Capítulo 21.

“APAIXONE-SE POR ALGUÉM QUE VOLTE PARA CONVERSAR COM VOCÊ DEPOIS DE UMA BRIGA, DEPOIS DO DESENCONTRO, POR ALGUÉM QUE CAMINHE JUNTO A TI, QUE SEJA TEU COMPANHEIRO. APAIXONE-SE POR ALGUÉM QUE SENTE SUA FALTA E QUE QUEIRA ESTAR COM VOCÊ...” – Tati Bernardi

PDV Isabella Swan

Cheguei correndo em casa. A prova fora mais extensa do que eu pensei, mas consegui responder todas as questões e acho que me sairia bem. Minha ansiedade não era por saber como fui na prova, eu estava ansiosa por ver Edward e Nessie. Queria saber o que fizeram, se Nessie se alimentou, se Edward trocou a fralda dela direitinho, se os pais dele estavam em casa e receberam eles... Eram tantas dúvidas!

Entrei e vi que estava tudo muito quieto. Talvez ainda não estivessem em casa, poderiam estar presos no trânsito, estava um inferno lá fora.

- Edward? – chamei – Amor?

Nada. Ninguém respondeu. Larguei minha bolsa no sofá e fui ver se tinha alguma chamada não atendida no telefone. Não havia nada. Fui para a cozinha e achei a mamadeira da Nessie já lavada, estava encostada junto de outras coisas como colheres, um copo e uma tigela. Isso indicava que já haviam chegado em casa.

Se não estavam por ali, só podiam estar no quarto... Passei no quarto de Nessie, mas não era lá que eles estavam. Encontrei-os no nosso quarto, esparramados na nossa cama. Edward estava de pés descalços e vestia apenas uma calça de moletom cinza. Nessie, deitada ao seu lado, estava com um pijama de ursinhos cor de rosa, presente de Rosalie, e meias nos pés. Involuntariamente sorri, era uma cena muito bonita os dois deitados juntos e dormindo.

Ela estava bem pertinho do peito dele e uma das suas pequenas mãozinhas estava fechada e descansava sobre a bochecha de Edward. Corri para o escritório e peguei a máquina fotográfica para registrar esse momento.

Após o clique da máquina, Edward abriu os olhos, me encarou e sorriu.

- Oi, amor. – disse esfregando os olhos – Que horas são?

- Quase sete horas.

- Tudo isso? Achei que fosse mais cedo. Você demorou.

- É. – aproximei-me da cama, sussurrei para não acordar Nessie – A prova demorou mais do que eu esperava e o trânsito está uma loucura lá fora.

- Foi bem na prova? Estava difícil?

- Não estava difícil, só demorada; mas acho que fui bem.

- Você chegou agora?

- Aham.

- Deita aqui com a gente e descansa um pouquinho enquanto conversamos.

Ele disse e já foi me puxando para deitar ao seu lado, evitando ao máximo mexer a cama para não acordar Nessie. Segurou-me em seus braços e beijou meus cabelos demoradamente.

- Como foi a tarde de vocês? – perguntei – Você sobreviveu?

- Sim. Foi tudo bem. Demorei pra sair de casa, aliás, preciso te parabenizar porque você é uma ótima mãe.

- Por que diz isso? – ri baixinho de seu elogio, ele era um ótimo pai também.

- Você dá banho nela, veste ela, arruma a bolsa e faz um monte de coisas... e tudo ao mesmo tempo e bem rapidinho. – ele franziu a testa – Eu levei quarenta minutos pra fazer isso.

- É questão de prática, amor. – defendi ele – Faço isso desde que ela nasceu, é mais fácil depois de tanto tempo.

- Sei lá, só sei que você merece elogios. Você é uma super mãe.

Antes que eu protestasse e dissesse que ele era um ótimo pai, seus lábios estavam colados aos meus. Um beijo cheio de gratidão e amor, me perdi naquele infinito de sensações que só ele sabia me proporcionar... naquela boca que fora a primeira a tocar a minha...

