A Guardiã Do Livro Oculto escrita por Lana


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Oiii
Apresento um Mega capítulo a vocês! Eu particularmente gosto muito dele, apesar de ser um pouco tenso (vocês entenderão porque)
Espero receber reviews, hein!!
Boa Leitura!!



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Capítulo 34

Pov Percy

- Atena sempre tem um plano.

Annabeth arqueou severamente uma sobrancelha, e todos os outros pararam de comer no mesmo instante também. Eu queria saber o porque de Stormie ter interrompido o jantar para nos falar isso, e sinceramente acho que é parte do que está planejando.

Limpei a boca com o guardanapo e pigarreei alto.

- Desculpe, mas o que quis dizer com isso? – eu perguntei estreitando os olhos.

Ela deu um longo suspiro e se pôs a explicar.

- Annabeth e Julie sabem do que estou falando. A deusa da sabedoria sempre pensa em todas as possibilidades, e dentre elas, também cogitou a hipótese de que algum dia aqui não fosse mais seguro para o livro. Quíron disse a vocês que ela arquitetou esse palácio, não?

Sim, realmente ele tinha dito. Repreendi-me por não ter prestado atenção em tudo que o centauro nos contou quando abriu o jogo sobre o livro. Agora, parece que cada frase que disse tinha um significado especial, e a chave do mistério poderia estar ali também, porém, eu sou burro demais por não ter percebido isso.

Diante do silêncio, Stormie continuou.

- O que vocês acham de sairmos daqui às escondidas com o livro?

- Seria ótimo se não fosse impossível. Eles nos veriam de qualquer forma. – Julie disse com ar de derrota.

- Mas e se tivéssemos uma passagem secreta por aqui? Um lugar que foi escondido de todos, inclusive da maioria dos deuses, com exceção de mim e de Atena. Podemos chegar ao mundo mortal pelo lado oposto ao que entraram no Monte.

Todos tinham expressões muito surpresas no rosto. Então era esse o plano de Stormie: passar sem ser vista conosco por um lugar desconhecido pelos outros, deixando os patetas esperando pela gente. Genial!

- Mas isso envolve magia? Estive pesquisando e descobri que filhos de Hécate sentem quando magia está sendo usada em uma distância relativamente pequena. Sean poderia descobrir através dessa percepção. - minha sabidinha ponderou.

- Não Annabeth. Nós não precisamos de magia para sair daqui, pelo menos não nessa passagem. Não é um portal, mas sim um túnel, que acaba justamente fora da cidade, em meio à uma floresta. Será um meio eficaz de escaparmos, embora seja cansativo. – Stormie explicou detalhadamente com uma paciência encantadora.

- Assim fica melhor, embora não possamos enganá-los por muito tempo. Uma hora eles vão descobrir que não estamos mais no palácio, e virão atrás de nós. – Nico disse desanimado, e o pior de tudo é que eu tinha que concordar com ele.

- Mas até lá teremos uma boa vantagem, e além disso não saberão para onde iremos.- Julie concluiu tranquila, porém, animada com o plano de Stormie.

- Pois é... Mas para onde estamos indo mesmo? Acho que perdi essa parte da conversa. – Paige perguntou fazendo com que todos nos lembrássemos de que não sabíamos onde ir.

- Eu não posso contar a vocês agora. Seria perigoso e inútil nesse momento. Na hora certa irão saber.

- E quando será a hora certa? – Grover que estranhamente também tinha parado de comer, se manifestou.

- Quando eu contar. – Stormie disse com um grande sorriso se abrindo. Todos nós rimos da cara de babaca de Grover, que apenas murmurou sarcasticamente.

- Nossa, muito esclarecedor!  - ele disse e deu de ombros, voltando-se novamente para a comida.

- Ok, Stormie prossiga: Quanto tempo demora para atravessarmos esse túnel? – Thalia, objetiva e prátia como sempre, cortou o assunto anterior fazendo-nos voltar ao principal.

