Capítulo 13.

“TODOS ANSEIAM POR AMIZADE, MAS MUITO POUCOS SE ESFORÇAM POR CONSEGUI-LA. A AMIZADE PRECISA DE TEMPO. TEMPO PARA SE ESTABELECER E TEMPO PARA SE MANTER.” – Norman Shidle

PDV Edward Cullen

A imagem que criei a partir das palavras de Emmett era ótima. Pelo que ele descrevia, tanto ele quanto Rosalie eram receptivos no que diz respeito ao meu compromisso com Bella. E isso me deixava mais do que feliz.

- Você precisava ver a cara da Rose quando falou com ela no telefone. – Emmett dizia – Ela quase chorou de felicidade ao saber que Bella estava vindo com você pra cá.

- Que bom que Rose gostou dela, fico mais tranqüilo assim.

- Edward, - Emmett colocou a mão em meu ombro e disse sério – eu sei que a mãe falou coisas horríveis naquele dia e sei também que a reação de nenhum deles vai ser boa daqui pra frente. Mas eu quero que você saiba que pode contar comigo e com Rosalie, nós vamos apoiar vocês. Não sei ainda por que você se preocupa tanto com a reação da nossa família, mas nós estamos do lado de vocês.

- Obrigado, Emmett. – o abracei fortemente, Emmett era mais que um irmão, era um amigo – Bella não tem um passado exemplar embora eu não a culpe por nada do que tenha feito diante das opções que ela tinha. Sei sobre a vida dela, estou consciente de tudo o que ela fazia e aceitei isso sem problema algum.

- O que quer dizer com isso? – ele se afastou e me encarou sério – Bella era uma assassina ou traficante?

- Não. – ri das conclusões dele – Não sei se eu devia dizer isso sem o consentimento dela, mas também vai ajudar a evitar um constrangimento pra ela. Bella era prostituta quando a conheci.

- Prostituta? Edward, em que tipo de lugares você andou indo?

- James me convidou para ir numa casa famosa, porém discreta, aqui na cidade. Foi lá que a conheci há exatamente dois meses. Logo na primeira vez que fui lá, Bella foi quem me atendeu. Tenho ido lá desde então, mas sempre com a intenção de passar um tempo com ela. – passei as mãos pelos cabelos um pouco nervoso – Desenvolvemos uma amizade além da paixão e do desejo, e percebi que a amo como jamais amei outra mulher na minha vida.

- E ela?

- O que tem ela?

- Ela também te ama? Ou é apenas paixão e desejo? – perguntou-me sério.

- Segundo descobri ontem, ela também me ama.

- Que bom pra você. Não importa o passado dela, o que importa é que o sentimento de vocês é recíproco e verdadeiro. Esqueça o resto, tudo se ajeita na hora certa.

- Eu sei. Obrigado por entender.

- É o mínimo que eu posso fazer. Conhecendo os Cullen como eu conheço, não é difícil prever que uma guerra mundial pode estourar com esse assunto. A dona Esme já deu provas de que vai surtar; o pai vai ficar do lado dela; Jasper vai tentar ser neutro, como sempre. – ele suspirou – E Alice, bem, você conhece a baixinha. Você viu e sabe tudo o que ela passou há alguns anos, não é difícil prever o que ela vai fazer quando souber sobre Bella.

- Eu sei. – suspirei cansado – Só queria que eles aceitassem isso de um modo mais fácil. Cara, eu realmente não ligo para o que Bella fez no passado, mas preferiria que eles aceitassem isso numa boa do que causar uma guerra na família.

- Bom, o que está feito está feito. – Emmett deu de ombros – O jeito é tentar ser forte pra seguir adiante. Você vai superar isso. Edward, você sempre tentou fazer tudo perfeito para agradar o pai e a mãe, então é óbvio que eles vão pirar nas primeiras vezes que você agir diferente. Mas eles também vão se acostumar com o tempo, assim como aprenderam a lidar com o meu jeito mais brincalhão e com o jeito teimoso e agitado de Alice.

- Me arrependo por não ter sido menos certinho como vocês fizeram. – confessei – O jeito é mexer no que vai ser daqui pra frente.

- É, além disso...

Fomos interrompidos por duas belezas distintas, mas igualmente impactantes. Rosalie e Bella entravam na sala nesse momento acabando com nossa conversa de irmãos e amigos, mas eu não me importava. Ao ver o sorriso de Bella quase alcançar proporções gigantescas, meu mundo voltou a se concentrar nela.

- Oi. – eu movi os lábios sem som algum de modo que ela entendesse.

- Oi. – ela fez o mesmo.

- O que andaram conversando? – Rosalie disse sorridente e sentou-se no colo de Emmett.

- Nada demais, amor. – Emmett a abraçou e beijou o pescoço dela levemente – Coisa de macho.

- Hi! Coisa de macho. – ela fez careta para Bella – Odeio quando eles aparecem com esse papo de ‘coisa de macho’, é tão primitivo, tão homem das cavernas.

