The Black Halo escrita por Akashitsuji


Capítulo 7
Capítulo VI - T’is the wind, and nothing more!


Notas iniciais do capítulo

Aí está o aguardado capítulo VI! Perdoem-me pela demora e não tê-la postado domingo como de costume, porém, a extensão do capítulo me tomou mais tempo, além de outros contra-tempos nos dias passados. Nos comentários do capítulo anterior, Mephistopheles foi mencionado, e levantada a questão do personagem de Ao no Exorcist; Na verdade, a inspiração do personagem vem do vilão hômonimo presente em Fausto, de Goethe, e a aparência inspirada em Tiky Mikk do anime D.Gray Man. Provavelmente o capítulo VII será menor que este, e possivelmente seguido de uma one-shot que pretendo postar assim que tiver tempo.
Obrigado por acompanharem até aqui, boa leitura!



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O homem desempenhava um desajeitado rodopio seguido de uma suave reverência semelhante à utilizada em bailes antes de se tomar a mão da dama. Ao curvar-se, levantava o rosto para o conde, mostrando um sorriso monstruoso e seus olhos brilhando na noite como os do mordomo, tendo apenas uma diferença fundamental: Brilhavam com uma força descomunal, assombrosa. Ciel sentia-se impelido e preso àqueles olhos, como se estivesse se afogando no mar que os orbes formavam; Um mar não de água ou até mesmo do sangue das centenas de vítimas feitas em seu derradeiro despertar neste mundo apodrecido – Era mais terrível, profundo, perverso do que poderia simplesmente ver, imaginar e sentir. O conde via claramente não centenas, mas milhões de almas desesperadas e imersas numa escuridão tão grande quanto à sombra da noite gritando e lutando maniacamente entre si e procurar qualquer tipo de saída.

Seu corpo não respondia os impulsos nervosos de seu cérebro. Aquele olhar profano havia paralisado com um mortal veneno não só seu corpo, mas como sua alma e sua essência, o pouco que lhe restava de humanidade. Como segundo número de um palhaço doentio que havia escapado de um sanatório para divertir-se com seus espectadores & vitimas, a pupila do homem havia se dilatado num movimento incerto e difuso, alternando-se com a íris rapidamente.

Em poucos segundos a íris havia tornado-se negra como a noite, enquanto a pupila havia assumido a cor rósea dos olhos demoníacos, contendo todas as almas de antes. Paralisado e petrificado em um medo crescente, Ciel pode não ter notado, mas o mordomo compreendeu perfeitamente em poucos segundos o que Mephistopheles queria lhes dizer com aquela pequena inversão de papéis oculares.

Sebastian deu um passo a frente lentamente, posicionando-se atrás de seu mestre como uma sombra de alguém que contra a luz expandia-se assustadoramente. Pôs ambas as mãos sobre os ombros de Ciel, apertando-os moderadamente com o intuito de tirá-lo do transe que havia sido posto de forma tão eficaz e rápida. O menino não percebeu, entretanto, o “tempo” que havia transcorrido em sua mente não era de fato verdadeiro. Nunca fora real – Toda a questão a respeito dos olhos não havia levado mais que 5 segundos e não eternidades como havia pensado. Como havia sentido.

- Mephisto. – Chamou Sebastian.

O homem deixou sua postura de reverência como uma a estátua que por fim ganhara vida pelas hábeis mãos de algum sábio feiticeiro com poderes ancestrais e conhecimento infindável, pelo pedido realizado de algum gênio da lâmpada ou contrato com algum demônio. Nota-se que a última opção é a mais plausível de todas, de fato. Por fim, o novo adversário se deixou cair sobre a poltrona, rindo por algum tempo.

- Oh, tamanha é minha felicidade agora! Chamando-me por apelidos, “Sebastian”, quem dera eu pudera fazer o mesmo, se não atendesse por este simplório nome humano temporariamente. Afinal, depois de tantos milênios, não devemos fingir que não nos conhecemos tão bem, não estou certo? Pois bem, diga.

Ao final da frase, Mephistopheles tomou uma expressão séria, totalmente oposta à face brincalhona de um palhaço que mostrara até agora com tanta excentricidade e gosto. Agora falava de negócios.

- Se acha que fará deste mundo o mesmo que fez com seus olhos idosos, creio ser mais prudente procurar outros planos. Acha que esta terra de mortais estúpidos é só sua para mergulhar na escuridão, devorando todas as almas para si, da mesma forma que a pequena escuridão envolveu a grande massa de seus olhos?

- Na verdade acho, ó meu pequeno Sebastian.

 Mephistopheles levantou-se da poltrona lentamente com uma postura perfeita, uma presença imponente e majestosa, totalmente diferente do “amigável” e desajeitado palhaço que rodopiava pelo quarto antes. Antes de reduzir a distância até suas duas presas, o homem estendeu uma das mãos para o alto, em direção ao teto – Este, agora funcionava como um espelho carmesim. O sangue havia se espalhado por toda a sua longa extensão como um mar profano que desafiava as leis terrenas.

