Asas negras escrita por Veneficae


Capítulo 9
Capítulo 4 - Deixada parte 3




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Já era noite quando acabamos de jantar. Demoramos muito até sairmos do restaurante. Com certeza Vitor já tinha acordado, claro. Kyle fez questão de pagar a conta. Ai! Acho que gamei! Foi gentil e cavalheiro demais.
Estávamos andando de volta para a picape, mas percebemos que - o mais estranho, o que eu disse antes de entrar no restaurante -, que não havia quase ninguém naquela rua. A mesma rua que tínhamos passado. Só havia, no máximo, quatro ou cinco pessoas (contando conosco). Kyle estava atrás de mim me acompanhando com uma das suas mãos no meu ombro.
Há essa hora eu já estava tonta com seu toque.
- Continue andando e não olhe para trás. - sussurrou. Claro que a reação de qualquer um é olhar para trás, eu fui olhar, mas ele se aproximou mais de mim para que eu não fosse capaz de virar com seu rosto tão perto. - Eu disse: Não olhe.
- Desculpe, mas é diíicil raciocinar quando o seu calor me faz ficar tonta. - tampei a boca imediatamente. Porque fui falar isso? Supliquei para que ele não tivesse entendido o que eu tinha dito, mas entendeu. Tanto que vi um sorriso se formando no seu rosto. Eu ia dizer um simples "Não ouse rir", mas resolvi ficar calada.
- Acelera o passo. - avisou. Eu podia sentir o calor da sua voz no meu ouvido, senti cocegas, mas também fiquei mais tonta. Aquilo era gozação né? Fala sério!
Ouvi passos acelerando atrás de nós.
Aceleramos o passo também. Quer dizer, começamos a correr. Os caras atrás de nós gritaram "parem!", mas até parece que duas pessoas que vão ser assaltados vão obedecer. As vezes, esse ladrões - todos na verdade, são muito burros. É a mesma coisa de você entrar no bate-papo e perguntar "O que você esta fazendo?" ou "Você está ai?", a pessoa com certeza vai ter que responder bem ironicamente. Tipo "Não, eu não estou aqui. É meu espírito" ou "Ah, eu estava me jogando do penhasco e resolvi falar com você.". Sério. Isso realmente te tira do sério.
Nos embrenhamos entre as árvores do Central Park. Estava escuro e assustador. Normalmente eu correria é para longe dali por causa daquela sensação, mas eu tinha certeza que isso não ia acontecer. Kyle tinha mostrado, não conscientemente, que era capaz de afasta-la. Eu me sentiria até confortável se não estivesse correndo de dois ladrões com armas apontando em nossa direção. 
Um deles atirou.
Kyle sabia que eu ia cair, eu já tinha tropeçado, e algo muito ruim ia acontecer quando aqueles caras nos alcançassem. Então rapidamente, quase nem percebi - tinha sido muito rápido e assustada era pouco para meu estado -, ele pulou fazendo uma incrível pressão sob o solo e nós colocou sob os galhos da árvore. Tomara que aguentassem... pera ai!
- Pera ai! Você... como... a... isso é...
- Impossível?
- Tirou as palavras da minha boca.
- Shiiiiiiii! - como ficar em silencio quando algo sobrenatural acontece com você? Ficar calma? Naquele momento? Só se ele estivesse zoando com a minha cara! E, como se não fosse o suficiente, comecei ficar sem ar. Meus pulmões começaram a fazer força para continuar a respirar, mas estava ficado difícil. O ataque estava começando. Procurei na minha bolsa os calmantes, mas eles caíram no chão. E, alem de super assustada, fiquei confusa e preocupada. Eu não sabia o que fazer! Então começou o estado 4: Desastrada. Isso piorava cada vez mais quando entrava no estado 4. Tomara que não chegassem no 5. Os caras lá em baixo perceberam a movimentação suspeita e misteriosa. Caminharam em direção a árvore que estávamos. Meus pulmões estavam cada vez mais apertados e minha glote estava fechando. Kyle estava assustado, apesar de eu ver nos seus olhos que aquilo não era novidade. Como? Ele nunca tinha me visto tendo um ataque! Só se... não. Ele não podia ser o ladrão do shopping. Não, ele era bom demais para roubar um shopping... ou talvez não. Eu me mexia tanto que um dos galhos caiu.
Eles viram.
Foram ver o que era e apontou a arma em nossa direção, mas ele não parecia nos ver. Só curiosos. Talvez pensando que estivessemos lá mesmo. Foi então que o pior de tudo aconteceu e não pior hora.
Passou para 5 fase.
A fase 5 era simplesmente a garganta quase fechada por inteiro e nenhum ar entrar mais nos pulmões. Eu já tinha colocado em fases de tanto que isso acontecia comigo. Não tinha mais nada a fazer, não mais... a não ser por aquilo.
Kyle fez respiração boca a boca... de novo.
Foi então que senti o ar entrando e saindo aos pouco e a glote abrindo.... pera ai! De novo? Eu tinha reconhecido aquilo. Era igualzinho o do ladrão do shopping. A mesma macies, a mesma temperatura quente e a mesma sensação. Eu reconheceria aqueles lábios em qualquer lugar, em qualquer situação, mesmo quase inconciente. Eu parei de me mexer.
Um filhotinho de algum pássaro saiu.
Eu nunca tinha imaginado que a minha vida e de Kyle ia ser salva por um filhotinho de um pássaro, mas foi o suficiente para os caras se afastarem. Parei de gemer por falta de ar e fiquei grata pelo oxigênio que entrava e saia dos meus pulmões. Nos entre olhamos só por um momento - quando consegui em fim poder respirar seu sua ajuda, para ser mais precisa - e surpreendente boca a boca para me salvar virou um beijo. Foi bem esquisito, mas virou. tentei imaginar nós dois desse jeito, nos beijando sobre um galho de árvore, e tive de me esforça para não rir.
Um beijo depois de tantos anos.
Era silencioso, calmo, macio, leve e sem qualquer propósito. Foi diferente de todos que eu já havia experimentado na minha infãncia. Era um beijo de verdade. Aquele que faz você ficar sem ar - imagina como fiquei então! Então as suas mãos desceu do meu rosto e um ficou no meu cabelo e outro nas costas. Demorou tanto que pensei que tinha passado a eternidade ali. Os caras que iam nos roubar já tinha ido até embora. Não havia sinal deles.
E de Kyle também. 
Sua boca de desprendeu da minha numa rapidez surpreendente e sumiu. Confusa era pouco. Onde ele havia ido tão de pressa? Não estava mais ali e nem em lugar nenhum. Será que fora só um sonho? Não. Não podia ser e nem era. Eu tinha provas disso.
Mais duas penas. 
Elas estavam caídas no chão ao meu lado. Como eu tinha vindo parar no chão mesmo?


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