Capítulo 23

Pov Annabeth

–Paige você arrasou! Isso é uma pista e tanto sobre o plano deles... – Eu disse maravilhada. Ainda não tinha acreditado que a garota de Poseidon tinha conseguido uma façanha dessas. Nunca mais duvido dela! – Jurei pelo Rio Estige.

Nico interrompeu meus pensamentos eufóricos:

– Pelos deuses Annabeth! Conte logo o que há nesse papel!

– Ok gente, calma! – Eu pedi e fixei o olhar no papel novamente. Suspirei longamente e disse:

– Martin Luther King’s street, número 4.798, Detroit, MI, Condado de Wayne, USA.

– Mas isso é só um endereço! Como pode significar alguma coisa? – Thalia falou com sua educação característica.

– Não Thalia, você não entende... Esse endereço pode ser a chave para solucionarmos os planos deles e conseguir transferir o livro em segurança. Eu não sei o que encontraremos lá, mas veja, estamos bem perto de Detroit. Esse bilhete caiu dos céus!

–Não senhorita cunhadinha Annabeth! Se eu não tivesse tido a brilhante ação de surrupiar o bilhete do chalé dos coisa ruins, esse papel não teria caído do céu não, teria continuado junto com eles. – Paige disse com os braços cruzados juntos ao corpo, com um semblante tão indignado que fez todo mundo gargalhar, inclusive as caçadoras mais sérias.

Eu responderia calmamente a ela, mas o Cabeça de Alga se adiantou a mim:

– Paige, até eu que sou meio lerdo percebi que foi uma maneira de dizer. Tenho certeza de que Annie e todos os outros estão muito orgulhosos de você.

Todos menearam positivamente a cabeça, em sinal de concordância. Os olhos da guardiã de Aquarius brilhou intensamente, e um longo sorriso iluminado estampou sua face. Achei que ela fosse fazer um escândalo, mas ao contrário disso, ela somente murmurou em tom bem baixo:

– Tá bom. – E sentou-se novamente. Já disse que ela é imprevisível?

Julie pela primeira vez naquele momento, se manifestou:

– Mas Annie, não seria arriscado demais? Lembre-se que pode ser o covil dos vilões aí nesse local descrito.

Após ela me recordar desse detalhe. Fiquei pensativa. Precisávamos arrumar uma estratégia de descobrir se esse local é perigoso ou não, até porque é extremamente necessário descobrir o que há lá. É vital para a missão. Limitei-me a dizer:

– Vamos pensar em um plano para isso. Agora, é providencial que Quíron saiba das novidades. Alguém tem dracmas aí?

Paige levantou-se com uma expressão bem séria.

– Bom, alguém tem que pensar em tudo por aqui. Acho que sou eu. – Ela colocou uma mão no bolso e retirou de lá cinco dracmas e me entregou. Em seguida virou-se para Percy. – Vamos Cabeça de Alga, ajude-a com isso, é primordial para a missão.

Todos, inclusive eu, ficaram olhando-a espantosamente, afinal, ela nunca foi assim, tão séria. Paige arqueou uma sobrancelha para a gente e depois esboçou um sorriso tímido.

– Ai gente, já vi que vocês não entenderam a brincadeira... Pra quem não percebeu, eu só imitei a Annabeth um pouquinho, pra descontrair o ambiente. – Ela virou-se para floresta ficando parcialmente de costas para nós e murmurou para o nada:

– Será que sou tão péssima atriz assim? – Ela virou-se novamente para nós e sem mais nem menos dirigiu-se a uma das caçadoras. – Onde tem água? Estou com sede...

Uma delas, que me lembro se chamar Gabi, levantou-se e fez sinal para que Paige a seguisse. As duas adentraram a tenda maior e ficaram por lá, enquanto eu dizia:

– Vamos Percy. – Ele levantou-se e me seguiu. Entramos na mata fechada e caminhamos um pouco.