- Até porque... Quem irá me impedir? Sinceramente achas que você e seu pequeno conde diabrete podem fazer alguma coisa? Isso é o apocalipse, velho amigo. Eu saio primeiro, depois vêm os outros. O mesmo esquema de sempre. Da ultima vez, tivemos pequenos imprevistos com aquele maldito, você deve lembrar-se dele.

O sangue que parecia fixado uniformemente ao teto começava lentamente a criar pequenas ondas geradas a partir de um epicentro localizado diretamente acima da mão do homem. A suave onda lentamente aumentava sua velocidade de repetição, porém, não aumentava a força.

- Você falhou lindamente Mephisto. A propósito, não só daquela vez – Não me recordo de ter conseguido qualquer tipo de vitória até agora... Entretanto, a última deve ter doído. Servir um humano por décadas, apenas para perder a aposta ao fim de sua vida é realmente lastimável.

Sebastian zombava do homem com um sorriso cínico. Apesar dos insultos e provocações, e até mesmo do sorriso, nada passava muito além de fachada. O mordomo tinha ciência de como na situação atual não estava em posição de zombar daquela forma, além de não ter poder o suficiente para dar cabo dele e dos outros três que viriam. Porém, era a forma ideal de manter-se longe dos jogos do barão das sombras.

- Sebastian, por favor. Dentre todos, logo você me dizer isto, é a maior das piadas. Por outro lado, estou interessado em ver sua determinação a realizar o que propôs. Vamos jogar um jogo, que tal? Até onde sei, creio que o conde diabrete Phantomhive tem gosto por jogos...

- Cale-se!  

O olhar de Mephistopheles que se focava somente em Sebastian, despreocupado com a criança paralisada à sua frente, alterou completamente seu posicionamento, rolando os olhos para o menino ranzinza. Ciel havia exclamado e seus olhos mostravam de forma simples o orgulho e a raiva que impregnavam o perfume de sua alma.

- Cale-se, demônio! Não me importo se és o mais vil de todos, se tem poder para tomar o mundo, ou qualquer outra baboseira. Este é meu domínio, e sou Ciel Phantomhive, o conde do submundo, o cão de guarda da rainha. Exijo respeito, Mephistopheles.

O olhar do homem mudou, sua expressão retornou ao divertido e “inofensivo” palhaço brincalhão de antes. Mephisto estava impressionado com a tenacidade, o orgulho e a coragem da criança, mesmo sabendo boa parte da extensão de seu poder e estando parado de pé no meio do quarto encurralado como um coelho fugindo do lobo. De fato o menino era sucessor dele, sem qualquer tipo de dúvida.

- Oh, que rude eu sou! Perdoe-me, conde, por favor. – Mephistopheles curvou-se até determinado nível de forma extremamente desajeitada, excêntrica, cínica, e proposital. – Rezo para que não me expulse! Comportar-me-ei devidamente, conde Phantomhive.

- Levante-se. Agora, o que dizia sobre um jogo?

- Sim, sim, sim! – O homem pôs-se novamente de pé num repentino pulo, exibindo a expressão semelhante à de uma criança que recebera a permissão materna para brincar na rua. – Quero testar a vontade de seu Sebastian. E a sua também. Jogaremos Xadrez!

- Prossiga. – Falou Ciel, sério.

- Mas não o que está acostumado, Conde. O tabuleiro será sua mansão, e terá direito a escolher só algumas peças. Terá um cavalo, um bispo, uma torre, uma espada, e uma donzela. Além do rei, claro!

- Temo que não possuo conhecimento da existência de uma espada ou de uma donzela no xadrez, além da rainha.

- Exato Conde. São duas peças totalmente novas para nosso jogo das trevas! Afinal, não seria divertido jogar um jogo qualquer com regras mundanas, façamos o nosso! Está de acordo?

- É encantador como perguntas, quando irá nos forçar a jogar de uma forma ou de outra, Mephisto. Não temos opção. – Sebastian interferiu.

- Estou de acordo. Continue.

- Pois bem! Por outro lado, terei apenas oito peões, e um rei. Esclarecendo quanto à Espada e a Donzela... A Espada será como a Rainha de seu Xadrez, apenas com um nome mais propício. A Donzela será semelhante ao rei, deverá ser protegida a todo custo. O jogo não acaba com a morte da Donzela, mas tenho certeza que isso apimentará o jogo para o Rei.

- Não. Você quer dizer que seremos... – Interrompeu o Conde.

- Claro que sim, pequeno Conde Ciel! Primeiramente, será o Rei! A Donzela certamente será... Lizzy Middleford. Aquela do-çu-ra que está cochilando de roupão naquele quartinho monocromático tão oposto a ela!

- Deixe-a fora disso, Mephistopheles! – Ciel bradou instantaneamente.

- Não. Você concordou Conde. – Tomou mais uma vez a expressão séria, antes de retornar ao estado de brincadeira constante. – Deve honrar seus pactos, principalmente agora que és um demônio como nós. De qualquer forma, será como eu quiser, tirando as outras peças. Escolha-as.

