Haviam se passado duas horas desde que Rachel havia sido levada para sala de emergência cada minuto na sala de espera era uma eternidade para Quinn, até agora ela estava se perguntando como ela tinha conseguido chamar uma ambulância usando o celular que estava no bolso de Rachel ”Rachel...” durante as duas horas na sala de espera Quinn se mantinha sussurrando o nome da garota para lembrar a si mesma de que aquilo era real ela realmente tinha atropelado Rachel Berry.

“Senhorita...” Um homem com um jaleco branco e uma prancheta na mão disse tirando Quinn de seu transe “Você é a pessoa que veio com a paciente do quarto quatorze... a vitima de atropelamento?” ele perguntou.

“Sim! O nome dela é Rachel Berry! Qual o estado dela? Ela vai ficar bem?” Quinn soltou as perguntas que estiveram entaladas em sua garganta desde a hora em que em um fôlego só.

“Calma, Calma mocinha, ela vai ficar bem, apesar de que ela quebrou o braço direito e teve um ferimento na cabeça, ela só precisa de repouso no momento e vai ficar em observação durante essa noite, o que eu queria perguntar era se você iria prestar queixa na delegacia p-“

“Não” Quinn gritou impedindo o doutor de continuar e quando o doutor levantou uma sobrancelha Quinn sabia que teria que pensar em uma ótima desculpa por ela não querer prestar queixa “ E-eu não vi quem a atropelou, quando eu passei com meu carro eu vi apenas o corpo no chão e eu acho que isso é ela quem deve decidir assim que ela acordar, a propósito, quando posso vê-la?” Quinn sempre soube mentir,  mesmo em situações extremas ela se mantinha fria e conseguia enganar a todos, exceto ela mesma.

“Na verdade...” O médico mudou sua expressão de desconfiança e tentou ser confortador “Ela já deve ter acordado se você quiser vê-la, já esta autorizada”

“Sim, eu quero” Quinn precisava ver Rachel, precisava ver com seus próprios olhos que ela estava viva, e Quinn mais uma vez estava pensando em si mesma, o motivo pra ela  querer ver se Rachel estava bem não era porque ela se importava de verdade com a garota porque ela não se importava, ela só não queria ficar com peso na consciência e ver a garota bem aliviaria isso, ela seguiu o doutor até o quarto de numero quatorze.
“Esse é o quarto, vou deixar vocês a sozinhas, qualquer coisa é só me chamar” Ele afagou o ombro de Quinn e saiu  em direção a sala de espera, Quinn respirou fundo e abriu a porta, e se deparou com uma Rachel com uma faixa na cabeça e um braço engessado.

“O-Oi Rachel...” Quinn disse tentando soar alto e claro o suficiente para que a garota a entendesse.

“Oi Quinn, desculpe a pergunta, eu não quero ser rude e nem nada, mas o que você faz aqui e como soube que sofri um acidente? Tem mais algum membro do clube glee com você?” Rachel não parecia irritada com a presença de Quinn sua expressão demonstrava nada alem de confusão, Quinn engoliu seco diante da imagem de uma Rachel ferida e confusa, ferimentos que ela havia causado.

“O que você lembra antes do acidente?” Quinn sabia que não era educado responder uma pergunta com outra, mas ela tinha que saber o que a morena sabia, se ela tivesse reconhecido Quinn ela daria um jeito de convencer a menina a não prestar queixa Rachel não era uma pessoa ruim certo? Ela não iria querer ver Quinn em uma cela de prisão só porque não se davam muito bem, não, Rachel era melhor que isso, Rachel era melhor que Quinn.

“A única coisa que me lembro era de sair de casa para falar com o vizinho da frente, para pedir que ele reconsiderasse a ideia de me processar, porque veja bem, eu preciso dos meus alcances vocais perfeitos, e meus pais ainda não aceitaram a ideia de comprar vidros à prova de som, então eu vi um carro e parecia com o seu Quinn” o coração de Quinn acelerou” Mas não devia ser, pois estava em uma alta velocidade, depois disso tudo ficou escuro e...ai minha cabeça...” Rachel colocou a mão por cima da faixa, Quinn percebeu que ela estava sentindo dores na cabeça.