- Talvez dez horas se mantivermos um bom ritmo. – ela disse um pouco receosa quanto à nossa reação.

Dez horas!  Cara, isso é muito tempo. Mas é possível aguentar, afinal, eu já passei muito mais que isso dentro do labirinto de Dédalo junto com Annie. Mesmo assim, todos estavam impressionados, pois o túnel deve ser realmente extenso.

- Tudo bem. E quando partimos? – Annabeth perguntou inexpressivamente. Confesso que tenho medo quando ela fica assim, pois a mesma se torna indecifrável.

- Por mim, assim que todos terminarem o jantar. Pegamos o livro nos encaminhamos para o túnel. Mas se vocês preferirem descansar, saímos amanhã bem cedo. O que decidem?

Olhamos uns aos outros. Eu aceitaria qualquer uma das duas sugestões, mas o que eu queria mesmo era acabar logo com isso. Essa missão está sendo muito desgastante para todos, inclusive para mim, que sou invulnerável. Estou vendo minhas férias escorrerem pelas minhas mãos como areia fina do deserto do Atacama mais uma vez, sem poder aproveita-la para descansar. Na verdade, eu já devia ter me acostumado...

- Sairemos agora mesmo. O quanto antes, melhor. – Annabeth decretou.

- Sim. Agora terminem de comer, enquanto organizo algumas coisas. – ela se levantou da mesa e saiu sem dizer mais nada.

...

Minutos depois o tão precioso livro oculto estava em nossa frente. Ainda não era possível vê-lo, pois havia uma enorme porta de ferro com uma válvula gigante nos separando dele. Stormie olhou para Nico e eu, que entendemos seu recado. Prostramo-nos ao lado da válvula da porta, e ao sinal da deusa fizemos força para girá-la, o que não foi nada fácil, pois a mesma era mais pesada do que um lestrigão montado em uma mantícora.

- É de ferro estígio, extraído diretamente das profundezas quase inexploradas do Tártaro, nas margens do Rio Estige. Foi retirada apenas a quantidade que julgávamos necessária para fazer a porta e a válvula, mas sobrou um pouco. Hades pediu a Hefesto que fizesse uma espada com esse restante. Depois que foi feita e entregue ao deus dos mortos, eu nunca mais soube do destino da única e poderosa Stygian.

Achei incrível haver apenas essa espada de ferro estígio no universo. Mais impressionante do que isso foi lembrar que a mesma pertence à Nico, que ganhou-a como presente de Hades. O príncipe das trevas parou de fazer força contra a válvula e sacou sua espada. Stomie se surpreendeu instantaneamente.

- Oh Deuses! Então você é o dono de Stygian! Como não tinha imaginado antes... você é o único filho vivo de Hades, é óbvio que ele daria a você!

Todos estavam contentes por Nico, que pela primeira vez se sentiu valorizado por seu pai, à quem costumava se referir como o deus insensível. Paige não perdeu a oportunidade.

- Agora o Nico vai ficar se achando só porque ganhou uma espada rara do papai. – Todos riram e Nico mostrou sua língua a ela, que empinou o nariz gargalhando logo em seguida.

- Tudo bem gente. O fato de Nico ser o dono de Stygian não poupa o trabalho de vocês em abrir a porta. Continuem girando a válvula. – Stormie ordenou. Bem, ordem de deus não se discute...

Fazíamos uma força descomunal enquanto os outros ficavam apenas olhando. O suor escorria por meu rosto e embaçava minha visão, a respiração já estava extremamente ofegante e os músculo dos braços ardiam freneticamente. Olhei para Nico, e ele não estava nem um pouco melhor do que eu.