- Maldito! – Bradou, tentando avançar em direção ao homem. Seu mordomo, porém, o impediu.

- Acalme-se, Jovem Mestre. Daremos o troco durante o jogo.

- Está certo. – Bufou, prosseguindo - Sebastian será minha Espada. Quanto às outras peças, Maylene será meu Bispo, Bard será meu Cavalo, e Finny será minha Torre. Agora que defini as minhas, creio que tenha o direito de conhecer seus peões.

- De fato, está certo, sim, está! Irei chamá-los para que os conheça. Eles são uns doces!  Estou certo de que o Conde apreciará sua companhia.

Mephisto retirava suas delicadas luvas negras, revelando mãos alvas como neve, contrastadas com as unhas negras características dos demônios. A luz da lua através da janela iluminava o quarto e diretamente as mãos pálidas do homem, fazendo as cada vez mais cadavéricas; Trovoadas lançavam clarões de luz extras que revelavam não só o rosto perturbado de um palhaço espectral, mas as unhas enormes que se escondiam sob a camada de realidade que as faziam parecer normais.

Com as mãos despidas, e as luvas propriamente guardadas, o homem alto que havia tomado o lugar de Julian desbravou as terras de seu próprio rosto, exibindo um sorriso imensamente largo e perturbador que parecia cruzar as planícies faciais com uma fenda imensa por onde milhares de almas haviam passado até hoje, enquanto segurava o dedo indicador esquerdo com a mão direita. Para Ciel, era impressionante como o homem não havia rasgado as próprias laterais da boca com o sorriso.

Por fim, os olhos do barão das sombras, também conhecido entre muitos como “Conquista”, enegreceram-se completamente servindo como dramático abrir de cortinas, extinguindo qualquer raio de luz ou sequer brilho proveniente das almas recém devoradas. O rosto perverso e insano era apenas uma alegoria para o que faria a seguir: Com a mão direita, Mephisto arrancou o próprio dedo indicador, deixando jorrar uma quantidade considerável de sangue, sem ao menos tremer, piscar, ou diminuir o sorriso.

Ciel estava atônito, observando como seu novo adversário erguia o dedo desmembrado como um cálice, em direção ao teto. O sangue era sugado com força, lançando-se em direção ao epicentro das ondas e fazendo-as crescer com intensidade, semelhante ao estado do mar quando em fúria. Ao fim do processo, o homem produziu chamas negras que consumiram completamente o dedo, levando em suas faíscas sombrias qualquer evidência que jamais existira.

Sebastian, por sua vez, não mostrava qualquer sinal de surpresa, havia visto o truque ser feito centenas de outras vezes. Por mais que nunca tivesse lutado contra aquilo, vira muitos outros perecerem diante dos oito peões que pareciam tão inofensivos em tese contra peças tão superiores. Do sangue, a criatura ancestral retirava um a um os peões, colocando-os ao seu lado no quarto. Era abominável como o sangue e as sombras atendiam ao seu comando apenas para tomar a forma de bizarras criaturas, mutações impossíveis de serem criadas na natureza.

Todas possuíam a mesma aparência – Possuía o corpo de um imenso e majestoso leão, talvez um dos maiores que o mundo jamais havia visto; No topo de seus crânios, enormes chifres de bode despontavam imponentes. Seu tamanho descomunal e estrutura afiada concedia a todos eles duas lâminas mortais de grande alcance; Sua calda na verdade era o corpo de uma cascavel, sendo esta livre de qualquer comando do corpo principal, possuía vontade própria, e um veneno extremamente mortal; Por fim, enormes asas brancas surgiam pelas laterais do corpo da criatura. Tratava-se de uma quimera. Todas possuíam a mesma aparência, salvo uma. Esta última era maior, mais imponente e possivelmente mais mortal.

- Aqui estão meus peões, as quimeras do papai! Digam olá para o nosso pequeno Conde!

Todas as oito quimeras, salvo uma, emitiram um rugido disforme e agonizante, parecia mais o grito de desespero de diversas pessoas, ou talvez... Daquele que uma vez guardara tanto sangue, Julian Halley. As criaturas mantinham os olhos fixos em Sebastian, por mais que na realidade, suas expressões demonstrassem grande vazio, como se estivessem na verdade observando doentiamente uma parede por trás do mordomo. A maior de todas, porém, fitava ferozmente o homem, o olhar característico de um predador analisando sua presa, calculando como remover obstáculos de forma eficaz. Neste caso, o obstáculo era o mordomo, era A Espada.

- Pois então, Ciel Phantomhive. Já conhece minhas crianças! Presumo que podemos caminhar para o tabuleiro, além de ditar as regras principais para você e suas peças...

- Andemos logo com isso, Mephistopheles. Estamos perdendo tempo com tanta ladainha, em breve a manhã chegará, e teremos problemas. – Apressou Ciel.

- Jovem Mestre. – Sebastian voltou a pôr uma das mãos sobre seu ombro. – Creio que não precisemos nos preocupar com isso.

