Sara estava dormindo e Nick a abraçava. Fazia frio naquela noite. E a coberta só cobria a metade do corpo deles.

Agora eu não sentia mais ciúmes ou algo do tipo, me sentia até que feliz porque eu iria embora sabendo que a deixei em boas mãos.

Aproximei-me da cama ao lado de Sara e me ajoelhei pra ficar na altura do rosto dela. Depois de minha morte era a primeira vez que eu a via dormindo tranquilamente e com um sorriso estampado no rosto. Mas antes que eu fosse eu tinha que ver se tudo estava bem, e sim, estava.

Estiquei um pouco o braço e acariciei seu rosto, era macio como sempre e quente, como eu lembrava, passei a mão em seus cabelos, passando por cada fio e um aroma adocicado veio em minhas narinas me fazendo fechar os olhos e me lembrar de um passado jamais esquecido. Meus dedos foram até a ponta de seu queixo e pus então minha mão na cama. Foi quando senti algo sobre a minha mão, abri os olhos e era a mão dela.

- Grissom! – ela ainda mantinha os olhos fechados. Sua mão acariciou a minha e depois ela segurou levemente.

Ela podia me sentir naquele momento, ela podia me sentir por inteiro, ela sabia que eu estava ali de alguma forma, mas sabia. Minhas lagrimas transbordaram em meus olhos.

- Eu te amo. – ela disse bem baixinho, com certeza em seu mundo dos sonhos.

- Eu nunca, jamais te deixarei. – falei ainda segurando sua mão – E foi à melhor surpresa que alguém poderia me dar.

Sim, ela me deixou... Claro, que não por inteiro, porque você até não pode ver mas a chama do amor quando se ama de verdade ela sempre fica acesa, nem que seja uma chama bem minúscula que você poderia dizer que é uma simples bolinha de fogo que logo apagara, bom é essas que duram mais tempo.

Seria egoísta da minha parte se eu não a deixasse ser feliz com outro alguém, mais egoísta ainda seria acabar com a tal felicidade que estava se desmanchando aos poucos e que agora esta sendo reconstruída.

Isso me fez lembrar-se das minhas crianças... Na qual trabalham em uma coisa que adoravam, é, são eles mesmos, os meus subordinados, os meus CSI’s, ri comigo mesmo, porque são boas as lembranças que passei ao lado deles. Eu preferia ter morrido de câncer, ou algo do tipo, pelo menos eu teria me despedido formalmente, é claro que tive tempo pra despedidas, eles se despediram primeiro no meu velório e agora sou eu que me despeço de minha pequena família. E em falar em família... Mãe, obrigada por me perdoar, pela minha trágica morte.

Mordi os lábios, e fiquei a sorrir. Um dia todos se vão, mais cedo ou mais tarde, meu filho ou minha filha não me conhecera pessoalmente e fico triste por isso, mas minha mãe como todos que tiveram ao meu redor, não deixara que ele ou ela cresça sabendo nada sobre seu pai - eu.

Dei um beijo em sua face e olhei pra Nick. Soltei sua mão levemente da minha e coloquei a mão no bolso e peguei uma pequena caixa que tinha algo delicado dentro, algo que Sara esperou... ou esperava...

Coloquei aquele objeto aberto – que sempre esteve comigo, de alguma forma – em cima da mesa de cabeceira. Uma luz fraca que vinha de fora fazia a pequena pedra que tinha no anel cintilar de uma forma graciosa.

Com certeza Sara acharia que Nick tivesse encontrado a caixinha com a aliança. E por uma razão sentimental colocou ali por cima, por onde ela poderia ver ao acordar. Nick ia dizer que não no inicio, mas como conheço Nick, ele acabaria cedendo com um “sim”, - sabendo o tempo todo que não foi ele que o pôs ali – só para o bebê não sentir uma energia negativa ao seu redor, mesmo sendo tão pequenino.

Eles teriam bastante tempo para isso. E eles podem discutir quando acordarem pela manhã.

Antes de ficar de pé, deu um beijo na barriga dela que estava a amostra e puxei o cobertor, pra ela se aquecer, antes que pudesse ficar mórbida pelo frio que fazia.

Levantei me virando, respirei fundo e dei mais uma olhada na minha pequena Sara Sidle e deixei escapar uma pequena lagrima, não de tristeza, mas de saudades, porque não importa com quem ela esteja ou o que esta fazendo e com quem ou onde ela está... Em algum lugar esperarei por ela...

Sorri ao me virar definitivamente e segui para outro mundo que me esperava...

FIM...