Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 58
Capítulo 58




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Capítulo 58 - Um Terrível Mundo Interior

- Certo! - André fechou os punhos e encarou os olhos de Draco - Eu serei seu adversário!

- O...o quê? - Lien despertava de seu transe, ouvindo a voz de André sem muita intensidade - Essa voz...é o André? O que está havendo? Cadê os insetos?

- Não eram insetos. Foi só uma ilusão daquele cara - explicou Alex - Agora o André comprou briga com ele.

- O quê?! Não! André, sai daí! Esse cara é forte demais pra você! - gritou a namorada.

- Devia escutar sua namorada - falou Draco - Mas eu não vou fugir se insistir nisso.

- Não se preocupe. Não vou fugir - falou André - Lien! Desculpe! Eu já dei minha palavra, não posso voltar atrás...ou melhor, o que o Mestre Wong diria se eu voltasse atrás agora?

- Mas...como enfrentar um cara estranho desses? Ele não é um oponente normal! - exclamou Lien.

- Lien está certa, André! - Amanda gritou lá de fora, ainda impedida de entrar devido à barreira - Vamos deixar as coisas como estão. Não precisa enfrentar uma luta impossível dessas. Desde o começo, essa competição foi só uma grande bobagem entre os diretores de nossa escola. Não precisa levar tão a sério.

- Mas o problema não é aquela estátua. Não estou nem aí pra ela - respondeu André - O problema é esse cara ter humilhado tanto minha namorada na minha frente. Que tipo de cara eu seria se deixasse ele fazer o que quiser desse jeito sem interferir?

- Quando sua namorada aceitou lutar comigo, automaticamente aceitou apanhar - explicou Draco - Não me julgue pelos erros dela. Você sempre pode escolher não entrar em uma luta. Está sendo infantil.

- É verdade, André - disse Lien - Eu perdi justamente. Não tem motivos para vingança!

- Mesmo assim... - continuou André - Há algo dentro de mim que deseja enfrentá-lo.

- Algo dentro de você? - perguntou Lien.

- Eu treinei especialmente por muitos meses com o Mestre Wong - explicou André - Mas ainda não coloquei em prática o que eu aprendi. Eu queria lutar de verdade pelo menos uma vez.

- Mas contra esse cara? - perguntou Lien - Isso não é racional, André.

- Lien Wong. Deixe-o! - gritou Álvaro, lá de fora.

- Hã? Álvaro? - virou-se Lien, ao ouvir a voz do tenista.

- Eu o entendo. São os sentimentos de um homem. Ele realmente quer lutar!

- Sentimentos...de um homem? - perguntou Lien - Ah, deixa disso! André! Eu mesma quero desafiar esse cara de novo algum dia, mas não vou ficar feliz se você também apanhar dele.

- Mas pelo que eu pude ver dos movimentos dele...não são tão diferentes dos seus, Lien - falou o namorado.

- Mas você nunca conseguiu me vencer nos treinos - disse ela - Isso porque eu tenho mais treinamento do que você. E você realmente quer enfrentar um cara com poderes esquisitos e no mesmo nível que eu?

- Pelo menos deixe eu tentar. Se der errado, ainda temos o Alex para terminar a competição por nós.

- Como é que é?! - exclamou o pobre fotógrafo ao ouvir aquilo.

- Ahahaua. Brincadeira - disse ele - Mas eu quero muito tentar. Se eu vencer, você estará vingada, Lien.

- Mas André..

- Se soubesse que iam demorar tanto, eu teria trazido um livro - disse Draco - Vai me enfrentar, sim ou não?

- Só se for agora! - disse André, posicionando-se para batalha. Antes que qualquer coisa se iniciasse, porém, uma voz surgiu na sala.

- Draco! O que está fazendo? Já vencemos a competição! Não precisa lutar contra mais ninguém! - era o diretor, preocupado com sua valiosa estatueta conseguida através de apostas com o diretor do Sol Nascente.

- Não se preocupe, diretor - disse Draco - Essa luta não vai mudar o resultado final. Pode ficar tranquilo.