O mordomo retirou o relógio de bolso prateado do interior do negro fraque, abrindo-o e revelando evidência de sua constatação. Todos os ponteiros do relógio moviam-se em extremo frenesi para direções que não deviam, alternando sentido horário e anti-horário com tamanha facilidade e em velocidade, que duvidava se as engrenagens suportariam por muito tempo.

- Quando Mephisto se transformou, assim fez o tempo. Não veremos os raios de sol da aurora do amanhecer se não o derrotarmos em seu jogo. Se não acabarmos com estas Quimeras dele. – O homem de preto, leal serviçal dos Phantomhive, fitava com frieza o intruso que parecia ter mais influencia ali do que o próprio mestre.

- Jackpot, prêmio máximo para Sebastian! – Exclamou Mephistopheles. – Farei como pede Ciel. Vamos ao tabuleiro, enfim!

O intruso bateu as mãos uma contra a outra sem dar qualquer importância ao dedo decepado que seria ferido neste movimento, lançando maior quantidade de sangue sobre o restante da mão. Como num passe de mágica, foram transportados para o terreno do lado de fora da mansão. Todo o chão fora organizado por incontáveis quadrados brancos e pretos, como um tabuleiro de xadrez – Até as paredes exteriores da mansão, seu telhado, e qualquer outra superfície dentro dos domínios do conde foram revestidos desta forma.

Ciel encontrava-se à extremidade norte da propriedade, trajado somente de branco, com uma vistosa coroa acima de sua cabeça. Mesmo com a noite lançando suas sombras em todos ali, o branco destacava-se de forma singular, como se fosse imune a escuridão do lugar. Ao seu lado direito estava Sebastian, trajado como de costume em seu fraque preto, portando uma espada.

- E então pequeno Conde, gostou do tabuleiro?!

Mephistopheles encontrava-se na outra extremidade, situado nas casas juntas às paredes da mansão propriamente dita. Suas quimeras alinhavam-se as oito à sua frente, sendo a maior destas colocadas diretamente na casa que se sucedia à frente.

- Perdoe-me por não mudar a roupa de seu Sebastian! Sabe como é... Ele é uma Espada. Como toda espada que possui seu fiel dono, talvez ela possa ser roubada e usada contra este... Não acha?

- Concordo, Mephistopheles. Entretanto, não tenho qualquer intenção de deixar o punho desta lâmina, não até meu último suspiro. Muito mais que isso, creio que esta lâmina tenha encontrado seu mestre ideal, não é uma lâmina qualquer. – Argumentou o Conde.

- De fato, Jovem Mestre. Esta espada será a arma que lhe permitirá avançar sobre as pilhas de incontáveis cadáveres, desbravar qualquer terreno inimigo, domar os mais terríveis espectros e dar cabo de infinitos peões e reis que se coloquem sobre seu caminho. Esta Espada, que pode caminhar através da luz e das trevas irá retalhar e conceder o sangrento e profano fim de jogo à todas as peças que se colocarem em linha de frente diante de sua ambição até o momento do Último Xeque-Mate, até sua última derradeira ordem, o qual atenderei orgulhosamente e em voz orgulhosa uma vez mais exclamarei “Yes, My Lord”!

- Ao que parece, o pequeno Sebastian mudou, está levando os contratos muito mais a sério. Libertei-me para ver o dia em que o melhor de todos elevou-se a um novo nível!  Merece um quadro de empregado do mês, Sebastian!

 O intruso batia palmas vigorosamente enquanto ria ao outro lado do campo, como se em homenagem e comemoração pelo mordomo. Antes que mestre e servo pudessem perceber, porém, observaram ao final das palmas como estas haviam invocado as peças restantes.

Ao lado esquerdo do Conde, estava Maylene, trajada com uma fina e delicada camisola que se estendia até a altura de seus joelhos, igualmente branca em relação à roupa de seu mestre. Seus longos cabelos ruivos estavam soltos, correndo até o meio de suas costas e deixando parte da franja bagunçada cair por cima de seus grossos e fundos óculos. A moça tapava a boca com uma das mãos, evitando deixar escapar um bocejo, enquanto com a outra, segurava inconscientemente um rifle branco como a neve pendendo junto aos pés descalços.

Ao lado da ruiva, encontrava-se Bardroy, o chef da mansão. Este parecia muito mais desperto, ainda que a roupa possuísse a cor branca em sua totalidade, como os outros, utilizava seu traje de chef, avental, e botas como era de costume. Seu cabelo permanecia sua cotidiana “bagunça organizada”, diferentemente do caos capilar que se deparava pelas manhãs. Em sua mão direita encontrava-se uma espingarda de dois canos que roçava despojadamente no chão, enquanto a esquerda assegurava o total uso e proteção de uma... Panela. Por outro lado, dois revolveres descansavam suavemente na cintura do homem que se desesperava por ter queimado o almoço do dia seguinte, sem perceber onde estava, e a presença das armas.

Por fim, à extremidade, Finnian observava com grande entusiasmo as oito quimeras na extremidade, como se quisesse brincar com todas. Vestia um pijama simples e pálido, composto apenas de blusão e calça. Por mais que estivesse descalço, suas mãos estavam recobertas por suas luvas, e o pescoço portando o laço de seu amado chapéu de palha.

