Asas negras escrita por Veneficae


Capítulo 19
Capítulo 8 - Expiar - parte 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/170578/chapter/19


- Você me deixou, e vai me deixar de novo. Tudo bem. Posso conviver com isso. Não se sinta obrigado, já basta um estar sofrendo.

- O que você está dizendo? Que eu vou embora? Que eu te deixei e deixarei?

- Adivinha. Mas pode ir. Até já me acostumei com a solidão mesmo. Não vai fazer diferença.

- Aure. - ele fez-me olhar em seus olhos segurando minha cabeça com a palma das mãos. Eu podia chorar ali mesmo. - Eu. Não Vou. Embora.

- O que? - agora era a minha vez.

- Eu não vou embora. Não mais.

- Você me deixou uma vez e pode continuar. Não se sinta obrigado, não sofra. Eu vou ficar bem.

- Eu não me importo comigo. Me importo com você.

- Comigo? Mas você...

- Sim, eu a deixei. Eu a deixei viver sem mim, caminhar sem mim, para ser feliz, mas eu nunca realmente a deixei sozinha. No penhasco, eu estava lá.

- Estava? Mas eu não vi... - observei.

- Quem Você acha que pagou aquele cara para te salvar? Eu sabia que, com as palavras certas, você desistiria daquela ideia maluca. Fui eu que liguei para Joanne ir buscá-la e eu fui com ela. Você estava tao linda... - comentou admirado. -... mas tao sozinha! Eu pensei em voltar, falei até com Joanne sobre isso e esse foi o problema.

Eu já fiz minha parte. Agora eu tinha entendido.

- Depois disso eu tentei ao máximo ficar longe de você, mas... é como um imã. Não importa o que eu faça, eu sempre volto pra você. Na praia de kamari, eu te observava. Na Moinho, eu estive lá e quase queimei a mão entrelaçada de vocês dois! No restaurante, foi a gota d'água. O ciumes que senti foi tanta que... bom, você sabe. Eu continuava a te proteger, mas eu não queria que Você me visse e ficasse paranoica de novo. Então: ou você está com essa tripinha seca ai no andar de cima ou ficou paranoica de novo.

Ofeguei.

Minha cabeça começava a girar de novo. Ele nunca tinha me deixado, pensei comigo. Bom, aquilo tinha sido o suficiente. Kyle me amava. Não havia outra explicação. Por mais se ele tentasse negar, aquela era a verdade. E eu por ele. Apesar de toda aquela situação incomoda, minhas veias pulsaram de alegria. E Kyle percebeu. Tanto que afagou minhas mãos - já sobre o colo - e as beijou delicadamente. Mas pena que ele fez isso. Agora eu não sabia se aquilo era um sonho ou não, mas era real o bastante para eu pensar duas vezes.

O barco parou.

Senti um frio na barriga ao pensar que - ao me obrigar a pensar que - ele não ia me deixar nunca mais. Eu quase podia ver diante de meus olhos nós dois velhinhos sentados no banco da praça no meio do Central Park e com a neve caindo sob nossos rostos, felizes. Talvez fosse precipitado demais pensar nisso, mas parecia que aquela imagem tinha grudado na minha mente. Pensei ouvir até Carter Burwell quando descemos do barco.

Antes de ir, voltei-me a Riley.

- Vamos nos ver de novo? - perguntou com inocência


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!