- Mas se eu vencer! - gritou André - A estatueta é nossa.

- Claro, claro, foi o que prometi, não é? - disse o confiante Draco.

- Draco...acho bom não perder! - avisou o diretor.

- Isso nunca vai acontecer...

 Terminada essa transmissão, a luta começou. André avançou na direção de Draco, tentando aplicar um dos golpes que havia dominado em meses de treinamento. No entanto, seu ataque com o punho apenas encontrou o ar. Draco havia se desviado. Mais do que isso, havia se desmanchado como fumaça. Ele já começou com truques?

- O que..você fez? - estranhou André, tentando achar o adversário por todos os lados. Enfim, Draco surgiu atrás dele, com um belo golpe com a ponta do seu bastão nas costas do pobre André.

- Aaaaaah! - assustou-se o rapaz, evitando maiores danos pulando para trás e colocando-se em guarda novamente.

- Ora, ora, já está assustado? Com uma brincadeirinha tão simples?

- O que você fez? Não é possível que tenha poderes de teletransporte!

- Não, não, claro que não. Eu já estava aqui antes, você que pensou estar falando com o original, mas era apenas uma cópia minha.

- Maldito. Quando ele trocou de lugar? - perguntou Lien.

- Se eu fosse vocês, treinaria mais a concentração - falou Draco - Quando o diretor começou a falar, a atenção de vocês se voltou para ele. Foi o melhor momento para trocar de lugar. Um ilusionista deve saber aproveitar muito bem cada milésimo de segundo de distração do público.

"Se eu me distrair só um pouquinho...esse cara vai fazer a festa", pensou André, "Preciso dar um jeito de atacá-lo, sem dar tempo dele realizar nenhum truque."

 André tentou aplicar mais uma sequência de golpes, mas Draco conseguia defender bem de cada investida.

- Olha só, e eu achando que você era mais fraco - admitiu ele - Até que com essa velocidade você daria trabalho para muita gente por aí. Mas para mim...ainda precisa comer muito feijão com arroz!

 Draco usou seu bastão em uma abertura dos ataques de André e depois o atingiu com várias estocadas na barriga. Aquilo realmente deve ter doído.

- Aaaaaiii! - gritou André, com as mãos na barriga.

- André! - gritou Lien.

- Dói? Imagino que sim - disse Draco - Mas dor é um elemento esperado em qualquer luta. Se não estiver preparado psicologicamente para enfrentar a dor, como quer vencer uma luta?

- He...hehe...heheheh - André começou a rir.

- Do que está rindo?

- Sim, doeu - disse André - Mas nos treinos do Mestre Wong...já senti dores piores!

 André apoiou-se no chão com uma das mãos e emendou um chute para cima, na direção do queixo de Draco, em um momento de distração dele.

"Como? Ele me acertou com um golpe simples desses?", espantou-se o ilusionista.

- Não foi você quem disse para não se distrair? Um artista marcial também deve saber aproveitar ao máximo cada momento de distração do adversário!

- Uau! O André acertou mesmo! - comemorou Alex - Então ele tem chances?

- Não comemore ainda - disse Lien - Isso aconteceu porque Draco subestimou o adversário e de alguma forma, André conseguiu se aproveitar disso. Mas a partir de agora não vai ficar mais tão simples.

- Heh - riu Draco, massageando o queixo - E pensar que levei um golpe nessa luta. Devo estar enferrujado mesmo.

- Confio no treinamento do Mestre Wong - disse André - Afinal, não é um treino comum...é um treino que definirá minha posição de herdeiro da Academia!

- Ele não precisava falar isso - lamentou Lien.

- Mas é o que deixo o André empolgado, né? - lembrou Alex.

Draco girou rapidamente o seu bastão, olhou para cima e pareceu lembrar de alguma coisa. André continuava sua posição de guarda, esperando qualquer surpresa que seu terrível adversário estivesse preparando.