O Cabelça de Alga passou o braço por cima do meu ombro e andamos silenciosamente. Pouquíssimo tempo depois e disse a ele:

– Tente sentir a presença de água. Uma nascente, um rio, uma poça...qualquer coisa que dê para formar um jato decente de água. Têm dois lagos aqui por perto, o St. Clair e Erie.

– Acho que estamos perto da extensão de um deles. Bem perto mesmo sabidinha. A alguns metros á frente Annie. – ele apontou.

Andei na direção indicada com Percy logo atrás. Ao longe, já podia ver, em meio ás copas das árvores mais frondosas, uma laguna não muito grande, mas serviria até melhor do que o normal para mandar a mensagem de íris. Nos aproximamos do local e antes mesmo de eu pedir, o Cabeça de Alga se concentrou e formou um jato longo de água contra o sol aparente. Sem perder tempo, joguei o dracma e disse:

– Ó deusa Íris, aceite minha ofenrenda. Quíron, Acampamento Meio-sangue.

A imagem se formou e tremeluziu até que se fixasse no centauro. Pelo visto ele estava, nesse momento, dando aulas de arco e flecha. Haviam muitos campistas ao redor dele, e alguns eu até reconheci. Ao longe podia ver Travis e Connor Stoll cochichando, provavelmente armando alguma traquinagem. Olhei para o outro lado e vi Clarisse e Chris juntos, fazendo algo que ainda não me acostumei a ver, se beijando. Rachel também estava ali conversando com Drew, uma filha de Afrodite irritante que lixava as unhas compulsivamente.

Quíron finalmente me viu e dispensou os campistas, que se dispersaram e então ele veio falar comigo. Ele tinha uma expressão bem serena, mas eu o conheço muito bem para notar que seus olhos o denunciavam. Estava preocupado com algo. Muito preocupado.

Sorri para ele, que me cumprimentou:

– Olá criança! Aconteceu algo? – Ele disse da forma mais brada possível.

– Muitas coisas Quíron, mas vou encurtar a história: encontramos – Paige encontrou – um bilhete com um endereço na cabine dos que estão nos perseguindo. Fica em Detroit mesmo, e estamos há pouco tempo dessa cidade. Acho que devemos checar esse lugar. O que acha?

– Pode ser perigoso Annabeth. Vocês não sabem o que encontrarão por lá.

– Estamos correndo riscos a todo instante nessa missão. Não ia ser diferente agora, então eu acho que não podemos desperdiçar essa oportunidade de descobrir alguma coisa sobre eles, porque eles sabem tudo de nós.

– Eu concordo com você. Mas tomem muito cuidado. E os outros criança? Como estão?

– Agora estão todos bem. Algumas horas atrás tivemos que saltar do trem em movimento, ou viraríamos petisco para lestrigão. Nos machucamos um pouco, mas nada que ambrosia e néctar não resolvessem. A propósito, tenho outra coisa importante para falar: Encontramos com as Caçadoras, ou pelo menos com parte delas. Thalia estava junto.

– E Lady Ártemis?

– Não, ela está em outro local caçando monstros juntamente com a outra parte de sua Caçada. Quando vi Thalia eu entendi mais uma parte da profecia Quíron. A parte que fala dos heróis do Olimpo também refere-se a ela, que tem que nos acompanhar na missão.

– Mas e as Caçadoras que são lideradas por ela? Ártemis não concordará com isso.

– Ela já concordou Quíron. Deve saber da importância da Thalia para a missão. As caçadoras ficarão sob o comando de Cinthia, de acordo com as ordens da deusa.

– Bom, então já que é assim...Boa Sorte a vocês. Cuidado crianças, e sempre que puderem, me mantenham informado.

– Pode deixar. Obrigada Quíron. Tchau.

– Tchau Annabeth.

Percy parou de sustentar o jato de água no mesmo instante em que desfiz a mensagem. Ele caminhou para a laguna e entrou na mesma para recompor suas forças, já que havia gasto muita energia. Percy nadou um pouco e eu fiquei observando-o. Lembrei-me de quando começamos a namorar há um ano atrás. Era até engraçado porque no começo tínhamos vergonha um do outro. Com o tempo a intimidade que tínhamos como amigos e foi se moldando ao nosso namoro, transformando-se no que temos hoje.

