–Por que estamos indo pras masmorras? -Perguntou Hermione com urgência enquanto se esgueirava com Draco pelos corredores de Hogwarts. Faziam o mínimo de barulho possível, para não atrair a atenção da Sra. Norris, a infame gata do zelador Filch.

—Você vai ver. Confie em mim. - Disse o sonserino em um tom tão baixo que Hermione teve de se esforçar para ouvir.

—Confiar em Draco Malfoy. Claro, porque não? -Resmungou ela.

O rapaz a olhou de soslaio e esboçou um sorriso. Hermione o olhou também e sorriu de volta. Era um sorriso fraco, mas ainda assim fez o coração do loiro bater mais rápido do que jamais achou que iria um dia.

"Mas que grande merda eu estou fazendo... Ela nunca vai corresponder nada e isso nunca vai dar certo. Ela pode até se machucar... Que idiotice." -Pensou Malfoy.

A nuance dos pensamentos da grifinória não estavam tão longe dos de Draco. Apesar de não temer o sonserino em si, ela estava receosa. Que droga havia de errado com ela? Aceitar um pedido daqueles de um garoto que ela julgava odiar durante anos.

Porque seu coração estava batendo tão rápido se estava andando devagar? E porque diabos ela estava sentindo borboletas no estômago se estava acompanhada pelo cara mais insuportável da escola?

"Ele não é assim tão insuportável" -Replicou a consciência de Hermione.

Os dois sacudiram a cabeça ao mesmo tempo para espantar os pensamentos que os assolavam. Ao perceber a sincronicidade do movimento os dois voltaram a sorrir.

Rony estava andando de um lado pra outro na sala comunal da grifinória. Hermione ainda não havia voltado da sala precisa. Ele não sabia ao certo o que fazer para consertar as coisas. Ele havia mesmo traído a garota e agora sabia que ela sabia. Ele estava se sentindo meio tonto de tanto repetir os movimentos, mas não conseguia parar de pensar em como seria desagradável ficar sem Hermione. Apesar de tudo, ele gostava dela. Ela o ajudava sempre que precisava e nunca reparava em seus defeitos... Ela não o enxergava apenas como a sombra de Harry Potter. Ela o enxergava com Rony o amor da vida dela.

"Será?" –Questionou uma vozinha lá no fundo da mente de Ron.

—Por aqui. -Disse Draco entrando num corredor muito estreito que ficava praticamente no último nível das masmorras, onde não havia nenhuma alma viva, ou morta por ali. Ele segurou a mão de Hermione e a guiou enquanto se esgueiravam por uma fresta atrás de um quadro longo. Estavam agora em um corredor gelado que ficava cada vez mais estreito e escuro.

Hermione jamais imaginou que as masmorras fossem tão grandes ou tão profundas. O lugar estava tão frio que ela sentiu os pelos da sua nuca se eriçarem num arrepio. Ou não seria culpa do frio? A mão de Draco estava tão fortemente atada a sua que a garota teve a impressão de que nada poderia desgrudá-las. Mesmo no escuro total e sem enxergar nada, mesmo com todo aquele frio, Hermione se sentiu viva pela primeira vez em meses... Ela de certo modo sentia-se estranhamente confortável com ele. Era como se nada do que ele houvesse falado no passado realmente importasse... A beleza do loiro não estava no que ele falava e sim em suas atitudes. Ele era gentil apesar de ser insistente. Ao menos ele estava sendo em todos os momentos em que Hermione o permitia. Com Draco Malfoy as coisas não funcionavam no plano verbal. Eram mais do que palavras, era tudo o que ele fazia.

"Se ao menos Ron fosse assim comigo" Foi o que Hermione pensou antes de ouvir a voz grave do rapaz anunciar:

—Chegamos.

—Onde? -Perguntou Hermione ao sentir uma calafrio percorrer sua espinha. Apenas naquele momento havia parado pra pensar na gravidade de seus atos.

—Lummus solaris. -Disse Draco erguendo a varinha.

A garota perdeu um batimento cardíaco.

—Uon uoon! -Grasnou Lilá Brown entrando no campo de visão de Rony. A sala comunal já estava vazia e aquele era o horário no qual geralmente se encontravam para "dar uns amassos".

—Hoje não Lilá. -Disse Ron em um tom mortalmente sério.

—Como? -Perguntou a garota parando de saltitar (sim, ela vinha saltitando) e olhando para o ruivo com a expressão confusa.

—Você é surda ou quê? Hoje não. Sai daqui. -Disse o rapaz sem sequer olhar para a moça que saiu correndo de volta para o dormitório das garotas. Estava chorando, ou xingando. Rony não saberia dizer. Seus pensamentos estavam em outro lugar, com outra pessoa.