- Apesar de ter me acertado esse golpe...dá pra ver que é apenas um iniciante - disse Draco - Tanto o seu corpo, quando a sua mente, ainda precisam de muito treino.

- Entendo isso...mas não vai me fazer desistir tão fácil - continuou André.

- Oh, entende? Então você ainda deve ter muito o que aprender, não é? E então, André, não é? Do que você tem medo?

- Oh, não! Não escute ele, André! - gritou Lien, mas aquele tipo de pergunta era inevitável. Era o truque máximo de Draco.

- Do que eu tenho...medo? - André ponderou um pouco, mas isso foi suficiente para mudar muita coisa. Em um breve fechar e abrir de olhos, o cenário da luta mudou drasticamente. Agora, o pobre André não tinha a menor ideia de onde estava. Usava a mesma roupa da luta de antes, mas era um lugar escuro, aparentemente silencioso e todos as pessoas presentes pareciam ter desaparecido.

- O que houve? - perguntou o pobre rapaz - Eu estava lutando agora pouco com o Draco e...do nada, eu vim parar num mundo estranho? Que tipo de poder ele tem?

 André continuou a andar por aquele cenário estranho, gritando por algum conhecido.

- Lien! Alex! Amanda! Alguém aí? - gritava ele, mas não ouvia resposta alguma. Onde ele havia vindo parar afinal de contas? Que tipo de poder maluco era aquele capaz de lançá-lo em alguma dimensão estranha? Precisava de respostas. Ele continuava a andar, até esbarrar em alguma coisa (ou alguém). Ele fica feliz ao ver que era sua namorada Lien Wong. Usava a mesma roupa com que estava no Lua Minguante há pouco.

- Ah, Lien! É você? Que bom! Não sei o que está havendo com esse lugar  - ele a abraçou, mas levou um chute assim que tentou fazer isso.

- Lien?

- Não sei quem você é, mas não gosto de estranhos me abraçando - disse a garota, com uma cara claramente furiosa.

- Lien...o que houve? Sou eu, seu namorado - falou André.

- Como é que é?! Acha mesmo que eu namoraria um fracote como você? - falou ela - Huahauhahha! Deve tá de brincadeira, né? Fala sério!

- Li...Lien?! - exclamou o pobre André, ainda se recuperando do chute. Mas as palavras dela estavam doendo mais do que o pontapé. Afinal, em que tipo de lugar André foi parar? E por que Lien estava agindo daquela maneira? Bem, para André pareciam perguntas plausíveis, mas para quem assistia a luta dele com Draco, a visão era bem diferente.

- Huhuhu. Está sentindo os efeitos de seu próprio mundo interior, não é? - falou Draco, enquanto André estava praticamente desacordado em pé.

- André! Acorde! O que fez com ele? - gritou Lien - Grrrrr!!! Eu mesma vou acordá-lo e...

 Mas Lien foi lançada para longe assim que tentou chegar perto de André.

- É uma pena - falou Draco - Mas a barreira da ilusão é tão forte que só a própria pessoa que está presa seria capaz de sair sozinha.

- Que tipo de bruxaria ele fez? - perguntou Alex.

- Eu? Nada demais...apenas fiz André entrar em sua própria mente para conhecer seus próprios medos. E parece que os medos dele não são coisas tão simples quanto insetos.

- Maldito - retrucou Lien.

 Enquanto isso, André tinha dificuldades em conversar com a Lien do seu mundo interior.

- O que houve, Lien? Por que está agindo assim? Nós começamos a namorar há pouco tempo..não se lembra?

- Eu só sei que nunca aceitaria sair com um cara como você - disse ela - Nem amigos nós somos.

- Como é que é?

- Você é burro ou o quê? Eu não te conheço. Não sei quem você é e nem quero saber!

 As duras palavras da chinesinha torturavam a alma do pobre André. Será que ele perceberá logo que se trata de uma ilusão?


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Notas finais do capítulo

Sair da ilusão é até fácil...a questão é como ele vai ganhar, né? Aguarde o próximo capítulo! Até lá!



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