The Black Halo escrita por Akashitsuji


Capítulo 8
Capítulo VII - Perched, and sat, and nothing more.


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, perdoem-me por tanto tempo sem um novo capítulo! Tive alguns problemas a resolver, provas a fazer, e o tempo era curto. Porém, mesmo sem tê-las terminado, dou-lhes o capítulo VII! Provavelmente até o final da semana ainda postarei o oitavo capítulo, compensando pela curto hiato da fic. Obrigado por lerem até agora, e desculpem-me pelo suspense excessivo que acabei criando!
Obs: Aparentemente o site está retirando automaticamente o espaçamento entre os parágrafos. Trata-se apenas de mero aspecto visual, mas optei por comentar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/168813/chapter/8

Explosões; Tiros; Rugidos de dor; Corpos contra o solo. Eram estes os sons que Sebastian ouvia enquanto saltava com classe e perfeito ritmo ao topo das muralhas monocromáticas que cercavam o terreno da mansão Phantomhive; Seguia destemidamente contra uma formação de paredes totalmente irregulares e desprovidas de qualquer forma fixa ou até mesmo entradas, na maioria das vezes. Se alguém pudesse ter uma vista aérea desta parte, teria a impressão que a estrutura irregular se assemelhava a raízes.

- Estou aliviado por serem tão ruins nas tarefas domésticas, mas tão bons em destruir alvos com eficiência.

Pensou o homem de preto aproximando-se agora com passos lentos à estrutura central das “raízes”, uma espécie de cubículo fechado exceto pelo topo de onde as subseqüentes paredes disformes e irregulares saíam. Para olhos humanos, soava como apenas um cubículo sem portas natural, apenas quadriculado de preto e branco. Porém, os olhos do mordomo viam uma camada de realidade invisível para todo o resto, viam uma base circular ao invés de quadrada que se assemelhava bizarramente a base do tronco de uma árvore seca e morta há muito.

Através de sulcos profundos, rachaduras e brechas, Sebastian podia visualizar a noiva de seu mestre presa pelos braços abertos a uma espécie de pequena e aparentemente frágil muda de planta. Ainda era verde claro, supostamente macia e vulnerável a ataques, antes que se transformasse em uma árvore completa e com tronco resistente.

O homem de preto sabia do sistema de crescimento da árvore e devia se apressar para que pudesse libertar a jovem antes que fosse tarde demais e a árvore infernal levasse sua alma e a deixasse como uma morta-viva.  Sem perder tempo lançou-se por cima dos muros tortuosos empunhando cinco lâminas de suas facas em cada mão, apostando o aço contra a superfície carnuda da planta de forma com que a retalhasse sem ameaçar um fio de cabelo da pequena dama.

- Sempre um passo à frente, Sebastian!

As lâminas de prata polidas ao ponto de refletir a imagem daquele que as usava se chocavam contra a muda emitindo um som brusco e inesperado. Ao som da voz de Mephistopheles que ressoava pelo cubículo, a densidade da prisão primordial da dama transmutou-se rígida como pedra, impedindo o corte prematuro. Em seguida, duas quimeras aterrissavam no limitado espaço que complicava mais ainda a situação.

- Você devia saber que esta é a peça principal do jogo, não é? Como bom jogador que sou, não deixarei que adiantes meu ápice dramático! Perdoe-me Sebastian, mas não é desta vez...

A quimera falava humanamente, porém, era óbvio que o fez, apenas pelo comando de Mephistopheles. Na realidade, todos os movimentos desempenhados foram manipulados simultaneamente pelo homem com o singelo mover de seus hábeis dedos; Eram oito peões para nove dedos e meio, era presumível que houvesse um uso secreto para os dedos restantes. Um deles era a manipulação da própria árvore, que atuava como uma verdadeira torre imóvel; O outro certamente era aquilo.