Bella riu do comentário dela e sentou-se ao meu lado. Apesar de se conter um pouco, eu senti que ela estava em casa. Ficou contente ao conhecer Emmett e Rosalie e estava feliz ali, feliz comigo. Encarei seu perfil enquanto Emmett dizia alguma coisa pra ela que a fazia rir, quase gargalhar. Estava linda. Sua pele refletia a luz do sol que entrava na sala pelas imensas janelas e seus olhos brilhavam de felicidade e algumas lágrimas surgiram causadas pelas palhaçadas de Emmett.

- Ei, babão! – Rosalie chamou.

- Hã? – eu disse vagando.

- Chega de babar na sua mulher! – Rosalie debochou – Você pode babar nela, mas só quando estiverem sozinhos. Você veio na minha casa e não quero que suje meus tapetes com sua baba.

- Engraçadinha. – disse estreitando os olhos em sua direção.

Todos riram enquanto eu tentava manter o rosto sério. Bella ria tanto que novamente chorava. Ela se acalmou um pouco e com uma mão tocou meu rosto carinhosamente para depois beijar meus lábios brevemente.

- Te amo. – sussurrou.

- Não mais do que eu te amo. – disse para ela e virei-me na direção de meu irmão e cunhada – Já que não posso babar aqui, vou para casa pra poder babar sossegado.

- Mas já vão? – Rosalie pediu triste – Achei que ficariam mais.

- Bem que eu gostaria, Rose. Mas Bella precisa pegar algumas coisas e levar para meu apartamento. Além disso, amanhã é segunda e preciso trabalhar, então é melhor organizar tudo o quanto antes.

- Ok.

- Bella, escute o que eu vou dizer. – Emmett a avisou – Coloca rédeas nesse babão cabeludo desde o começo. Põe ele pra lavar, passar, cozinhar, limpar... tudo o que tiver direito. Se não acostumar no início, depois já era.

- Vou lembrar disso, Emmett.  – ela disse gargalhando.

- Igual a Rose fez com ele. – eu disse e o olhei sarcasticamente.

- Ela pode ter dado uma força pra isso, mas muito do que sou é porque quero ser. – ele se gabou – Quem ama cuida da esposa e ajuda em tudo o que ela precisar.

- Ai, amor... – Rose apertou ele num abraço sufocante e o encheu de beijos – Que coisa mais linda que você disse. Te amo.

- Também te amo.

- Ok. – me coloquei de pé – Bella, é melhor irmos porque a coisa vai esquentar aqui.

- Bom, espero que voltem em breve. – Rosalie se pôs de pé e nos abraçou – Adorei conhecer a namorada do meu cunhadinho.

- Obrigada. – Bella agradeceu corada – Também gostei de vocês.

- É impossível não gostar de nós. – Emmett a abraçou todo convencido – Especialmente difícil não gostar de mim.

- Convencido. – eu disse.

- Ciumento. – ele retrucou.

- Malucos. – Rose e Bella disseram juntas em meio a risos.

Depois de mais dez abraços, dez beijos, milhões de agradecimentos e milhares de promessas de voltar em breve, conseguimos finalmente sair de lá. Emmett e Rosalie eram ótimos juntos de um modo que me deixava até apavorado. Era aquele tipo de amor que você sabe que um pode até morrer se ficar sem o outro.

Bella estava sorridente no carro, confortável com os pés livres dos sapatos de salto e escorados em cima do banco. Ela percebeu que eu a observava e me encarou, sorriu levemente e tocou meus cabelos na nuca.

- Adorei o passeio. – disse de modo simples – Eles são ótimos e gostam muito de você. Rosalie te elogiou muito enquanto estávamos lavando a louça.

- Ela é ótima, uma boa esposa para Emmett e uma boa cunhada e amiga pra mim. Os dois gostaram de você, falei que ia ser um almoço tranqüilo.

- Você tinha razão. Obrigada por me convencer a vir.

- De nada.

- Você vai mesmo me levar para seu apartamento hoje? – pediu envergonhada.

- É claro que sim. Você não trabalha mais na casa de Carmen e precisa de um lugar pra ficar. E eu preciso da minha namorada comigo, então você definitivamente vai para o meu apartamento.

- Certo. – ela suspirou – Só preciso pegar minhas coisas antes.

- Vamos agora buscar o que ainda ficou. – eu apertei seus dedos entre os meus e levei sua mão a minha boca para um beijo – Bem vinda a minha vida, Isabella Swan.

...

Abri a porta do meu apartamento e silenciosamente fiz um gesto para que ela entrasse primeiro. Bella se mantinha calada e observadora. Entrou carregando as duas bolsas que trouxe do carro, eu entrei em seguida com as duas malas que peguei. Não havia muitas coisas pessoais dela para trazer para cá; os móveis e utensílios que usava pertenciam à casa de Carmen.

Empurrei a porta com o pé e a segui até o meio da sala, largando as malas que carregava. Ela parecia tão distraída observando o apartamento que nem notou que ainda mantinha as bolsas nas mãos. Eu ri levemente e tirei-as de suas mãos, depositando-as no chão ao lado das malas.