Percy me chamou fazendo com que me desligasse do passado.

– Annie, você não quer vir?

– Não, prefiro ficar aqui te olhando. – eu sorri.

– Então vou sair já. – Ele disse caminhando em minha direção. Pouco segundos depois o cabeça de alga já estava do meu lado completamente seco, coisa que ainda acho incrível.

Percy passou as mãos em seu cabelo que estava sempre bagunçado e em seguida me puxou pela cintura.

– Volte sabidinha que ainda não terminamos de resolver as coisas por aqui.

Fiz-me de desentendida.

– É mesmo? Mas eu não me lembro de mais nada...Já fiz tudo o que tinha que fazer.

– Tem certeza?

– Sim Cabeça de Alga.

– Acho que vou ter que te lembrar então...

Em uma fração de segundos meus pensamentos já estavam todos misturados em minha cabeça. A missão estava sugando demais as nossas forças e eu já estava me esquecendo de como era bom ficar sozinha com Percy. Fomos de encontro a uma árvore sem nos separarmos, e meu namorado me prensou contra ela. Continuamos assim por tempo suficiente para esgotarmos todo o oxigênio que havia em nosso corpo e nossos pulmões pedirem mais.

Lembrei que tinhamos que voltar. Precisamos decidir o que será feito antes que escureça e a noite atrapalhe nossos instintos.

Percy olhou para mim e tive a impressão de que pensávamos a mesma coisa, o que é realmente estranho. Sem dizer nada, segurou minha mão e voltamos pelo caminho que tínhamos percorrido algum tempo atrás.

...

Chegamos á clareira onde estavam montadas as barracas e todos estavam reunidos comendo salgadinhos que encontraram em algum lugar. Meu estômago deu sinal de vida assim que Thalia ofereceu um pouco a mim e á Percy. Comemos silenciosamente com olhares curiosos sobre nós.

Só agora tinha percebido que Nico e Julie estavam mais afastados. Eles estavam conversando animadamente e percebi que entre eles criou-se um entrosamento que antes não havia. Soube nesse momento que eles escondiam algo, que em breve eu irei descobrir em detalhes. Nico roçou sua mão na de minha irmã mas afastou-a rapidamente assim que viu que eu estava olhando. Dei uma risadinha maliciosa e pude ver que ele se repreendeu mentalmente enquanto Julie enrubescia. Decidi deixa-los um pouco á vontade.

Observei os outros e vi que Paige falava sem parar com uma das caçadoras, que reconheci como a Gabi. A menina parecia realmente interessada no que a irmã maluca de Percy falava. Acho que ficaram amigas... Thalia estava ao lado de Cinthia passando instruções de como deveria agir no comando das meninas quando ela partisse na missão conosco, e a mesma escutava atentamente. Grover estava junto com as outras caçadoras contando histórias de suas viagens como senhor natureza e também sobre seus feitos fantásticos, na tentativa de impressioná-las. Coitado dele se Junínper souber disso.

A tarde caía e o pôr do sol se revelava em uma luminosidade intensa e fascinante. Repreendi-me mentalmente por quase nunca parar para observar Apolo se despedir do dia. Aconcheguei-me no ombro de Percy que olhava admirado para o céu , que agora estava alaranjado, em uma nuance indescritível.

Julie chegou ao meu lado e disse:

– Annie, quando vocês estavam fora nós conversamos e achamos melhor ficar por aqui essa noite, e partir amanhã bem cedo. O que você acha?

– Eu iria sugerir isso agora. Estava aqui pensando sobre o que há nesse local. Já cogitei várias possibilidades, mas ainda assim não consegui chegar a uma que fizesse sentido.

– Amanhã nós descobriremos. – Percy simplesmente falou. Decidi aquietar minha mente e descansar, enquanto Julie afastava-se novamente.

Sim, amanhã nós descobriremos.