Sons de explosão e tiros propagavam-se pelo campo de batalha da mesma forma que o cheiro da pólvora e do fogo preenchia os pulmões dos “cavaleiros” Phantomhive e seu Rei. Em harmonia com os consecutivos e derradeiros suspiros moribundos das criaturas e o derramamento do sangue primordial que fora fornecido por Julian, as raízes da árvore infernal que na verdade eram nada mais que as próprias muralhas espalhadas não só verticalmente como horizontalmente absorviam o liquido, amadurecendo rapidamente a árvore.

O próprio chão quadriculado se tratava de mera extensão bizarra da estranha forma de vida que residia no centro “crucificando” a loira. A dramática queda das bestas simbolizava para os servos uma vitória digna, mas para Sebastian, uma tarefa a mais para se lidar. A planta expandiu-se violentamente, ameaçando esmagar o mordomo e as quimeras contra as paredes resistentes se estes não tivessem pulado para galhos que ascendiam e surgiam tomando o céu.

Mesmo incompleta quando comparando a quantidade de sangue restante para regá-la, a magnitude da árvore superava qualquer planta do mundo humano numa escala absurda, principalmente sabendo que possuía maior potencial de crescimento. O som de sua ascensão e o tremor causado pelo surgimento de sua grande estrutura rasgando o solo alarmou prontamente os servos e seu senhor, todos direcionando seus olhos contra o grande obelisco espectral negro.

Assim que o crescimento cessou e o novo centro do campo de batalha rendeu-se imóvel, as quimeras saltaram simultaneamente contra o mordomo abrindo suas asas e avançando rapidamente numa tentativa de derrubá-lo para matá-lo na queda. Por mais que o instinto bestial das abominações fizesse com que saltassem para rasgar o homem de preto, aquele que as manipulava sabia perfeitamente que não o matariam, apenas conseguiriam feri-lo temporariamente. O objetivo era outro: Fazer com que Sebastian se defendesse e regasse mais ainda sua pequena plantinha para que iniciasse a nova rodada do jogo.

Sebastian sabia deste objetivo. Porém, não havia outra opção além de lutar, visto que Mephistopheles mataria Elizabeth ou seu jovem mestre se não colaborasse com o desenrolar de sua peça distorcida e bizarra. O mordomo Phantomhive devia se deixar seguir o fluxo por enquanto para alterar o fim do jogo quando propício.

Poucos instantes antes das garras atingirem-no, o mordomo deixou-se cair de braços abertos do galho com uma pequena distância entre este e as quimeras que agora deveriam perder o equilíbrio temporariamente antes que pudessem abrir suas asas e voar em descida contra seu alvo. Por outro lado, o servo chefe dos Phantomhive planejava o sepultar da liberdade aérea de seus adversários.

Empunhando outras facas em mão ao invés das que usara outrora contra a planta, o homem de preto aguardou enquanto em queda para que os leões alados avançassem contra ele mesmo numa queda rápida favorecida pela gravidade. Lançou então cinco facas contra cada asa da primeira quimera, atingindo certeiramente pontos de articulação e musculatura da asa, retirando toda a estabilidade aérea e a capacidade de vôo desta. Num chute violento com a ponta de ambos os pés na base do queixo da besta em queda o mordomo deslocou seu maxilar, aproveitou o movimento do golpe que havia desferido para tomar o corpo da criatura como base para um salto subseqüente onde atacaria a próxima quimera.

Tomando em mãos as facas danificadas de prata da mesma forma de antes, retalhou em forma de xis o rosto de seu adversário, cegando-o violentamente e deixando escapar um rugido desesperado. O leão então perdia a força de seu impulso, sujeito a uma queda contra o hábil homem que lhe atacara se não fosse um segundo golpe contra seu rosto, desta vez, uma brutal cabeçada que lançou a abominação para o alto estirado e vulnerável.

