Mr. e Mrs. Jackson escrita por Beatriz Costa


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.
É uma adaptação do filme Mr e Mrs Smith.



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Terapia de casal

Consultório da Dra. Afrodite – 1ª sessão

 Na sala entra o casal Jackson, um casal ainda jovem de aparência simpática. Ao contrário dos muitos casais que já tinham passado por aquele consultório, o Sr. Jackson teve a amabilidade de puxar a cadeira para a mulher se sentar.

Ao olhar para eles pareciam o casal perfeito. Isto foi o que pensou a Dra. Afrodite, antes de começar com o habitual interrogatório. Mas antes de poder dizer alguma coisa, o Sr. Jackson resolve, digamos, esclarecer algo antes.

- Em primeiro lugar, quero dizer que nós não precisávamos exactamente de vir até aqui...

- A história tem alguma piada, na verdade… - a Sra. Jackson sorri.

Logo começam a contar o possível porquê de terem vindo ao meu consultório. Durante a conversa Afrodite nota alguma discórdia entre o casal, nada muito relevante. Nota também que a Sra. Jackson revira os olhos sempre que parece estar impaciente.

Chega o final da história. O casal não tinha procurado a Dra. Afrodite por iniciativa própria. Pelo que contaram, o casal vizinho, os Underwood, tinham dado um empurrão.

Afrodite faz umas anotações sobre o casal e finalmente olha para eles com um sorriso, dizendo:

- Vocês não precisavam de ter vindo.

Os dois entreolham-se.

- Não precisávamos mesmo. – afirma a Sra. Jackson. - Mas temos uma teoria.

- Temos? – surpreende-se o marido.

- A verificação do óleo. – responde ela.

O Sr. Jackson entra no jogo da mulher, pois percebe-se que ele não conhecia aquela teoria.

Ele continua.

- Nós estamos casados há quatro anos…

- Cinco. – interrompe a Sra. Jackson.

- … quatro, cinco anos e talvez por isso já esteva na altura de fazer um check-up. A Dra. sabe, verificar o motor, mudar o óleo, essas coisas.

- Entendo. Então vamos abrir o capô. Eu vou fazer algumas perguntas e queria que vocês respondessem o mais rápido possível e sem pensar muito.

O casal Jackson concorda com a proposta de Afrodite.

- Numa escala de um a dez, que nota dariam ao vosso casamento?

- Oito. – responde a Sra. Jackson.

- Calma lá. – o Sr. Jackson parece confuso. – Dez é para um casamento feliz e um para um casamento fracassado?

- Responda sem pensar.

Ele troca um olhar com a mulher e ambos respondem:

- Oito.

- Próxima. De um a dez, até que ponto acham que o vosso parceiro/parceira, está feliz?

O Sr. Jackson desta vez responde primeiro.

- Oito.

Afrodite relembra.

- Responda sem pensar.

- Tudo bem. Oito.

- Última pergunta. Com que frequência vocês fazem sexo?

O casal parece um pouco incomodado. O Sr. Jackson pronuncia-se.

- Estou a boiar. A senhora que dizer de uma escala de um a dez?

- Ele tem razão, porque se for, nós precisamos saber: um significa "muito pouco" ou "nada"? Afinal, "nada" deveria ser zero, e não um.

- Além disso, se a gente não sabe o que é um, o que será dez?

- Isso mesmo. Então dez seria...?

- Todo dia, toda hora...

- Vinte e quatro horas por dia, sem nenhum intervalo. Pra nada.

- Nem pra comer.

Foi um diálogo pingue – pongue entre os dois, até a Dra. Afrodite se meter.

- Não tem nada a ver com escalas. Foi uma pergunta totalmente direta. Com que frequência fazem sexo?

Não há resposta.

- Por exemplo, quantas vezes fizeram sexo esta semana?

- Incluindo o fim de semana? – pergunta a Sra. Jackson.

- Sim.

O silêncio continua. Afrodite tira as suas próprias conclusões.

