Saí da quadra ainda um pouco atormentado com tudo que estava acontecendo, eu estava um pouco suado ainda e mesmo que o suor já tivesse secado eu me sentia nojento, então resolvi tomar banho alí mesmo no vestiário.

Tirei minha roupa e entrei debaixo da ducha de água fria, eu queria com todas as minhas forças que a água fria esfriasse meus nervos e levassem consigo toda a minha tristeza. Mas parecia que quanto mais eu ficava debaixo do chuveiro, mais eu sofria, mais eu pensava em Sophia e no que tinha acontecido com ela. Porque ela não lembrava de mim?!

Saí do chuveiro com a toalha na cintura, esfreguei meus olhos e suspirei fundo com as mãos na cintura olhando pra cima. Ouvi alguns ruídos ao lado de fora e decidi me vestir logo, coloquei a calça jeans e pus a blusa da escola no meu ombro enquanto eu secava o cabelo, e foi aí que três caras entraram e entre eles Thomas estava. Eles me cercaram, Thomas no meio e um cara a cada lado dele. 

Eles vestiam a jaqueta do time deles, estavam com os braços cruzados na frente do peito e me encaravam.

– O que você quer aqui, Thomas? – Eu perguntei encarando ele também.

– Vim aqui te ensinar a não mexer com a garota dos outros. – Ele rangeu entre os dentes. 

– E pra que esses caras aí... – eu olhei pros dois que estavam com a cara fechada – A garota é deles também? 

– Olha como você fala, cara – Thomas partiu pra cima de mim com um empurrão, mas eu fui direto lhe acertando um soco, ele agaixou com a mão na cara e veio os dois marmanjos eu empurrei um e quando o outro investiu eu o chutei. Thomas tentou me agarrar pelo pé mas consegui chutar seu rosto, um deles me agarraram por trás e o outro me socou a cara, vários socos na barriga, eu chutei suas intimidades e ele gemeu, tentei me debater mas ele não me soltou. Ao contrário disso veio Thomas com o rosto sangrando bater em mim, mas uma alma viva apareceu.

Juliard apareceu com um taco de baisebol na mão e meteu na cabeça de Thomas e ele tombou, o outro veio pra cima dela mas ela o acertou na barriga, isso distraiu o que estava me segurando, eu consegui empurrá-lo e eles vieram na gente. Coloquei Juliard atrás de mim e soquei um no rosto, logo o chutei e ele bateu contra os armários do vestiário. O outro, Juliard fez questão de acabar, dando uma tacada em suas intimidades com toda sua força. 

Os três deitados no chão, uma cena que parecia que eu já tinha vivido antes, minha respiração estava ofegante, eu olhei pra Juliard e ela sorria: 

– Olha, eu pensei que só ia fazer isso nos meus sonhos de piratas mesmo. – Ela abriu um sorriso e eu não consegui controlar um sorriso encantado por estar com ela ali perto de mim.

Saí com Juliard do vestiário e fomos pro quarto dela onde ela dividia com uma menina loira – que segundo Juliard, era líder de torcida – e se chamava Flávia. Ela deu um sorriso de ponta quando chegamos e principalmente ao me ver:

– Olá Juliard – ela cumprimentou Juliard que apenas assentiu com a cabeça de retorno. – Não vai me apresentar seu amigo? 

– Receio que você já o conheça – Ela bufou e andou até sua cama, eu a segui e sentei ao lado dela na cama.

– Querida Juliard – ela mecheu no seu top realssando seus seios – Você sabe que não pode ficar com meninos no quarto, não é? 

Eu e Juliard nos entreolhamos, não estávamos querendo fazer nada mais do que estudar, e Juliard cuidar do meu ferimento no canto da boca – como ela já tinha mencionado antes -, mas se caso a diretora passasse por alí, iríamos nos ferrar.

– Mas posso ficar aqui com vocês se quiserem...

– Vamos estudar Física e Sociologia – ela disse – Você gosta? 

– Amo! – ela sorriu e se sentou ao meu lado beijando meu rosto – Prazer, Flávia.

Como se não bastasse quase colocou os peitos na minha cara, mas eu desviei o olhar para Juliard que já estava de pé mechendo na gaveta de remédios. Ela se aproximou e limpou o canto da minha boca que deveria estar sangrando.

Eu não conseguia tirar os olhos de Juliard, mesmo com um jeito totalmente diferente de Sophia, ela continuava linda. Continuava também fazendo meu coração disparar, eu simplesmente a amava, não importava se ela mal se lembrava de mim, mas eu estava decidido em tê-la de volta.

Flávia não perguntou como me machuquei, mas enquanto eu explicava pra Juliard o trabalho de Sociologia, ela ficou lixando a unha e de vez em quando se aproximava o suficiente de mim para sentir sua respiração quente. Aquilo estava me deixando agoniado, mas o que eu poderia fazer?! 

A porta do quarto se abriu e a diretora da escola entrou no quarto, Flávia se ajeitou na cama e Juliard apenas parou de escrever o que eu ditava pra ela e olhou pra porta. A diretora vestia calça jeans e um sapato alto com um casaco branco: 

- Senhor Bieber e Juliard, por favor, me acompanhem até a sala da diretoria.

Eu e Juliard fomos ao lado da diretora nos entreolhando. Juliard estava cautelosa, ela andava olhando pro chão e eu não sabia o que dizer, então pus minhas mãos no bolso da calça jeans. Andamos em torno de uns 10 minutos em silêncio até chegar na sala da diretora. Uma sala ampla, com muitos livros, cadernos, folhas, lápis, quadros e gavetas. 

– Sentem-se – a diretora pediu enquanto caminhava pra cadeira preta depois da mesa de madeira. Nos sentamos e ela nos olhou: 

– Encontraram Thomas, Pattison e Jew no banheiro, deitados, com ferimentos... Disseram que vocês dois tem algo a ver com isso.

– Nós... – Juliard ia falar alguma coisa mas eu a interrompi.

– A senhora acha mesmo que eu e Juliard poderíamos ter posto três marmanjos de músculos no chão? – Eu a encarei e ela levantou uma sobrancelha.

– Seria um tanto improvável – ela mordeu o lábio e olhou Juliard de cabeça baixa – Mas acho que Juliard tem algo a me dizer.

Percebi que mentir não era o forte de Juliard, eu olhei pra ela e dei um suspiro:

– Bom... – ela me olhou e depois olhou a diretora – Eu fui na quadra porque tinha perdido as chaves do meu quarto, e quando estava voltando eu ouvi gemidos baixos – ela deu uma pausa e continuou – Eu entrei no vestiário e vi Jew segurando o Justin e Pattison batendo nele, Thomas já estava no chão.

– Então quer dizer que Justin já tinha batido em Thomas? – Ela perguntou.

– Diretora, eram três contra o Justin! O que a senhora esperava? Que ele não reagisse? Que ele deixasse que três caras batessem nele?!

A diretora se calou mas reprovou Juliard com o olhar. Ela se endireitou na cadeira e consegui ver um pouco de Sophia se sobressaindo sobre aquela menina tímida de preto.