Asas negras escrita por Veneficae


Capítulo 2
Rumo a Nova York




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 Capitulo 1 - Rumo a Nova York

                  Nova Orleans - nos dias de hoje.

Eu tinha ido visitar seus pais que precisavam de ajuda em casa, em Garden District. Meu pai tinha quebrado a perna num acidente de carro, trágico. Louise, minha mãe, cuidava dele, mas era muito idosa para fazer-lhe todas as suas vontades e necessidades. Eu logo voltaria para Nova York, minha casa, e para meu trabalho no shopping.
Eu estava em algum lugar mais ou menos perto de Poydras St. indo a Café du Monde para encontrar Annetfull, minha prima, para nosso último encontro. Faltava menos de 5h para vôo de volta a casa. Com o carro correndo mais do que permitido, rezando para que não encontrasse nenhum guarda, segui pela Peters St. onde quase atropelei um velhinho. Coitado. Mas eu não tinha tempo pra isso. Coloquei o pé na tábua e quando cheguei estacionei no acostamento quase atropelando todos, localizei Anne e sentei ao seu lado.
- Você quer me matar não é? - perguntei aos tropeços.
- Não, o problema é seu se quer perder o avião. Eu te avisei. Ao 12h30min, mas Você não me ouve! - disse erguendo as mãos para o céu quase que gritando "Deus, me ajude!".
- Mamãe me prendeu lá implorando para que eu ficasse, meu pai também. E, ainda por cima, peguei um acidente no meio da rua perto de casa. Demorou duas horas! Dá pra acreditar?
- Não.
O garçom se aproximou.
- Eu vou querer o de sempre, capricha no leite. - eu fiquei em silêncio. - Café ao leite também Aure?
- Não, não dá tempo. Só água.
- Problema é SEU. - o garçom saiu e deixou a conta. Eu não podia acreditar que Anne pensava em café ao leite quando eu posso me atrasar na reunião com o chefe do Shopping. Ah, claro, ela não se importava.
O cara trouxe as coisas e um copo. Derramei o quase-congelada-água no copo e não me preocupei em exagerar no açúcar, eu precisava me acalmar.
- O problema é seu se quer virar diabética. - comentou.
- Cala a boca.
- Calma, aproveita! Até parece que quer ficar rápido longe de mim.
- Adivinha?
- O que?
- Você acha que eu gosto de ouvir você dizendo toda hora "o problema é seu!"? - imitei sua voz.
- Mas o problema é seu mesmo! Livre-arbítrio, lembra?
- Não precisa me lembrar. - olhei o relógio. Marcava já 1h27mim, faltava menos de 23mim. Eu teria que colocar a minha carta de motorista em risco de novo, uns pontinhos na carteira se eu tivesse azar. Eu não podia me atrasar.
Infelizmente aquele encontro ia durar menos do que eu esperava.
- Já era! Estou atrasada! - disse já me levantando.
- Calma, curte esse momento prima! Do jeito que você corre deve chegar em menos de 10 minutos.
- Pior que não. Até mais Anne. - ela, meio hesitante, me abraçou e desejou-me boa sorte. Ela sabia que eu odiava viajar de avião. Balançava muito. "Ah, e não esqueça de pegar seu carro no aeroporto" sussurrei a ela.
Sai aos tropeços pela porta e entrei no carro. Abaixei os vidros e dei a partida, e, claro, coloquei o pé na tábua.

Um trânsito horrível pelo caminho, uma aglomeração de gente na entrada do aeroporto e um atraso repentino e sublime do avião. Com certeza hoje não era o meu melhor dia.
Quando o avião chegou, atropelei os passageiros e logo encontrei meu assento.
Número 15.
Ótimo, meu número de sorte.
Mas não acho que um número pode salvar o emprego de alguém, muito menos quando seu chefe é um machista idiota completo. Ckipton, o meu "maravilhoso" chefe de segurança, riu na minha cara dizendo "uma mulher como segurança?" quando entrei pela primeira vez na porta dos seguranças. Eu podia ter dado muito bem uma voadora legal naquele rosto de sapo envelhecido e machista, mas eu precisa muito daquele emprego. Eu precisava sustentar meus pais, pagar o aluguel do apartamento, pagar o mecânico que estava arrumando meu novo carro (o carro novo, acho que era um Nissan 2010. Um conversível. Era um milagre se ele se mexesse quando eu voltasse a Nova York) e mandar dinheiro para minha irmã que estava em Washington cursando a faculdade de letras. Meu salário de segurança não era lá grande coisa, mas dava conta de todas essas despesas.
Mais ou menos 3h depois, em fim, chegamos.
Nova York, a cidade que nunca dorme.

