- Anjo caído, exatamente. Eu cai por uma garota chamada Líris, aqui mesmo em Thira. Ela era linda e eu estava completamente apaixonado por ela, ou assim eu pensava. Eu perdi tudo por ela, fiquei literalmente caidinho por ela. Quando falo em perder, falo em perder um coisa que eu esperava a séculos. Ser um anjo da guarda. Uma grande conquista e responsabilidade para nós, anjo. Um estado muito respeitado. Você vira umsalvador.

"Mas eu cai, pensando que podia me tornar um humano e ficar com a garota (que tinha ido para Nova York e eu fui também), mas não. Um amigo meu veio comigo, não por querer, mas ele queria evitar que eu fizesse uma burrice. Mas já tínhamos caído e nossas asar já estavam negras e ficava rala de anos em anos. Entenda, anos parecia dias para nós. Tentei de tudo para virar humano, mas a garota morreu antes mesmo de eu sequer dizer um alô. Fora atingida por uma bala perdida numa perseguição dentro daquele shopping em que você trabalhava. Fiquei com tanta raiva... mas claro! Eu tinha perdido tudo, e nem podia voltar mais para o céu! Então declarei guerra a aquele lugar. Eu botava fogo, roubava, fazia de tudo, mas sem machucar as pessoas. Eu fazia tudo isso para atingir o dono, tinha sido por culpa dele e da ridícula segurança que Líris tinhas morrido.

"Mas... quando conheci Você... bom, na verdade eu já te conhecia. Você tinha uns 5 anos quando eu te vi pela primeira vez com Joanne e Athos, uma criança, mas que se tornou uma mulher quando passou pela porta do restaurante. Quase não te reconheci. Você tinha mudado tanto, só percebi pelo olhar. Eu decoro rápido as feições das pessoas sabe? Aliás, você pintou o cabelo? Pelo que me lembro... você tinha cabelos pretos... então quando você sentou naquela mesa enrolando uma mecha castanho-claro nos dedos, imaginei que nos veríamos muito mais vezes. Até mais do que eu pretendia.

"Acho que eu bati minhas asas em algum lugar quando te salvei daquela morte instantânea no shopping, o mesmo no caso da árvore. Você provavelmente deve ter percebido que acontece coisas estranhas com as penas. Bom, elas especificamente não podem ser tiradas - mas se você tentar ou matar uma pessoa, sim. Como eu disse, elas vão ficando ralas com forme os anos e até que... não sobre nada. Elas continuam em ligação comigo. Quando tem algum anjo perto de mim, não um anjo caído, as penas ficam brancas e depois somem. E quando o anjo vai embora, negras de novo. Mas quando são tiradas totalmente, a asa toda, a conexão morre. Acaba.

"Ah tantas coisas que eu queria te explicar agora, mas é melhor ir devagar. Eu não suportaria que você fugisse de mim depois que ouvisse tudo, todas as besteiras que fiz, não sou o melhor anjo caído do mundo. Mas nem o pior. Pode ter certeza. Pecar, eu pequei, e você não sabe o quanto eu queria me expiar*. Mas das coisas más que fiz, de todas as mentiras que eu já disse, só uma é verdade e é a coisa mais pura do mundo. Eu realmente te amo."

Tremi.

Apesar de aliviada, surpresa, lizongeada e intrigada, eu ainda estava assustada. Assustada porque eu pensava na frase todas as coisas más que fiz da historia em vez no que era realmente importante, como eu realmente te amo. Será que eu me importava realmente com todas as coisas más que ele tinha feito? Bom, ele tinha se arrependido... Apesar que se arrepender não fosse o suficiente para levá-lo ao céu. Literalmente.

Bom, mas ele me amava.

Isso era bom, maravilhoso, mas era redentor o suficiente para o Senhor perdoar Kyle por todo o mal que fez? Por todo o pecado, mentira, vingança e por ter desejado uma mortal? Acho que infelizmente não. Se Kyle estivesse mesmo falando a verdade - o que eu achava que sim - nem o amor era puro o bastante para expiá-lo Eu podia estar sendo egoísta, mas para mim era o bastante, o suficiente para perdoá-lo por tudo o que fez.

Era muita coisa para meu cérebro absorver.

Eu queria falar "Tudo bem. Eu entendo.", mas era muito mais do que isso. Isso despertava ficção e religião na minha mente... uma mistura horrível. Uma dor de cabeça até comparável.

- Kyle, posso pensar?

Era tudo o que ele não queria ouvir.