Então finalmente em plena segunda-feira gelada da Coréia do Sul, o Henry me ligava. Um pouco abobalhada e ainda tentando digerir a informação, escutei novamente a linda voz de Henry no meu celular.

- Char? É você?

- Sim, sou eu, eu tenho que admitir que estava perdendo as esperanças – disse com a maior naturalidade que eu conseguia forçar para esconder o nervosismo na minha voz.

- Me desculpa não ter ligado antes, estava um pouco ocupado com alguns compromissos do Super Junior M, mas então, o que esta fazendo?

Suspirei aproveitando cada segundo para enfim responder:

- Estava andando por Seoul, mas acabei ficando perdida... Sabe onde fica a livraria Seoul Kim?

De primeiro instante eu não sabia como havia sido capaz de me lembrar do MinHo enquanto falava com o Henry, mas não tive tempo de corrigir minha fala, pois Henry se ofereceu para me levar a livraria, e após um pouco de insistência dele, acabei aceitando a carona. Em vinte minutos um carro pequeno e verde estacionou a minha frente e não acreditei que era o Henry dirigindo, mas sim, era ele. Entrei em seu carro um pouco nervosa e morrendo de frio, só que o aquecedor estava ligado e logo me senti mais confortável. Durante o percurso Henry me perguntou como estava sendo a estádia e o que eu estava achando do país, eu por minha vez lhe contei tudo, exceto sobre a festa onde eu havia encontrado o MinHo. Também fiz algumas perguntas a ele, sobre o grupo, as promoções e outros membros do grupo. Ele respondeu tudo sempre com ânimo, porém esse ânimo desapareceu quando ele estacionou em frente à livraria lotada.

- Então você vai mesmo enfrentar essa multidão de garotas só para pegar um autógrafo? – perguntou ele sério forçando um pouco de desdém.

- É um autógrafo do SHINee – respondi sorrindo e abri a porta do carro – Obrigada pela carona – disse mais acostumada a presença de Henry e acenei para ele deixando o carro.

Ele acenou de volta com um sorriso forçado e deu a partida. Novamente sozinha, respirei fundo e entrei na fila gigantesca de autógrafos do MinHo. Foram horas até que eu chegasse até sua mesa.

- Oi, como é seu nome? – perguntou ele sorrindo fazendo meu coração acelerar.

- Eu sou Char, lembrasse de mim? – perguntei cautelosa com um sorriso bobo.

- E porque eu me lembraria?

Quase cai para trás, então ele não se lembrava da noite anterior? Ainda em choque escutei uma voz masculina vindo do nosso lado.

- Não é assim que se trata uma fã – disse Onew na mesa ao lado analisando a situação.

MinHo revirou os olhos e escreveu algo em hangul em uma foto sua e disse com desdém me entregando:

- Faça bom proveito.

Como alguém mudava da água para o vinho assim tão rapidamente? Peguei o autógrafo e dei as costas me praguejando por ter decido do carro do Henry. Quando eu estava para sair da livraria senti uma mão pousar em meu ombro.

- Desculpe me pelo MinHo, ele não dormiu quase nada esta noite e esta de mal humor. Aceite esse álbum como pedido de desculpas – falou Onew com um sorriso lindo parado atrás de mim e com um CD do SHINee em mãos.

Embora aquele sorriso derretesse meu coração, fui firme e fria na resposta dizendo lhe que já tinha todos os CDs deles. Ele por sua vez tentou argumentar que nenhum CD meu devia ter o autógrafo do SHINee, mas ignorei-o e deixei a livraria.

Novamente sozinha e perdida em Seoul, fiquei vagando pelas ruas durante horas até que no cair da tarde encontrasse o hotel. Me juntei ao grupo da agência de turismo e descobri que Michelle e as duas garotas chilenas pretendiam sair para jantar em um restaurante famoso. De primeiro instante eu não aceitei a proposta, eu só queria deitar em minha cama e chorar muito pela forma como o MinHo havia me tratado, mas no fim acabei aceitando.

