vestindo apenas uma fralda. Olhou na minha direção e sorriu, interrompendo a manobra de morder o pé. Sentou-se e virando o corpo se arrastou até alcançar minhas pernas, segurando-se em minha calça, tomando impulso para ficar de pé.

Sorriu vitoriosa por ter conseguido tal façanha, algo novo e desejado por ela há alguns dias. Já estava engatinhando pela casa aos poucos, mas era visível que queria caminhar logo.

- O que foi, meu amor? – pedi e me abaixei para poder pegá-la no colo – Quer um colo da mamãe, é?!

Ela apenas encarou meus olhos, os seus estavam atentos. De repente ergueu um dedo, arregalou os olhos e depois gargalhou contente como se tivesse acabado de ganhar um presente. Nesse instante, Edward abriu a porta. E ela riu e bateu as mãozinhas.

- Não acredito nisso. – eu disse.

- O que foi, Bella? – Edward pediu se aproximando, Nessie já estendia os braços pra ele num pedido mudo por colo.

- Nessie ouviu que você estava chegando. – disse admirada com a conexão deles.

- A garotinha linda do papai já sabe a hora que ele chega, né. – disse pra ela, depois beijou sua cabeça e se aproximou de mim – Vem me dar um beijo, estou com saudade de você.

Eu fui, é óbvio. Sem pestanejar. Simples assim. Por um momento, quase esqueci que Nessie estava ali e me entreguei ao abraço dele. Teríamos tempo pra isso mais tarde.

- Oi. – ele disse ao finalizar o beijo.

- Oi.

- Como foi seu dia?

- Foi normal até agora a pouco.

- O que aconteceu agora a pouco? – arqueou a sobrancelha.

- Sua mãe ligou.

- Minha mãe? – franziu a testa e ficou tenso, Nessie sentiu isso e ele a largou no tapete.

- É. Tinha acabado de desligar quando você entrou.

- O que ela queria? Te ofendeu? O que te disse?

- Não, não. Ela só... ela... – suspirei frustrada – ai, Edward... eu não sei ao certo o que ela queria. Fiquei tão surpresa com sua ligação quanto você está agora.

- Mas o que ela disse, Bella?

- Pediu por você, depois por Nessie. – dei de ombros – Depois perguntou sobre meu curso na faculdade, conversou um pouco sobre Claire...

- Claire? Você contou o que Claire fazia?

- Eu não ia contar, mas ela pediu. Eu não podia mentir.

- E ela causou problemas pra você?

- Não. Ela só pediu sobre a Claire e eu expliquei a verdade pra ela. Pareceu aceitar razoavelmente bem. Depois falamos da faculdade e só.

- Que estranho. – comentou.

- Eu sei. Ainda estou surpresa. Até agora, essa foi a conversa mais civilizada que tivemos.

- Nunca é tarde pra começar, não é?

Ele se aproximou de mim e sorriu, depois me acolheu em seus braços e me beijou. Nessie nos observava sentadinha no tapete e, com esforço, ficou de pé.

- Edward, olha! – eu disse apontando pra ela.

Nós a encaramos surpresos, ansiosos pelo próximo movimento dela. Feliz por estar sendo observada por nós, Nessie sorriu e deu um passo em frente, os bracinhos abertos para manter o equilíbrio.

- Vem, filha. – Edward me soltou e se abaixou para esperar por ela – Vem até aqui, o papai te segura.

Ela cambaleou um pouco, mas conseguiu dar mais três passos até chegar às mãos de Edward, que a pegou no colo e a rodou no ar. Os dois riam juntos.

- Ah, meu Deus! – eu disse com lágrimas nos olhos.

- O que foi, amor? – Edward me encarou.

- É muita coisa pra aguentar num dia só. – expliquei – Primeiro, sua mãe. Agora, Nessie.

Não consegui me conter. Chorei por tudo o que estava passando. Sei que era o que eu queria. Queria que Esme me aceitasse. Queria ver Nessie caminhar... Mas tudo aconteceu tão rápido, ao mesmo tempo. Fiquei surpresa. Isso me desestabilizou emocionalmente.

Edward pegou Nessie e veio até mim. Sustentou-a num braço e com o outro me abraçou. Apoiei minha cabeça em seu ombro. Feliz por tê-lo comigo. Mas não impedi minhas lágrimas de rolarem, chorei para aliviar a tensão que vinha se acumulando há algum tempo.

Ele nada disse. Apenas me deu apoio, deixando claro que estava do meu lado. Quando me recuperei, ele falou:

- Sei que isso tudo é confuso e uma grande surpresa; mas fico feliz por ver como você consegue mudar as pessoas.

- Eu não mudei ninguém, Edward.

- Mudou sim. – sorriu – Mudou a vida que eu levava, mudou o homem que sou. E mudou minha mãe também. Se ela ligou pra falar com você isso é sinal de que você a mudou. Mesmo que ela não enxergue isso ou não queira admitir, ela foi conquistada por você. – sorriu todo bobo e me deu um selinho – E eu te amo ainda mais por isso.

E eu o amo também. Como eu o amo!