Vento no Litoral escrita por Janine Moraes, Lady B


Capítulo 3
Capítulo 3 - ...O fim


Notas iniciais do capítulo

Eu não gostei desse capítulo. Ficou terrivel! Af rs
Bem, obrigada pelos reviews anteriores. São uns fofos. E o noivo da Malu aparece no próximo. YAY.



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Na manhã seguinte, um dia bonito de sol, já preparada, sentei no degrau do lado de fora de casa esperando Igor. Que já avisara por mensagem que viria de qualquer jeito me ver, então o pedi para vir logo, antes da escola. Ele chegou feliz, a camiseta vermelha lhe assentando bem o corpo e a bermuda larga. Tinha um grande sorriso no rosto e seus olhos brilhavam. Veio para perto de mim, indicando que me beijaria. O afastei em um gesto brusco.

– Acabou. – murmurei simples e friamente. Sentindo meu coração martelar devagarzinho e uma angústia se apoderar de mim.

– Como é?

– Você ouviu. Acabou, Igor. – disse repetidas vezes, a mim mesma, para não me sentir assim. Pra controlar a dor dentro de mim. Ser forte. Eu tivera a noite para me preparar, não podia simplesmente começar a chorar agora ante a expressão de Igor.

– Está brincando, né? – o rosto de Igor era incrédulo, não parecia acreditar no que eu dizia.

– Vou pra casa do meu pai, amanhã de manhã. – falei, de supetão. Novamente, como uma bela estúpida, eu iria fugir, era melhor pra mim. Pra todo mundo.

– Não estou entendendo nada. – Igor ainda me parecia confuso e incrédulo. Respirei fundo, duas vezes, antes de falar.

– Quer saber? Não to com paciência pra explicações. Então, vai lá dentro falar com a Ceci. Ela é quem tem que te explicar tudo.

– Malu, não faz assim. Me diz o que está acontecendo, por favor.

– Vai de uma vez, Igor! – ele me olhou confuso mais uma vez e entrou na casa em passos rápidos. Sem conseguir aguentar o peso dos meus pés sentei na calçada. O sol da manhã machucando meu rosto. Só fiquei esperando. Tempo demais. As pessoas passavam e mal me olhavam. Algumas me cumprimentaram e não pude fazer nada além de ignorá-las. Minhas pernas doíam e meu pescoço também quando Igor se sentou novamente ao meu lado.

– E aí, como foi, papai?– murmurei debochadamente.

– Malu, por favor... – a voz dele foi um lamento, quase uma imploração. Fechei os olhos com força, não querendo ver seu rosto. Inútil. Mesmo de olhos fechados o rosto de Igor ainda estava gravado na minha retina.

– Não posso... – eu disse, engasgada.– Não quero e nem mereço lidar com isso.

– Mas eu te amo.

– E eu te amo também!– o olhei, algo entalado na garganta. O sofrimento de Igor me machucou, ver ele tão lindo e perfeito perto de mim magoou. E saber que não servíamos um pro outro me dilacerou. Eu estava acabada. – Não entende? Está tudo errado. Nós estamos errados. Não vai ser o nosso bebê, parecido conosco. Vai ser o seu bebê e o de Ceci! Isso não é errado, mas não é o meu certo.


– Vamos fugir, eu não sei! Vamos fazer qualquer coisa. Eu te amo, Malu. Não é bobagem, eu te amo. Não quero te perder.

– Somos imaturos. Não pesamos responsabilidades. E nunca foi só eu e você. – eu disse, querendo me livrar de suas palavras. – Era sempre eu, você e todas as suas namoradas. Sempre eu e você e todas as minhas mágoas. Nunca foi um nós. Só separados. Eu. Você. Desse jeito. Nunca um nós completo, entende? Alguma coisa sempre estragaria tudo. E agora, você tem algo que vai ser melhor pra você, ou não.

– Eu não queria que Ceci tivesse ficado grávida.

– E nem eu queria que vocês tivessem transado! Eu... Nem sequer sabia disso! – me levantei, sentindo ciúmes e raiva me tomarem. – Eu não queria muita coisa e aconteceu!

