Korean Moon escrita por Lady Sarah
- Ainda falta mostrar-te uma coisa. – disse Su, e arrastou-me até uma varanda. – Esta é uma das minhas divisões preferidas: a piscina!
“Como será que adivinhei?”, pensei ironicamente. Era típico de Su, ela adorava piscinas. Aliás, ela adorava tudo o que era água - sempre fora assim, desde que éramos miúdas.
- Se o tempo melhorar, fazemos aqui uma festa para tu os conheceres. – disse ela mas, quando eu ia recusar, alegando que não trazia roupa apropriada, apareceu uma pessoa que conseguiu alterar todo o rumo de conversa.
- Okaa-san! Okaa-san? – gritava uma criança, aflita. – Okaa-san, watashi wa porotugarujin desuka.
- Hai porutugarujin desu. – respondeu ela e, ao ver o meu olhar inquiridor, respondeu. – É que no jardim-de-infância dizem que ela não é coreana porque a mãe também não é e etc., então ela está-me constantemente a perguntar se é ou não portuguesa, se é ou não coreana.
- E é?
Ela olhou-me, como se eu estivesse mal da cabeça. – Óbvio que é, não?
- Ah pois é, desculpa. – respondi, constrangida. – É que não parece nada oriental, sai muito a ti, pelos vistos.
- Sim. – respondeu, e olhou para a sua filha, que estava meio enfiada atrás das suas pernas a olhar para mim. – Ei, Susana-chan…. A Catarina não morde.
- Cata…. Quê? – a pequena franziu o sobrolho e eu agachei-me, à frente dela.
- Podes chamar-me Moon, é como as pessoas nos distinguem.
- Moon... Hajimemashite!
- Yoroshiku, Susana-chan. – respondi eu e ela puxou-me rapidamente para dentro de casa. Continuei a andar ao seu lado até que cheguei ao quarto dela.
– Aqui é o meu quarto.
- Oh… Sabes falar português?
- Mamã ensinar-me. – respondeu ela, sorrindo. A seguir, tirou umas bonecas do armário e entregou-mas. – Brinca.
- Hum… - oh boa, logo eu que nunca tinha gostado muito de crianças… e que sempre odiara bonecas… - Quem é esta?
- Não sei… Diz-me tu. – respondeu ela. Oh boa, ainda por cima tinha de inventar um nome.
- Fuckieu. – respondi, a brincar. A Su iria rir-se quando soubesse que eu dera à boneca da filha um nome que não parecia lá muito ético. – E o teu boneco, como se chama?
- Hum… - ela pareceu pensar. – Iuáre Idiote.
Por essa é que não esperava. Então ela sabia inglês? Ou seria só coincidência que o nome Iuáre Idiote soasse como “You are idiot”!? Tentei concentrar-me na brincadeira, mas essa dúvida ainda persistia na minha mente.
Depois de passar cerca de meia-hora a assistir aos namoros e às choradeiras de Fuckieu, a Su decidiu resgatar-me.
- Ei, Moon… Queres vir dar uma volta? Vou ao supermercado.
- Claro que sim…
Susana levantou-se e levou Iuáre consigo até chegar à mãe. – Tem de ser agora? Iuáre ia pedir a Fuckie em casamento!
- Fuckie? – ela dirigiu-me um olhar interrogador.
- Ah, nós já conversamos! – disse, exausta. – A Susana vem connosco?
A Su diz que não e saímos, tendo o cuidado ao trancar as portas. Por muita confiança que ela depositasse na filha, todo o cuidado era pouco.
Ao entrar no carro, interrogo-a. – Su, a tua filha… ela sabe falar inglês?
- Hã? Porque é que perguntas isso?
- Por nada em especial. Ela sabe?
- Não propriamente.
Respirei de alívio.
- Mas tem um vasto vocabulário no que diz respeito a palavrões ingleses.
- O QUÊ?
- Sim, qual é o espanto? Convive quase diariamente com um bando de idiotas que só bebe cervejas e diz asneiras quando não está a trabalhar.
“Boa, Catarina…”, pensei. “Acabaste de entrar na onda deles.”
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!