Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will
Capítulo 33 - Encontro a três?
Nossos dois pombinhos ainda não acreditavam na presença de Astolfo ali, mas acontece. Sim, coincidências acontecem. Certamente ele perceberia que se tratava de um encontro de namorados, cumprimentaria os dois e logo tomaria seu rumo, certo? Bem, estamos falando do Astolfo.
- Nossa, que mundo pequeno. Nunca pensei encontrar vocês aqui.
- É...nós também nunca pensamos em te encontrar aqui - respondeu André, olhando para os lados e para sua namorada com cara de "o que eu posso fazer?"
- Realmente - disse Lien, discreta, mas clara o suficiente para bons entendedores - Nós realmente não esperávamos te encontrar aqui...enquanto passeávamos como namorados.
- É, inesperado mesmo, né? - falou Astolfo, claramente excluído da lista de pessoas que percebem fácil as coisas - Faz muito tempo que não venho a um parque. Não é um dos maiores, mas é perto de casa. Tinha que conferir.
- Você nunca veio aqui antes? - perguntou André.
- Nem, tava treinando pra caramba. Aliás, precisamos tirar um contra qualquer dia. Melhorei bastante desde aquele dia. E o Mestre Wong, como tá? Puxando no treino? Imagino. O velhinho parece ser rigoroso, né? O Sr. Miyagi do kung-fu.
- É, tá bem puxadinho mesmo - disse André, educado demais para cortar a conversa.
- Mas agora estamos todos aqui,. né? Bem, André e eu vamos continuar o passeio. Até mais, Astolfo.
- Que até mais o quê! Não precisa ficar sem graça, não, gente! Vamos curtir as altas atrações juntos!
- Juntos? - repetiu Lien - E você disse..."altas atrações"?
- Opa. E já tô vendo uma legal ali!
Astolfo apontava para um túnel escuro e uma entrada com a palavra "Casa dos Horrores" em grandes letras logo acima.
- Trem fantasma? - disse Lien - Será que isso dá medo mesmo?
- V-Você quer mesmo ir lá, Lien? - gaguejou André.
- Ei, fala sério - reclamou a chinesinha - Isso não deve nem dar pra soltar um gritinho.
"Nessas horas que é ruim um banana namorar uma corajosa", pensou André. Mas Astolfo também era do tipo corajoso.
- Demorou. Vamos conferir esse terror aí.
- Vamos mesmo? - questionou André.
- Sim - cochichou Lien no ouvido dele - Lá dentro é escuro. A gente dá um perdido nele e consegue namorar em paz.
- T-T-Tem certeza?
- André! Deixa de ser besta! Essa casa dos horrores não deve ter nada de horrível. E desde quando um guerreiro shaolin do clã Wong teria medo de uma coisa dessas?
- Tem razão. Como candidato a herdeiro da academia preciso superar meus me..digo, receios.
- Ainda bem que meu avô não tá aqui pra ver isso - resmungou a namorada. Nisso, Astolfo já estava chamando os dois lá na entrada da casa.
- Ei, vambora povo! - chamou o cara.
- Podemos empurrá-lo da roda gigante - sugeriu Lien.
- Deixa de ser malvada...o cara é gente boa.
- Gente boa, mas empacando o nosso namoro, né? - reclamou ela - Você que é bonzinho demais!
- Ele vai se tocar logo.
Bem, André seria o que podemos chamar de otimista. O casal entra no túnel de mãos dadas. O objetivo do brinquedo era simples: atravessar o túnel a pé e correr dos funcionários fantasiados de monstros. O lugar era estreito, escuro e não tinha como se perder. Tinha tudo para dar certo, mas...
- Bwhahahaha! - gritou alguém fantasiado de zumbi aparecendo na frente de Lien. Tempo mais do que suficiente para levar um chute na cara e ser lançado longe.
- Ops, foi instinto! - disse a garota - Foi mal aí!
