Untitled escrita por kawaii


Capítulo 2
1. Escuridão




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- Ei, Ino-chan, você ouviu falar sobre o garoto novo?

- Todo o mundo já ouviu sobre ele!

- Me disseram que ele é muito bonito.

- Mal posso esperar para vê-lo.

- Eu também! - As risadas das garotas preencheram o corredor movimentado.

Durante toda a manhã eu havia ouvido essas risadas e comentários sobre o tal \"garoto novo\". Não que eu me importasse com o assunto, eu apenas estava realmente cansada de ouvir sobre isso o dia todo. Ninguém havia me falado sobre isso diretamente, mas o assunto se tornava cada vez maior e passava pela boca de todos os estudantes, tanto meninas quanto meninos.

Suspirei, adentrando o vestiário. As paredes brancas, os ármarios de metal e alguns bancos de madeira escura eram a única coisa que preenchiam o grande espaço. Além de diversas meninas com seus rostos sorridentes, conversando entre si e colocando o uniforme de educação física.

Parei em frente ao meu ármario, digitando a combinação e abrindo o cadeado. Peguei meu uniforme que estava lá dentro e me troquei em menos de um minuto. Eu não entendia o motivo de as outras garotas demorarem tanto para vestirem um simples uniforme.

Coloquei a roupa que havia despido dentro do ármario, juntamente com minhas sapatilhas. Calcei o tênis branco que mais parecia cinza por causa da sujeira.

- Meninas, parem de molengar e vão logo para a quadra! - Gritou a professora, entrando no vestiário e assoprando seu apito vermelho. - Droga, por que vocês sempre demoram tanto? - Bufou, passando a mão por seus cabelos loiros e sedosos que se encontravam em um rabo-de-cavalo.

Após muita reclamação e muitos gritos vindo de Tsunade-sensei, as meninas finalmente saíram do vestiário. Como de costume, caminhei lentamente atrás delas pelo corredor que levava à quadra. Mas ao invés de seguir em frente, virei em um corredor diferente e corri o mais rápido que pude.

Elas definitivamente não notaram e eu não precisava olhar para trás para conferir isso.

Só parei de correr quando percebi que estava nos fundos da escola. Era um lugar realmente agradável para mim. Não que fosse um jardim bonito, cercado de flores. Longe disso. Tudo o que tinha ali era uma grande caçamba de lixo que não tinha um cheiro nada agradável e uma escadaria que levava até a diretoria. Não que o diretor Jiraiya saísse de lá em algum momento. Ele apenas ficava lendo mangás hentai e deixava todo o trabalho duro para sua secretária, Shizune-san, que era uma mulherzinha muito gentil e esforçada.

Sentei-me no terceiro degrau imensa escadaria e abracei minhas pernas, apoiando minha cabeça em meus joelhos e fechando meus olhos.

Silêncio. Como era bom o efeito que ele me causava.

Comecei a ficar sonolenta e um bocejo escapou de minha boca. Acho que não teria problema tirar um cochilo por alguns minutos. Ainda faltava muito tempo para a aula de educação física acabar e eu tinha certeza de que ninguém daria pela minha falta. Não me lembro exatamente em que momento eu adormeci, mas quando me dei conta, já mergulhava em meus sonhos.

Abri meus olhos lentamente, levantando meu corpo e me espreguiçando. Joguei minha cabeça para trás e encarei o céu escuro.

Espera... Céu escuro?!

Pisquei várias vezes enquanto o pânico tomava conta de mim. Belisquei com toda a minha força o meu braço e soltei um gritinho de dor ao mesmo tempo que o local onde eu havia beliscado ficava roxo. Arregalei meus olhos quando percebi que aquilo realmente não era um sonho. Como eu pude ter dormido até anoitecer? Meus pais certamente me matariam! Droga, eu não fazia ideia de que horas eram. Me levantei rápido o suficiente para me sentir tonta, mas não dei a mínima importância para isso. Corri até o vestiário e puxei a maçaneta da porta fortemente, fazendo minha mão doer. Mas a porta nem mesmo se movimentou. Estava trancada. Isso significava que a escola estava fechada? Merda, merda, merda, merda!

Passei minhas mãos pelo meu rosto, tirando o cabelo que o cobria. Meu coração estava tão acelerado devido ao medo que eu pensei que poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento. Tentei ao máximo manter a calma, mas quanto mais eu tentava, mais impossível isso se tornava.

Apressadamente, corri de volta para os fundos da escola e subi os degraus da escada mais rápido do que até mesmo eu pensava que era capaz de subir.

Em algum momento, meus pés se cruzaram e se tornou difícil me manter em pé. Senti o peso do meu corpo ser jogado para trás e fechei meus olhos fortemente, esperando o barulho e o impacto da queda.

Mas, surpreendentemente, isso não aconteceu.

