The Life Of A Demigod escrita por Bruna


Capítulo 9
Nossa volta para casa




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    Fiquei tentando encaixar tudo aquilo na minha cabeça enquanto esperava para ir embora. Não deve ter se passado tantas horas como eu imaginava, mas um bom tempo depois Quíron começou a chamar todos para irmos descendo. Pelo canto do olho vi Atena falando com Poseidon, enquanto os dois olhavam para mim. Pela minha sorte Quíron me pediu para descer junto com a primeira turma e Poseidon não me transformou em uma poça de água do mar. Eu sempre gostei do mar mas agora provavelmente tentaria evitá-lo. Podem me chamar de covarde, e também de envergonhada.

    Descemos o elevador de volta para o mundo mortal e esperamos na van com Argos, sempre quieto e nos olhando com todos aqueles milhões de olhos espalhados pelo seu corpo. Era esquisito olhar para ele então tentava sempre desviar o olhar.  Depois que a primeira van ficou cheia nós seguimos para o acampamento, todos falando sobre o que havia acontecido, todos agitados, só eu fiquei quieta, tentando passar despercebida para não me fazerem perguntas, perguntas que eu não poderia responder. No começo ninguém me notou, mas um semideus com hiperatividade parado? Era estranho, era claro que alguém iria me perguntar algo logo. Pâmela já estava se aproximando, resolvi perguntar algo para ela antes que ela me perguntasse primeiro. Pela minha sorte uma menina do chalé de Ares, que eu não sabia o nome, cutucou ela nas costas e ela ficou conversando com ela.

       -E ai, como foi a conversa com seu pai? – Perguntei a Laura que estava no meu lado.

       -Foi demais! – Ela disse abrindo um enorme sorriso. – Nunca pensei que o deus dos mortos fosse tão legal, ele até me prometeu um cãozinho infernal.

       -Um cão infernal? – Não pude deixar de dar uma risadinha. – Mas isso não é meio... hm.. Perigoso?

       -Quem sabe. – Ela ficou um pouco pensativa. – Mas eu dou um jeito.

        Depois ela se virou e começou a conversar com Gustavo, que sentava ao seu lado.

        Assim que chegamos no acampamento todos foram, agitados mas cansados, para seus chalés. Ainda era um pouco cedo mas mesmo assim estávamos todos cansados. Deitei na minha cama e tentei não pensar naquilo, era difícil não pensar, Poseidon era meu pai e ele nem mesmo sabia, nem mesmo teve algum relacionamento com Atena. Ela se arrependia de eu ser filha dela e pedia desculpas ainda por cima, claro que não vou me sentir um lixo, minha mãe só falou que se arrepende de ter me gerado, só isso. Poseidon deve estar querendo me matar agora, teve uma filha com uma deusa que ele odeia sem mesmo saber, ou quem sabe queira exterminar Atena, se isso fosse possível. Ou os dois. Só sei de uma coisa, por mais que eu ame o oceano, a água e tudo mais, eu ia ficar o mais longe que eu conseguisse disso.

        Não demorou muito e eu já estava dormindo. Por sorte, se é que um semideus tem sorte, não tive nenhum sonho. O resto do dia foi normal, fizemos nossas atividades de sempre e nada de mais aconteceu. Eu tentei ao máximo não pensar no que Atena falara para mim no dia anterior. Não foi tão difícil assim. Nem mesmo Percy ou Annabeth vieram falar comigo sobre isso, será que Atena se arrependeu de contar para eles e de alguma maneira excluiu essa informação da cabeça deles? Não, acho que ela não faria isso.  O resto da semana foi assim, normal.

Já era 20 de dezembro, Quíron disse que iria liberar eu, Pâmela, Laura, Gustavo, Lohane que éramos do Brasil três dias antes do natal. E que dia 27 já deveríamos estar no acampamento. Iríamos sair na manhã do dia seguinte, eu estava feliz por voltar pra casa, e nervosa também. Mesmo estando no acampamento a um pouco mais de uma semana eu sei que iria sentir saudades daqui, não preciso esconder a verdade de ninguém, ou quase toda a verdade, todos eram como eu. O pior era ter de esconder a verdade dos meus pais, eles iriam ficar confusos e provavelmente me levar em um psiquiatra e não me deixar voltar para o acampamento que eles pensavam ser apenas um acampamento de férias com adolescentes normais. E eu teria de parecer normal, como se nada acontecido, como se eu não tivesse descoberto que meus pais na verdade não eram meus pais biológicos, isso porque nem eles mesmo sabiam que não eram.

         Todos já estavam entrando na van quando Percy me chamou para conversar em um canto mais discreto para ninguém escutar.

         -Hã, então, irmãzinha não sei se Zeus já sabe mas aconselho você a não voltar para o Brasil de avião. É meio perigoso para filhos de Poseidon ou de Hades, devia avisar sua amiga também. Pode não acontecer alguma coisa por você porque nem papai mesmo sabia que você era filha dele então Zeus não deve ficar com raiva, mas tem Laura...

      -Hã, ta bom. Vou avisá-la. – Eu geralmente não era muito boa com respostas mesmo. Percy também não devia ser, apenas me deu um abraço sem jeito e envergonhado e foi até Annabeth.

       Peguei minhas coisas e fui até a van. Laura estava esperando lá fora e todos os outros já haviam entrado. Argos iria nos levar ao aeroporto e parecia paciente a ponto de esperar a tarde inteira.

      -Não é uma boa ideia você ir de avião sabe...

      -Ah, eu sei, Billie vai me levar.

      -Billie?

      -É, meu caozinho infernal. – Ela disse enquanto um cão gigante, peludo e preto saia de traz dela. Não parecia muito brabo mas dei um passo para traz. Ela riu.

      -Tudo bem, ele não vai te machucar.

        Nós se despidimos e ela foi até a floresta. Como ela iria viajar em cima de um cavalo para o outro lado do mundo? Eu não fazia ideia. Entrei na van e fiquei em silencio até chegarmos ao aeroporto. Eu tinha medo de altura, tinha medo de Zeus, é. Mas não havia outro jeito de ir. Rezei para Atena não ter lhe contado nada e entrei no avião. 


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Notas finais do capítulo

Eu sei que as férias lá nos Estados Unidos são diferentes das nossas, que são no meio do ano mas enfim...



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