Capítulo 57 - O Terror da Ilusão

A última batalha no colégio Lua Minguante continuava. Lien conseguiu perceber uma falha no truque de Draco e finalmente o atingiu, no entanto, a luta estava longe de acabar. Na verdade, estava apenas começando. 

- Reconheço que seu último ataque foi bom - falou Draco, de forma tranquila e ao mesmo tempo assustadora - Mas vai precisar de muito mais do que isso para me derrotar.

- Estou pronta para o que der e vier - falou Lien, também confiante em suas próprias habilidades - Não sou tão fraca assim para ser derrotada por truques baratos.

- Será que são tão baratos assim? Hehe - Draco ria de forma mais cínica. Fora da sala, Álvaro estava cada vez mais ansioso.

- Aaaah! Aquele cara! Como ousa provocar minha amada Lien daquele jeito! Quero entrar na sala e comprar essa briga! - reclamou o tenista.

- Se pudéssemos entrar, já teríamos entrado - disse Amanda, enquanto socava a parede frustrada  - Enquanto esse poder estranho que nos proíbe de entrar na sala por conta das regras do jogo continuar, não conseguiremos nada.

- Não acredito muito nesse poder da mente - falou Álvaro - Se fosse tão forte assim, ele poderia fazer coisas muito piores, não acha?

- Não sou tão mal assim, amigo - respondeu Draco, que ouvia tudo que era dito do outro lado - Mas é verdade que meus poderes mentalistas são fortes o bastante para dar muito trabalho. Bem, pelo menos para pessoas com mente fraca como vocês.

- Ora, seu - bufou Álvaro, mas ele realmente não podia fazer nada. Draco girou rapidamente seu bastão e preparou-se para continuar a lutar. André também estava tenso. Alex reparou nisso.

- Confie na Lien, André - disse ele - Quando ela fica brava, ninguém consegue segurar.

- Ninguém mesmo! - exclamou a chinesinha - E você não me pegou num dia bom! 

 Mas Draco não era nada ruim no combate corpo-a-corpo. Ele conseguia se esquivar e, ao mesmo tempo, tentar atingir Lien com o bastão. Mas a chinesinha era mais rápida. Rápida o bastante para se esquivar de um golpe do adversário e emendar um ataque na barriga dele. Draco recuou para frente. Lien tentou atingi-lo de novo. Ele tentou atacar com o bastão de baixo para cima, tentando acertar o queixo da garota, mas ela segura o bastão e contra ataca com um chute no peito de Draco. O resultado é que agora a armada era Lien.

- Não subestime o estilo shaolin da academia Wong - gabou-se a garota - E agora? Não é tão valente sem o seu bastão, não é?

- Muito bem - disse Draco - Seu estilo de luta é bem interessante. É uma ótima adversária.

- Não adianta elogiar agora - retrucou Lien, nem um pouco contente - A surra ainda nem começou.

- É verdade. Com bastão ou sem, eu ainda não fui derrotado. Quando quiser atacar...

- Nem precisa falar duas vezes!

 E Lien partiu na direção de Draco. Dessa vez, porém, quando ela tentou atingi-lo com o bastão, ele segurou a arma com uma única mão. Mais do que isso, Lien sentiu um mal estar ao olhar para os olhos dele diretamente.

- Seu erro foi me atacar com o bastão. Viu? Eu já o recuperei.

Lien deu alguns cambalhotas para trás, colocando-se em guarda. 

- O que foi? Por que ela parou? - estranhou Alex.

- Esse cara...tava preparando alguma coisa - respondeu Lien - Não gostei daquela expressão.

- O que ele estará armando? - perguntou André.

- Diga, Lien, é esse o seu nome, não é? Então...do que você tem medo? - perguntou Draco, mudando de assunto aleatoriamente por alguma razão.

- Heim? Que papo é esse agora? - estranhou ela - Do que eu tenho medo? Deve estar brincando. Não tenho medo de nada!

- Talvez não, medo. Mas asco ou desconforto com algo, com certeza você tem - disse ele.

- Onde quer chegar? Não sei o que está tramando, mas...aii.

- O que foi, Lien? - perguntou André, percebendo que sua namorada estava agindo de forma estranha.

 Acontece que Lien sentiu algo em sua perna. Na verdade, não apenas algo. Muita coisa. Como várias coisinhas subindo pelas suas pernas. Eram insetos. E muitos deles. Entre besouros, baratas , também havia algumas centopeias e aranhas. O tipo de coisa que Lien detestava.