- Boa noite, Jovem Mestre! Por que estamos todos acordados aqui do lado de fora?

Exclamou o pequeno jardineiro, balançando suas mãos animadamente, despertando Bard de sua frustração, e Maylene de sua profunda sonolência. O menino tentou mover-se em direção ao mestre e o mordomo, porém, não conseguia retirar-se do quadrado onde estava. O mesmo ocorreu com os outros dois.

- Mas... O que diabos?!  Eu estava com meu bebê fritando toda aquela carne pro almoço e agora estou aqui com... MEUS OUTROS BEBÊS?!

O chef finalmente tomou noticia de todas as armas que portava naquele momento, totalmente diferentes daquelas que usava na cozinha. Seu lança-chamas fora substituído por uma espingarda, enquanto suas granadas deram lugar a dois revolveres prateados. A única cosia que permanecera no lugar foi a panela. A ruiva por sua vez, esboçava reações diferentes.

- Boa noite, Jovem Mestre... O-O-O-QUE?! P-p-po-por que estou aqui de ca-camisola na frente do Jovem Mestre e do...SENHOR SEBASTIAN?! Isto quer dizer que sou... SO-SONÂMBULA! Se-será que... E-e-eu agarrei o se-senhor Sebastian?! MAS QUE E-E-EMPREGADA LIBIDINOSA M-ME TORNEI!

A ruiva entrava em estado de pânico, balançando o rifle acima da cabeça sem mesmo notar sua existência em suas mãos, tamanha a preocupação quanto a uma falta de respeito, ou a perda de qualquer memória envolvendo estar próxima do mordomo; O chef preocupava-se com o “estado de vida” de seu lança-chamas importado e suas granadas, não dando a mínima para as armas de grosso calibre que portava; O menino, por sua vez, era o mais tranqüilo e desperto, mesmo que não tivesse notado como estava de pijama.

- Servos Phantomhive! Acalmem-se e ouçam! – Interrompeu Sebastian.

- Sim, Sebastian!

Os três gritaram em uníssono, adquirindo uma postura reta instantânea em cada uma de suas respectivas casas que delimitavam os movimentos. Independentemente de pijamas, armas que não deveriam estar ali ou empregadas sonâmbulas com mãos voluptuosas, os três servos deixaram suas preocupações e pensamentos para atender a ordem daqueles que lhe deram uma nova vida, Sebastian e o Conde Ciel.

- Isto aqui é um jogo. Aquele ao outro lado é Fredderich Halley, parente de nosso hóspede Julian, e um renomado mágico. Com ajuda de sua magia, criou todo este tabuleiro, e também estes oito animais para desafiar nosso jovem mestre.

- Pequeno Sebastian, eu deveria ditar as regras, por mais que as conheça... Não é? – Interrompeu Mephistopheles.

- Permita-me, Fredderich. Um hóspede ilustre como o senhor não deve se preocupar em agraciar sua honrada ajuda meros empregados como nós quatro, apenas ditar as regras para o Jovem Mestre. Encarregar-me-ei de fazer o resto, se me permite.

Mesmo com a distância, Sebastian curvou-se brevemente para em honra e respeito ao “ilustre convidado & intruso”.

- Jogaremos uma espécie de Xadrez. Finnian, você será a Torre, e seus movimentos serão fortes, resistentes e rápidos, entretanto, lhe falta a precisão para atacar de forma certeira em todas as posições. Como uma Torre, deve se focar em proteger o Jovem Mestre.

- Sim, senhor Sebastian! Eu vou ser a maior e mais resistente torre que o Jovem Mestre já viu! – O menino ergueu uma das mãos aos céus, como numa promessa animada de vitória.

- Bard, você será o Cavalo. Como tal, seus conhecimentos estratégicos serão postos a prova. Sua velocidade de movimentação não será tão grande quanto a de Finnian, porém, utilize de suas armas e dos movimentos versáteis que lhe são permitidos para atacar, defender e se esquivar facilmente.

- Beleza, Sebastian! Mesmo sem meu bebê, ainda tenho muitos brinquedos diretos lá de casa para cuidar desses gatinhos e fazer um belo jantar! ...Ou pelo menos tentar. – O loiro socou uma mão contra a outra e animação, quase deixando seu palito de dente escapar pela boca.

- Por fim, Maylene, você será o Bispo. Com suas habilidades de sniper e precisão, é o trabalho perfeito para você. O bispo pode se locomover em grande velocidade, e possui incrível alcance de ataque e precisão, entretanto, está sujeita às falhas de uma defesa fraca. Cuide-se bem para não se machucar, e utilize a cobertura que Bard irá lhe dar.

- C-ce-certo, senhor Sebastian! Fa-fa-farei o m-máximo possível p-para me redimir de ter lhe t-to-toc-tocado! – A ruiva enrubesceu pela preocupação do mordomo em relação à sua saúde e desempenho na batalha, e mais ainda, pelo seu possível ataque sonâmbulo.