Respirei fundo e olhei de soslaio para os outros. Minha namorada parece ter entendido o recado, pois prontamente se colocou atrás de mim para ajudar a empurrar a válvula. As coisas melhoraram. Grover se aproximou também, seguido de Julie e por fim Paige. A deusa nem precisou ajudar, porque assim que Paige se posicionou atrás de Nico, a válvula magicamente cedeu e se abriu com muita facilidade, foi algo realmente incrível!

Eu e os outros ficamos boquiabertos, sem acreditar no que tinha acontecido.

- Não era força, e sim a união de vocês. Todos estão aqui para buscar e proteger o livro, logo, somente juntos poderiam ter acesso a ele. Eu não tinha permissão de dizer. Era algo que tinham que descobrir sozinhos.

A porta então se escancarou e o objeto tão procurado e de certa forma cobiçado pelos vilões apareceu à nossa frente. Singelo, porém imponente. Apenas um livro grosso de capa marrom, com uns 30 centímetros de comprimento e 25 de largura, trancafiado por um grande cadeado. Ele emanava poder, de uma maneira que só havia sentido quando nas vezes em que estive no Olimpo, na presença de todos os deuses. O livro verdadeiramente era o poder consolidado em folhas de papel, que continham a receita para destruir Zeus e companhia, e não podíamos deixar que isso aconteça.

Stormie adentrou o compartimento onde se escondia o livro, e com todo o cuidado, retirou-o de cima da pilastra onde repousava. Uma grossa camada de poeira envolvia a capa, confirmando que a deusa realmente não tinha violado o livro. Com a barra de seu longo vestido, a deusa pôs-se a limpar com calma, fazendo com que um parte da poeira se impregnasse no ar.

Poucos segundos depois, Paige começou a tossir descontroladamente. A crise da garota estava realmente forte, já que seu rosto estava completamente vermelho e minha irmã não conseguia respirar. Após tossir muito, Paige começou a espirrar incessantemente, e vez ou outra nos encarava com os olhos totalmente inundados em lágrimas. Annabeth puxou a garota para outro cômodo, e eu obviamente fui atrás.

- Percy, pegue água pra ela. – Eu saí em direção à Stormie e pedi um pouco d’água. Voltei em poucos instantes para onde estavam e dei o copo à minha namorada, que o ofereceu à Paige. Conforme ela ingeria o líquido, seu rosto voltava à cor normal e sua respiração se estabilizava novamente.

- A água e seus poderes curativos em filhos de Poseidon. Como você não se lembrou disso Percy? Sua irmã quase morre com uma crise alérgica e você não faria nada?

- Annie, você sabe que eu sou meio lento pra essas coisas... – eu respondi sem graça.

- Se fosse lento só nisso nós arrumávamos uma solução. – Annabeth rolou os olhos.

- Ok, lindo casal, eu já estou muito melhor, obrigada por se preocuparem. Não precisam discutir a relação por causa disso, embora eu saiba que vocês adoram discutir a relação. Nossa! Poeira realmente não me faz bem... vocês viram como eu fiquei? Queria gritar por ajuda, mas nem respirar eu conseguia. Fica muito difícil quando tosse e espirros te impedem até de... – estava demorando pra começar a tagarelar... tive de interrompê-la.

- Que bom que está melhor agora maninha, foi só um susto. Vamos voltar agora pra lá.

 Annie segurou minha mão e Paige apenas deu de ombros, notavelmente brava por eu ter me intrometido em mais um de seus discursos. No instante seguinte já estávamos  diante da deusa e dos outros.

- Melhorou Paige? – a deusa indagou preocupada.

- Sim senhora, água realmente é milagrosa. Onde estávamos mesmo?

- Agora que já temos o livro, podemos sair daqui. Ou ainda há algo a se fazer?

- Não, podemos ir. Só quero que se lembrem que a responsabilidade que assumimos a partir de agora é muito mais forte do que quando chegaram aqui. A segurança dos deuses descansam em nossas mãos e a vida de todos agora correm muito perigo. Há mais coisas envolvidas em toda essa história do que supunham. Não é somente Paige e Julie que corre perigo por serem as outras guardiãs da missão além de mim, mas sim todos. Protejam-se entre si. Eu estarei junto a vocês até tudo acabar, mas não posso fazer interferências drásticas. Não briguem por idiotices – a desunião pode ser fatal. Selamos um acordo? Sigam meus conselhos.