Visto que os dois golpes haviam sido dados numa questão de poucos instantes, rápida o suficiente para que Sebastian se deixasse cair uma vez mais numa queda reforçada usando o corpo da primeira quimera como base para perfurar a barriga do segundo com as dez facas, porém, cuidadoso para não realmente matar ainda a criatura para que não retornasse a uma poça de sangue.

Num movimento acrobático e sem deixar o punho das lâminas, direcionou o corpo da besta para baixo, de forma com que suas costas estivessem contra o solo, e sua barriga acompanhada pelas facas e o mordomo, para cima. Imprimindo força moderada contra seu corpo, usando seu peso, mas impedindo que a lâmina afundasse na carne do peão bestial, Sebastian desceu rapidamente atingindo o corpo em queda da primeira e em pouco tempo, fazendo com que ambas atingissem o solo.

Assim que o choque contra o solo aconteceu, as hábeis mãos do servo forçaram violentamente as facas contra a barriga da quimera de cima, estraçalhando brutalmente seu corpo e perfurando até mesmo a de baixo; As facas não foram necessárias nisto, as mãos nuas do homem perfuravam brutalmente a dupla camada de adversários.

- Satisfeito, Mephisto? Como fiel mordomo da família Phantomhive, o que eu faria se não pudesse eliminar tão imundas bestas? Mesmo que eu esteja jogando por suas regras por enquanto, estarei lá como a lâmina que cortará sua cabeça ao som do xeque-mate, seguindo apenas as regras de meu Jovem Mestre.

- Certo, Sebastian! Mas primeiro... Deveria salvar seus companheiros de trabalho não é?

Enquanto o sangue era absorvido pelo solo e a árvore se erguia imponentemente brotando novas bizarras estruturas do tronco, uma besta maior ainda que as quimeras anteriores, porém semelhante em aparência, lançava-se voando do topo da copa da árvore em direção ao solo. Assim que atingira o chão, todas as muralhas que compunham o labirinto se transformaram, mudando todas suas posições para adornar como envoltório a árvore.

Por fim, o campo de batalha modificou-se de tal forma que nenhuma parede restava, apenas o extenso tabuleiro monocromático. Dessa forma, todos os servos Phantomhive podiam ver-se claramente, assim como se tornavam fácil presa para a enorme e majestosa quimera; A vista era também liberada para observar como Elizabeth Middeford havia sido levada ao topo do mundo de uma forma pouco saudável.

- Lizzy!! – Gritou enraivecido o jovem Phantomhive. – Sebastian, tire-a daí, já!

- Jovem Mestre... – Começou o mordomo enquanto caminhava em direção ao conde com as mãos tomadas do sangue amaldiçoado das quimeras. – Temo que não possa fazê-lo neste momento. Precisamos vencer o jogo para tirá-la de lá.

- Além disso... – Interrompeu Mephistopheles falando através da quimera. – Olhe que flores a-má-veis estão nascendo todas juntas à sua noiva! Estes são Asfódelos Brancos, típicos do Campo de Asphodel, no Tartarus, o que chamam de inferno. Estas aí são alimentos típicos dos mortos, especialmente aqueles que não fizeram nada de bom nem ruim durante a vida! Aqueles cuja existência não deixou qualquer marca, positiva ou negativa na humanidade. E aquelas pequenas raízes que entram pela boca de sua pequena... Despejarão lentamente água do rio Lethe para saciar sua sede.

- Tire isto dela, agora! – Demandou Ciel novamente.

- Perdoe-me Conde, mas... Regras são regras! De qualquer forma, deixe-me prosseguir com a explicação, criancinha mal educada! O rio Lethe é conhecido como rio do esquecimento, além de correr próximo ao Campo de Asphodel, ou seja... Esta água apaga lentamente a memória da vida vazia das pobres almas que para lá são levadas, transformando-as em meras máquinas que repetem desalmadamente a mesma rotina vazia infinitamente. Apressem-se Conde e Mordomo: Assim que a pequena despertar quando lhe for dada a quantidade necessária de água, sua transformação estará selada assim que comer a primeira flor. Terá em mãos a mais bela morta viva, enquanto sua alma dá algumas voltinhas pelos campos...

