O Dia em que Conheci o Senhor dos Sonhos escrita por Blood Tears


Capítulo 1
Capítulo 1




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Nunca me considerei uma pessoa de sorte. Nunca me saiu o Jackpott nem nunca ganhei uma viajem. Depois de acabar o curso de Belas Artes mudei-me para Nova Iorque. Esperava viver o “sonho americano”. Mas tal não aconteceu. Acabei a servir às mesas num bar nojento em New Jersey. Então conheci-o. Amei-o profundamente. Vivíamos uma autêntica comédia romântica. Fomos muito felizes... por uns três meses. Ele trocou-me por uma loira oxigenada qualquer de grande peito falso. No mês seguinte fui despedida. Tenho uma casa para pagar e 50 dólares no banco. Não aguento mais viver numa série de eventos infelizes! Chega! Chega! Não aguento mais! Foi aí que decidi morrer. Improvisei uma forca no lustre da sala e passei a corda no pescoço. Então ele apareceu, tal como uma figura de um conto gótico, longo casaco de cabedal preto, cabelos negros despenteados, pele pálida e dois assustadores olhos azuis a brilharem como duas safiras. - És a Morte, não és? – Perguntei-lhe. – Vieste buscar-me? Ele passou o corredor lentamente, entrado na sala. - Não. Essa é a minha irmã mais velha. – Respondeu. Sentou-se no sofá à minha frente e olhou-se por longos segundos. - Então... Vais-te matar, não é? – Perguntou-me, de maneira desajeitada. Não sei como nem porquê, mas aquela pergunta fez-me hesitar. - Sim... Acho que sim. – Gaguejei. Ele curvou-se um pouco para a frente. - Porquê? - Porque não consigo viver... – Respondi, baixando o olhar. - Porquê? - Porque tudo aquilo que faço me corre mal! Porque até de um trabalho de merda sou despedida! Porque não sou tão interessante como uma coelhinha da Playboy! Porque sou uma péssima pintora e ainda pior namorada! – Gritei. - Porquê? - Não... sei... – Disse, rendendo-me. A sua calma desconcertava-me. Analisava-me como um psicólogo paciente. - Porque não tens Esperança. Não sonhas. Começas o jogo derrotada. Falas em matar-te mas a verdade é que já estás morta. Tens de sonhar. Para que os teus sonhos se tornarem realidade tens de os sonhar. A sua voz era sobrenatural. Ecoava pelas paredes da sala, calma e controlada, porem não posso dizer que tenha ouvido algum som. - Quem és tu? - Sou aquele que transforma os sonhos em realidades. Sou Morfeus, João-pestana, Sonho, Sandman, o Senhor dos Sonhos. Ele levantou-se e caminhou até à porta. - Tira isso do pescoço. A Morte não te vai vir buscar. Não hoje. Acordei em cima do sofá. Tinha uma corda pendurada no lustre da sala, esperando por mim. “Será que aquilo foi um sonho?”


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Notas finais do capítulo

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