Todos assentiram concomitantemente. As palavras da deusa me fizeram refletir na importância de nossas ações a partir de agora. Querendo ou não, um passo em falso pode ser derradeiro, mesmo que o caminho seja escorregadio. Sabendo que a coragem é a nossa principal arma de defesa, e a união, a de ataque.  

...

Descemos para o primeiro piso do castelo. Ao todo eram três, sendo no último os aposentos da deusa; no segundo a cozinha e a sala de jantar, junto com mais alguns quartos para prováveis hóspedes; e no primeiro, a sala do trono e obviamente o saguão de entrada.

Chegamos à sala do trono guiados por Stormie. Tenho certeza de que ninguém estava entendendo o que a deusa estava fazendo naquele momento, mas devemos lembrar que agora a nossa condutora é ela, pelo menos até o término da missão.

Ao chegar em seu trono, a deusa das tempestades e dos segredos se prostrou atrás dele e empurrou o encosto com certa força. A seguir, abriu-se um painel com uma pequena alavanca de bronze, que Stormie puxou sem hesitar. O que se seguiu foi um buraco imenso se abrindo no meio da sala, com uma escada em espiral se entendendo até onde não se podia enxergar. A cada dia que passa eu me surpreendo mais com essa missão...

- Quem quer descer primeiro? – A deusa perguntou divertindo-se.

Todos ficaram mudos. Não sei porque tivemos receio se era algo totalmente favorável a nós. Antes esse túnel do que encontrar-se novamente com a galera do lado negro. Sem dizer nada, andei até a beira do túnel e comecei a descer os degraus. Annabeth alcançou-me e segurou minha mão fortemente, e logo já estávamos sendo seguidos por todos. Stormie foi a última a descer abraçada ao livro, e assim que o fez, puxou uma pequena alavanca idêntica à primeira que havia dentro do túnel e ninguém tinha visto. A abertura começou a se fechar, fazendo com que a escuridão tomasse nosso caminho.

-  Béééé, como faremos para enxergar? Não gosto de escuridão desde quando fui preso na caverna de Polifemo... – foi engraçado vê-lo estremecer ao lembrar-se do ciclope que queria se casar com meu querido amigo sátiro. Uma risada de deboche escapos de minha boca, e Annie me deu uma leve cotovelada.

Olhamos para Stormie, que sem dizer nada, apenas estalou os dedos e o caminho iluminou-se com várias tochas de fogo. Parecia até coisa de filme, e o túnel antes escuro e sombrio, agora se parecia mais com uma caverna protetora.

Andamos por horas a fio conversando sobre coisas banais que nem vale a pena comentar. Ou vocês queriam ficar nove horas seguidas ouvindo Paige tagarelar sobre como devemos combinar nossas roupas de acordo com a época do ano... Um saco! Como se ela realmente andasse na moda! Pelo menos agora ela estava calada. Incrivelmente deve ter se cansado de falar tanto.

Faltavam apenas uma hora para chegarmos ao fim do túnel, e meus latejavam muito. Certamente os outros também estavam assim, ou até piores do que eu.

- Gente vamos descansar mais uma vez? Minhas pernas estão doendo muito! – Julie, que não é de reclamar, pediu com a voz cansada. A situação devia estar crítica.

- Ok, vamos parar. – Stormie acenou. Sentamos escorados na parede de terra sólida e batida. Tenho certeza de que estamos imundos, de tão sujos. Estava muito quente também e todos estavam com imensa vontade respirar direito, já que o ar era rarefeito.

- Falta muito para chegarmos? – Paige voltou a falar, respirando pesadamente.