- Sebastian! Acabe logo com isso, é uma ordem!

O menino gritou depositando a mão sobre seu olho recoberto pelo negro tapa-olho. Mesmo coberto por uma fina camada de escuridão, o mordomo podia sentir o brilho emanado pelo símbolo, a chave do contrato que havia sido cravada como ferro quente naquele dia alguns anos atrás que soavam como instantes, para sua fiel sombra contratada, seu corvo no topo do umbral de sua vida.

- Yes, My Lord.

O mordomo curvou-se brevemente, mesmo que distante alguns metros de seu mestre. Independente de distância, tempo ou obstáculo, o juramento fatídico do homem de preto lhe faria cruzar oceanos e nunca perder de vista a alma que seria agraciada com a coroa do desespero e do sofrimento ao fim do jogo. Pondo-se de pé novamente, pretendia acabar rapidamente com a besta, finalizando o jogo e salvando a noiva de seu Jovem Mestre.

Correu rapidamente em direção a fera, saltando no meio do caminho com tamanha força e agilidade que apenas um borrão negro foi visto antes de sua perna descer precisa como uma guilhotina sobre a nuca da fera. Mais que uma mera metáfora ou comparação, a força do chute seria suficiente para esfarelar até mesmo o crânio de uma criatura convencional do mundo humano. Por precaução, moveu-se rapidamente desferindo uma joelhada feroz contra o focinho da besta, e cravando uma lâmina em sua testa. Um barulho agudo, metálico e dissonante foi a única coisa que ouviu ao invés de um rugido agonizante.

 Em seguida, uma feroz calda recoberta por uma dura carapaça esverdeada larga e grossa se movia violentamente em sua direção como um chicote impiedoso e insensível. Sebastian prontamente ergueu os braços em proteção, porém, com toda a proteção fora lançado com os pés raspando firmemente contra o solo. Até mesmo o espectador mais desatento perceberia como o corpo do leão fora revestido pela carapaça sólida de jacaré, ou até mesmo dragão, modificando sua estrutura corporal no instante em que foi necessário.

- Sebastian, cuide-se... Esta daí pode não fazer um estrago em você, mas... E os outros?

Mephistopheles moveu despreocupadamente seu polegar direito, desfazendo a carapaça resistente que seu bichinho havia recebido. Por sua vez, patas de guepardo substituíram suas patas leoninas convencional. Com o auxilio de suas asas atuando como dispositivo aerodinâmico, a quimera mais uma vez modificada avançou absurdamente rápida contra Bard, ferido anteriormente pelas outras criaturas. No exato instante anterior do impacto, o sádico palhaço infernal de duas caras moveu o polegar mais uma vez, transformando o crânio da besta no expansivo crânio de um búfalo. O impacto contra o corpo do cozinheiro foi absurdo, teria sido lançado contra a grande árvore se Finny não o tivesse segurado a tempo.

Maylene enquanto isso atirava precisamente com a espingarda do companheiro em um enorme tronco da árvore, fazendo com que este despencasse contra as costas do novo adversário. Este por sua vez, rendeu-se imóvel, apenas transmutando-se novamente, desta vez com a carapaça de um besouro hércules e bloqueando completamente o impacto. Como reação a fera alterou suas asas para enormes asas draconianas, ascendendo a um ponto altíssimo do céu e descendo num forte rasante; Em algum ponto durante a queda, porém, tomou a forma de uma espécie de tatu, enrolando-se e indo em direção a empregada dos Phantomhive e seu Conde como uma bola. Levando sua ameaça a um novo nível, surgiram espinhos enormes de sua carapaça a poucos metros restantes de impacto.