– Pensei que tudo daria certo agora.

– Mas não vai. – Senti as lágrimas vindo aos meus olhos e não as prendi. Deixei-as rolar livremente.

– Não vou pedir pra você encarar isso comigo, sei que deve ser demais pra você.

– É, Igor. Eu juro que queria... Mas não posso. Não posso. Pior, não quero mais isso. Não quero você, não nessas circunstancias. Não... Não dá.

– Eu te amo... Nada do que eu disse muda o fato que eu te amo, Malu. Nada do que eu fiz. Do que nós fizemos. Existe sim o nós. E vai estar em mim pra sempre. Sempre, porque eu te amo. Você... Você me tirou da merda que eu era. Me fez melhor. E eu te amo apesar de tudo, sou capaz de tudo por você. Eu te amo, eu realmente te amo.

– Para de dizer isso! Para! – apontei o dedo pra ele, abaixando em seguida. Chorando enquanto falava. – Não quero que me ame. Você esteve com a minha irmã. Que droga! Você estragou tudo, Igor. Sempre! Você me estragou! Nunca deixei pessoas se aproximarem de mim depois de você! Sempre me fechando, me fechando... cada vez mais. Até estar inacessível até para mim mesma! Pensei que você me amasse desde quando começamos aquele romance estúpido de férias. E você me magoou de novo e de novo. E mesmo quando voltamos, nunca consegui ficar com você. Era sempre algo que você tinha feito e errado. Algo que você fez e destruía tudo! Algo que gerava minhas ações igualmente destrutivas. Não quero mais arcar com seus erros. Não quero mais errar. Não quero!

– Sinto muito, pequena... – ele disse sofrido ante ao meu desabafo. Há essa hora eu já chorava em cântaros.

– Não me olha assim. Eu tenho que te odiar, ouviu? Odiar! – Mas céus, eu não conseguia. Não conseguia odiar ele, mesmo querendo,desejando com todas as forças eu não conseguia. Eu o amava, mais do que deveria. Não só como uma garota ama um garoto. Não só como uma adolescente ama um adolescente. Eu o amava com o ardor dos principiantes e a experiência de uma história longa e ininterrupta, que ligava nossas vidas para sempre. Era o tipo de amor que você só sente uma vez na vida, e tal amor pode tanto te salvar, quanto te afundar. E no meu caso, eu estava praticamente morta e enterrada sob o peso que o amor dele me trouxe. Do que o nosso amor nos trouxe, na verdade. No final das contas, só me sobrava dor e vestígios de tragédia. Vestígios esses que pareciam varrer minha alegria de algumas horas atrás. Olhei o rosto dele mais uma vez e não aguentei, virei às costas, ele ainda segurou meu braço. Os olhos fitos nos meus. – Me deixa em paz, pra sempre. É melhor pra nós.

E foi assim que o primeiro nós verdadeiro de toda nossa história surgiu. Estávamos melhores separados. Sem sermos um ‘nós’. Fechei a porta com estrondo quando passei. Esbarrei em Ceci no caminho do meu quarto. Tranquei a porta desajeitadamente. E com soluços, arrumei as minhas malas. Torcendo pra que a dor se diluísse.


~*~


E no final, foi o que aconteceu. A dor diluiu, depois de umas boas doses de indiferença e uma vontade absurda de me desapegar. Eu me mudei pra casa do meu pai, cheia de planos na mente que me impediam de pensar além dos cadernos e estudos, mas ultrapassando as fronteiras do país. Terminei meu Ensino Médio com louvor naquele ano repleto de desentendimentos e brigas. E aguentei uma dura depressão, a qual fugi viajando para a Europa. Onde conheci pessoas que mudaram minha vida. Depressão essa que me roubou sonos e me acrescentou alguns anos na bagagem. Eu amadureci, digamos, na medida do possível. Ainda sou infantil, sem sombra de dúvidas, mas um pouco mais centrada. Apesar de tudo, eu mudei e continuo mudando.



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Notas finais do capítulo

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