Nigel levou os três para o saguão e se despediu lá.

            - Eu sinto muito. Muito mesmo. - e foi embora de volta para a sala de Lufos.

Pedro se virou e disse que ia para a cozinha porque comia quando estava triste. E isso funciona, engorda, mas a tristeza vai embora mesmo. Principalmente com doces. Ele saiu de cena.

Tiago começou a caminhar até o Salão Comunal, sem mesmo olhar para onde estava indo. Sirius, para não ficar parado no meio do Saguão, seguiu Tiago.

            - Ei... - ele chamou.

            - Sirius...se não fosse você a gente não tinha chegado lá. Por isso, valeu. - ele disse. Recomeçou a andar.

            - Ei, ei, espera aí! Aonde você vai? - Sirius exclamou.

            - Acabou, Almofadinhas, chegamos tarde, o Remo morreu e eu vou pra casa agora. - Tiago disse.

            - Não, não vai não...

Mas Tiago continuou andando.

            - Para! - Sirius berrou. Tiago parou de andar. - Não vai não...ninguém nunca ficou comigo tanto tempo antes...e se você for...é que eu lembro melhor das coisas quando tô com você...e eu me sinto em casa quando...tô contigo.

Tiago suspirou e continuou andando. Talvez Sirius não tivesse entendido bem o que tinha acontecido por causa da pancada na cabeça. Passou por alguns garotos do sétimo ano  em frente à uma porta que dividiam um doce nojento.

            - Isso aqui é nosso, vai andando, fora, cai fora... - um deles disse. O outro deixou um pedaço do doce cair no chão e se abaixou para pegar.

Uma coisinha passava por debaixo da porta, uma miniatura de gente. Remo se levantou e perguntou para o cara que havia se abaixado.

            - Ei, vocês viram o Sirius?

            - Ei, ei, sai daqui, aberração, isso aqui é nosso, tá querendo o quê, hein? - disse o garoto. E deu um peteleco em Remo, que voou o resto do corredor para frente, na direção contrária de Tiago. Foi parar no Saguão, onde alguém sentado na grande escadaria estava prestes a chorar.

            - Sirius? Você tá legal? - ele perguntou. Sirius não tirou a cara das mãos e nem identificou a voz.

            - Eu não sei onde eu tô, eu não sei o que está acontecendo, eu acho que eu perdi alguém, mas eu não consigo lembrar... - Sirius explicou. Remo não entendeu o que tinha acontecido com a cabeça de Sirius, mas achou que tinha que ir devagar pra ele entender tudo.

            - Olha, eu também tô procurando outra pessoa...você pode me ajudar a achar. - ele disse.

Sirius se animou.

            - Oi, eu sou o Sirius. - ele disse tirando o rosto das mãos.

            - Eu sou o Remo.

            - Remo?!...que nome legal.

Sirius pegou Remo na mão como se ter amigos de cinco centímetros fosse a coisa mais normal do mundo e saiu pelo corredor que Tiago havia ido.

            - Potter! Tiago!! - os dois começaram a chamar.

            - Espera aí, quem é Potter? - Sirius perguntou coçando a cabeça.

            - É um amigo nosso.

            - Entendi. Potter! Potter! -ele continuou chamando.

            - Onde é que a gente tá? - Remo perguntou. Sirius se virou para ver se conseguia responder com base em alguma coisa no cenário. Viu uma porta escura e se lembrou de tudo.

            - AH! REMO! VOCÊ É O REMO!!! - ele exclamou apertando o outro na mão.

            - Sou, sou, eu sou o Remo...

            - Mas você morreu, eu vi, e eu fui embora com o Potter...O Potter.

Sirius lançou um olhar sombrio para o corredor e correu por ele. Parou nos garotos que comiam o doce nojento.

            - Ei, você viu um cara baixinho passar por aqui? - ele perguntou apressado.

            - Eé, eu vi sim, bonitinho, mas eu não vou dizer para onde ele foi e nem você vai me obrigar, entendeu? - um dos garotos disse. Sirius olhou feio para ele, arrancou o doce de suas mãos, enfiou no bolso junto com Remo e deu uma chave de cabeça no garoto.

            - Aaahrg! Tá bom, tá bom, ele tá indo naquela direção!

Sirius largou o garoto e fou correndo para o fim do corredor, fazendo a curva que o garoto havia indicado.

            - TIAGO! - Remo berrou vendo o outro andando pelo corredor.

            - Aluado? - ele disse se virando para trás. Arregalou os olhos e foi correndo até Sirius e Remo.

Teve lá o momento "oh, você está vivo" e coisa e tal, e tal e coisa, os mini abraços (é, abraço de dedo) e eles voltaram para o Salão Comunal.

            - Agora é só a gente ver no mapa e chegar na sala do Dumbledore sem se perder...que roupa é essa, Aluado? - disse Tiago colocando Remo no chão.

O quadro da Mulher Gorda girou e alguém entrou correndo.

            - Ei, gente, ouvi por aí um boato de que o Aluado tá vivo! - era Pedro, o estabanado. Veio correndo até o meio da sala para dar a “boa notícia” já meio atrasada.

Crec.