- Tocar? – O mordomo levou a mão até a boca, apoiando o cotovelo daquele braço na outra mão, em sinal de dúvida e incapacidade de entender a que empregada se referia. – Não há problema.

- N-não há?!

Um filete de sangue lançou-se rapidamente de uma das narinas da ruiva, enquanto todo seu rosto tornou-se plenamente ruborizado como um tomate maduro recém colhido. Sua visão turvou, suas pernas ficaram bambas e sem força, seu rosto e seu corpo começaram a esquentar, e a jovem desmaiou, caindo nos braços do mordomo, ainda sem poder deixar a “casa” onde estava posicionada.

- Serei a Espada. Poderei movimentar-me livremente com precisão, força, defesa e velocidade através de todo o campo. O Jovem Mestre será nosso Rei. Por mais que não possa se movimentar rapidamente e atacar com precisão, tem grande força e a maior das defesas. Só poderá ser derrotado quando encurralado. Lady Elizabeth, como a Donzela, ficará escondida em algum ponto, inicialmente irei encontrá-la enquanto vocês lutam contra os peões. Eles possuem grande força, baixa defesa e supostamente deveriam mover-se lentamente. – Concluiu o mordomo, ainda amparando a tímida empregada em seus braços.

- Sebastian. Como sabe de tudo isso? – Indagou o Conde.

- Simples Jovem Mestre. Antes de servi-lo, já assisti diversas partidas de jogos mágicos deste homem. Digamos que é um “mágico” deveras famoso de onde vim, logo, conheço as regras de todos os seus jogos e o funcionamento de seus truques.

- Certo, compreendi.

- Estou orgulhoso do pequeno Sebastian, afiado como sempre! Pois então comecemos! Como é que dizias? Ah é! Danse Macabre!

Luzes brancas e negras emanavam de cada uma das casas do gigantesco tabuleiro fazendo com que um majestoso labirinto, igualmente estampado em suas paredes com minúsculas casas se elevasse pelo terreno vazio em frente à mansão. Um feixe de luz foi lançado em direção ao céu, marcando a primeira jogada das “peças brancas”. A diferença em relação ao Xadrez, é que seria muito mais rápido e brutal. Por possuírem mobilidade e pensamento próprio, cada um dos servos e das bestas poderiam se mover a bel prazer, salvo as limitações místicas impostas a cada um deles.

- A postos, servos Phantomhive! Irei avançar em busca de Lady Elizabeth, vocês dêem cobertura ao jovem mestre, dando cabo das quimeras que puderem! – Bradou Sebastian.

- Vençam, pelo orgulho Phantomhive! – Acrescentou Ciel.

- Yes, My Lord!

 Os quatro servos gritaram orgulhosos em uníssono enquanto o mais hábil de todos, Sebastian Michaelis avançava ferozmente por uma das vielas do labirinto em busca da Donzela perdida que poderia ser atacada pelos ferozes peões. Ao atingir a altura da primeira curva, porém, realizou um majestoso salto por cima de uma das paredes do labirinto, aterrissando sobre ela.

- Oh, mais uma coisa. Como podem ver, o tabuleiro não se resume apenas ao solo. Podem avançar e utilizar como campo de batalha toda a área marcada pelas casas do tabuleiro. Não importa se soa absurdo, se possuem a capacidade de caber dentro das marcações, usem-nas a seu favor.

Terminou o conselho voltando a saltar por cima das altas paredes do labirinto em busca da Bela Adormecida, a donzela cor-de-rosa que deveria ser salva. Ciel, por outro lado, começava movimentando-se o mais rápido que podia pela direita, em direção à primeira curva. Sua velocidade de corrida era muito inferior a verdadeira, entretanto, o feitiço limitava-lhe os movimentos.

O Conde ordenou Finny que tomasse a sua frente, avançando sempre algumas casas adiantadas que seu mestre, entretanto, agindo como defesa móvel e acima disto, como uma Torre móvel com grande poder ofensivo. Ciel observava atentamente a estrutura do labirinto, e das casas, a chave para vitória. O corredor que escolhera era um com apenas uma casa de largura, o que impossibilitava a passagem de mais de uma quimera – Além disso, pela estatura, Ciel encontrava-se escondido atrás de seu servo, aguardando para utilizar sua bengala e sua pistola, visto que sua força havia sido aumentada pelo feitiço.

Maylene e Bard avançavam por um corredor mais largo oposto à outra extremidade que levava a uma enorme torre ornamentada com minúsculos quadrados em toda sua extensão. O chef como veterano de guerra, já havia calculado a distância entre ambos os lados do campo, e considerando que a base da criatura era um leão, impulsionado por asas, decidiu que deveria evitar um confronto direto com as bestas e se aproveitar da noite e dos sentidos aumentados da criatura.

O loiro correu pelos corredores tentando se camuflar juntamente as paredes monocromáticas e disfarçar sua roupa branca cintilante. A ruiva, por sua vez, grande entusiasta dos conselhos de seu amado mordomo, tentou uma estratégia arriscada – Utilizando das mãos, escalou as pequenas casas da torre, constatando a bizarra realidade que seus membros se fixavam perfeitamente nas casas sem esforço, mesmo possuindo superfície lisa.