- Nessie. – murmurei sem fôlego.

- Ok, tem razão. – afastou-se uns centímetros – Não preciso de uma filha pervertida desde cedo, deixe que ela aprenda os prazeres da vida sozinha e depois dos quarenta anos.

- Quarenta?! – ri de novo – Só na sua cabeça, meu bem. Mas esquece isso agora, temos tempo pra nós dois mais tarde. – toquei seu rosto – Como foi lá na casa da sua mãe?

- Foi melhor do que eu esperava.

- É?

- Sim; meu pai também estava lá e adorou Nessie. Logo de cara disse que ela era muito parecida comigo. – disse todo orgulhoso.

- E sua mãe?

- No princípio ficou meio desconfiada e tentando parecer orgulhosa e indiferente, mas logo se rendeu. – ele sorriu de lado – Você sabe o quanto Nessie é apaixonante, minha mãe não tinha chance contra ela.

- Que bom. – confessei tranquila por saber que tudo foi bem.

- E ela ficou bem balançada quando expliquei a escolha do nome de Nessie. Achou muito bonita a escolha. E já pediu pra que eu a leve mais vezes até a casa deles.

- Está vendo? – sorri vitoriosa - Eu não te disse que talvez Nessie faria sua mãe e seu pai mudar?

- Sim, você disse. Meu pai até seria mais fácil de mudar, mas me surpreendi com minha mãe. – roubou-me um beijo – Você tinha razão, é só dar tempo ao tempo e tudo se ajeita.

- Isso mesmo.

Nos beijamos outra vez e levantamos para preparar alguma coisa para comer. Tomei um banho rápido enquanto Edward terminava de arrumar a mesa. Jantamos e conversamos sobre Nessie, sobre a empresa, a faculdade, a gravidez da Rosalie e qualquer outra coisa que surgisse. Nessie acordou do soninho nesse meio tempo e ficou com a gente na cozinha.

Mais tarde, na sala, brincamos com ela e Edward arrancou gargalhadas de nós duas ao tentá-la ensinar a engatinhar. Ela jamais faria isso aos quatro meses, mas ele teimou em ensinar. O resultado foi um homem lindo de morrer engatinhando pelo chão da sala e falando com voz de criança.

- Você não pensou ainda se vai colocar ela numa creche? – me questionou.

- Não pensei, mas não queria deixar ela numa creche, Edward. – franzi a testa e encarei minha garotinha nos braços do pai – Ela não foi planejada, mas eu sou do tipo de pessoa que acredita que os filhos são responsabilidade dos pais. Me odiaria se deixasse ela numa creche o dia inteiro.

- Eu entendo você, Bella. E concordo com seu modo de pensar. – ele sentou-se no sofá e deu um brinquedo para Nessie que riu divertida e começou a brincar – E o que acha de contratarmos alguém pra te fazer companhia? Assim você não ficaria tão sozinha enquanto não está na aula e, quando você vai à faculdade, essa pessoa poderia cuidar da Nessie.

- É uma boa ideia. Mas quem?

- Sei lá. Você não tem alguma amiga?

- Não creio que o tipo de ‘amigas’ que eu tenha seja uma opção para cuidar de Nessie. Sua mãe iria surtar se conhecesse elas.

- Não fale assim, elas são boas pessoas assim como você é.

- Eu sei disso. – suspirei – Só acho que já temos problemas demais pra arranjar mais um. – dei de ombros.

- E aquela sua amiga? Lá da casa da Carmen. Como é mesmo o nome dela? – ele franziu a testa concentrado, tentando lembrar o nome – Aquela que você disse que gostaria que saísse de lá mais do que qualquer outra das garotas.

- Claire?

- Isso, Claire é o nome dela.

- O que tem ela?

- Você tinha dito que queria que ela saísse de lá e ela mesma disse que sonhava com o dia que isso fosse possível. – deu de ombros – Talvez possa conversar com ela. Quem sabe ela pode ser a babá da Nessie! E ainda seria uma companhia pra você. O que acha?