O restaurante que elas escolheram ficava no centro da cidade e era bem badalado. Sentamos em uma mesa longe do bar, o que fazia do local um lugar mais calmo, e fizemos nossos pedidos. Antes que o prato chegasse resolvi ir até o banheiro feminino. Eu sentia um nó gigantesco na garganta e precisava ficar um pouco sozinha, sendo assim fiquei apoiada na pia olhando meu reflexo no espelho durante algum tempo até que tomei coragem para voltar à mesa. Assim que sai do banheiro dei de cara com Onew que saia do banheiro masculino. Nossos olhos se encontraram e o silêncio prevaleceu. Pensei em lhe dizer algo, mas ele simplesmente abaixou a cabeça e passou por mim. Fiquei paralisada, como eu havia sido idiota com ele. Seguindo-o com os olhos, percebi que ele jantava com o JongHyun, Sunny e SeoHyun.

“Uma delas deve ser a namorada dele” – pensei alto e segui triste para a minha mesa.

O jantar ocorreu normalmente, de vez enquando eu olhava de relance para a mesa de Onew, mas ele parecia se divertir com o pequeno grupo e ignorava completamente a minha existência. Antes que o jantar terminasse pedi para o garçom entregar um guardanapo de papel com pedido de desculpas e meu número de celular para o Onew, mas não obtive resposta por parte dele. Então voltei para o hotel com Michelle e as chilenas. Deitada em minha cama e escutando conversa das minhas colegas de quarto, que a propósito eu não entendi quase nada, peguei meu celular e fui nas chamadas atendidas. O número de Henry não aparecia e me senti triste por não ter como falar com ele, mas eu não podia fazer nada em relação a isso, então o jeito era dormir.

A terça-feira fria amanheceu com preguiça, o sol estava escondido atrás de densas nuvens cinza e para completar iriamos de ônibus para Apgujeong. Peguei celular e dinheiro e coloquei no bolso da minha calça e parti para Apgujeong. Pela manhã fomos conhecer os pontos turísticos e durante a tarde ficamos livres para ir até as cafeterias e fazer compras. Como as chilenas eram super fãs do Super Junior, acabaram me convencendo de ir à cafeteria Handel & Gretel que pertencia aos pais do Yesung. Avistando a cafeteria as duas começaram a surtar e tirar fotos com a fachada. Com medo das duas, entrei de fininho na cafeteria esperando não ser seguida e comemorando por estar a salva daquelas duas loucas, caminhei até o balcão de atendimento olhando para a cartilha de preços.

- O que você vai querer? – perguntou o atendente atrás do balcão muito simpático.

Continuei olhando a cartilha tentando me decidir entre um café simples ou um cappuccino sempre acompanhado de um sanduíche para matar a fome, mas a escolha era realmente difícil, as duas alternativas pareciam deliciosas. Sentindo o sorriso do atendente que esperava por uma resposta, baixei meus olhos perguntando:

- O que vo... – me calei no mesmo instante em que meus olhos pousaram sobre a face do rapaz, Yesung sorria para mim vestido com o uniforme do café.

- O que você vai querer? – repetiu ele em seu coreano perfeito e com um lindo sorriso na face.

Meus músculos estavam paralisados, minha respiração se tornava pesada e as palavras lutavam para sair da minha boca, mas ela não se movia. Então respirando fundo consegui dizer:

- O que você me recomenda?

- O cappuccino esta com um gosto especial hoje – respondeu ele com um sorriso maravilhoso.

- Então eu quero um e mais um sanduíche.

- É pra já – respondeu ele sorrindo e seguiu para a cozinha.

Nesse momento as chilenas entraram na cafeteria e me perguntei se devia dizer algo sobre o Yesung, mas logo elas o avistaram e foi flash pra tudo quanto é lado. Depois do breve momento de euforia, as duas fizeram o mesmo pedido que eu e sentamos juntas em uma mesa. Quando terminamos meu celular tocou, para ganhar tempo as duas foram pagar o que havia comido enquanto eu atendia o celular. Quem ligava era minha mãe para saber como eu estava. Estranhei um pouco o horário, mas ela disse que sentia minha falta e o horário não importava. A conversa prolongou e as chilenas me deixaram na cafeteria dizendo que depois nós nos encontraríamos, e eu, apenas concordei, pois não as deixaria esperando. Depois que desliguei a chamada fui pagar minha conta, mas onde estava o dinheiro? Comecei a me desesperar enquanto vasculhava todos os meus bolsos, primeiro o cartão de passe e agora o dinheiro? Olhando para o Yesung completamente constrangida, disse lhe:

- Eu perdi meu dinheiro.