"Nos abraçamos por um longo tempo. Eu não deixaria minha irmã morrer."

Dentro de alguns meses, nos encontrávamos no mesmo problema que sempre tivemos. O número de alunos.

A solução nos parecia óbvia, a criação de mais uma casa. Porém, a solução também era um novo problema.

Me parecia lógico que as próximas casas fossem administradas por Helga e Rowena. E era aí que estava a questão. Qual das duas estaria mais apta a dirigir a casa?

- Rowena. – conclui. – Inteligente, esperta... Acho que seria a líder perfeita.

Godric riu.

- Ei! – exclamou. – Sei que está apaixonado, mas também temos Helga!

- Eu sei! – protestei. – Isto não tem nada a ver com o meu coração! Só acho que Rowena seria uma líder melhor!

- Ora, Salazar! – retrucou meu “amigo”. – Admita!

- É verdade!

- Acho que não somos nós quem devemos decidir. Por que não perguntamos ao Chapéu Seletor? – propôs.

Meu rosto se contorceu em uma careta e eu assenti. Com isso, o sorriso de Godric se alargou mais.

Ele foi até o baú e pegou o objeto, pondo-o em cima da mesa.

- É fácil. – disse e me lembrei do dia em que me ensinou a jogar xadrez bruxo. – É só colocarmos ele e deixarmos que decida entre as duas.

Assenti e ele pôs o chapéu. As dobras que formavam seu rosto se contorceram e ele murmurou algumas palavras das quais distingui “coragem” e “bravura”.

Depois foi minha vez. Me recusei a ouvir o que ele dizia. Não queria saber, mas ouvi a palavra “orgulho” em meio a diversas outras.

- Certo – disse quando o retirei. – Acho que, em ambos, só falta doçura e bondade.

Godric deu aquele risinho que tanto amava e que eu tanto odiava.

- Não diga! – antecipei.

-Eu...

- Não diga! – repeti, mas sabia que era inútil.

- Te...

- Não!

- Eu te disse! – exclamou, satisfeito. – É Helga! – fui obrigado a concordar. – E você vai falar com ela!

- Eu? – perguntei. – Por quê?

- Ela é sua irmã!

Suspirei. Mais uma vez, ele estava certo. Como eu odiava aquilo.

Levantei a mão para bater na porta, mas Helga abriu antes que eu pudesse fazê-lo. Vestia um belo traje novo e utilizava um penteado complicado. Murphy, seu texugo, estava aninhado em seus braços.

- Salazar! – surpreendeu-se. – Eu ia mesmo vê-lo! Tenho uma notícia para dar...

- Bem, - respondi. – pois eu também. Na verdade, um convite. Helga, quer entrar como diretora da nova casa que abriremos?

- Ah, Salazar! – suspirou. – Eu adoraria, mas... Não poderia chamar Rowena? Eu posso entrar em outra casa, futuramente.

- Claro! – respondi, preocupado. – Mas o que houve?

- Bem, - ela começou, hesitante. – descobri que tenho tuberculose...

Senti o calor das lágrimas que escorreram pelo meu rosto. Aquela fora a doença que matara minha mãe.

Ela me estendeu o bichinho.

- Salazar, tenho medo! Pode cuidar de Murphy?

- Mas... Ele é seu!

- Não mais.

Nos abraçamos por um longo tempo. Eu não deixaria minha irmã morrer.

Deixei a carta por debaixo da porta do quarto de Rowena. Eu não queria ver mais ninguém hoje. A carta era rápida e clara.

Rowena Ravenclaw seria a líder de Corvinal.