- Pelas minhas contas, chegamos em menos de uma hora. – Nico respondeu tranquilamente.

- Durante todo o trajeto eu me senti como se tivesse no mundo inferior novamente, mas é claro que aqui é muito menos tenebroso. – Annabeth comentou, me abraçando.

- Cruzes! Não quero ir lá nem tão cedo. – Julie disse em tom brincalhão.

- Hey, lá é a casa do seu namorado. – Paige brincou.

Julie e Nico ficaram muito rubros, e Paige riu descontroladamente da cara dos dois.

- Que foi pessoal? O que eu disse de errado? Ah é, vocês dois ainda estão só “ficando”, mas quem tem dúvidas de quei isso vai virar namoro? – Todos concordaram com ela. (n/a: Paige e sua língua desenfreada... kkkkkkk)

Nico rangeu os dentes.

- Depois nós vamos ter uma conversinha, Peixe-palhaça!

- Eu digo o mesmo – Julie falou bem séria. Paige rolou os olhose murmurou olhando para o teto da caverna.

-Oh Poseidon barbudo e descabelado! Depois eu que sou a infantil da história... – ninguém se conteve e até Stormie riu. Ainda bem que meu pai não é estressado como Zeus, ou então Paige estaria encrencada. Mas tenho que dizer que a garota é incrivelmente engraçada e espontânea. Tinha de ser minha irmã né?

- Tudo bem, depois da descontração, temos que voltar a andar. Todos prontos? – A deusa falou.

Levantamos rapidamente e sacudimos a poeira da roupa. Paige se batia compulsivamente como se dançasse algo extremamente esquisito. Thalia deu um tapa na nuca dela, e isso a fez parar. Seguimos por nosso caminho obscuro e tortuoso, mas que em breve teria fim.

...

Era por volta das dez da manhã. Um feixe de luz se revelava acima de nós. Consistia em um vão relativamente estreito, mas que tranquilamente permitia a passagem de pelo menos duas pessoas por vez. A parede era lisa e se esfarelava ao mínimo toque, o que deixava claro que era impossível escalar.

Thalia pediu passagem e com uma corda em mãos, prostrou-se à minha frente, pedindo a todos que se distanciassem. Thalia girou a corda que tinha um gancho na ponta, e em um lançamento certeiro, fincou-o na extremidade de saída do túnel. Ótimo, agora tínhamos meios de sair dali.

Formamos um a fila indiana que definia a ordem dos que subiriam. Julie foi primeiro, e pode-se dizer que não encontrou muita dificuldade em subir e chegar ao topo. Decidimos que Paige seria a próxima. Sua escalada foi repleta de gritos agudos e espirros fortes por conta da poeira, mas assim que alcançou a saída Julie lhe deu um cantil de água para que melhorasse. Grover foi o próximo. Por conta dos sapatos de humano que usava para disfarce, teve um pouco de dificuldade em subir, berrando sempre que a corda balançava um pouco mais do que o comum. Ao chegar lá em cima, deu um longo grito chamando o...

-PRÓÓÓXIMO!

Sua voz ecoou pela caverna quase ensurdecendo-nos. Pedi que Annabeth fosse, mas ela não quis. Nico então foi o quarto a subir até a superfície, o que fez sem dificuldade alguma. Stormie então se transportou para lá como proteção extra às guardiãs. Annie então agarrou a corda.

- Venha logo atrás de mim.

Pensei que ela estivesse com medo de cair ou algo do tipo, mas ela me provou que estava enganado. Annabeth subiu a corda com mais facilidade do que qualquer um que tivesse ido até agora, e em poucos instantes já havia chegado ao topo, comigo logo atrás.

Assim que pisei em terra firme novamente, o buraco começou a se fechar sozinho, escondendo o abismo de onde saímos. Olhei em volta e me deparei com uma grande clareira cercada por árvores de todos os lados. Bem ao longe podia-se ver penas o cume do Monte Parnaso. Sorri ao lembrar que os vilões idiotas devem estar nos esperando ali até esse momento.