Só então Bella me olhou. E seus olhos transmitiam exatamente o que ela devia estar sentido. Curiosidade, medo, pavor. Tudo junto, tudo unido, tudo intenso. Estava curiosa para conhecer o apartamento, isso era visível no brilho que seus olhos me mostravam. Estava com medo, com pavor de dar um passo assim tão grande na sua vida.

Eu não a culparia por isso. Ontem ela era uma prostituta, hoje não era mais. Ontem ela era solteira, hoje é uma mulher compromissada. A vida dá voltas, o tempo corre e a gente só tem que acompanhar embora nem sempre andemos na mesma velocidade que os fatos. Dei alguns segundos para que ela saísse do transe em que se encontrava. Beijei sua bochecha rosada e carreguei as malas para o meu quarto, voltando em seguida para buscar as bolsas. Deixei tudo no chão aos pés da cama para que ela decidisse como queria organizar isso depois.

- Bella. – a chamei assim que apareci no corredor que levava à sala e não vi onde estava.

- Aqui. – disse suavemente.

Estava próxima a janela da sala, observando as luzes da rua lá fora. Sorri quando ela me encarou e a abracei, colocando seu rosto escorado em meu peito.

- Está tudo bem? – perguntei.

- Aham.

- Está com fome?

- Não.

- Quer descansar um pouco? Podemos jantar mais tarde.

- Não.

- Só vai responder com uma palavra a tudo o que eu perguntar?

- Talvez. – disse e riu levemente, depois desencostou o rosto do meu peito e me encarou nos olhos – Obrigado.

- Está agradecendo pelo quê exatamente?

- Por tudo. – deu de ombros – Obrigado por ter passado a primeira noite comigo, obrigado por conversar comigo, obrigado por me amar. – sorriu e tocou meu rosto – Obrigado por ser meu namorado e ainda me apresentar amigos maravilhosos como seu irmão e sua cunhada. Obrigado por tudo o que você tem me dado mesmo que nem perceba.

- Já que está agradecendo, só posso dizer ‘de nada’. – roubei-lhe um beijo – Eu também preciso te agradecer por aparecer na minha vida e dar sentido a ela. E muito obrigado por me deixar te amar, eu não sei se viveria sem você.

Nós nos beijamos apaixonadamente para selar o que dissemos. Era uma nova etapa em nossa vida. Muitas coisas ainda precisavam ser organizadas, muitas outras precisavam ser decididas e muitos imprevistos ainda poderiam surgir; mas estávamos juntos e isso era o que realmente importava para nós naquele momento.

- Agora, senhorita minha namorada, - eu disse antes que o beijo esquentasse e não fizéssemos mais nada além de nos amarmos ali mesmo no chão da sala – precisamos fazer um tour pelo apartamento pra que você conheça tudo e depois temos que arrumar suas roupas no closet.

- Ok, senhor meu namorado. – ela disse sorrindo.

- Venha. Vou apresentar a você seu novo lar.

Levei-a para conhecer todos os cômodos do apartamento. Ela gostou de tudo, desde o tamanho até a decoração de cada ambiente. Mas foi ao ver meu quarto que seus olhos brilharam intensamente.

- Bem vinda ao nosso ninho de amor. – eu disse ao abrir a porta – Como pode ver, temos uma cama imensa que pode ser muito útil e duas portas, uma que leva ao banheiro e outra, ao closet.

- É lindo. – sussurrou.

- É nosso, amor.

Ela soltou minha mão e perambulou pelo espaço analisando cada pequeno detalhe minuciosamente. Pareceu gostar do que viu. Depois me olhou travessa.

- O que você está pensando? – eu pedi estreitando as sobrancelhas.

- Adorei a cama. – disse descaradamente.

- Também gosto dela, mas acho que eu gosto mais agora que sei que você vai estar nela todas as noites.

- Eu adorei a cama, mas ela só vai ser útil se você estiver atirado nela. – disse provocante.

- Não adianta vir com esse papinho malicioso, Isabella. – a repreendi risonho – Precisamos organizar suas roupas, tomar um banho e jantar. Só depois disso é que você vai ver meu corpinho lindo atirado nessa cama.

- Ai, amor. – disse manhosa enquanto andava até ficar colada em mim, seus olhos eram puro desejo – A gente bem que podia inverter a ordem do que fazer. Que tal você atirado na cama agora e eu fazendo um showzinho só pra você? E depois a gente toma banho, come alguma coisa e arruma as roupas no closet. – arqueou uma sobrancelha – Eu acho minha idéia melhor que a sua.

- Sua safada. – sussurrei e gemi ao mesmo tempo – Sabe bem o que fazer comigo, não é? Me convence só com um olhar desses olhos grandes e achocolatados.

- Faço o que posso, amor.

Depois disso, nada mais importava. Éramos eu e ela. E seria assim pra sempre no que dependesse da vontade impregnada em meu coração.