A cachoeira ficava na direção de uma trilha atrás da casa de Juliard cheia de matos, plantas e flores. Seguimos a trilha em silêncio até chegarmos em um lindo poço de água cristalina, onde a água parecia ser preservada todos os dias. Eu abri um sorriso ao lembrar da primeira vez que vi Sophia nua em uma cachoeira na ilha dos canibais.

– A fonte dela fica mais pra cima. – disse Juliard – Eu amo vir pra cá, mas eu não sei nadar – Ela se encolheu como se tivesse vergonha disso.

– Você sabe sim – Eu a olhei lembrando de como Juliard se livrou várias vezes do perigo nadando.

– Eu não sei – ela se sentou em uma pedra – Eu nunca aprendi a nadar, eu não me lembro de ter aprendido.

– Todos sabemos – Eu sentei ao lado dela, eu sei que nem todo mundo sabe nadar, mas como eu iria insistir com Juliard que ela sabia nadar se pra ela eu tinha a conhecido em uma semana apenas?! – Mas todos temos receio de nos afogar – inventei uma resposta – Eu tô aqui com você, e você pode tentar.

– Justin, eu sempre venho aqui só pra olhar. – Ela olhou para o seu reflexo nítido nas águas claras.

– E qual é a graça de só olhar? – eu a perguntei – Temos que se divertir. 

Eu tirei minha blusa e pulei na água, senti como se fosse morrer de choque térmico com aquela água fria, mas pude notar que ainda tinha vida. Tirei minha cabeça de dentro da água e o excesso de água do cabelo.

– Vem Juliard – Eu a chamei, seus olhos se estreitaram e ela se encolheu mais. Pude ver o quanto ela temia, nadei devagar até ela e por um momento tive uma sensação de dejavú, lembrei de quando segurei nas canelas de Sophia naquela cachoeira.

Mas Juliard pareceu normal, não tomou choque de lembranças nenhum. Ao contrário disso, ela mordeu o lábio e eu pude ver que ela estava longe de querer aceitar a minha proposta: 

– Confia em mim – eu segurei em seus pés, sua pele arrepiou pela água gelada que havia em minha mão – Eu não vou deixar que nada te aconteça – eu olhei em seus olhos – Eu juro.

Juliard amadureceu um pouco a idéia e foi descendo devagar da pedra, a água batia mais ou menos em meu tórax, o que nela deveria bater no pescoço a água. Segurei ela pela cintura e dei um sorriso por sentir ela tão próxima de mim.

– Porque não tira o vestido? – perguntei – Não está de biquíne? 

– Eu... Eu não quero que me veja de biquíne, Justin – Ela sorriu envergonhada e eu ri pensando comigo que já tinha visto ela até sem roupa. 

– Vem, eu vou te ensinar. – Ameacei soltar Juliard e ela gritou se agarrando em mim.

– JUSTIN, SEU FILHO DA... – Ela ia me xingar.

– Olha o palavriado feio – Eu soltei um sorriso e comecei a estimular Juliard a nadar.

Ela tinha muito medo no começo, hesitou bastante, mas aos poucos ela foi tomando segurança nas suas habilidades na água e quando vi ela já nadava para um lado e para o outro. Neste momento Sophia não estava em minha cabeça, eu estava ali, me apaixonando mais uma vez... Por Juliard.

Juliard parecia a menina mais feliz do mundo. Como se fosse uma criança que tinha acabado de ganhar um brinquedo, ou um pobre ganhando na mega sena acumulada, era a coisa mais linda do mundo e a mais engraçada também. Depois apostamos corrida de baixo d'água, eu não estava disposto a ganhar, eu queria apenas vê-la feliz então eu só brincava e fingia querer ganhar, mas o sorriso no rosto dela não tinha preço.

Depois corremos descalços pela terra da floresta brincando de pega-pega, brincamos também de pique-esconde, subimos em árvores, cantarolamos canções enquanto em cima das árvores nos equilibrávamos para pegar uma acerola ou qualquer outra fruta. Parecíamos duas crianças. Foi incrível!

E pra terminar estávamos chegando na nascente da cachoeira quando Juliard correu e se tacou lá embaixo com um grito feliz, era mais de 6 metros de altura da nascente ao lugar plano da cachoeira mais próxima. Meu coração disparou, o barulho das águas fortes me fez ficar mais nervoso e lá de cima eu tentava ver se conseguia localizar Juliard, e no meio de águas correntes e espumas consegui ver ela sorrindo olhando pra cima e acenando para que eu fizesse o mesmo. 

Confesso que meu coração amoleceu, dei um sorriso, peguei distância e gritei: 

– LÁ VOU EEEEEU – E me taquei com direito a dois mortais e ainda cair perfeitamente na água chegando ao fundo da cachoeira que deveria ter uns 3 metros de profundidade. Nossa manhã tinha sido perfeita.

[...]

Voltamos para a casa de Juliard completamente exaustos, eu sentia meus músculos quererem se desenvolver em pó. A "mãe" de Juliard me deu uma toalha e pediu que fossemos tomar banho para almoçar, eu estava me sentindo em casa.

Tomei um banho de água gelada, coloquei uma bermuda do senhor Cleiton – que ficou um pouco folgada, o que fez Juliard rir – E fiquei sem camisa mesmo.

Na sala o senhor Cleiton assistia uma série de comédia, se eu não me engano era FRIENDS, mas preferi não comentar nada: 

– Ela se divertiu? – Ele perguntou me olhando.

– Sim – eu sorri satisfeito – Pelo menos foi o que pareceu.

– A expressão dela é bem mais bonita agora Justin, estou feliz por você ter chego na vida dela.

– Eu nunca deixei de estar senhor Cleiton, eu sempre vou estar ao lado da Juliard.

Ele balançou a cabeça e voltou a olhar a tv, alguns minutos depois a gordinha colocava a comida na mesa e me chamou para comer. Eu queria esperar Juliard descer, mas não podia fazer desfeita, então me sentei e comecei a comer um delicioso estrogonofe de carne.

Juliard só chegou quando eu já tinha terminado de comer. Ela vestia um short preto, uma meia calça, um all star de cano médio, uma blusa de estampa branca com algum destes bonequinhos da Disney que eu não sabia definir qual.

Seu cabelo estava solto e úmido até a nuca, seus olhos estavam sem maquiagem pela primeira vez e eu pude ver Sophia novamente por baixo de Juliard. Balancei a cabeça e abri um sorriso: 

– Está cansada? 

– Com disposição pra muito mais – Ela sentou-se ao meu lado e começou a comer sua comida.