- Aqui é um bom lugar para acampar. Vamos ficar até recobrarmos nossas forças.

Tínhamos trazido duas barracas e alguns sacos de dormir que seriam suficientes para todos. Como já disse, estávamos extremamente sujos, mas o cansaço prevalecia, já que passamos a noite inteira acordados. Cada um procurou um canto e se aconchegou para dormir, tentando recuperar as energias que com certeza precisaríamos.

...

Já era fim de tarde e despertávamos um a um. Como sempre, eu fui um dos últimos. Sentamos todos em roda, menos Thalia, que segundo Grover, foi se lavar em um rio próximo dali. Nico estava com um violão à mão, apenas dedilhando as cordas e olhando para o nada, enquanto conversávamos com uma garota de olhos curiosamente azuis e cabelos castanhos na altura dos ombros. Esta se tratava da deusa da tempestade, Stormie.

O livro não estava com ela. Provavelmente deve tê-lo enscondido em algum local seguro, se é que existe algum local seguro para ele fora do monte Parnaso.

Falávamos sobre a missão. Sem mais nem menos, senti um frio violento sobre meu ponto fraco, e impulsivamente levanto-me e fiquei parado ao lado das árvores, Tento a leve impressão de que vi algo se movendo dentro da floresta. Todos ficamos calados instantaneamente e Stormie sacou uma lança reluzente e com a ponta extremamente afiada, mantendo suas sobrancelhas curiosamente arqueadas.

Eu não estava gostando disso. Destampei contracorrente e vi Paige  sacar sua espada – o que Julie também fez – e fiquei em posição de ataque. Annabeth já tinha colocado seu boné azul e conseqüentemente ficado invisível, fazendo com que ninguém soubesse onde estava, mas obviamente ela se direcionou para dar cobertura à mim.

O monstro que estava escondido até agora apareceu. E ele não estava sozinho. Tinham cerca de seis bichos estranhos junto com ele, tinham aparência de cobras da cintura pra baixo, e um cabelo horrorosamente armado, sujo e vermelho. Não tinha como não reconhecer criaturas nojentas assim. Empousas.

Eu avancei juntamente com Stormie pra cima do comandante do bando. À meia liz pude vez seu rosto: era um ciclope já adulto e mesmo que tenha sua habitual cara de bobo, sentia perigo exalando de dentro dele. Ele, enquanto lutava, balbuciava - com voz de criança, o que o deixava aparentemente inofensivo - coisas como:

– Não precisamos lutar com vocês...apenas viemos buscar um dos filhos dos três grandes.

Haviam quatro filhos dos três grandes presentes no momento, contando com a deusa, é claro. Thalia estava fora de perigo, por enquanto. Será que ele queria raptar um aleatoriamente? Acho essa hipótese um pouco improvável...talvez haja algum motivo específico.

Annabeth retrucou ainda invisível:

– Porque quer um filho de um dos três grandes? Quem precisa dele?

– Meu senhor não me deu permissão para revelar sua identidade.- O monstro respondeu olhando para o nada, estranhamente confuso pelo fato de que seu olho nojento não enxergava a pessoa que perguntara. Até que foi engraçado...

Fiquei em dúvida se o tal “senhor” de quem ele falava era o mesmo a quem Deon seguia, até porque ele até agora não demonstrou interesse no livro, mas sim, em algum semideus. Mas eu acredito que realmente Deon e o ciclope sirvam a mesma pessoa, acho que é intuição.

A luta continuou. Annabeth e Julianne lutavam com três empousas, ao mesmo tempo em que Paige e Nico lutávamos com mais três. O ciclope era um pouco lento, o que facilitava um pouco as coisas, mas isso não significa dizer que venceríamos a luta. Em um dado momento, ele conseguiu se desvencilhar de mim e de Stormie nos jogando para longe. Quando voltamos nosso olhar para onde estava, ele havia se encondido.

