Os dias foram passando com mais pressa, e Daniel continuava chateado com a história contada por Will. Ele queria muito mesmo ficar com aquela Charlie, queria apenas uma ficada, nada de sentimentos. Tinha ficado com mais de cinco meninas durante esses dias, mas nem assim Charlie saía de sua cabeça.

Naquele dia, ele estava, mais uma vez, sentado em um dos bancos da escola, conversando animadamente com Will, sobre uma garota que o primo tinha pegado. Chamava-se Anna, algo assim.

– Olha ali - falou Will, cutucando o primo. - Lá vem sua Charlie.

Daniel se virou tão rápido, que pensou que seu pescoço havia estalado. Charlie andava pelo pátio, segurando uma criança de no máximo alguns anos, 2 ou 3, por aí.

Pegou-se apegado com a cena, com um misto de afeição, e desejo. Ela daria uma boa mãe, pensou ele.

Espera! Por que ele tava pensando isso?! Em filhos?! Fala sério!

– Hey, Dan - ele escutou uma voz chamá-lo, e não era a de Will. Olhou pra frente, e deu de cara com Alícia Cameron, na sua frente, com um sorriso sedutor.

– Ah, oi, Alícia - disse ele, cruzando os braços. - O que foi?

– Nada, é que... - ela olhou-o de cima pra baixo. - Eu realmente gostei daquela noite, sabe? E eu e você podíamos... Você sabe, repetir a dose.

Daniel não se sentiu tão tentado à fazer aquilo como se sentia antes. Naquele momento seus sentidos clamavam por Charlie Agron, e por mais ninguém.

– É, quem sabe, no futuro - disse ele, sorrindo amarelo.

O sorriso de Alícia foi se perdendo.

– Como assim?

– Olha, Alícia - ele disse, educadamente. - Você é uma garota muito linda, mas... Eu to em outra, sacas? Eu to gostando de outra garota, e eu não acho que consigo ficar com você, enquanto penso em outra pessoa. Seria injusto.

Nossa, pensou ele, surpreso, não pretendia colocar tanta sinceridade nessa frase.

– Okay, mas você ainda vai vir atrás de mim, Daniel, você vai - disse ela, seca, e saindo dali, rebolando.

Daniel girou os olhos, enquanto Will ria da frase do amigo. Daniel voltou a olhar pra onde Charlie estava, e não a encontrou mais. Foi quando decidiu que queria ir ao banheiro.

– Hey, cara, to indo no banheiro - disse Daniel, se levantando, e dando um leve soco no ombro de Will, e depois os dois trocaram um high-five. Foi caminhando até a pequena salinha onde ficavam os banheiros, e enquanto caminhava pro banheiro masculino, escutou um chorinho.

Ele parou, e então foi mais perto de onde o choro vinha. Ele estava dentro do banheiro masculino agora, e seguia o barulho do choro. Abriu os boxes, e então finalmente se deparou com uma garotinha pequena, de cabelos loiros. Aquela que ele tinha visto com Charlie. Droga, ele odiava pirralhos!

– O que você tá fazendo aqui? - ele foi grosseiro.

– To me escondendo da Char - disse a garota, fazendo biquinho.

Ele deu um suspiro, e se agachou.

– Por que você tá se escondendo dela?

– Ela não me ama mais - disse a menina, com um bico de birra tão engraçado, que ele teve que se segurar pra não rir. - Eu ouvi ela falando pras meninas que eu cansava demais. Ela não liga mais pra mim. Agora ela só liga pra aquelas amigas chatas dela, e nem brinca mais comigo de Barbie.

Okay, agora ele tinha sido pego.

Deu um suspiro cansado, e se sentou ao lado da garotinha, se encostando na parede.

– Como é seu nome? - perguntou ele.

– Mary - disse ela, olhando-o. - E o seu?

– Eu sou Daniel, mas você pode me chamar de Dan, ou Dani - falou ele, sorrindo. - Olha, Mary, a sua... Ela é o que sua?

– Irmã...

–... A sua irmã, ela está numa fase que passa mais tempo com as amigas, sabe? Só porque ela disse que você cansa, é porque você é a caçula, mas só porque ela não faz mais todas essas coisas com você, não significa que ela não te ame - falou ele, mexendo nos cabelos loiros dela.

Mary deu um enorme sorriso, e o abraçou.

– Obrigada, Dan-Dan.

Ele ficou surpreso com o abraço da garotinha, mas não deixou de corresponder, com um leve sorriso nos lábios. Ela era inocente, ele entendia.

– Você pode me levar de volta pra Char? - pediu ela, com um rostinho tão lindo, que ele não teve como recusar.

– Tá, eu te levo - falou ele. Vai ser uma boa maneira de eu falar com ela, pensou ele.

– Obrigada! - ela viu ele se levantando, e estendeu os braçinhos. Daniel respirou fundo novamente, e a pegou nos braços. Foram saindo do banheiro, e então depois de um tempo, ele finalmente a avistou. Ela parecia desesperada, provavelmente deveria ter ficado procurando a irmã, e não tê-la achado.

Assim que viu que Daniel segurava Mary, Charlie deu um suspiro, aliviada, e foi correndo na direção deles.

– Mary! - exlamou Charlie, pegando a garotinha nos braços. - Meu Deus, você quase me matou de susto! Nunca mais faça isso com isso!

– Desculpe, Char - falou Mary, abraçando-a, com força. Charlie não resistiu, e também abraçou a irmã.

Daniel ficou parado lá, sem saber o que fazer. Assim que viu ele, o coração de Charlie acelerou, e ela colocou Mary em um dos braços, e com o outro livre, ela colocou uma mão no ombro dele.

– Muito obrigada, Daniel - falou ela. - Eu quase morri procurando ela. Obrigada por tê-la achado.

– De nada - falou ele, dando de ombros. - Ela é adorável.

– Eu sei - falou Mary, rindo.

– Convencida - falou Charlie, dando um tapinha no braço da loirinha. - Voltando... Daniel, como eu posso te agradecer por ter feito isso?

Ele ficou pensando. Não ia perder a oportunidade de encontrá-la, certo?

– Bem - ele falou, casualmente. - Você e eu podemos ir nos encontrar no cinema, sabe? Assistir algum filme...

– Eu tenho namorado - falou Charlie, corando.

– Vai ser só um filme, eu prometo...

Charlie respirou fundo, e olhou pro chão.

– Okay - falou ela, abrindo um belo sorriso. - Vá até minha casa na sexta. Você me pega às oito.

CONTINUA...