Enquanto ela comia e eu a observava, a campainha tocou. Juliard me olhou: 

– Pode atender pra mim? Vou pôr o prato na pia e depois vejo quem é. Meu pai não tem condições de ficar se levantando toda hora.

– Eu já disse que não estou velho – Reclamou o senhor Cleiton.

– Não pai, só está com seus 75 anos, está na adolescência não é? – Ele resmungou alguma coisa e saiu andando com dificuldade pro quarto e logo atrás dele saiu Juliard para levar o prato na cozinha. Já a gordinha estava provavelmente na loja de guloseimas ao lado trabalhando.

Eu abri a porta sem camisa mesmo e me deparei com o rapaz que me emprestou a jaqueta no vestiário da Universidade: 

– Justin?! – Ele me olhou espantado, olhou pro meu corpo e viu o estado que eu estava, de plena bermuda na casa de Juliard. 

– O que está fazendo aqui? – A minha cara se fechou.

– Será que Juliard me deu o endereço errado? – Ele olhou um pedaço de papel em sua mão e depois olhou pra mim, eu revirei os olhos.

– Não, esta é a casa dela.

– E o que você está fazendo aqui? – Ele indagou.

– Eu que te pergunto moleque, o que você está fazendo aqui? 

Neste momento Juliard chegou, passou por debaixo do meu braço que estava fechando o espaço aberto entre a porta e eu, e deu um sorriso ao ver o cara da jaqueta: 

– Que bom que veio – ela beijou o rosto dele – Pensei que não viria.

– Eu sou um homem de palavra – ele sorriu de lado e beijou a mão de Juliard. Eu não estava gostando nada daquilo, eu queria pular no pescoço daquele garoto.

– Entre ... – Ela me empurrou devagarinho segurando a mão do rapaz trazendo-o pra dentro. – Não se importe com Justin – ela acendeu a luz da casa – Ele está assim porque acabamos de voltar de um passeio, e precisava de um banho, e bom... eu não tinha roupa para emprestá-lo.

– Ah – sorriu o garoto da jaqueta – Um vestido seu cairia bem nele.

– Um roxo no teu olho também cairia bem em você – eu sorri com desdém e fechei a porta, vi que ele se contraiu como se temesse minha ameaça.

– Justin, por favor – Juliard me encarou.

– Juliard... – o menino virou pra ela e segurou suas mãos – Queria saber se você queria ir comigo na festa do meu priminho hoje a noite? 

– awn – ela sorriu encantada – De quantos anos? 

– Ele vai fazer três anos – Ele sorriu envergonhado.

– Juliard – eu cheguei perto dela e cruzei meus braços – Vamos comigo no parque da cidade, eu queria muito conhecê-lo.

– Mas Justin... – ela me olhou soltando-se das mãos do garoto – Já saimos hoje, não é? Então deixe eu sair com Damon agora.

– É muito mais interessante brincar em montanhas russas, rodas gigantes, carrinhos bate-bate, comer algodão doce do que ir em uma festa de criança.

– Lá vai ter morango com calda de chocolate derretida – ele sorriu como se achasse o melhor de todos – Vai ter algodão doce também, de qualquer cor – ele acrescentou – Tirando bolo, salgadinhos, refrigerante e todas as outras coisas que tem em festa de criança.

– Ela vai engordar assim – eu fuzilei ele com o olhar – Pelo menos no parque ela iria comer e emagrecer na montanha-russa e em outros brinquedos.

– Eu não ach... – Ele ia continuar a discussão mais Juliard cortou. 

– Estão parecendo duas crianças – ela falou séria – Justin, espere sua roupa secar e vá para sua casa, eu vou sair com Damon essa noite e não falamos mais nisso.

Fiquei olhando Juliard com a cara fechada e saí da sala deixando-os sozinhos. Eu sei que eu estava parecendo uma criança mimada, mas pera aí, a Juliard é minha, ou melhor... A Sophia era minha.

Coloquei a mão no rosto e dei um longo suspiro e depois baguncei o cabelo, parecia que eu ia estourar de raiva, de angústia... Juliard ia sair a noite com um garoto que não era eu. Sentei na cama de Juliard e coloquei a mão no rosto, alguns minutos depois alguém entrou no quarto mais eu não fazia questão de ver quem era: 

– Você precisa ser mais educado. – Disse Juliard. Fiquei ainda quieto e ela sentou-se ao meu lado na cama. – Ele foi legal com você.