Ao invés do chão duro, meu corpo se encontrava afundado em uma pêle mácia e fina. Eram quentes aquelas mãos que seguravam firmemente minha cintura. Tão quentes que meu corpo inteiro se aqueceu também. A respiração pesada indo de encontro aos fios rosados do meu cabelo fez com que arrepios incontroláveis percorressem por minha espinha.

As mesmas mãos quentes puxaram meu corpo para cima. Meus seios foram de encontro com costas largas. Elas também eram quentes. Senti minha cabeça tombar para frente, apoiando-se nas mesmas costas quentes que impediam meu corpo se cair no chão. Sem mesmo pedir minha permissão, um cheiro suave e gostoso invadiu minhas narinas. Era tão bom que eu não me importaria em sentir aquilo pelo resto de minha vida. De repente, foi como se eu estivesse descendo uma ladeira. Provávelmente uma escada.

Entendo, eu estava descendo a escada. Meu corpo deveria estar balançando muito agora, mas aquelas mãos firmes evitavam isso.

Eu realmente não sentia necessidade alguma de abrir os meus olhos. Eu não me lembrava de ter me sentido tão bem assim alguma vez em toda a minha vida. Era uma sensação tão confortável. Pela primeira vez, senti como se estivesse sendo protegida. Não queria abrir os olhos, porque tinha medo do que eu veria. Tinha medo de a realidade não ser a mesma que meus sentimentos me diziam. Tinha medo de aquele corpo quente não estar mais perto de mim.

O movimento parou e aquele corpo começou a se afastar do meu. Senti meus pés tocarem o chão. Eu comecei a me ver assustada. Por que aquele corpo estava se afastando de mim? Eu... Não quero...

Quando meus olhos se abriram, a primeira coisa que pude ver foram olhos negros me encarando. Não eram olhos gentis. De fato, eram olhos frios e amargurados. Havia um garoto que eu nunca tinha visto antes ali, parado em frente a mim com uma carranca no rosto. Ele usava o uniforme da escola e tinha as mãos enterradas no bolso da calça azul marinha. Os cabelos negros, quase azuis de tão escuro, eram lisos e estavam bagunçados. Quando eu estou com o cabelo bagunçado, eu fico realmente feia. Mas vendo aquele garoto com o cabelo desse jeito, eu tive certeza absoluta de que ele não poderia ser mais bonito. A pele extremamente branca fazia com que seus olhos se destacassem. Mas ainda assim, aquele olhar me incomodava. Por que eles eram tão gelados?

- Você. - Ele finalmente disse, depois de algum longo tempo me encarando. - O que está fazendo aqui a essa hora? - Sua voz era tão fria quanto seu olhar.

- Desculpe, e-eu-

- Não importa. - Me interrompeu. - Vamos, eu tenho as chaves. - Ele disse, tirando do bolso da calça um par de chaves enferrujadas.

Apenas assenti e o acompanhei até o vestiário, mantendo meus olhos no chão. Ele abriu a porta silenciosamente e eu entrei, enquanto ele ficou parado na porta.

- Eu vou esperar aqui. Quando terminar, avise. E se apresse.

A porta se fechou lentamente, rangendo. Respirei fundo. Abri meu ármario e peguei minhas roupas. Me troquei rápidamente e guardei meu uniforme dentro do ármario, antes de fechá-lo. Calcei minhas sapatilhas e peguei minha mochila, que estava em cima do banco. Joguei-a nas costas e saí pela porta, encontrando o garoto com os braços cruzados e ainda com a mesma carranca.

- Desculpe a demora. - Murmurei tão baixo que nem sei como ele foi capaz de ouvir.

- Tanto faz. Vamos logo com isso. - Bufou.

Andamos até o portão principal da escola. Ele destrancou o mesmo e em seguida, abriu-o. Era um portão vermelho, extremamente chamativo. Dava para ver que a pintura começava a descascar, se você prestasse bastante atenção.

- O que está esperando? Apresse-se e saia logo. - Vi seus olhos negros se revirarem.

- Com licença... Qual é o seu nome? - Ignorei o que ele havia dito.

- Não importa. - Ele respondeu friamente, como eu esperava.

- Desculpe, e-eu só queria agradecer por... Tudo. Estou realmente grata. - Notei que minha voz havia saído tremida, mas não me importei.

Como não obtive resposta, apenas passei pelo portão, deixando a escola. Eu me sentia uma imbecil tentando falar com ele. Com certeza era isso o que ele achava de mim.

- Uchiha. - A voz dele, pela primeira vez sem frieza, me fez parar imediatamente. - Sasuke Uchiha. - O barulho do portão se fechando foi a única coisa que eu ouvi depois.


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Notas finais do capítulo

Sasuke finalmente apareceu! ^-^ Estava ansiosa pra começar a escrever sobre ele. Agora a história vai ficar mais interessante, prometo.
Ja ne!