- Ai, ai - gemia o pobre zumbi - Eu odeio esse emprego.
- Desse jeito você vai matar os funcionários - falou André.
- Relaxa, vou me controlar.
- Acho que agora é só vir por aqui, né? - falava Astolfo, que andava perto do casal - Não tem erro.
- Que casa chinfrim. Ainda se tivesse um carrinho tipo montanha-russa pra dar mais emoção - reclamou Lien.
- Podemos ir na montanha-russa depois - falou André.
- Se bem que a montanha-russa daqui é pequena, mas montanha-russa é montanha-russa! - falou Astolfo - Ainda assim não é dos mais radicais. Curto aqueles brinquedos que te jogam num liquidificador, manja? Do tipo que te faz vomitar toda a feijoada do almoço
- Ai, muito necessário isso - reclamou Lien.
- Acho que já estamos achando uma luz no fim do túnel - falou André.
Sim, era uma luz, mas eles não pareciam estar na saída da casa dos horrores. Eles abriram caminho por uma passagem estreita e chegaram num lugar mais iluminada, com uns pedalinhos, água, pouca iluminação (mas era alguma coisa perto da nenhuma iluminação pela qual eles acabaram de passar), música romântica e um perfume agradável.
- Que lugar é esse? - perguntou André.
- Deve ser o...túnel do amor - falou Astolfo - Ah, é, os casais andam nos pedalinhos e passam pelo túnel em um passeio romântico.
- Ah, que lindo - disse Lien - Vamos, An...
- Sem graça pra caramba! - interrompeu Astolfo com toda sua delicadeza - Bora achar uns brinquedos radicais!
Lien fez uma cara nada aprovadora. Na verdade, pelo seu jeito de olhar, parecia com muita vontade de jogar Astolfo na água.
- Calma, calma, podemos fazer de tudo um pouco - disse André.
- Bah, muito sem graça isso aí. Nem os casais devem gostar.
- A gente gosta - falou Lien - Se quiser pode procurar outro brinquedo, eu quero passear no pedalinho do túnel do amor com o André.
- S-Sério? - disse André timidamente. Seria uma oportunidade de...fazer o encontro valer a pena? Sim, essa era uma das melhores partes de ser um casal.
- Vocês querem mesmo andar nisso?
- Bem, Astolfo - disse André - Agora a Lien fez uma proposta irrecusável.
- Tá bom, vai - reclamou Astolfo. Lien sorriu (com uma cara de "finalmente você se mancou e vai embora daqui").
- Ainda bem que você é compreensivo - falou a chinesinha, totalmente confiante de que finalmente teria um momento de paz com o namorado.
- Vamos lá nesse pedalinho logo! - disse Astolfo, quase fazendo André e Lien cairem na água.
- Como assim, "vamos"? - perguntou Lien - O pedalinho é para casais! Casais! Duas pessoas e não três!
- Ah, é verdade - disse Astolfo - Hmm...assim vai ficar difícil. Vamos ter que ir um de cada vez com a Lien, é isso, André?
- Como? - André realmente quase caiu na água dessa vez.
- Astolfo! Nós queremos ir só nós dois! Só nós, entendeu? Nós somos o casal! Nós é que estamos saindo pra namorar, sacou?
- Ah, entendi - falou Astolfo - É verdade, o casal aqui é vocês.
- É...André e eu somos o casal - retrucou Lien.
- Então vão para a entrada do túnel que eu vou para a saída tirar a foto dos pombinhos. Se queriam gravar esse momento porque não disseram antes?
Lien ficou pasma. André ainda deu uma leve risada. Parece que o encontro dos dois ainda teria alguns empecilhos.
- Ele é uma pessoa prestativa, né? - falou André, fazendo o possível para não deixar Lien irritada. Não, não estava funcionando.
- Muito prestativa - falou a chinesinha - Dá-me paciência, Senhor. Porque se me der forças..não sei o que faço!
E esse longo passeio ainda vai render...
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