– Ah, só porque ele me emprestou uma jaqueta uma vez na vida? – Eu a olhei, senti o quanto a raiva estava me dominando, e sei que Juliard tinha visto no meu olhar toda a raiva.

– Eu não consigo entender porque está com raiva, Justin! Você já saiu comigo hoje, somos amigos não somos?! Pois amigos não saem tanto juntos, você tem que aprender a dividir.

– Pois eu não quero dividir você, Juliard – Eu me levantei, andei em direção aonde minha bermuda estava pendurada, eu a peguei e vesti: 

– Você não pode ficar pensando que eu sou a Sophia a todo tempo – ela estava de pé atrás de mim – Eu sou Juliard, entendeu?! Ju-li-ard. – ela soletrou – Posso parecer com ela, mas sua namorada é outra, não eu... então não me confunda!

– Tá Juliard, bom passeio – Eu fechei a bermuda e saí da casa de Juliard sem nem olhar pra trás.

[...]

Fui pra República que era o único lugar onde eu poderia ficar, eu estava sem cabeça nenhuma para pensar em qualquer coisa, eu andava quase sem rumo... se não fosse pelo meu extinto de direção, eu não chegaria naquela República tão fácil como cheguei.

A porta estava encostada, eu abri e vi os três garotos bebendo uma garrafa que parecia ser de vodka, fechei a porta e seus olhares se direcionaram a mim: 

– Nem dormiu em casa né?! – Um deles comentou maliciosamente e o resto riu, eu revirei os olhos e subi as escadas correndo pro quarto, eu queria me trancar e deixar minha fúria fechada em um quarto comigo para não ter que descontar em nenhuma pessoa e me sentir arrependido depois. Na minha mente só passava em como aquele garoto ia ficar com Juliard. Será que ele iria se comportar?! será que ia ficar tocando nela?! Será que o passeio com ele ia ser mais divertido do que foi comigo?! 

Quando cheguei no quarto, Jannie trocava de roupa. Ela usava uma calcinha de renda vermelha e um sutiã branco, quando me viu entrar se assustou e cobriu seu corpo com um lençol: 

– Oh, Justin – ela parecia envergonhada – Eu não sabia que voltaria, você não dormiu essa noite aqui... me desculpa.

– Sem problemas – Eu balancei a cabeça querendo afastar os pensamentos de como ela tinha um corpo bonito. 

– Vou te dar licença, eu só preciso pegar minha roupa – Ela andou até a gaveta e a abriu vasculhando-a, fiquei olhando Jannie procurar o que queria e lembrei do beijo que ela me deu ontem e de quão simpática ela era... O que eu colocaria a perder?!

Agarrei Jannie por trás e comecei a beijar seu pescoço loucamente, ela se assustou mais logo entrou no ritimo da coisa, coloquei a mão por dentro de sua blusa e comecei a brincar com ela, seria uma ótima noite. Eu sabia que Jannie não estava levando a sério tudo aquilo, saberia que quando eu terminasse voltaríamos a nos falar como se nada tivesse ocorrido, sem cobranças, sem esperanças.

Conheci todas as partes do corpo dela assim como ela conheceu as partes do meu, eu estava sentindo meu corpo cansar depois de perder a noção do tempo alí com ela entre as paredes, meus músculos queriam se dissolver de cansaço, sentia meu cabelo úmido de suor, mas eu não parei. Fizemos inúmeras vezes, chegávamos ao clímax e recomeçavamos tudo de novo, até eu não agüentar mais, até sentir que nem Jennie conseguia achar forças dentro de si.

Eu estava jogado no chão com a respiração ofegante, sentia meu rosto molhado de suor, ouvia a algum lado do quarto a respiração ofegante de Jannie. Eu com dificuldade olhei pro lado e vi ela deitada no chão, ainda nua, ela estava de olhos fechados como se quisesse recuperar suas forças. Isso me lembrou Sophia, lembro quando transamos pela primeira vez e seus problemas respiratórios atacaram, precisou apenas de alguns minutos e eu já conseguia notar o quão difícil era pra ela suportar tudo o que eu tinha pra dar. Ela se sentia idiota por isso, se humilhava por não ser como as outras garotas. Mas eu gostava de Sophia daquele jeito, é por isso que eu a amava, ela era diferente.