Os meses passam.

Apesar de lutar bravamente, Sam começou a definhar após 5 meses, 3 meses além do que os médicos lhe davam de tempo restante de vida.

Sentia dores, mas resistia à ideia de demonstrar na frente do filho e do marido. Além do mais, os medicamentos a deixavam razoavelmente confortável.

Neste momento, ela está deitada na cama de seu quarto, enquanto Carly está ao seu lado, segurando sua mão esquerda. A morena passara a ser presença constante no apartamento, ajudando a fazer compras, a cuidar de Karl, além de cozinhar para a família, após Sam não conseguir mais fazê-lo. Ela e Karl têm se dado maravilhosamente bem, obviamente, nos momentos em que Sam não está grudada ao seu filho, fato raro.

“Obrigada, Carls... por tudo que você tem feito por nós, por mim.”

“Eu fico feliz de ser sua amiga de novo, Sammy... faço com o maior prazer.”

“Que bom... não deixa meu nerd ficar com uma vagabunda por aí, Carls... eu vou puxar o seu pé se você fizer isso!”

“Sam... não é momento de falar isso.”

“É, sim... eu não quero que o Freddie e o Karl fiquem sozinhos, e eu sei que você gosta dele...”

“Sam... o Freddie é o seu marido...”

“Eu não tô pedindo pra você ficar com ele agora, filha... espera alguns meses... mas depois, quando vocês se juntarem a mim, eu vou brigar por ele, viu. A não ser... que eu arrume outro por lá melhor que o nerd.”

Sam dá uma risada fraca e tosse logo em seguida. Carly acaricia os cachos loiros da amiga, dando-lhe conforto.

“Amiga, eu mal consigo respirar... acho que estou perto do fim... de novo, me perdoa por tudo que eu te fiz...”

“Não tem o que perdoar, amiga. Mas, se isso te faz feliz, eu te perdoo.”

“Eu te amo, Carly. Você  é a melhor amiga que alguém poderia ter, sabia?”

Carly se debruça sobre a amiga e, em prantos, a abraça.

“Chama o Freddie e pede pra ele trazer o Karl?”

A morena acena com a cabeça e se levanta, deixando o quarto do casal.

Alguns momentos depois, com um semblante triste, Freddie, com Karl no colo, adentra o quarto, sentando-se ao lado da esposa.

“Ma-ma?”

“É, sou eu, filhotinho! A Mamãe!”

Com as forças que lhe restam, Sam brinca com o filho por alguns minutos, até se cansar.

“Eu te amo tanto, filhote... queria tanto ficar com você mais algum tempo. Bom, em parte vou estar... e vou te olhar lá do outro lado também.”

Sam beija seu filho e o entrega a Freddie. Era a hora de ele dormir.

Alguns minutos depois, o rapaz entra novamente no quarto.

“... eu... sei que te zoei muito, Freddie... mas... você sabe que eu te amo, né?”

Freddie sorri e coloca a mão sobre o rosto da esposa.

“Claro, Sam.”

“... pra provar isso, eu te imploro que não fique sozinho...”

“Sam... por favor...”

“É meu último desejo, Fredalupe. Não se pode negar.”

“Tá, Sam.”

“Não fale isso só pra me contentar, Freddie... eu estou falando sério.”

Freddie começa a chorar e abraça Sam.

“Baby, fica comigo até a hora? No fundo, tô com medo de não ter nada lá...”

Sam soluça um pouco, e Freddie a abraça forte, procurando confortá-la, e depois lhe dá um beijo nos lábios.

“Não fique assim, amor... tenho certeza que é maravilhoso do outro lado.”

Freddie se deita ao lado de Sam, colocando seus braços ao redor dela, compartilhando o calor do seu corpo com ela, que se sente feliz e confortável. Eles conversam durante algumas horas, até o sono conseguir vencê-los.

Quando amanhece, Freddie acorda e percebe que Sam permanece imóvel ao seu lado. Ele acende a luz, os lábios de sua esposa estavam pálidos e sua pele começava a esfriar, o que ele constatou após depositar levemente sua mão direita sobre a bochecha dela.

Freddie confere a respiração dela, estava nula.

Ele começa a chorar, sua namorada de quase dez anos se fora.