Capítulo 149 - Bagunçando o quarto

A confusão estava armada. Shandián havia conseguido chegar ao quarto dos pais de Kéfera, onde o pingente do galo estava guardado em um cofre. Por sorte, a garota havia chegado antes que o invasor fizesse algo pior. Embora Kéfera ainda não estivesse nos melhores trajes, ela estava pronta para enfrentá-lo como pudesse.

– Vamos, garota. Não estou brincando. Apenas diga a combinação do cofre e eu não te machuco - continuou Shandiàn, mantendo sua pose arrogante.

– Então tente me machucar - desafiou ela.

Shandián avançou. Mas a garota foi rápida o bastante para se desviar e evitar um ataque relâmpago das garras do inimigo. Ele também lutava um kung-fu no estilo tigre (combinando com o seu pingente), o que deixava as coisas relativamente mais familiares para Kéfera.

"Os movimentos dele são fáceis de prever. O problema é que se ele me tocar, vai paralisar meus músculos", ela estava apreensiva, porém excitada. "Se eu avançar, ele pode agarrar alguma parte do meu corpo que está desprotegida. No momento, apenas as minhas mãos estão com essas luvas de borracha horrorosas. Mas qualquer outra parte está vulnerável. Como eu posso atingir esse cara? Pensa, loira, pensa!"

– O que foi? Chamou para a luta, mas não vai atacar? Então deixa que eu te ataco! - ele avançou mais uma vez após dizer isso, mas seus punhos foram bloqueados por Kéfera. Rapidamente, ela consegue atacar a perna dele, quase derrubando-o.

"É isso!", ela percebeu, contente. "As pernas dele são o ponto fraco"

– Tsc. Garota...já estou me irritando.

– E eu estou começando a gostar!

Shandián percebeu o sorriso dela. Ele também sorriu cinicamente.

– Heh! Você parece gostar de lutas, heim? Que seja...mas espero que esteja pronta para assumir as consequências disso.

– Lutar é o que me deixa animada - respondeu ela.

– Humph! Lutar por lutar...que babaquice.

– Como é que é?

– Eu quer ser forte para conseguir o que quero. Só isso. Não consigo entender quem luta só pelo prazer de lutar.

– Como assim? Artes marciais tem arte no nome! A beleza da luta não importa para você?

– A única coisa que me importa é fazer meu trabalho e cair fora daqui. Sou prático demais para ficar filosofando como você. Nesse ponto, sou bem menos oriental.

– É uma pena. Você é bem forte. Devia dar mais valor ao próprio estilo.

– Meu único estilo..vai ser acabar com você!

Ao dizer isso, Shandián começou a concentrar seu ki nas duas mãos, embora fizesse isso separadamente: uma mão acima do corpo e outra abaixo. Mas as duas começaram a liberar faíscas lembrando relâmpagos.

"Preciso estar atenta para segurar o ataque!", pensou Kéfera. Shandián atacou. Kéfera conseguiu saltar, mas acabou derrubando um pequeno vaso nesse movimento.

– Ah, não! Minha mãe vai me matar!

– Concentre-se na luta, loirinha.

Shandiàn voltou a atacar. Dessa vez, Kéfera consegui segurar uma das mãos dele. Shandiàn sorriu. O isolamento da borracha era bom, mas não seria suficiente para aguentar a energia do inimigo por muito tempo.

– Acha mesmo que esse isolantezinho de nada vai segurar meus ataques de relâmpago?

– É o que estava pensando - retrucou a mocinha.

– Sua ingenuidade me faz rir - continuou Shandiàn - Acabarei com essas luvas antes que perceba alguma coisa.

"Ele é bom. Muito bom. Ah, essa sensação..é ótima", pensava Kéfera, sentindo seu coração bater mais forte. "É isso que que quero. Sinto meu ki ficar cada vez mais quente"

Shandiàn, por sua vez, também começou a perceber uma mudança na atmosfera, frações de segundo antes de tentar mais um ataque.

