ESPERANÇAS

     De fato, Paulo realmente renunciou sua vida terrestre.
     Verifiquei isso quando cheguei ao colégio e não o vi a manhã toda. Os seus país e amigos também não. Depois de certo tempo, todos nos reunidos- eu era íntima da família dele- e concluímos que o Paulo realmente estava demorando mais que o normal para voltar para casa, sendo que estava sumido por mais de 24 horas. Levamos o caso à polícia. Fui entrevistada pelos guardas e respondi tudo o que sabia para ajudar na investigação. Tirei toda aquela história doida de anjo, pois nenhuma pessoa com sanidade normal acreditaria nela. No fundo, ansiava que tudo não passa-se de fruto da minha imaginação, que fosse só um mero sonho ruim, e quando despertasse, chegasse ao colégio, nós dois ríssemos muito dessa história e voltássemos a ficarmos juntos.
     O desaparecimento ocorreu terça-feira. Na sexta, após as aulas a família do desaparecido me convidou respeitosamente para almoçar lá, sabendo que eu me importava muito com ele.
     Depois da refeição, a mãe dele me chamou para conversar em particular no seu quarto.
     -Aline... Sabe mais de algo sobre o ocorrido?-Perguntou tristemente.
     -Não sei. -Respondi. -O que adiantava dizer a verdade inacreditável?
     -Sei o quanto você é ligada ao meu filho, por isso tenho esperança que possa pensar em algo para ajudá-lo...
     -Sinceramente não sei. O conheço bem, mas não sei o que fazer para ajudá-lo... -“Que droga! As lágrimas de novo...!”, pensei.
     -Desculpe-me por fazê-la chorar Aline. É que você sempre está ao lado de meu filho, e o conhece a ponto de saber o que ele faria que fosse seqüestrado ou qualquer outra coisa... Acha que ele tem chance?-Perguntou ansiosa.
     Sabia que essa “chance” se referia ao fato dele ainda estar vivo.
     -Sim. -Respondi.
     -Boa garota. Essa é a garota que ele tanto ama de coração. -Falou me abraçando.
     De repente fiquei feliz.
     -Ele me... ama?!-Perguntei incrédula.
     Quando ela assentiu, pensei seriamente na possibilidade de estar errada quanto á Paulo não gostar de mim. Será que eu ainda era importante para ele? Bem, eu preciso falar com ele a qualquer custo!
     Acordei animada no sábado, apesar de infelizmente ter botado o despertador para me acordar às 6 da manhã. Finalmente sabia de uma forma de o ver após muitas reflexões!
     Ele disse que a sua função era ser mensageiro e ajudante de Deus diante os problemas da humanidade, certo?! Então só preciso me meter em alguma situação em que ele precise secretamente me proteger! Estou pensando em algumas, embora essa seja uma forma arriscada de contatá-lo...