Em pouco tempo a empregada alcançou o topo da torre, utilizando-a como base de operações, enquanto o loiro sinalizava com a panela em direção a outra extremidade do tabuleiro e a localização inicial das quimeras. De acordo com as palavras de Sebastian e a espécie dos animais, Bard esperava trapaças quanto a suas respectivas velocidade e sua força, principalmente pelo fator das asas. Calculando que se dispersariam em pares quando possível em áreas largas, o chef rasgou uma parte de sua camisa, colocando a granada no interior da resistente panela, e amarrando-a.

Sinalizou uma vez mais para que a empregada atingisse a base da panela, lançando-a próxima ao ponto inicial adversário. Bard lançou-a rodopiante para o céu com a base virada contra a torre, facilitando a mira da jovem e possibilitando um lançamento numa área mais aberta e precisa.

- Espero que aquele Sebastian não esteja lá, tsc! Boa sorte, meu chapa, ache aquela loirinha! Esse meu prato vai ser um estouro!

A ruiva tomou o rifle alinhado em direção a uma altura acima de Bard, mirando e almejando com que lançasse a panela corretamente. Enquanto a panela preparava-se para ser lançada, Maylene levantava seus óculos, revelando seus atentos e precisos olhos de águia postos contra a luneta da arma de fogo. Assim que o disco explosivo alcançou a mira em forma de cruz da arma, um tiro certeiro foi dado contra o exato centro do objeto, lançando-o em linha reta contra uma área relativamente fechada do labirinto. A panela aterrissou contra o solo, fazendo com que a base ficasse virada para cima – A granada não explodiu instantaneamente, visto que o fundo da panela era profundo o suficiente para evitar um impacto direto contra o solo.

Próximo de onde aterrissara, estava uma das quimeras liderando à frente um bando com mais duas. O fato de a panela agir como cúpula protetora da granada criou um efeito diferente do que se imaginava, porém, igualmente eficaz – Com a explosão, a panela foi estilhaçada, lançando pequenas lâminas afiadas de metal para todos os lados, perfurando brutalmente a primeira das quimeras, matando-a e a reduzindo novamente a uma poça de sangue de Julian.

As outras duas foram atingidas em partes das patas, limitando em parte o movimento. O rugido de agonia das três, principalmente a primeira, além da explosão e dos estilhaços possibilitou que Bard e Maylene localizassem facilmente o posicionamento das quimeras restantes, que não deviam ser muitas.

Avançando em linha reta pelo caminho estreito ainda estava Ciel e Finnian. A certa altura, duas quimeras os avistaram, saltando coletivamente. Partindo do pré-suposto de que apenas uma poderia passar pelas casas de cada vez, seria impossível que atacassem coletivamente – Entretanto, Mephistopheles quebrara as regras, possibilitando suas crias de sobrevoarem por cima do tabuleiro, sem a necessidade de ocupar o espaço das casas.

Desta forma, uma delas avançava contra o solo em direção a parte inferior do corpo de Finny, enquanto a segunda sobrevoava com poucos centímetros de espaço acima da primeira, apenas o suficiente para que não fosse ferida pelos chifres da primeira. Ciel havia antevisto a trapaça quanto as casas, e por isso, já estava preparado, sua bengala desta vez seria um elemento crucial.

- Finny, abaixe agora! – Gritou alguns segundos antes da colisão contra as feras.

Através do uso das paredes estreitas do labirinto, Ciel usou sua bengala prendendo-a cabeça do servo para que a quimera a abocanhasse e perdesse o equilíbrio, enquanto o próprio jardineiro poderia se defender facilmente contra a que atacava por baixo.

Assim fora feito, e a quimera superior acabou presa e impedida pela bengala posta poucos segundos antes de ter abocanhado seu alvo. Por sua vez, esta perda de equilíbrio fez com as asas se batessem pelas paredes, quebrando-se, e a criatura fosse jogada com força sobre a inferior, impedindo seu avanço, e fincando-se sobre seus chifres. O jardineiro não perdeu um segundo, desferindo um golpe certeiro sobre a cabeça de ambas, fazendo com que se chocassem. As bestas desmaiaram, porém, salvo aquela que fora empalada pelos chifres, não se converteram em sangue.

- Finny, precisamos prosseguir. As peças não foram retiradas do tabuleiro ainda. Sabe o que deve fazer, não é? – Perguntou o Conde.

- Sim... Queria brincar com elas, e...

Seu pensamento foi bruscamente interrompido pela calda - Era uma poderosa cobra com um derradeiro e mortal veneno, possuindo vontade propria -  avançando bruscamente contra seu rosto na intenção de dar-lhe o bote. No instante em que já podia ver toda a extensão da mandíbula aberta da criatura e suas presas deixando escorrer finas gotas de veneno, duas facas atingiram sua pequena cabeça, fincando-a contra a parede. O jardineiro então rolou os olhos, observando o vulto negro que havia lhe salvado. Aliviado, porém, percebeu como acabar com ela era a única opção. Com um único soco repleto de pena, pôs um fim à criatura que voltou ao seu sangue primordial.

