-Como assim quem é você? Bill, sem brincadeiras...

-Sem brincadeiras, quem é você!?

-Bill... Você realmente não se lembra de mim? -Ele não se lembra de MIM? Eu sou o irmão gêmeo dele. Como é que ele se iria esquecer de mim!?

-Não. Desculpe, quem é você?

-Você se lembra de alguma coisa? -Ele não pode ter esquecido da banda! Ou pode?

-O que é suposto eu lembrar? Eu sou o Bill e estou num...Hospital?

-Tokio Hotel, o nome lhe diz algo?

-Não... Estamos em Tokio? -Ele disse, sorrindo inocentemente. Desviei os olhos dele e cobri a minha cara com ambas as mãos. Ele não lembra. Não lembra da banda. Não lembra de nada para além do seu nome. Não lembra de mim. Levantei os olhos para ele, que me olhava inexpressivamente.

-Você tem de lembrar de algo! -Eu disse, com a voz tremula, mais alta do que eu queria. -Como você pode não se lembrar de nada!? -Após ouvir estas palavras ele parou de olhar para mim pela primeira vez desde que acordou, desviando os olhos para o seu colo. Não tardou e uma pequena lágrima saiu de um dos seus olhos.

-Você não lembra de nada mesmo? -Perguntei eu, recebendo um abanar de cabeça como resposta.. Ele esqueceu de tudo. Tudo, Tom. Nada vai voltar a ser o mesmo... A banda vai ter de acabar, ele esqueceu TUDO.

-Desculpe, eu estou tentando lembrar, mas não lembro de nada... -Ele disse, levando as mãos à cabeça. Fui até ele e retirei as suas mãos da sua cara. Dei um beijo na sua testa e arranjei maneira de o abraçar. Não disse nada. Não saberia o que lhe dizer. Aliás, ele não é o unico que está triste aqui. Mas é o que está sofrendo mais, por não se lembrar de nada.

Não sei por quanto tempo ficámos assim até aparecer aquele homem de novo. Como se não se importasse com o facto de não nos querermos separar, mandou-me embora sem cerimónias, dizendo que podia voltar amanhã. Que horas devem ser? Deve ser de madrugada. Mas não quero dormir, apenas quero ficar com o meu gêmeo. Ele também não queria que eu fosse. Mesmo que, na cabeça dele, ele me tenha conhecido hoje.

Acabei de acordar. Dormi muito mal, foi. E dormi pouco. Mas consegui dormir e daqui a pouco vou ver o Bill. Recebi de manhã uma mensagem do Gustav, ele e o Georg vão dar uma volta pela cidade agora de manhã e vão visitar o Bill mais tarde. Desnaturados, é.

Por sorte, o hospital fica perto deste hotel, então não preciso de ajuda para saber o caminho. Sinceramente espero que o Gustav não tenha deixado o meu bebê naquela estrada e o tenha estacionado em algum lugar. Porque, é, não me aptece lidar com entrevistas do tipo ''Tom Kaulitz deixou seu carro abandonado no meio da estrada. Saiba porquê!''.

Depois de um banho, vesti as primeiras roupas largas que encontrei e um boné qualquer e saí em direcção ao hospital.