- Aaaaaaaaaaaah! - deu para ouvir o grito dela de longe.

- Lien! - gritaram todos (inclusive Álvaro e Amanda. Apesar disso, Kéfera continuava dormindo).

- Hihi. Eu sabia que você tinha medo de alguma coisa - falou Draco.

- Não é medo, é nojo mesmo! Tira essas coisas de mim! - reclamou ela.

- Do que está falando, Lien? - perguntou André - Não tem nada aí! Tenta acordar!

- Mentira! Tem um monte de bichos nojentos subindo pela minha perna! Não sei de onde eles vieram, mas tira eles de mim! - a garota tentou espantar os pequenos invasores, mas ela continuava a sentir as criaturinhas. Para alguém que odeia insetos como Lien era algo terrível.

- No momento que eu perguntei, foi natural a sua mente pensar no objeto do seu medo. Daí foi fácil controlar a situação. Acho que agora você não está mais em condições de lutar, está?

 Enquanto Draco falava, Lien sentia os insetos à sua volta se multiplicarem. Na verdade, sua situação só piorou: ao olhar para André, ela também o viu rodeado por vários bichinhos nojentos. Mas André não caiu na ilusão, por isso ele não via nada. Já Lien, só sentia um desespero cada vez maior.

- Aaaah! Que nojo! Tira essas coisas daí, André! - gritou ela, apontando para o rosto do namorado que estranhava aquela atitude

- Que coisas? Lien! Por favor, tente voltar a si! Isso é só coisa da sua cabeça!

- Exatamente...essa é uma visão só sua, Lien - falou Draco - Aproveite cada momento até ver essa sala inteira fervilhando de insetos.

- Nããão!! - ela gritou, tentando fugir para algum canto da sala. Agora ela estava totalmente vulnerável.

- Lien! Seja homem e volte à luta! - provocou Alex, mas a garota estava desesperada demais.

- É inútil - falou Draco - Ela deixou ser tomada pelo pavor. Mesmo o asco pode se tornar medo, quando em excesso. Bem, mas acho que posso tirá-la dessa situação.

- Alguém tira essas coisas daqui! - reclamou Lien.

- É simples - continuou o cínico Draco - Se você apagar, a ilusão vai sumir. Mas não se preocupe, eu faço isso para você.

- Ei, o que vai fazer? - perguntou André, com uma expressão bastante tensa.

- Simples. Vou acabar logo com isso - respondeu o rapaz, atacando Lien com seu bastão. Incapaz de se defender, só restou à garota ser atingida no pescoço, depois no queixo e depois ser lançada na parede com uma rebatida. Ela ainda estava consciente, mas a ilusão não deixava ela se levantar.

- Opa...se está caída, devo começar a contar, não é? - falou Draco - Um...dois...

- Lien! Levante! - gritou Amanda - Você precisa escapar desse truque idiota!

- Socorro! - a chinesinha não conseguia se levantar. Do ponto de vista dela, estava completamente coberta por insetos. Queria sumir dali.

- Ele vai ganhar - reclamou Alex - Droga!

- Oito... - Draco estava terminando a contagem. André estava cada vez mais tenso. Sua namorada estava prestes a ser derrotada de forma humilhante. Ele precisava fazer alguma coisa.

- Nove..

- Espere! - gritou André.

- Hã? Só faltava um segundo, ela perdeu - disse Draco.

- Mas você disse uma coisa agora pouco - falou André - Que enfrentaria todos que ainda não lutaram, mesmo mudando as regras originais.

- Vai me dizer que quer me enfrentar? - perguntou Draco - O seu espírito de luta é tão fraco que nem consigo sentir direito.

- Vou. Eu vou te enfrentar! - respondeu André - Não vou deixar que humilhe minha namorada ainda mais!

- André...- balbuciou Alex.

- Espere! Ele ainda está em treinamento...como vai enfrentar um adversário que nem a Lien conseguiu derrotar? - disse Amanda - Não tem como!

- Enfrentar todos os perigos por consideração à prima - balbuciou Álvaro - Talvez ele consiga.

- Você sabe que eles não são primos, não é? - lembrou Amanda.

- Muito bem - falou Draco - Eu aceito o desafio. Mostre o que você tem.

André engoliu seco, mas estava disposto a enfrentar Draco. Será que ele teria algum resultado?