Peguei um trem em Manhattan para a Time Square e obriguei minhas pernas a correrem até o shopping. E, como sempre, cheio de gente. Me espremi até o andar da direção de segurança e abri num estrondo a porta da sala.
- Atrasada, como sempre Aure Meron. - disse Ckipton com um ar arrogante na voz. Odiei isso. Odiei ele dizer o meu nome inteiro. A maioria me chamava de Aure.
- Me desculpe. - eu tinha mesmo que engolir sua arrogância? Ah, sim. - Meu vôo atrasou.
- Devia se preocupar mais com seu trabalho do que com seus pais, já que escolheu entrar num emprego de homens.
- Chefe, querido chefe Ckipton, as mulheres estão tomando conta agora, meu bem. Já há dois ou até mais países com uma mulher na presidência, existe até mulher trabalhando como pedreira (trabalho "considerado" só de homens) e no mundo inteiro as mulheres conseguiram abolir o termo "mulher tem que esquentar o bucho no fogão". - os meus 7 companheiros começaram rir em segredo, Ckipton olhou feio. - Então, não acha melhor me comunicar da novidade e me deixar trabalhar?
Ele bufou.
- Ótimo. - ganhei. Nem acredito que pude dizer isso! Mas eu tinha que defender a honra das mulheres, não? Mas infelizmente percebi que ele não me comunicaria tão cedo da novidade, mas, ao sair, eu sabia que alguém ia falar. De um modo ou outro.
Leonard foi primeiro.
- Hei! Aure... - correu até a mim.
- Vai dizer?
- Claro, seu substituto nas reuniões baby.
- Legal.
- Então, você sabe que teve um assalto por esses dias no primeiro andar não é?
- Claro, quem não sabe?! - esse assalto tinha causado muito terror na lojista que viu o assaltante, levou tudo. Vê se pode?
- Ckipton arrasou com todos os seguranças por ter permitido que isso acontecesse nessa reunião, ainda bem que você se atrasou. Todos estão atrás desse cara. A questão toda foi "porque sempre que esse cara roubava depois devolve? Ninguém é ferido, o cara nem usa arma ou etc!".
- Conclusão...?
- Mais gente trabalhando no turno da noite.
- O que?!
- Eu sei. Todos odiaram isso. Odeiam o turno da noite, odeiam o chefe, odeiam esse ladrão...
- Resumindo... eu estou enquadrada no turno da noite?
- Uhum, possivelmente. Ckipton te "adora".
- Eu também. - respondi com o mesmo sarcasmo da sua voz. Leonard com certeza não ia ficar no turno da noite. Ele não era TÃO jovem assim. Tinha uns 40 ou 45 anos e, se o ladrão aparecesse, ele não teria força e velocidade o bastante para alcança-lo.
Fui colocar a farda. Percebi que ele ainda estava receado que estivesse no turno da noite, até parece!
- Bom... mas pode ter certeza que você está salvo.
- O que você quis dizer com isso? Me chamou de velho?!
- Não! Velho? Até parece! - menti. - Eu só quis dizer que você tem muita sorte. Ao contrario de mim, - comecei o meu trabalho. - Ckipton gosta de você. Homem, claro.
- O cara é machista!
- É, eu sei. Sem nós não existiria nenhum vocês. Mas que tal trabalharmos agora? Hãm?
- Claro. Bate aqui! - aquele velho toque de irmãos.
- Até mais mano.
- Só... - então comecei o meu turno da manhã.


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