Sebastian põe-se rapidamente à frente de ambos, cravando suas mãos nos espinhos e segurando a frenética esfera da morte. Sangue jorrou num forte espirro, porém, nenhum ruído de dor se ouviu vindo do mordomo. Justamente o contrário, um sorriso vitorioso se esboçou na face do pálido homem de preto que chutava seu adversário agora como um martelo atinge uma bola de cricket. O monstro foi lançado alguns metros de distancia apenas para retornar a sua forma original.

- Servos Phantomhive, ouçam-me! A chave para a vitória trata-se do tempo em que leva para processar a transformação e se adaptar a situação. Como Darwin propôs a evolução e adaptação requer tempo! Usemos deste tempo então. Vão, e tragam-me a coroa! – Incentivou o jovem Conde.

- Yes, My Lord!

Os quatro cavaleiros do rei-conde Phantomhive partiam tomando posições espalhadas pelo campo de batalha, aptos para o combate mesmo sem qualquer tipo de estratégia combinada. A união e seu desejo de proteger a mansão, o jovem mestre, sua nova família, permitia que agissem em sincronia perfeita.

Maylene correu na direção de Bard, e este, em sua. O objetivo era trocarem de posições rapidamente como distração e a devolução da arma do cozinheiro; Visto que ambos atacariam à longa distancia, o movimento de corrida entrelaçada que faziam em torno da besta era uma distração perfeita e uma base de apoio onde poderiam proteger aqueles que atacariam a curta distância, Sebastian e Finny.

O mordomo corria em linha reta paralelamente ao jardineiro em direção a besta que esperava a aproximação de ambos para atacar. Suas presas transformaram-se em presas de tigre dentes de sabre e suas garras estenderam-se excepcionalmente como num presente de boas vindas. Sebastian então lançou o atrapalhado ajudante para o alto em direção as costas da criatura. Antes de aterrissar, porém, preparou um brutal soco contra a coluna da fera, naturalmente bloqueado pela carapaça gigante de besouro.

Sebastian, porém, havia esquivado facilmente da ameaça das garras e das presas, perfurando os ombros do adversário com suas facas antes que este pudesse desfazer a transformação do exoesqueleto na coluna e se adaptasse como crocodilo novamente. A besta urrou pela primeira vez enquanto o mordomo chutava a base de seu queixo, lançando-a para o alto.

Em pleno ar, enrolou-se como um tatu novamente, ganhando as asas draconianas e consequentemente, ganhando espaço extra no campo de batalha. No entanto, no instante em que as escamosas asas surgiram, o cozinheiro desferiu um tiro certeiro de sua espingarda em uma delas, rasgando-a agressivamente. O equilíbrio da esfera voadora se perdeu quase que instantaneamente; Para evitar danos subseqüentes, a fera mostrou uma vez mais seus espinhos, desta vez com o objetivo de amortecer sua queda.

Alcançando o solo de forma mais suave devido ao uso dos espinhos, o leão metamorfo recebeu suas patas de guepardo apenas para que fossem rápida e precisamente perfuradas por tiros perfeitos da empregada. O tempo de seu ataque era calculado, logo, o instante em que agora tombava desajeitada contra o solo correspondia ao instante em que seu crânio tomava a forma do búfalo.

Sem força qualquer de impacto ou de ataque para ameaçá-lo, o jardineiro destemidamente chutou o queixo do ultimo peão da mesma forma que Sebastian, porém, a uma menor altura. Ainda no ar, desferiu dois socos contra seu estômago, lançando-a mais alta. O corpo leonino da fera transformava-se em descontrolado frenesi, sobrecarregado pelas diversas situações que deveria se adaptar.

- Abrir fogo! AGORA! – Ordenou o Conde que observava a palidez crescente e mórbida de sua querida noiva. O desespero consumia suas cordas vocais e seu coração gritava por um rápido xeque-mate.