- A ideia não é ruim. E de todas as meninas de lá, Claire é a mais discreta e correta. Vou falar com ela assim que possível.

- Ótimo. – ele se levantou com Nessie nos braços – Agora vamos colocar essa garotinha pra dormir porque o papai aqui tem outros planos para o resto dessa noite.

Um simples piscar de olhos em minha direção me disse o que ele tinha em mente. A noite seria longa... e eu adorava isso. Edward me entregou Nessie e eu a levei para o quarto e dei leite do peito para ela. A pequena logo estava dormindo em meus braços e, como Edward já a tinha dado banho e colocado o pijama, a fiz dormir.

Segui para a sala que já estava arrumada. Edward estava sentado e assistia um programa bobo na televisão. Me aproximei dele e passei meus dedos por seus cabelos bagunçados aproveitando o momento. Ele puxou-me para seu colo, acomodei-me como uma gata manhosa e encostei meu rosto em seu peito.

- Está cansada? – perguntou-me.

- Não. Só gosto de ficar assim colada em você.

- Que bom. Espero que nunca desgrude de mim. – com uma mão puxou meu rosto para que eu o encarasse – É feliz aqui, Bella? É feliz comigo? Não se arrepende de nada?

- Só de arrependo de uma coisa, mas acho que nem posso reclamar já que não tinha como ser diferente.

- E do que se arrepende?

- De não ter te conhecido antes. – sorri para ele – Mas acho que preciso culpar você por isso. Por que não apareceu antes lá?

- Não sei, nunca fui de ir às casas como aquela. Além disso, tinha Tanya, não queria ser um cara infiel embora nosso relacionamento não fosse da minha vontade.

- Aham. – toquei seu rosto delicadamente – Eu preciso então colocar a culpa em James. Ele bem que poderia ter obrigado você a ir até a casa de Carmen antes.

- Ele sempre me convidava, mas eu recusava. – abraçou-me e suspirou – Apesar disso, acho que fui na hora certa. Talvez não teria visto você em outra ocasião, ou não teria me permitido sentir o que eu senti por você naquela noite e tudo seria diferente do que é hoje. Não teria você aqui comigo, não teria uma linda filha...

- É. – concordei – Talvez as coisas tenham sido do jeito que deveriam.

- James vive perguntando de você lá na empresa. Diz que tem saudades de você e confesso que isso me enche de ciúme.

- Bobo!

- É sério! – riu levemente – Sei que você é minha e me ama, mas não posso impedir minha mente de pensar que James e outros já tiveram você.

- Não, eles nunca me tiveram. – encarei-o – Tiveram prazer usando meu corpo, isso sim. Mas nunca tiveram a mim, nenhum deles me beijou nos lábios e nenhum deles entrou em meu coração. Não sinta inveja daquilo que eles não tiveram, eu sou sua, nunca esqueça disso.

- Você sempre sabe o que dizer. – sorriu e levantou-se carregando-me em seus braços – Te amo, Bella.

- Também amo você.

Em silêncio seguimos para o quarto onde Edward deitou-me na cama, lentamente me despiu e me amou do jeito que só ele algum dia já fez comigo, me amou de modo que eu soubesse que ali eu estava segura, ali era meu lugar...

...

Rosalie apareceu no dia seguinte com um sorriso imenso nos lábios. Edward tinha ido trabalhar e eu estava brincando com Nessie na sala.

- Oi, Rose.

- Oi.

- Entra. Por que está sorrindo desse jeito?

- Vim contar que você vai ser tia de um menino. – Rose se emocionou e deixou algumas lágrimas caírem por seu rosto – Um menininho, Bella.

- Ah, que boa notícia!

Abracei Rosalie e me emocionei junto com ela. Só eu sabia o quanto Rosalie queria ser mãe e a satisfação que ela teve quando descobriu que estava grávida. Agora, sabendo que era um menino, tudo se tornava ainda mais real para ela.

- Fico feliz pela notícia. –disse e a conduzi para o sofá perto do tapete onde Nessie brincava.

