Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 150
Capítulo 150




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Capítulo 150 - Último Recurso

Frederique parecia furiosa. Shandiàn também. No mínimo, uma grande disputa entre dois espíritos de luta em imensa ira estava para se travada naquele quarto que, apesar de enorme, talvez não suportasse tamanha carga de fúria. Contudo, Shandiàn não estava nem um pouco a fim de mudar o cenário.

– Não vou me segurar! Já estou cheio de vocês me atrapalhando! Quando não é você, é essa pirralha indecente.

– Quem é indecente? - retrucou Kéfera, que não podia se mexer com sua perna direita paralisada.

– Não se preocupe, senhorita - disse Frederique, colocando-se na frente da mocinha rapidamente - Ele é forte, mas estou preparada para encará-lo.

– Mas.. - balbuciou Kéfera.

– Não se engane. Sei que você ficou bem mais forte do que antes - continuou ela - Caso contrário, não conseguiria segurá-lo por muito tempo.

– Você acha? - indagou a garota.

– Claro - respondeu a governanta - Pela minha avaliação, esse homem poderia tê-la derrubado em menos de dez segundos se você ainda estivesse no nível que eu a conheci.

– Bem, tive um treinamento diferente e..

– Não é hora para explicações, senhorita. Deixe que eu assumo daqui para frente.

– Isso mesmo! - exclamou Shandiàn - Chega de papo! Me enfrente!

O chinês avançou na direção de Frederique com sua garra relâmpago em nível máximo. A governanta conseguiu desviar e se defender com as luvas de borracha que vestia.

– Mais borracha? Que droga! - reclamou Shandiàn.

– Achou que eu não iria me prevenir? - respondeu ela.

– Cale-se! Nem todo o seu corpo está protegido! - e Shandiàn tentou usar suas garras nas pernas dela.

Mas Frederique ainda tinha um trunfo.

– Como? Nem a sua perna está conduzindo a eletricidade?

– Sim - disse ela, mostrando alguns pedaços de borracha que ela havia colocado debaixo das longas meias de seu uniforme - A garagem da mansão tem muito material.

– Droga!

E os dois continuaram uma luta que terminou de acabar com o que restava do quarto dos pais de Kéfera. Frederique se desviava e tentava salvar o que podia do quarto. Shandiàn, por sua vez, só tentava atacar sua inimiga. Ela se desviava bem, mas ainda não havia encontrado brechas para atacar. Mas, em certo momento, ela conseguiu lançar duas facas que passaram raspando pelas costelas do adversário.

– Maldita! - Shandiàn saltou para trás - Não queria ter que usar isso, mas parece que só ativando toda a minha energia poderia acabar com vocês!

Shandiàn berrou intensamente. Frederique manteve sua posição de batalha na tentativa de proteger sua patroa. A energia interior que Shandiàn concentrava fluía por todo o seu corpo. Raios e faíscas apareciam por toda a parte. Kéfera viu a cena assustada.

– Acho que agora a coisa ficou séria - comentou a garota.

– Ele está furioso. Sinal de que está desesperado. Mas eu ainda posso manter a calma - disse ela.

– Prepare-se! Agora é como se todo o meu corpo fosse um grande relâmpago! Você não tem a menor chance!

"Não. É claro que eu tenho uma chance", pensou Frederique. "Faz muito tempo que não uso essa técnica, mas ela é perfeita para esse momento!"

– Haaah! - gritou Shandiàn - Morra!

– Frederique! Sai daí! - gritou Kéfera.

"Não, tenho que ficar aqui até o último instante!"

As garras de Shandiàn pareciam estar mais potentes do que tudo aquilo que fora usado até aquela hora. Mas a governanta se mantém imóvel até um último instante, um segundo onde, com apenas um mover de lábios (que pareceram revelar a palavra "Arriére" ou Voltar em francês). Shandiàn foi atingido por uma espécie de barreira espiritual que o lançou para longe. Na verdade, o lançou com intensa força em cima do cofre da família.

– Não pense que é o único capaz de concentrar sua energia interna - disse a empregada - Mas para fazer isso, tive que usar tudo que tenho também.

– Incrível - apreciou Kéfera - O que você fez?

– É uma técnica complicada. Mas basicamente concentro minha energia interior com um foco.

– Foco? - indagou a garota.

– Meu foco deve ser o poder espiritual do adversário. Quanto maior, mais eficiente é a técnica. Mas preciso fazer isso em uma fração de segundo. Precisa ser no momento certo e quase na hora em que ele tenta me atacar com tudo. Ela consiste em devolver a energia utilizada pelo adversário com o máximo de poder.

– Entendo...então é uma técnica de reflexão.

– Basicamente. Ele disse que atacaria com tudo e percebi que não era mentira. Joguei tudo que ele tinha contra ele mesmo....mas..ai, isso também acaba comigo - falou ela, com dificuldades de se colocar em pé. Mesmo assim, Shandiàn também estava acabado.