O chef avançava sem medo com sua espingarda em posição parando apenas nas curvas para conferir a área a sua frente e seu avanço; Maylene por sua vez, havia descido na torre e tomava os cantos escuros e protegidos como refúgio e ponto de tiro. Da mesma forma que o loiro checava o caminho, servindo como primeira barreira contra as quimeras, a ruiva protegia suas costas e poderia dar um tiro antes mesmo que o homem necessitasse se defender de um ataque.

Para a surpresa de ambos, uma das criaturas pulou por de trás da parede do labirinto, indo diretamente em direção a coluna de Bard com o intuito de perfurá-lo. Num reflexo rápido, a meiga empregada disparou o mais rápido que pôde contra o chifre que poderia matar seu parceiro, considerando que não pudera mirar um tiro certeiro na posição onde estava, não sem ferir o cozinheiro com uma fera lançando-se pesadamente em sua direção.

- Bard, cuidado, pule para a esquerda!

Sem hesitar ou mesmo olhar para trás, o cozinheiro lançou-se contra o chão seguindo a instrução dada por sua parceira. Mesmo com o tiro destruindo o chifre que lhe mataria, e o pulo ágil para o canto, o chifre restante ainda provocou um corte razoável na lateral do corpo do chef. A fera, porém, manteve-se firme mesmo sem um chifre e planejava utilizar tanto sua cabeça felina e ofídia para abocanhar duplamente o cozinheiro.

- Bosta! – Exclamou Bard, longe de sua espingarda derrubada, e sem tempo de sacar os revólveres.

Antes que pudesse sentir com mais realismo o mau hálito de ambas as bocas que planejavam fazê-lo de banquete, a empregada atiradora perfurou ambas as cabeças simultaneamente com apenas uma bala. No instante em que as presas do leão iriam cravar-se sobre o peito do loiro, a besta desfez-se em sangue, sujando todo seu avental.

- Ô porcaria... Sebastian vai ficar uma fera quando vir todo este sangue e o cheiro que isso vai deixar... Cheiro. Maylene, vamos, tenho uma idéia!

Pôs-se de pé num pulo mesmo com o ferimento que tinha sofrido e com o sangue que havia perdido. Tomou em uma das mãos o chifre arrancado – que por algum motivo havia permanecido – e na outra sua espingarda caída. Com o chifre, cravou-o levemente no corte, fazendo com que mais sangue se despejasse na lâmina afiada daquilo. Bard fez uma careta de dor, mas era necessário.

Certo tempo depois, a quimera restante que havia sido atingida por estilhaços nas patas seguia o cheiro da única fonte que possuía cheiro de sangue misto, entre o cheiro de Julian, e um cheiro desconhecido, possivelmente das “peças inimigas” que haviam sido feridas por alguma de suas irmãs. A fonte prosseguia movimentando-se até certa altura, parando próxima a um beco. Era sua chance perfeita de acabar com mais uma ou duas presas. Utilizando das asas para aumentar a velocidade de seu ataque, avançou à localização, onde atacaria pelo alto.

Ao chegar, porém, uma densa cortina de poeira branca e pálida envolvia completamente o beco de onde o cheiro vinha. Era uma estratégia interessante da presa, visto que a fumaça camuflaria sua roupa completamente branca, porém, não o cheiro, que para a quimera, tingia a cortina de vermelho. Num rasante, então, a criatura descia com força até a fonte do cheiro num ataque surpresa mortal.

Mortal por parte dos Phantomhive. Assim que abocanhara a fonte do aroma, percebera o erro cometido – O cheiro vinha do chifre de sua irmã envolvido em um pedaço ensangüentado de pano que prendia uma granada com seu pino à estrutura principal. Com o som da queda do animal, surgia ao extremo do labirinto, a figura de Maylene a Bard.

- Ha! Nunca imaginei que fosse funcionar tão bem! Foi uma sorte ter tanta farinha assim presa a esta roupa para fazer uma cortina como essa, mesmo que breve. Vantagens de usar farinha na madrugada, eu acho? – Brincou o chef.

- Está certo, Bard! Como fiéis servos do conde Phantomhive, o que faríamos se não utilizássemos tudo que nosso mestre nos deu, sem desperdiçar? Hihi, sempre quis dizer isso! – Completou a ruiva.

O gatilho foi então por fim apertado, disparando uma bala certeira contra a boca da quimera que abrigava uma granada. O chocar da bala contra a granada provocou uma enorme explosão que destroçou diversas paredes da redondeza, inclusive aquela onde estavam Ciel e Finnian após terem derrotado o ataque duplo das quimeras. Com pouco tempo decorrido da luta, os servos Phantomhive provavam cada vez mais seu valor e sua habilidade de combate, mesmo ausentes de seu líder, Sebastian Michaelis.


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Notas finais do capítulo

Cinco Quimeras derrubadas, restam três.