“Você está bem Rachel? Quer que eu chame o medico ou uma enfermeira?” Quinn já estava indo em direção a porta quando Rachel a interrompeu.

“Não! Não precisa, minha cabeça apenas deu algumas pontadas, mas já me sinto melhor” Rachel disse sorrindo, Quinn não deixou de retribuir o sorriso sabendo que Rachel estava sorrindo apenas para mostrar a ela que estava bem, o sorriso deixou o rosto de Rachel assim que a expressão confusa retornou “então Quinn... porque é você quem está aqui?” Questionou Rachel.

“Bem hoje de manhã eu peguei o meu carro para dar uma volta, gosto de dirigir em manhãs de domingo é calmo e me ajuda a relaxar, foi quando percebi que tinha acontecido um acidente vi um corpo no chão e um carro saindo em alta velocidade do local e percebi que o carro parecia com o meu, desci do carro para saber se estava tudo bem foi quando reconheci você, peguei seu celular e liguei para o hospital e eles enviaram uma ambulância, tentei ligar para seus pais no telefone da sua casa e nos celulares mas na sua casa ninguém atendia e nos celulares deles caia na caixa postal, achei melhor então eu mesma vir, e aqui estou eu...” Quinn estava surpresa consigo mesma ela não só tinha inventado a maior de todas as desculpas, mas ela tinha contado como se fosse a maior de todas.

“Eles não estão em casa, eles saíram para comemorar as férias conjuntas que eles tiveram esse ano, eles me deixaram porque confiam em mim, eles só estarão de volta em duas semanas...” Quinn sentiu tristeza ao saber que Rachel passaria duas semanas sozinhas e o pior era que sem os pais ela provavelmente não teria ninguém para cuidar dela no estado em que ela se encontrava os pensamentos de Quinn foram interrompidos pela voz de Rachel “Obrigado Quinn... parece que você salvou minha vida.” O queixo de Quinn caiu.

“Ah... não agradeça sei que você faria o mesmo por mim.” E Quinn sabia que Rachel faria menos a parte de atropelar, pois Quinn conhecia Rachel, e sabia que a morena estava sempre inclinada a ajudar os seus companheiros do clube glee mesmo sem nunca receber um obrigado.

“Eu faria!” parece que Rachel também se conhecia “Mesmo assim, eu te devo minha vida, e estarei extremamente feliz se no futuro quando você precisar de alguém se sentir apta a me chamar, pois se você precisar eu ajudarei, e prometo não te julgar”as palavras sinceras de Rachel atravessaram o coração de Quinn como adagas afiadas, era a dor de receber uma gentileza que ela sabia que não merecia.

“Com licença” o doutor entrou no quarto com sua prancheta em mãos ”Eu gostaria de informar os cuidados que a paciente deve tomar depois de receber alta” as duas garotas acenaram e o doutor prosseguiu”Bem, apesar de você receber alta, seus ferimentos precisam de um uso correto dos medicamentos, e você poderá ter febre e dor de cabeça, mas os remédios são para ajudar a conter isso, tem alguém que possa ficar cuidando de você? Porque para uma recuperação rápida é preciso que alguém aja como uma enfermeira para você, pois os remédios tem que ser ingeridos nos horários certos, e você precisa tomá-los para conter a dor como já informei, então... você tem alguém assim?” o doutor se dirigiu a Rachel.

“Bem na verda-“ Rachel ia explicar ao doutor que estava sozinha em casa quando Quinn a interrompeu.

“Eu posso fazer isso!”Quinn disse firme, a única maneira dela se redimir  dessa situação que ela havia criado era ser a enfermeira pessoal de Rachel e cuidar da menina para que ela se curasse o mais rápido de seus ferimentos, e Quinn estava determinada como jamais estivera antes “Não se preocupe, eu vou cuidar de você Rachel.” Aquilo era mais que simples palavras, era uma promessa, que Quinn estava mais do que determinada a cumprir.