Encrenca Shaolin escrita por Metal_Will


Capítulo 140
Capítulo 140




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Capítulo 140 - Atropelando

O garoto de camisa amarela em tecido chinês diante de Mestre Wong, em uma primeira impressão, não oferecia nenhuma ameaça. Parecia calmo, tranquilo e até mesmo fraco. Sua voz era meio rouca, seus olhos orientais puxados tinham olheiras e seu aspecto o fazia lembrar qualquer coisa, menos um lutador. Mas alguém experiente como Wong sabia que não podia menosprezar um oponente. Subestimar o adversário já era meio caminho para a derrota. Por outro lado, o garoto não parecia muito interessado em iniciar um combate. Era melhor ganhar tempo.

– Por favor. Pode entregá-lo? - repetiu o menino - O pingente em forma de galo...gostaria de levá-lo comigo. É importante para nossa mestra.

– Err...desculpe. Não sei do que está falando - respondeu Mestre Wong.

– O senhor não é o mestre dessa academia? Soube por meus colegas que o mantém aqui...enviamos uma outra guerreira de nosso clã, mas ela não manda notícias há dois dias. Suspeitamos que ocorreu algo aqui, nesse lugar.

– Está enganado - Wong insistia em omitir - O pingente do galo não está aqui.

De fato, não estava.

– Pingente do galo - repetiu o garoto - Se fala assim, é sinal de que sabe do que estou falando.

"Ele é bem vivo. Mas não posso descuidar desses caras", pensou Mestre Wong, enquanto seu olhar e aspecto nervoso denunciava que ainda não era hora de lutar. "Os meninos ainda estão lá dentro. Se ele entrar agora...preciso ganhar tempo...ou mesmo lutar com ele."

– Afinal, quem é você? Pode ser mais claro.

– Meu nome não importa muito, mas...me chamo Bao (*). Sou um representante da Meyou Zidan. Entregue o pingente e irei embora no mesmo instante.

– Desculpe. Já disse que não tenho aquilo que está procurando. Não posso te ajudar.

– Bem...não posso ir embora sem conferir o que é essa energia que estou sentindo.

– Como?

– Há alguma coisa acontecendo aí dentro...e é uma energia muito parecida com o pingente do coelho - a aura do garoto começava a exibir uma ameaça mais intensa. Mestre Wong não sabia como reagir. Ele segurou a vassoura com mais força e insistiu na omissão.

– Não sei do que está falando...você precisa se tratar, garoto - disse o velhinho, preparado para lutar, na pior das hipóteses - Aqui é apenas o local onde moro. Se quiser aulas na academia, pode procurar nossas filiais no centro da cidade. Não tem nada aqui além deste velho que está conversando com você.

– Mesmo? Se importaria se eu visse?

– Nem pense em fazer isso sem um mandato da polícia. Você tem algo assim?

Bao suspirou. A paciência dele não parecia estar durando muito.

– Senhor, infelizmente preciso entrar. Existe algo muito maior em jogo e está impedindo.

– Você ainda não tem nenhuma prova!

– Sinto a energia. Isso é mais do que suficiente. Não sei como conseguiram prender alguém tão poderoso como a Ningjing, mas não deixarei que continue com ela. Se não entregar por bem...infelizmente terei que tomar outras providências.

– Heh! Não me subestime - comentou Wong.

– Como disse?

– Sim. Sei muito bem quem vocês são. Sei muito bem do que estão atrás. Mas não permitirei que invadam a minha casa desse jeito. Terá que passar por mim antes de fazer qualquer coisa.

– Não gostaria de enfrentá-lo em respeito à sua idade - disse Bao - Mas assim não me deixa outra alternativa...

Ele tirou um pingente de baixo de sua camisa. Um pingente no formato de uma vaca ou talvez um touro.

– O senhor deve conhecer bem esse tipo de coisa, não é? Este é o pingente do Boi - disse ele, em tom sério - Ainda há uma chance: deixe-me entrar e levar o que vim buscar e não precisarei usar isso.

– Não tenho medo de vocês - disse o Mestre, já preparado para lutar - Não pensem que poderes mágicos irão salvá-los da ira do clã Wong!

– Clã Wong...é...ouvi dizer que são uma ramificação vergonhosa da nossa família.

– Vergonhosa? Retire o que disse...a maior vergonha são vocês, que planejam usar uma magia para os desejos egoístas da sua mestra!

– Não acha que esse mundo precisa de um conserto?

– Como?

– Nossa mestra será detentora de um grande poder! Ela tem sido boa conosco e é justa. Seria a melhor pessoa para controlar esse mundo com justiça.

– Não queremos ser controlados por ninguém.

– Você não entenderia - disse Bao - Sendo assim...não tenho muita escolha.

Bao apenas abre a palma da mão e Mestre Wong é empurrado para trás com grande impacto. Ele cai para trás de forma totalmente inesperada.

"Que força é essa? Certamente veio do pingente...senti como se fosse empurrado por algo gigantesco!", ele olha para o pirralho à sua frente e vê, com os olhos que apenas alguém muito treinado em artes marciais poderia ver, um tipo de mão gigante. Um tipo de mão em forma de energia espiritual que emergia das palmas da mão do garoto.

– Não quero machucá-lo, senhor - disse ele - Mas terei que fazê-lo se continuar a me impedir. O pingente do Boi permite que eu amplifique o alcance e a força das minhas mãos.

– Entendo...vejo como se uma enorme mão em forma de energia saísse do seu corpo. Foi isso que me empurrou.

– Exato. Vai mesmo continuar?

– Como eu falei...não me subestime!

E uma luta tem início. Mestre Wong se esquivava dos ataques da mão gigante de Bao, ao mesmo tempo que tentava se aproximar dele.

"Ele vai destruir a academia se continuar a lutar perto daqui! Preciso levá-lo mais para fora", pensou o mestre, fugindo rapidamente para o jardim.

– Não vai conseguir escapar tão facilmente! Essas mãos possuem a força de um touro!

– Claro...esse é o poder do talismã do Boi...ser forte como um touro - comentou Wong - Mas o que acontece se eu chegar perto o suficiente?

Mestre Wong desviava das investidas da enorme mão de Bao até conseguir chegar perto dele e atacá-lo com a vassoura que carregava, ao mesmo tempo que utilizava uma série de sequências de seu estilo de luta. Por fim, ele atingiu a barriga de Bao com o poder de sua energia interior, lançando o garoto para longe.

– Heh! Até que você não é grande coisa e...epa!

Mestre Wong foi como que agarrado pela mão de energia. Bao conseguia controlar tudo muito bem à distância.

– Doeu - comentou Bao - O senhor é mesmo mais forte do que aparenta...se fosse um pouco mais forte, acho que eu já teria sido nocauteado.

– Ora...seu...

– Então, se não quiser que eu o aperte com ainda mais força e quebre seus ossos fracos...desista e me entregue o pingente e a Ningjing.

– Não sei..do que está falando - Mestre Wong respirava com dificuldade. A situação não parecia nada boa. Mas ainda havia uma esperança. Ming estava passando por ali, exatamente naquela hora. Ele viu tudo e, imediatamente, se escondeu atrás de uma coluna.

– Eles...já chegalam - disse ele em voz baixa, deixando o nervosismo trazer seu sotaque chinês à tona - Preciso...avisar os outros.

Será que algum de nossos amigos já estão prontos para enfrentar a ameaça?

(*) Bao é uma aproximação para a pronúncia do ideograma 薄 que significa "magro". Fonte: Google Tradutor


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