– He..hehe - disse ele, se levantando - Se pensam que acabaram comigo...estão muito enganadas!

– O cara ainda tá de pé? Ele é um monstro! - reclamou Kéfera - Heh! Mas não deve estar em condições de lutar ainda.

– Tem razão...esse retorno de energia inesperado me deixou arrasado - falou ele - Mas reparou no que aconteceu?

– Ah, não. O cofre! - exclamou a garota - Ai, droga, minha perna ainda não me obedece.

Mas a garota tentou chegar até ele, mancando.

– Não adianta. Eu vou pegar o pingente e cair fora daqui. Chega de brigas desnecessárias!

– Você não tem um pingo de honra...você mancha o nome do estilo tigre de kung-fu!

– Já falei que eu não ligo pra nada disso! - retrucou ele - Vou cair fora daqui agora!

– Nunca!

Mesmo com uma das pernas paralisadas, Kéfera conseguiu alcançá-lo e segurar o braço do ladrão com seu ki quente concentrado.

"O que é isso? Tô sentindo...uma queimação...ela ainda tinha tudo isso de ki?", Shandiàn parecia preocupado.

– Não pense que vai escapar de mim! Ainda posso lutar! - exclamou a garota - Eu sempre posso lutar!

A expressão obcecada da garota chegou até mesmo a assustar o chinês. Ele nunca tinha visto algo assim.

"Essa menina...não é normal. Ela parece não se importar em morrer, desde que continue lutando", pensou ele. "Ela é perigosa...se ela realmente desenvolver esse ki, estaremos com problemas"

– Solta! Vou pegar o pingente agora! O cofre está aberto...só preciso procurar o pingente - disse ele.

– Pingente, é? - Kéfera olhou para um botão especial dentro do cofre - Então fiz bem em instalar isso.

– O quê?!

– Digamos que...é uma saída de emergência - falou a garota. Na mesma hora, a pequena caixa em que o pingente estava foi expelida por algum dispositivo estranho. A potência do aparelho foi tão grande que conseguiu quebrar as paredes do quarto, mandando o pingente para longe, bem longe dali.

– Que pena...agora nenhum de nós terá o pingente - disse ela, sorrindo loucamente.

– SUA LOUCA!! - gritou Shandiàn - Para onde aquela coias foi?

– Não sei. Agora vamos terminar nossa luta.

– Nunca. Vou sair daqui e procurar aquele pingente. Não vou lutar sem precisar.

Shandiàn estava bem mais lento, mas conseguiu atacar um dos braços de Kéfera, apesar de conter uma energia bem menor. Tão baixa que nem chegou a paralisá-lo, porém, assim que ele passou, ela conseguiu tirar o pingente do tigre do pescoço dele. Shandián estava tão abalado que sequer percebeu isso. Sua atenção estava totalmente no pingente que foi lançado para longe pelo dispositivo de ejeção.

– Ele escapou - reclamou Kéfera, logo sentindo a paralisia da sua perna de novo - Droga...não dá nem pra segui-lo.

– Você está bem, senhorita Kéfera? - perguntou Frederique - Eu até poderia levar a luta por mais tempo, mas queria acabar logo com ele.

– Não tem problema - disse ela - Agora...perdemos um pingente, mas conseguimos outro.

– Conseguiu roubar o pingente dele? A senhorita é bem rápida, hã?

– Agora...vem a parte mais difícil - comentou a garota - Como vamos limpar essa bagunça?

Ao olharem para o quarto, as duas sabiam que os pais de Kéfera não iriam gostar muito de como aquela história se desenrolou.

Longe dali, no meio de uma floresta, Shandiàn tentava, em vão, descobrir onde estava o pingente do galo.

"Onde está? Onde está?", ele se perguntava. "Tenho certeza de que veio nessa direção!"

Nesse instante, uma figura desconhecida chegou por trás do homem, descendo rapidamente de uma das muitas árvores.

– Hã? Hã? Você! Mas... - Shandiàn parecia conhecê-la.

– Parece que falhou na sua missão, Shandiàn - a voz parecia feminina.

– O que vai fazer comigo? Eu...hã? Meu pingente..onde está o MEU pingente?

– Perdeu o próprio pingente..Chibang ficará furiosa.

– O que você quer?

– Pistas...de você sabe quem..

– Você sabe onde encontrá-lo. Mas ainda insiste nessa bobagem? Nunca vai conseguir derrotá-lo!

– Problema meu - continuou dizendo a garota misteriosa - Sabe, Shandiàn, nunca gostei muito de você.

– Não, não, espere...

– Acho que vou...testar minhas novas habilidades com você.

– Não..eu...

Shandiàn foi nocauteado (aparentemente).

– Tsc. Ele deve ter se envolvido com alguém muito forte para ser derrubado tão fácil assim - a moça estranha disse consigo mesmo - Será que estou pronta para finalmente tomar o que é meu?

Quem seria essa pessoa?


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