- Eu também; Emmett está eufórico. – riu levemente – Disse que vai ensinar ele a jogar basquete e futebol, a andar de bicicleta e mais um monte de coisas.

- Ele deve estar enlouquecido com a ideia de ter um garotinho.

- Sim, está tão feliz quanto eu. – Rose se abaixou e pegou Nessie – E você, gostosura da tia Rose? Vai gostar de ter um primo pra brincar?

Nessie riu nos braços da tia, duas covinhas apareceram nas bochechas rosadas e seus olhos verdes eram enormes ao observar o rosto da tia. Nessie pegou um punhado de cabelos da Rosalie na mão e riu com vontade, ela amava pegar os cabelos da tia.

- Filha, não puxa o cabelo da tia Rose, isso dói, meu bem. – a corrigi.

- Deixa ela, Bella. – Rose falou sorridente e sentou-se no sofá com a pequena em seus braços, tomando cuidado para não pressionar sua barriga de seis meses – Essa coisa linda ama a titia, não é? – Rose falava com voz de criança e Nessie murmurava em concordância – Gosta da tia igual a tia gosta dela, coisinha linda que dá vontade de esmagar!

- Você e o Edward parecem dois bebês quando conversam com ela. –acusei rindo.

- E quem não vira bebê perto dessa gostosura?

Rose acariciou as bochechas da sua bonequinha e beijou o pescoço dela causando cócegas de modo que Nessie gargalhou e agitou os braços gorduchinhos. Deixei-as ali e fui para a cozinha preparar um suco para nós. Quando retornei à sala, peguei Nessie e ajeitei-a para dar leite a ela enquanto Rosalie servia os copos com suco.

- Como foi sua prova ontem?

- Foi ótima.

- Que bom. Acho que estou mais ansiosa do que você pra que se forme logo e possa trabalhar na sua área.

- Nem me fale! Tô ansiosa por isso também.

- Quem ficou com Nessie enquanto você fazia a prova?

- Edward.

- É? Uau! Nunca pensei que chegaria o diz em que Edward faltaria trabalho.

- Ele se ofereceu pra ficar com Nessie; a moça que cuidava dela conseguiu um emprego fixo e eu não tinha com quem deixar ela.

- Sinto muito que eu não pude ficar com ela.

- Tudo bem, Rose. Você tinha médico marcado há um mês, não podia faltar. Além disso, nós precisávamos saber que um garotão cresce aí dentro desse barrigão.

Abamos rindo disso e Nessie soltou meu seio para encarar nós duas, minha menina era muito esperta e atenta. Achando que ela era o assunto, riu com vontade e depois voltou a grudar a boca no meu seio.

- Edward quer que eu ache alguém que fique comigo em casa e que possa cuidar da Nessie enquanto eu tenho aula na faculdade. –comentei.

- E já pensaram em alguém?

- Na verdade, Edward pensou. Ele conheceu uma amiga minha onde eu trabalhava e sugeriu que eu falasse com ela.

- Que ótimo, assim já é alguém que você conhece.

- Não acha muito estranho? Não é um problema que além da mãe, Nessie tenha outra mulher desse tipo perto dela?

- Ah, Bella, pelo amor de Deus! Quanta besteira você tá falando! – Rosalie revirou os olhos – Eu já te disse que isso não importa nada. Além disso, se essa sua amiga for a babá de Nessie, ela pode muito bem largar essa vida de prostituta como você fez.

- É.

- Você já falou com ela?

- Ainda não, vou ligar depois que Nessie dormir.

- Pois então faça isso. Tenho certeza de que essa mulher vai gostar da oportunidade de mudar a vida dela.

- Ela vai, - sorri ao imaginar a felicidade da minha amiga – Claire sempre quis largar aquela vida, só não teve a oportunidade certa.

- Então? Talvez você seja a oportunidade certa pra ela!

- Você tem razão. Vou ligar pra ela depois.

- Isso aí.

- Agora me conta qual o nome do meu sobrinho?...