Bard e Maylene empunhavam rapidamente suas armas, atirando de forma agressiva e precisa toda a munição que houvesse dentro dos canos de suas respectivas armas durante a queda do adversário. Já na metade da queda o corpo da criatura estava mais semelhante a queijo suíço que um leão alterado geneticamente.

Durante a brutal e rápida sessão de tiro ao alvo, porém, Sebastian havia saltado em direção ao corpo em queda. Precisamente no momento em que os tiros cessaram e restava apenas meio trajeto de queda, o homem agarrou para si o tórax da besta, posicionando as pernas contra suas patas dianteiras, lançando seu peso corporal contra elas. O resultado veio poucos segundos depois na forma de um som semelhante à de frutas maduras se espatifando contra o solo deixando toda sua polpa vazar, sujando o chão limpo. Pode-se descrever o efeito visual ocorrido desta mesma forma.

Por fim, a grande criatura reduziu-se a sangue que fora novamente absorvido pelo solo. Ao invés de um sorriso aliviado de vitória, expressões sérias tomaram o rosto de todos os servos Phantomhive e seu senhor, todos observando a ultima elevação da árvore infernal. Elizabeth Middleford tinha agora aparência extremamente magra, debilitada e pálida ao excesso, uma verdadeira morta viva como das histórias. A esperança caía em níveis alarmantes quando os primeiros movimentos da menina indicavam que despertaria para devorar a flor.

O silêncio, todavia, foi quebrado pelo jovem Ciel.

- Não! Não é desta forma que vai ser! Lizzy, agüente firme!

Num ato de insanidade e desespero, o pequeno menino arrogante levantou longo e afiado chifre de uma das feras, que jazia no chão. Sem qualquer tipo de hesitação, com este, perfurou seu próprio estômago, deixando uma vasta quantidade de sangue espirrar incessante por alguns segundos contra o solo, que por sua vez, o absorveu.

Os olhos tristes e cabisbaixos dos empregados foram substituídos por olhos assustados, preocupados e ainda mais desesperados em vista a quantidade de sangue que jorrava do abdômen de seu conde. Numa inversão irônica de efeitos novamente, o que era para ser uma tragédia, inverteu-se numa vitória. Diante dos olhos triplamente surpresos de todos, a árvore rapidamente apodreceu, dando novamente vida a menina loira, devolvendo-lhe a cor da juventude e todo seu brilho.

Mesmo mortalmente ferido, Ciel correu rapidamente para o pé da árvore de braços estendidos para aparar sua amada enquanto a planta infernal se reduzia magicamente a sua frágil forma verde e as fortes raízes se convertiam em finos galhos que se retraiam de sua boca delicadamente. Seus braços, presos, agora se soltavam, despejando seu corpo novamente quente nos braços do pequeno Conde.

- Ciel... Onde estamos? Eu tive um pesadelo terrível com muitas plantas feias e bichos estranhos!

A loira choramingou fofamente, abraçando de volta e apertando seu noivo com força. Mesmo que tivesse se transformado numa criatura vil e sombria, o coração do menino suspirou aliviado, agradecido por ouvir a fina e doce voz de sua pequenina; Não se importava com o horrendo ferimento em seu abdômen ou com a quantidade de sangue que havia derramado pelo caminho, apenas com a vitória por tê-la salvo.

- Você está em casa, Lizzy. Tudo não passou de um sonho ruim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rio Lethe/Lete - Rio descrito na mitologia grega onde os mortos indolentes e aqueles que não trouxeram nem o bem nem o mal para o mundo rezidem proximos as margens. É dito que a água do rio apaga a memória de quem a beber, transformando a pessoa numa máquina sem alma.
Campo de Asphodel/Asfódelo - Campo do submundo proximo ao Rio Lethe onde os mortos indolentes rediziam. Recebe esse nome por ser rico em asfódelos brancos, flores exóticas que eram usadas como alimento pelos mortos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Black Halo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.