Segunda Sessão – Sra. Jackson sozinha

A Sra. Jackson entra um pouco hesitante. Talvez até mesmo incomodada e ligeiramente cansada. Afrodite consulta a ficha sobre a sua “paciente”. A Sra. Jackson é arquitecta, dirige a sua própria empresa (o que chega a ser muito desgastante) e tem filiais espalhadas pelo mundo. Viaja muito e não tem filhos.

Tem um belo sorriso, um sorriso que não chega aos seus incomuns olhos cinzentos.

Afrodite começa.

- Diga-me, porque resolveu voltar sozinha?

- Na verdade não sei.

- Não sabe, mas está aqui por alguma razão. Qual é o problema?

A Sra. Jackson parece estar á procura de palavras.

- Há um buraco entre nós, um buraco que vai sendo preenchido com tudo aquilo que deixamos de dizer um ao outro.

- Até que ponto é sincera com o seu marido?

- Bastante sincera. Não que eu lhe minta. Tenho certeza de que nós dois guardamos os nossos segredos. Todo a gente tem segredos, não tem?

Afrodite dá de ombros. Então diz.

- Vou-lhe dar um pequeno trabalho. – a Sra. Jackson franze o sobrolho. – Quero que escreva sobre o que sente.

- Não sou grande escritora devido a, principalmente, á minha dislexia.

- Não se preocupe com isso. Escreva como quiser. Só a Sra. saberá o que está escrito. Poderá eventualmente mostrar-me, se quiser.

- Ninguém precisa de ver.

- Absolutamente ninguém.

- Nem mesmo o Percy.

- Nem mesmo ele.

- Acho que posso tentar. Como hei-de começar?

- O que acha de começar pelo inicio? Como vocês se conheceram.

- Foi á cinco anos na Grécia. Em Atenas.

- Isso mesmo. Acha que seria possível o seu marido fazer o mesmo exercício?

- Duvido. De certeza que ele não volta aqui. Além disso o Percy não é muito de escritas, além de ser disléxico como eu. Na verdade…

- Sim…?

- Ele não sabe que eu estou aqui. Espero que isto fique só entre nós.

- Não se preocupe. Será um segredo só nosso.

Acho que a Sra. Jackson não sabe que o marido também marcou uma consulta individual, pensou Afrodite.

Segunda Sessão – Sr. Jackson sozinho

O Sr. Jackson entra no consultório, cumprimenta Afrodite e senta-se. Ela consulta a ficha dele. É um biólogo marinho. Viaja muito á procura de novas espécies. Não tem filhos. Vida agitada.

A Dra. começa:

- Porque resolveu voltar sozinho?

- Na verdade não sei.

Parece um pouco incomodado.

- Tente relaxar. Isto é só uma conversa. Fale-me um pouco da sua mulher. O que é que o atraiu?

O Sr. Jackson sorri.

- Ela era linda, inteligente, misteriosa, assustadora, quando quer com os seus olhos cinzentos…

- E hoje?

- Nada de novo.

- Vou-lhe dar um pequeno trabalho. – ele olha para Afrodite com uma cara que dizia “Está a gozar comigo?”

- Não se preocupe, não é nada do outro mundo. Só quero que escreva sobre o que sente.

Ouviram-se gargalhadas.

- Está a falar a sério? – ela assentiu. – Escrever não é o meu forte por causa da dislexia. Eu prefiro a acção. Além disso estou ocupado á procura de espécies de leão-marinho á beira da extinção.

- Não se preocupe com isso. Escreva como quiser. Só o Sr. saberá o que está escrito. Ninguém precisa de saber.

- Ninguém?

- Ninguém.

- Nem a … Annabeth?

- Nem a Annabeth.

- Acho que posso tentar. Mas não prometo nada.

O Sr. Jackson levantou-se e estava prestes a sair, quando se dirigiu novamente a Afrodite.

- Como devo começar?

- Porque não pelo começo? Conte como conheceu a sua mulher.

- É uma boa ideia. Obrigado pela dica.

E saiu.


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Notas finais do capítulo

Querem que continue??
Se sim mandem reviews, se não mandem na mesma.
Bjs.