Olhei em volta e vi a luta de Paige e Nico. As empousas atacavam com golpes muito idiotas, o problema era que também desviavam com maestria dos golpes  desferidos pelos dois. Nico tentava perfurar quase que a todo instante, com sua espada de ferro estígio, a líder do bando, mas a mesma desviava e tentava degolar o garoto. Em um ato de pura sorte, Nico abaixou-se desviando de um golpe e Paige atacou o  monstro pelas costas, o que o fez sumir em poeira dourada. Annabeth e Julie também luatavam bem, e das três, já tinham derrotado uma. As outras duas pareciam ser ais esperta, mas era uma questão de tempo até que minha sabidinha e sua irmã as derrotassem.

O filho de Hades rolou para o lado e prostrou-se de costas para minha irmã, acertando uma empousa distraída que tentava me atacar. Paige também se distraiu após ter ajudado a derrotas os monstros, e em extrema velocidade, uma das duas empousas que lutavam com Julianne e Annie avançou e deu-lhe uma coronhada na cabeça com o cabo da espada. Minha irmã perdeu os sentidos antes que eu pudesse fazer algo.  Ouvi atrás de mim um grito forte e estridente, com certeza do ciclope que havia se amedrontado.

 - Peguem a espada da garota! – ele ordenou.

Corri até ela em coloquei à sua frente, com Contracorrente em mãos. Em um golpe simultâneo, as garotas derrotaram uma empousa enquanto a outra brandia espadas com Nico, que a impediu que se aproximasse novamente de minha irmã. Stormie avançou para cima do ciclope, que estava de costas para ela e infantilmente se surpreendeu com a fúria da deusa. Ela enterrou sua lança no monstro até que a mesma atravessasse seu peito. Ele caiu agonizando no chão, com seu único grande olho jorrando lágrimas.

Nico tinha o cabelo cheio de pó dourado de monstro, que caia por seu rosto dificultando sua visão. Paige ainda estava desacordada, recebendo cuidados de Annabeth e Julie. Eu avancei para cima da última empousa e finquei a espada em seu calcanhar, o que a fez baixar a guarda e permitiu que Nico lhe desse o golpe fatal. Ele caiu de joelhos, em sinal de absoluto cansaço.

Stormie acenou para mim e gritou, audivelmente a todos.

- Vou procurar Grover e Thalia.

Grover tinha saído atrás da Caçadora assim que a luta começou, a fim de protege-la e checar se precisava de ajuda, mas até agora não tinha voltado. Isso era realmente preocupante.

...

Escureceu e nada de Paige recobrar os sentidos. Annabeth já tinha lhe dado a quantidade recomendada de néctar e ambrosia, mas a garota continuava desmaiada. Eu estava muito preocupado, afinal era minha irmã.

Julie cuidava de alguns ferimentos de Nico, nada muito sério, apenas um corte no braço e outro no supercilho direito.

Se não havia como piorar, as coisas seriam animadoras para nós, mas sempre há um modo das coisas ficarem muito terríveis. Stormie e Grover apareceram correndo, bastante ofegantes. Thalia não estava com eles.

- Cade a Thalia? – não me contive e perguntei quase no mesmo instante em que os vi.

Stormie prostrou as mãos no joelho, em sinal de rendição.

- Procuramos por toda parte até agora. Não conseguimos encontra-la. – Ela disse cabisbaixa.

Grover completou confirmando o que eu já suspeitava, mas não queria ouvir.

- Ela só pode ter sido raptada.


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Notas finais do capítulo

As coisas então ficando terminantemente perigosas agora.
O que acontecerá com Thalia??
Preciso saber a opinião de vocês...
Gostaram? Sugestões? Críticas?
Fantasminhas, por favor se manifestem.
Reviews e Recomendações me deixariam muito feliz!!
Beijokass