"O que é isso? Ela está...ficando mais quente? Dá pra sentir daqui...ela está...gostando? É como se estivesse curtindo o fato de não ter chances"

– Heh! Mostre o que tem de melhor, senhor invasor!

Kéfera avançou com um ki vermelho quente concentrado em seu punho (visível apenas para pessoas treinadas). Shandiàn tentou desviar, mas agora ela conseguiu atingi-lo na barriga.

"Essa foi forte!", pensou ele, sendo jogado para trás e batendo com as costas na parede onde o cofre estava.

– Hehe. Gostei. Agora a luta está começando a ficar boa! - disse ela, não se importando mais com o que acontecia no quarto. Parecia ter incorporado um espírito de luta selvagem.

"O que aconteceu? O olhar dela está diferente...muito diferente", pensou Shandiàn. "Algo me diz que é melhor eliminar essa garota o quanto antes!"

Shandián tentou atingi-la novamente com suas garra relâmpago, mas Kéfera saltou rapidamente e conseguiu ficar por trás dele. Nessa mesma hora, ela agarrou as duas mãos do adversário.

– Droga. O que vai fazer? Torcer meu braço? - perguntou ele.

– Heh. Quem sabe? - disse ela - Você consegue escapar disso, não consegue?

Shandiàn tentou escapar do golpe saltando ou dando algum golpe de pernas. Kéfera foi mais rápida e se desviou para o lado dele. Shandiàn tentou atingi-la com seu punho relâmpago, mas a garota foi rápida o bastante para desviar no último instante e fazer o adversário atingir seu próprio braço.

– Oh, droga! - reclamou ele, após levar um choque do próprio ataque.

– Heh. Interessante. Então você também é vulnerável aos próprios ataques elétricos? - disse ela, sorrindo de empolgação.

– Até parece - grunhiu o inimigo, movendo seu braço facilmente logo depois - Acha que eu mesmo não levei vários choques com meus próprios poderes? Esse pingente não é fácil de controlar! Mas consegui treinar o meu corpo para não ser vulnerável a isso. Meu braço pode ter sentido um choque, mas não ficará paralisado!

– Ótimo. Não queria mesmo que a luta acabasse assim!

"Essa garota..não dá pra prever o que ela irá fazer", pensou Shandiàn. "Melhor dobrar a minha guarda"

– Agora! - gritou Kéfera, avançando na direção do adversário.

– Não vai me pegar tão fácil - Shandián pensou em atacá-la de frente, mas a garota se abaixou no último instante e atingiu as duas pernas do portador do pingente do tigre com seu ki concentrado nas mãos. Shandián sentiu a dor.

– Peguei você.

A dor nas pernas do homem foi forte, mas antes de cair ele conseguiu estapear rapidamente a perna direita de Kéfera. Como resultado, acabou paralisando-a.

– Irch! - reclamou a loirinha - Minha perna.

– Não fique se achando, menina - grunhiu Shandiàn, agora com uma expressão furiosa - Você é rápida, mas apesar das suas surpresinhas eu posso te acompanhar bem.

– Ai, não. Acorda, acorda! - disse ela para a própria perna.

– Eu até estava pensando em te deixar quieta...mas você me deixou irritado - reclamou o invasor, com uma expressão furiosa - Acho melhor te eliminar logo.

Kéfera estava pronta para o pior, mas, antes de Shandián avançar, uma faca é lançada nas suas pernas.

– O quê - reclamou ele.

– Frederique! - gritou Kéfera contente.

– Infelizmente para você - disse a governanta, firme e forte com todos os seus braços e pernas em ordem, sem tirar a expressão séria do rosto - O efeito da paralisia já passou.

– Maldita - reclamou Shandiàn.

– Agora eu assumo a luta - falou ela - E já vou avisando: não costumo cair no mesmo truque duas vezes.

O olhar frio de Frederique deixaria qualquer um aterrorizado. Mas Shandiàn ainda tinha muito o que lutar.

– Suas desgraçadas...mas se acham que vão me vencer, estão muito enganados!

Que fim terá toda a batalha dentro daquele quarto?